Hoje o bolsonarismo invade as ruas do país com a ladainha golpista de sempre que prega voto impresso, fechamento do Congresso Nacional e do STF, além do alucinado pedido de intervenção militar que só está prevista na Constituição Federal de quem sofre de delírios.
Ao longo do dia teremos uma manifestação de apoio surreal a um governo que envergonha o Brasil no exterior. São patriotas que aplaudem um presidente que bateu continência para a bandeira de outro país. E não é qualquer país: são os EUA que sempre atrapalharam o nosso desenvolvimento.
O bolsonarismo vai as ruas celebrar o quê? O que temos para comemorar? O que temos a agradecer ao presidente?
Hoje faz total sentido os cartazes com a frase “eu quero meu país de volta”.
O país deles é o do aumento das desigualdades, da gasolina cara, da inflação, da politização das forças armadas, da crise econômica, do dólar alto que “não deixa a empregada doméstica ir para a Disney”, da fraude eleitoral…
São pessoas que se julgam cidadãs de bem, mas que ontem mesmo não pensaram duas vezes em furar o bloqueio policial. Sabem que a Polícia Militar está do lado deles, tanto que ninguém levou tiro de borracha no olho (nem era para levar, mas não podemos esquecer o que houve em Recife) e ficou por isso mesmo.
O país do neoliberalismo ultrapassado do “Posto Ipiranga” Paulo Guedes é o do crescimento pífio, das reformas que tiram direitos e não entregam resultados, do desemprego, do desemprego até dos que já desempregados estão, da precarização do trabalho e da prioridade aos mais fortes.
É uma gente que age como baratas que aplaudem a mão que segura o chinelo que está prestes a esmagá-las. Confundem crime com liberdade de expressão, ditadura com democracia e repressão com garantias individuais.
Muitos que ali estão são ressentidos que viram no bolsonarismo um escape para as frustrações e entraram num caminho sem volta em que abraçar a loucura é (para eles) melhor do que reconhecer o erro.
O governo Bolsonaro é um fracasso retumbante em todas as áreas. Essas pessoas não querem abrir os olhos para entender que estão sendo manipuladas para ajudar a esconder os assuntos que realmente importam como a tragédia na condução da pandemia e a crise energética que bate a porta.
Bolsonaro não tem nada a apresentar na reta final do terceiro ano de mandato. É um presidente sem projetos, sem resultados.
Daí ele precisar mergulhar o país no caos institucional para desviar o foco.
Bolsonaro está em queda livre na popularidade, mas tem uma capacidade incrível de mobilizar sua base e a motivação é o ódio ao pobre, a homofobia, misoginia e o racismo.
Essa gente se deixa instrumentalizar pelo presidente por saber que se sente representada por ele. Aí embarcam na tese de que o STF é um vilão que não deixa o presidente governar sem entender o papel dos poderes e dos pesos e contrapesos do regime democrático.
Hoje as instituições democráticas sofrerão mais um solavanco e vão resistir mais uma vez, mas a existência desse tipo de gente sempre será pateticamente preocupante.
São pessoas capazes de sair de casa para celebrar o fracasso.