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Foro de Moscow 19 fev 2024 – A caçada aos fugitivos do presídio chega ao sexto dia

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Fugitivos da penitenciária federal fazem família de refém por quatro horas

Raquel Lopes

Folha de S. Paulo

Investigadores que participam das buscas aos fugitivos da penitenciária federal de Mossoró (RN) afirmam que os dois detentos fizeram uma família refém na noite desta sexta-feira (16), tendo se alimentado no local e fugido novamente em seguida com mantimentos.

A expectativa da força-tarefa que busca os fugitivos é capturá-los nas próximas horas, já que eles ainda estariam no cerco de 15 quilômetros do local, como mencionado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em entrevista coletiva na quinta-feira (15).

As fugas, fato inédito em presídios federais, ocorreram na passagem de terça (13) para quarta-feira (14), mas os agentes da penitenciária só detectaram a ausência dos homens na manhã de quarta, quando as buscas começaram a ser realizadas.

Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho.

Os fugitivos chegaram a ser vistos por moradores de Mossoró na manhã de sexta-feira, de acordo com investigadores, ocasião em que forças de segurança encontraram pegadas e roupas dos fugitivos.

Lewandowski disse que 300 agentes haviam sido mobilizados para procurá-los. Três helicópteros foram usados nas buscas, além de drones.

A pasta ainda ordenou a mobilização das Ficco (Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado), que congregam as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colaborarem com os esforços de localização e prisão dos foragidos.

A gestão das penitenciárias federais é de responsabilidade da pasta de Lewandowski, que teve a sua primeira crise em 13 dias no comando do ministério. A fuga foi a primeira registrada nesse sistema desde sua implantação, em 2006.

A fuga provocou uma crise no governo e causou medo na população local. O juiz federal Walter Nunes, corregedor do Penitenciária Federal de Mossoró, disse à Folha que, “sem dúvidas”, esse foi o episódio mais grave da história dos presídios de segurança máxima do país.

Os dois presos estavam em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), onde as regras são mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala há um local para o banho de sol para que os detentos não tenham contato com outros presos.

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Presos fugiram pelo teto das celas, aponta investigação

Por César Tralli, TV Globo e GloboNews

Investigações preliminares conduzidas pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e pela Polícia Federal começam a elucidar algumas lacunas sobre a fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Segundo as primeiras informações levantadas, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento escaparam na madrugada de quarta-feira (14).

Veja o que se sabe até agora, segundo fontes:

🚨Por volta de 3h, os dois saíram pelo teto das celas arrancando uma estrutura metálica de alumínio e cabos de energia ligados à iluminação da cela;

🚨 Em seguida, eles saíram para o pátio e, com alguma ferramenta cortante – possivelmente obtida do canteiro de obras de uma reforma em andamento no presídio – cortaram um alambrado e fugiram;

🚨Câmeras do presídio registraram a passagem deles para o lado de fora, vestindo uniforme de preso;

🚨A administração do presídio deu falta de Deibson e Rogério por volta das 5h, duas horas depois da fuga.

Conjunto de erros

A fuga aconteceu por um conjunto de erros, aponta a investigação preliminar realizada pelo gabinete de crise do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que foi instalado na capital potiguar.

Esta é a primeira fuga da história do sistema penitenciário federal. O ministério iniciou uma minuciosa vistoria no presídio de segurança máxima em resposta à fuga.

Nesta quinta-feira (15), uma equipe de peritos da Polícia Federal retornou ao presídio para dar prosseguimento na investigação sobre a fuga de Rogério e Deibson, que seriam ligados ao Comando Vermelho e estavam em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

O Secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia, comanda pessoalmente o gabinete de crise instalado na delegacia da PF em Mossoró e determinou um “pente-fino” completo na estrutura do presídio, além de uma reavaliação de todos os funcionários que trabalham no local. A segurança da cadeia federal foi reforçada com mais agentes penais e policiais federais.

O presídio federal de Mossoró está passando por uma série de obras de manutenção, reformas e readequação de espaços, como o pátio e celas. Por ora, segundo as fontes, não há indícios de corrupção para favorecimento da fuga.

Veja características da penitenciária:

Área total de 12,3 mil metros quadrados.

Celas individuais de 7m² divididas em quatro pavilhões. Dentro delas, há dormitório, sanitário, pia, chuveiro, uma mesa e um assento. Não há tomadas, nem equipamentos eletrônicos.

Mais 12 celas de isolamento para os presos recém-chegados ou que descumprirem as regras.

Cada movimento do preso é monitorado. O chuveiro liga em hora determinada, a comida chega através de uma portinhola e a bandeja é inspecionada.

As mãos devem estar sempre algemadas no percurso da cela até o pátio onde se toma sol.

Câmeras de vídeo reforçam a segurança 24 horas por dia, segundo o governo federal.

Dentro do presídio, ainda há biblioteca, unidade básica de saúde e parlatórios para recebimento de visitas e de advogados, além de local para participação de audiências judiciais.

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Fuga em presídio federal coloca Mossoró em evidência nacional e se torna pretexto para bolsonaismo desviar foco sobre revelações de trama golpista

Para quem vive em Mossoró a ressaca do carnaval, que marca a quarta-feira de cinzas, veio com o gosto amargo do medo de encontrar dois dos criminosos mais perigosos do país escondido em sua casa ou de se deparar com um perseguição cinematográfica na volta para casa, após a notícia de que dois detentos fugiram do presídio federal localizado em Mossoró.

O assunto ganhou forte repercussão nacional pelo ineditismo. Agora se especula a possibilidade de falha humana enquanto agentes de segurança se mobilizam para capturar Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. A dupla integra o Comando Vermelho.

Além desse ponto, o incidente ganhou contornos políticos com o bolsonarismo explorando o tema a exaustão, visando desviar o foco da crise de imagem na extrema direita provocada pelas revelações da trama golpista revelada na semana passada expondo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos “cabeças” das articulações.

Virou um verdadeiro troféu para a turma do ex-presidente que passou a acusar o PT de ajudar bandidos, mesmo que não exista qualquer evidência disso e sendo o partido do presidente Lula o responsável pela criação do sistema penitenciário federal até ontem considerado infalível.

O bolsonarismo não precisa de fatos para se impor e tentar ganhar o debate público no grito. Basta um pretexto e a fuga que colocou Mossoró no centro das atenções nacionais é o caso para criar a narrativa (palavra que eles adoram) que o PT é tolerante com a bandidagem.