A fé em Deus, a valorização da família, a atenção às pequenas coisas da vida. Sentimentos que se tornaram mais intensos para o professor Jaime Brito, de 60 anos. Ele vivenciou os dramas decorrentes da doença causada pelo novo coronavírus, sentiu medo, passou por dificuldades e hoje agradece pela vida e defende, ainda mais, o isolamento social.
O professor conta que começou sentir alguns sintomas em casa. Suspeitou que pudesse estar com Covid e foi quando sentiu falta de ar que procurou a UPA. Após atendimento, foi encaminhado para o Hospital Regional Tarcísio Maia, onde passou 23 dias internado, entre o tempo na UPI e na UTI.
Jaime conta que não chegou a ser entubado e destaca a atenção de toda a equipe, mas revela a solidão desperta na UTI, onde as horas parecem demorar mais a passar, e o medo ao ver outros pacientes partirem vítimas da doença. “A cabeça fica a mil. Você sente falta de filhos, de amigos”, relembra.
“Eu pensei muito, nesse período que eu estava lá, principalmente nesse período que eu estava lá na UTI, porque o tempo passa devagar demais”, conta. Entre as conclusões dessas reflexões, o desejo de estar mais perto de Deus e de mudar hábitos que tinha.
Sua esposa, que o acompanhou durante o tempo em que ficou na UPI, também testou positivo para a doença, mas não manifestou sintomas.
A alta médica de Jaime ocorreu no dia 19 de abril. Mas as reações deixadas pela doença e pelo tratamento ainda estão sendo cuidadas. É preciso melhorar a qualidade da respiração, realizar exames, consultar um pneumologista. Tratamento esse que, segundo ele, custa caro.
Depois de tudo o que passou, Jaime diz que se as pessoas tivessem mais bom senso ficariam mais em casa, usariam máscaras para não serem acometidas pelo covid. Ele alerta para que as pessoas tenham cuidado, sigam as orientações da Organização Mundial de Saúde e evitem aglomerações.
No peito, além da preocupação com o outro, a gratidão. “Graças a Deus, Jesus me deu a oportunidade de ter minha vida de volta”, diz ele. “Sou grato por estar vivendo, reconstruindo minha vida após ter contraído esse vírus. As pessoas, repito novamente, têm que procurar evitar, fazer o máximo pra não sair”, reforça.
“Em primeiro lugar, acredito, eu estou vivo, primeiramente por causa de Deus, e depois à competência dos profissionais de Saúde”, diz, demonstrando a gratidão à equipe de Saúde que está na linha de frente.
O professor, que se emocionou algumas vezes durante a entrevista lembra algo importante: “Porque a vida é muito boa”, diz ele.
Depois de tudo o que enfrentou, Jaime sabe que a vida é mais valiosa e diz tudo se resolve. Para ele, após a experiência é preciso valorizar o ser e não o ter.
E novamente chama a atenção das pessoas para que valorizem as suas vidas, a dos familiares e vida do próximo.