O leitor já se deu conta que no atual estágio de montagem de palanques para as eleições de 2022 ninguém ouve falar em nomes como José Agripino Maia (DEM), Garibaldi Alves Filho (MDB), Henrique Alves (MDB) ou Carlos Augusto Rosado (PP)? O tripé oligárquico Alves/Maia/Rosado do Rio Grande do Norte perdeu protagonismo na atual quadra histórica.
Mas esse fato não acontece ao acaso no Rio Grande do Norte, mas é fruto de um lento processo histórico iniciado a partir de 2002 quando Wilma de Faria vestindo as cores do PSB quebrou a polarização Alves/Maia que dominava a política potiguar e reproduzia a rivalidade bacurau x bicudo no interior do Estado.
Wilma quebrou a escrita após transitar pelos dois grupos políticos/familiares.
A partir de então o Rio Grande do Norte nunca mais foi mais o mesmo politicamente. Alves e Maia se juntaram para nunca mais se separarem a ponto de entrarem juntos em decadência eleitoral.
O último suspiro ocorreu em 2010 quando “voto casado” rendeu uma vitória acachapante para o tripé oligárquico levando os rosados ao Governo depois de 60 anos com Rosalba Ciarlini (Rosado por casamento) e reelegendo Agripino e Garibaldi.
Nas eleições de 2014 e 2018 foram só derrotas para Governo e Senado. A última foi a mais doída porque os principais líderes, Garibaldi e Agripino, ficaram sem mandato por decisão popular pela primeira vez após mais de 40 anos de vida pública.
Assim o PT ficou com o Governo do Estado e uma das vagas do Senado (Fátima Bezerra e Jean Paul Prates respectivamente) e Styvenson Valentim (PODE) e Zenaide Maia (PROS) se elegeram senadores. Vale lembrar que o “Maia” de Zenaide não tem qualquer relação com a oligarquia de Agripino.
Governo do PT e exclusão na representação do Senado somada a ascensão de outrora coadjuvantes de política potiguar como Fábio Faria (PSD) e Rogério Marinho (sem partido) ao posto de ministros (comunicações e desenvolvimento regional respectivamente) impulsionou os dois à condição de principais opositores à governadora Fátima Bezerra no Estado.
Hoje eles estão em confronto numa corrida para montagem de chapas e podem dividir o palanque bolsonarista, mas repare que Alves, Maias e Rosado não participam das articulações com o protagonismo de antes. No máximo devem aderir a um dos lados como já indicou Beto Rosado (PP) que sinalizou simpatia por Marinho.
Carlos Eduardo é o principal nome das famílias tradicionais, mas nega ser oligarca e está isolado
O principal nome em termos de densidade eleitoral ostentando um dos sobrenomes “nobres” da política potiguar, Carlos Eduardo Alves (PDT) sempre demonstra incômodo quando é colocado como integrante das oligarquias.
Ele costuma dizer que é independente há 20 anos e que faz alianças pontuais com os primos. Que ele faz atuação política em faixa própria é inegável assim como ele nunca deixará de ser um Alves.
O que chama atenção é que mesmo com força eleitoral sobretudo na Grande Natal, segundo colocado em todas pesquisas para o Governo e líder nas sondagens para o Senado ele está isolado politicamente. Não está alinhado com o tripé oligárquico, não é aliado do PT, brigou com o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) e não quer papo com o bolsonarismo.
A incapacidade de seu bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto atrair apoios é sintoma da perda do protagonismo das famílias tradicionais do Estado.