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A “influencer”, o padre e o dono de agência de turismo: entenda por que a vergonha instagramável dos natalenses é contenção de danos para preservar um negócio

Um grupo de natalenses passou um perrengue ao chegar em Israel na véspera dos ataques do Hamas. O que era para ser dias de descanso, viraram dias de pesadelo e ao mesmo tempo um show de alienação típica da futilidade instagramável, que glamouriza até uma guerra.

Pior, torna uma tragédia humanitária uma oportunidade de “vender o peixe” bem ao estilo “trabalhe enquanto os outros dormem”, mandamento dos coachs do capitalismo.

A “influencer” Marcelinha Nogueira virou notícia por gravar um vídeo em que fala tranquilamente, com o ar de quem está em situação de privilégio, que está em segurança e até vai curtir o pôr do sol em pleno país em guerra.

O vídeo pegou mal, ela gravou outro com cara de choro e não satisfeita esteve em outra gravação ao lado do padre Francisco Fernandes e do empresário Abdon Gosson, dono da Arituba Turismo.

O clérigo anuncia que mesmo no meio do conflito armado vai dar para rezar uma missa. O vídeo (veja abaixo) é uma peça de marketing tanto que enquanto Marcelinha fala, imagens de turistas transitando por Israel tranquilamente.

Em outro trecho o empresário aproveita para dizer que a “Arituba está prestando toda a assistência”, enquanto começa a se vender a ideia da importância de viajar com o respaldo de uma agência de turismo.

É um típico “marketing de guerra”.

Não é por acaso!

A Arituba vende pacotes para a “Terra Santa”. São peregrinações chiques, para os católicos abastados, que vão acompanhados dos padres mais badalados da capital.

Há ali uma clara intenção de preservar o negócio ao dizer que apesar da guerra, ali está em paz. Existem pacotes já vendidos e outros por vender.

Podemos falar que há na abordagem, da falta de empatia, da insensibilidade e da forçada de barra para mostrar normalidade em um país onde os bombardeios não cessam. Mas essa forçada aí é uma jogada ensaiada para não assustar os clientes. O desgaste foi um risco para conter danos que pela repercussão negativa não colou.

A tentativa de naturalizar a guerra para passar uma sensação de tranquilidade instagramável para preservar os negócios de uma agência de turismo foi uma das situações mais vergonhosas que presenciei em 20 anos de jornalismo.

Tudo isso sendo visto de forma acrítica pela maior parte da mídia do Estado.

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Com risco de ser destituída, reitora deixa crise de lado e vai a Israel

O Conselho de Administração da Universidade Federal Rural do Semiárido (Consad/Ufersa) aprovou na útilma quarta-feira, 28, o afastamento da reitora Ludimilla Oliveira para ir a Israel no período de 17 a 28 de julho.

Ela vai cumprir agenda na Bem-Gurion Universtiy of The Negev, Arava Institute Eviramental Reaserch e Welzmann Institute respectivamente nas cidades de Tel Aviv, Sedo Boker e Beesheva.

A reitora se afasta do cargo em meio a maior crise política da história da Ufersa em que ela enfrenta um processo de destituição do cargo após ter denúncia de plágio na tese de doutorado acatada por uma comissão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Na última terça-feira, 26, foi formada uma comissão que terá um prazo de 30 dias para apresentar um parecer sobre o pedido de destituição dela do cargo formulado pela Adufersa e DCE.

Como o prazo final para o parecer é 26 de julho e a viagem se encerra no dia 28, a reitora estará fora do país quando o seu futuro for decidido.

Esta é a segunda viagem dela a Israel este ano. Ela esteve no país em janeiro.

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Fátima se reúne com embaixador de Israel

Shmulik Bass foi recebido por Fátima para discutir projetos para o RN (Foto: Elisa Elsie)

A governadora Fátima Bezerra esteve reunida, na manhã desta quarta-feira (5), com o novo embaixador de Israel, Shmulik Bass, que veio ao Rio Grande do Norte para, além de conhecer as potencialidades do estado, formar possíveis acordos de cooperação em áreas como educação, recursos hídricos, agricultura, pecuária e pesca. No Brasil desde o último dia 6 de março, o diplomata cumpre agenda oficial pela Embaixada Israelense para aproximação entre os dois países.

“Temos um desejo imenso de estreitar nossos laços com o querido povo de Israel. Vocês têm dado lições ao mundo, por exemplo na área de recursos hídricos, na aplicação de tecnologias no uso da água”, destacou a governadora.

A chefe do Executivo estadual reafirmou o compromisso em estreitar os laços com o Estado de Israel e afirmou: “defendemos as mesmas coisas; o respeito, a cidadania e o desenvolvimento com responsabilidade”.

O uso da água, inclusive, foi um dos pontos discutidos durante a visita. O secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), João Maria Cavalcanti, destacou o Projeto Água Doce que atende comunidades carentes do Rio Grande do Norte. “Perfuramos os poços, instalamos as bombas e o sistema de dessalinização. Até 2022 perfuraremos mais de 800 poços.” Sobre o setor, João Maria sugeriu ao embaixador uma parceria para financiamento e assessoramento técnico.

Ao acenar de forma positiva, o  embaixador abriu outras possibilidades de parcerias. “Podemos oferecer cursos em Israel e também podemos fazer cursos aqui no Brasil, trazendo nossos técnicos para cá”, considerou. Shmulik se mostrou surpreso com a exitosa carreira política da governadora. “Estou bastante impressionado com sua carreira profissional. Uma professora, que continua crescendo, e que agora é governadora”, disse.

O secretário estadual da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), Guilherme Saldanha, revelou que o Rio Grande do Norte já utiliza tecnologia israelense na produção de frutas. “Somos os maiores exportadores de frutas do país e usamos muitos equipamentos de Israel. Anualmente, consumimos 150 mil km de mangueiras de irrigação.”

Na próxima semana, o secretário Guilherme Saldanha cumpre agenda em Brasília e se encontrará com o assessor de agronegócios e água, Ari Fischer. Ambos darão continuidade à formalização de parcerias entre os dois Estados, iniciadas no encontro desta quarta-feira (5).

“Fico feliz em ver meu estado sendo tratado com seriedade. Esta é a terceira vez que trago um embaixador israelense à sede do Governo. Mas, é a primeira vez que vejo uma visita se concretizar em ações para o desenvolvimento do Estado”, afirmou o representante da comunidade israelense no RN, Samuel Max Gabbav.

Também acompanharam a visita o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, e a proprietária da BEIT (“casa” na língua hebraica) Turismo Israel, Ana Figueiredo.

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Realidade é a pior inimiga do socialismo

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Kibutz foi o modelo de coletividade israelense (Foto: Web/autor não identificado)
Por Antônio Cabrera Mano Filho*
Israel é conhecido como a Terra Santa, mas também é o país do Kibutz, modelo de uma sociedade agrícola socialista voluntária que nasceu com seus negócios protegidos por tarifas governamentais e terras públicas baratas. O que poucos sabem é que essas comunidades são mais um exemplo que se junta à lista interminável da queda e fracasso do socialismo.

É importante lembrar que Israel foi instituído como socialista, inspirado em ideais que marcaram a criação do Movimento Sionista — na cidade de Basiléia, Suíça, em 1897 —, que sempre adotou uma abordagem paternalista quanto à estrutura e desenvolvimento do Estado. Sua política nacional, aliás, era o estatismo (Mamlakhtiut), conforme proclamou David Ben-Gurion, primeiro-ministro de seu governo inaugural.

Após a independência de Israel, os kibutzim forneceram cerca de 20% dos principais oficiais militares do país. Além disso, em algum momento, cinco primeiros-ministros foram seus membros: David Ben-Gurion, Levi Eshkol, Golda Meir, Shimon Peres e Ehud Barak. Em 1950, 65 mil pessoas, cerca de 5% da população nacional, viviam nessas comunidades, que permaneceram populares até a década de 1980, quando enfrentaram a pior inimiga do socialismo, que é a realidade!

Embora o primeiro sinal de problemas no paraíso tenha sido a revolta contra a criação coletiva de filhos, Joshua Muravchik, que documentou a ascensão e queda do kibutz, explica que havia outra força poderosa que os utópicos não levaram em consideração: o crescente desejo das mulheres por terem roupas próprias, em vez de usarem peças de propriedade coletiva. Como alertaram os pioneiros, isso abriu uma Caixa de Pandora de individualismo. Se você pode possuir trajes, por que não produtos de higiene pessoal, móveis ou até geladeiras? Confirmou-se o óbvio, ou seja, as pessoas fazem melhor uso do dinheiro quando ele é seu.

A sequência foi que os mais talentosos e esforçados começaram a sair do sistema, o que foi um golpe para o movimento. Os kibutzim começaram a empregar gerentes externos e a atribuir salários de acordo com os níveis de habilidade, algo contrário aos seus princípios socialistas. Em uma resposta reveladora à pergunta do ensaio “No socialismo, quem vai tirar o lixo?”, eles começaram a contratar mão de obra não qualificada. A partir daquele momento, a maioria dos kibutzim privatizou-se, dando a cada membro o direito a suas residências e uma participação individual em sua fábrica ou terreno. Apenas alguns ainda aderem aos ideais comunais tradicionais, geralmente os religiosos.

De fato, não apenas o kibutz quase desapareceu totalmente como foi concebido, mas toda a nação de Israel moveu-se significativamente na direção dos mercados livres. Sua última ministra da Justiça, Ayelet Shaked, uma das mulheres mais poderosas da política nacional, ensina que “toda nova lei é um voto de não confiança no público”.

Que o Brasil não seja mais um ignorante da história, principalmente quanto ao exemplo israelense dos kibutzim.

*É médico veterinário pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), com MBA em Agroenergia pela Universidade de São Paulo (USP), é empresário do setor Rural. Foi ministro da Agricultura do Brasil (1990-1992).