Estreou na última segunda-feira (14) a Agência Nordeste 360, que aglomera o portal de notícias Nordeste 360 e a TV NE360. A agência terá à frente o jornalista Cláudio Palheta Jr. e o publicitário Íbero Hipólito, que ocupam as funções de Chefia de Reportagem e Direção Comercial respectivamente e conta com a participação de uma série de colaboradores e colaboradoras na produção de conteúdo audiovisual próprio.
De acordo com comunicadores, a ideia da Agência de reportagem é apresentar ao público de Mossoró e região um conteúdo politizado e que tenha a cara e os interesses das camadas populares.
“Infelizmente, em um mundo cada vez mais dominado pelo capital especulativo e pelas grandes corporações, o direito à informação e à comunicação tem ficado severamente dilacerado. Se hoje já lidamos com o impacto devastador das Fake News, que disseminam mentiras e envenenam a sociedade, torna-se fundamental falar sobre as consequências nocivas da comunicação manipulada, enviesada e subserviente aos interesses das oligarquias políticas, em especial no nosso Nordeste” destaca Cláudio Palheta.
Ibero Hipólito avalia que o conteúdo produzido pela Agência vai possibilitar que uma boa parte da população tenha acesso à debates fundamentais sobre a sociedade brasileira e que estão cada vez mais distantes do povo.
“A Agência Nordeste 360 e a TV NE360 serão instrumentos que darão voz a segmentos da sociedade que historicamente foram relegadas ao esquecimento, excluídos de qualquer possibilidade de ver e produzir um conteúdo que tenha sua identidade. Nascemos com um compromisso invendável com os trabalhadores e as trabalhadoras, avalia.
O Portal Nordeste 360 já está no ar e pode ser acessado pelo link www.nordeste360.com.br A TV NE360, que vai ao ar pelo Youtube, fará sua estreia oficial na próxima segunda-feira (20) e contará com uma programação ao vivo de segunda a sexta em duas faixas de horário. Às 17h30, com programação produzida por colaboradores e colaboradoras, focada em temas como feminismo, cultura e movimentos sociais. Às 19h, Cláudio e Ibero comandam o Programa Arretado, um espaço de debate e entrevista acerca dos principais temas da política local e nacional. Para conferir a TVNE360 basta acessar https://www.youtube.com/TVNE360
Quem são?
Cláudio Palheta Jr. 28 anos, é formado em Jornalismo e mestre em Serviço Social e Direitos Sociais. Foi militante do PSOL por quase 10 anos e durante o período participou das principais lutas travadas pela juventude potiguar. Há 8 anos atua especificamente com a comunicação de entidades sindicais, prestando assessoria para Aduern, Adufersa e Sinte.
Ibero Hipólito 44 anos, publicitário, especialista em gestão de marketing, fundador e dirigente da primeira rádio comunitária de Mossoró em 1996, foi presidente do DCE da UERN, dirigente municipal e estadual do PT/RN, assessor parlamentar da primeira vereadora do PT de Mossoró, Telma Gurgel, assessor do senador pelo PT do Rio de Janeiro, Geraldo Cândido, superintendente do INCRA, assessorou os mandatos do ex-vereador e ex-vice prefeito Luís Carlos Martins e do deputado estadual Francisco do PT. É diretor da agência Arca da Comunicação que presta assessoria para ONG´s e entidades sindicais, como o SINTE e o Sindsuper.
Não acompanho surfe. Não entendo nada do esporte, mas sei que Baía Formosa é uma cidade praiana do RN boa para a prática do esporte e que de lá o potiguar Ítalo Ferreira ganhou o mundo literalmente em 2019.
Como a maioria dos desportistas brasileiros, passo quatro anos fazendo contas sobre o meu time no Campeonato Brasileiro. No meu caso, os meus times, Vasco e ABC. Os outros esportes, exceto Vôlei de seleção, a gente mal sabe dos resultados.
Mas nestes primeiros dias de Olimpíada me chamou atenção a cobertura da mídia nas baterias do surfe. Tínhamos dois brasileiros candidatíssimos a ser o primeiro campeão olímpico da modalidade. Em vez de curtir isso, tudo girava em torno de Gabriel Medina.
Antes da Olimpíada, tive que pesquisar no Google para saber se Ítalo Ferreira estaria nos jogos porque só via manchetes sobre a crise do surfista com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) pelo prosaico motivo dele querer levar a esposa para o Japão.
A cada bateria Ítalo mostrava um desempenho melhor, mas sempre era tratado como coadjuvante de Medina. Nem parecia que um era tão campeão mundial quanto o outro.
A diferença de tratamento na mídia entre Ítalo e Medina era como se a distância esportiva entre eles fosse equivalente a que tínhamos entre Fernando Meligeni de Medina Gustavo Kuerten no tênis durante a virada no milênio.
Era como o potiguar não fosse tão brasileiro quanto o paulista. Era como se os dois não estivessem no mesmo patamar.
Confesso que me emocionei ao mesmo tempo em que me irritei com uma cobertura que se preocupou em dar ao fracasso de Medina a mesma proporção do triunfo de Ferreira. Não me incomodei somente por ser potiguar, mas por ser jornalista e com a certeza de que se fosse o inverso os critérios de noticiabilidade seriam diferentes.
Isso torna a vitória dele cinematográfica. Diria até um clichê da história do patinho feio que vence o cisne branco contra tudo e todos.
Eu me identifiquei ainda mais com Ítalo quando ele falou sobre a avó, que queria que ela estivesse viva para vê-lo campeão olímpico. Como ele eu também tenho uma vó como referência maior na vida e sei bem o que ele sentiu.
Após viralizar nas redes sociais dando uma lição de moral no apresentador Sikêra Jr. que tinha feito um comentário homofóbico ao condenar uma propaganda em homenagem ao Dia do Orgulho LGBTQI+, o jornalista Jacson Damasceno da Band Natal teve a vida revirada da noite para o dia sendo mencionado por diversos políticos e artistas do campo progressistas nas redes sociais.
O reconhecimento pela defesa da causa LGBTQI+ em contraponto a homofobia de Sikêra, chamou a atenção de criminosos que conseguiram hackear a senha do perfil dele no Instagram e agora usam o espaço para aplicar golpes promovendo falsas campanhas de arrecadação para causas sociais. “Fui hackeado na sexta-feira de manhã quando estava conversando com uma amiga sobre amenidades e ela me pediu um pix para uma doação para ajudar uma pessoa e depois pediu um SMS do comprovante. Como estava ainda meio sonolento acabei mandando e desde a manhã de sexta que não tenho controle do meu Instagram”, relatou ao Blog do Barreto. “Depois começaram as postagens pedindo dinheiro e as pessoas ficaram me perguntando questionando a forma de agir”, completou.
Jacson conta que a partir das conversas antigas os golpistas souberam como abordar seus amigos e conseguir doações para falsas campanhas. “Muita gente caiu porque eles estudaram as conversas e abordam como eu trato as pessoas”, frisou.
Questionado se ele desconfia de alguma retaliação por parte de apoiadores de Sikêra, Jacson, por ora, descartou a possibilidade. “Não quero crer que tenha. É uma quadrilha que já existe para isso. Mas por conta dos acontecimentos acabei chamando atenção e os caras devem ter me reconhecido e eu não consigo atingir as pessoas que estão em outros Estados”, lamentou.
O jornalista relata que ganhou cerca de 40 mil seguidores em 48 horas após o vídeo que viralizou nas redes sociais. No entanto, ele disse que esse engajamento preocupa por estar sendo explorado pelos golpistas. “Como envolveu o pessoal LGBTQI+ que é muito aguerrido eles estão se aproveitando e eu estou de mãos atadas”, lembrou.
Ele disse que a prioridade nesse momento é derrubar a conta pouco importando se depois ele vai recuperar a senha. “O que me incomoda é que as pessoas estão denunciando e o Instagram está demorando a derrubar. Se eu não puder recuperar não tem problema, o que estou pensando é nas pessoas”, garantiu.
A conta de Jacson Damasceno no Instagram tem 67,3 mil seguidores.
Assista a enquadrada que fez Jacson viralizar na Internet:
O jornalista Jacson Damasceno dignificou a profissão ao fazer um desabafo sobre a reação homofóbica do apresentar da Rede TV Sikêra Junior à propoganda da Burger King sobre o Dia do Orgulho LGBTQIA+.
Veja o comercial:
Sobre o comercial Sikêra disse:
“Vocês são nojentos. A gente está calado, engolindo essa raça desgraçada, mas vai chegar um momento que vamos ter que fazer um barulho maior. Deixa a criança crescer, brincar, descobrir por ela mesma. O comercial é podre, nojento. Isso não é conversa para criança”.
O comentário gerou uma onda de cancelamento de patrocínios no programa do apresentador. MRV, TIM e Hapvida retiraram anúncios. A Magazine Luíza que não é anunciante solicitou ao Youtube o bloqueio de anúncios automáticos no Canal da TV A Crítica, filiada da Rede TV no Amazonas.
Jacson no Brasil Urgente da Band Natal mostrou sua indignação com a postura homofóbica de Sikêra.
Confira:
Nota do Blog: se já era fã do meu amigo Jacson Damasceno fiquei ainda mais. Reacionários de quinta categoria como Sikêra Jr. não merecem ter espaço na TV. Jacson dignificou o jornalismo do RN para o Brasil viralizando na Internet.
A derrubada dos outdoors contrários ao Presidente Jair Bolsonaro em Pau dos Ferros ganhou repercussão nacional e portais de grande alcance em todo o país divulgaram a ação questionável do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
A jornalista Vera Magalhães, uma das mais importantes analistas de política do Brasil e colunista do Jornal O Globo, narrou todo o processo de derrubada do outdoor e ironizou o fato de que um outro outdoor, de apoio a Bolsonaro, permaneceu intacto, mesmo estando em local proibido também.
“Curiosamente, um outdoor de apoio a Bolsonaro foi colocado na mesma estrada de acesso à cidade. Até agora, nada de ser retirado. Ele fica a 50 metros do outro, que foi derrubado pelos fiscais do Dnit”, destacou a Jornalista.
O Colunista Chico Alves, do Portal Uol foi enfático em sua manchete: “Servidores de órgão federal são usados para destruir outdoor anti-Bolsonaro”. O jornalista detalha e critica a ação dos servidores e relembra que o RN é uma importante peça no tabuleiro eleitoral, uma vez que segue sendo um reduto do lulo-petismo.
“Políticos bolsonaristas como os ministros do desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e Fábio Faria, das Comunicações, têm como base eleitoral o Rio Grande do Norte. Eles tentam vencer o petismo, representado pela governadora Fátima Bezerra, a única mulher a dirigir um estado brasileiro”, avalia Chico Alves.
Os tradicionais portais de esquerda “O Cafezinho” e “Diário do Centro do Mundo” também aproveitaram a truculência da ação bolsonarista para afiar as críticas contra o Presidente da república.
O Diário destacou que enquanto Bolsonaro derrubava outdoors a população se mobilizava na colocação de novas faixas. “(…) a população da cidade está colocando novas faixas enquanto Bolsonaro tenta outras formas de evitar os protestos”, repercutiu o portal.
O Cafezinho destacou em sua manchete: “Bolsonaro arma operação de guerra para ser ‘bem recebido’ no RN”, e trouxe com exclusividade informações sobre uma suposta ação do Governo para inibir protestos em Pau dos Ferros.
“Nos veículos blindados, equipes de segurança do Palácio do Planalto passaram em todas as borracharias da região e ordenaram que os trabalhadores locais fechassem as portas para esconderem os estoques. Bolsonaro tem medo que a população possa se rebelar e bloquear as passagens da cidade com pneus queimados”, afirmou o Blog que contou com informações do jornalista Lino Bocchini
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, sancionou ontem (07), a lei Nº 10.920, que institui a inclusão de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos telejornais, em âmbito estadual, e nas propagandas e programas institucionais do Governo Estadual.
O projeto de lei foi proposto pelo deputado estadual Hermano Morais, incentivado pela Associação dos Amigos e Excepcionais de Natal (Apae-RN).
Com a publicação do texto no Diário Oficial na manhã de hoje (8), as emissoras de televisão deverão promover uma comunicação inclusiva e de qualidade, oferecendo amplo acesso às pessoas com deficiência auditiva, por meio dos telejornais locais.
A norma faculta aos municípios potiguares instituírem às emissoras de televisão com sede em seus territórios, a obrigatoriedade de inclusão da língua de sinais nas propagandas e programas institucionais municipais.
Uma publicação da médica Roberta Lacerda em seu instagram, atacando jornalistas, rendeu uma polêmica nos últimos dias na taba. Conforme a profissional de saúde, jornalistas querem ser médicos, ainda que não tenham estudado tanto quanto, mintam mais e sejam mais caros.
É irônico que somente agora os jornalistas tenham se levantado contra a médica, que passou meses defendendo tratamentos e medicações rechaçadas por autoridades sanitárias nacionais e internacionais (OMS, FDA, Anvisa, Agência de Saúde Europeia, etc) e pelos principais periódicos acadêmicos da área médica do mundo (Jama, Nature e The Lancet). Infelizmente, pesou mais o ressentimento e o complexo de inferioridade que ela mobilizou contra quem tem formação na área de ciências humanas, do que sua prática sem pé na realidade em plena situação de calamidade de saúde pública. Sua comparação nada diz para quem é bem resolvido e sabe que seu ataque demonstra, na verdade, um sentimento de quem se encontra acuada e parte para o diversionismo.
Para não ir muito longe, em entrevista recente concedida a uma rádio de Natal, defendeu o uso de cloroquina nebulizada contra covid, um tratamento condenado pelo conselho federal de farmácia e pela sociedade de pneumologia e que gerou mortes de pacientes (leia aqui). E ainda culpou a imprensa por, segundo ela, criminalizar a ação.
Mas para compreender como uma médica sem carreira acadêmica, sem pesquisa alguma e com poucos anos de formação desponta como suposta liderança do setor em Natal, atingindo agora outros públicos, é preciso voltar no tempo. Já adianto meu argumento: a profissional foi erguida pelo mau jornalismo praticado durante a pandemia no RN, sem o qual ela teria continuado no caminho soberano do anonimato.
UM POUCO DE CONTEXTO
Essa história começa em Maio de 2020. O Sindicato dos Médicos do RN pressiona pela abertura do comércio, juntamente com associações comerciais, lançando a saída: se a gente aplicar a cloroquina em pacientes com covid, eles não chegarão mais até a UTI. Em seguida, o Conselho Regional de Medicina do RN lança a recomendação 04/2020, que ainda que fale em autonomia médica e consentimento do paciente, sugere o enfrentamento da pandemia com o uso de cloroquina, ivermectina e azitromicina (documento aqui).
A recomendação do CRM/RN nunca foi cancelada e segue em vigor até hoje, apesar de conter em sua bibliografia para sustentar o uso dos fármacos trabalhos do inventor do tratamento com cloroquina e azitromicina contra covid, o médico francês Didier Raoult. Seus estudos já caíram por erros reconhecidos pelo próprio (leia aqui) e pesquisas randomizadas veiculadas na Nature e The Lancert surgiram, demonstrando que a cloroquina é inficaz contra covid. O texto do CRM/RN, no entanto, permanece.
No caso da ivermectina, o CRM defende o remédio a partir da pesquisa in vitro feita na Austrália, ainda que os próprios pesquisadores tenham enfatizado que não seja possível tirar conclusões disso. Recentemente, estudo randomizado foi veiculado no jornal médico Jama, demonstrando que a ivermectina é ineficaz contra covid. Agências de saúde do Brasil e do mundo são contrárias ao uso do vermífugo contra o novo coronavírus e alertam para os riscos. A prefeitura do Natal alega, inclusive, que sua distribuição de cloroquina e ivermectina está amparada pela recomendação do CRM/RN (leia aqui).
A tragédia gerada por essa solução sem pé na ciência é conhecida. Os números não diminuíram. Pelo contrário: alvancaram e tivemos o pico da primeira onda entre os meses de junho e julho. A sensação de falsa proteção que a profilaxia com ivermectina gera tem sido reconhecida como fator importante para levar pessoas a contrair covid-19 (leia aqui). A base de pesquisa LAIS/UFRN mostrou que a maior parte dos pacientes graves internados no RN fez uso de tratamento profilático com ivermectina (leia aqui).
Ainda assim, a farsa serviu como discurso eleitoral para o prefeito Álvaro Dias em busca da reeleição. Sabendo aproveitar a ansiedade da população por um remédio e por uma proteção, alinhou a distribuição de ivermectina, com a busca de eleitores para o seu projeto e a solução para o comércio e representantes da classe médica que queriam abrir tudo. O clientelismo com remédio o catapultou para uma vitória em primeiro turno. A imprensa ligada a ele apoiou firmemente a medida. Todos estão enredados na operação.
UMA JANELA DE OPORTUNIDADE: SAEM MÉDICOS RENOMADOS, SURGEM MÉDICOS IVERMECTINERS
E é aí que médicos locais começam a se destacar. Ajudando a montar a operação ivermectina do prefeito de Natal, profissionais de saúde renomados, pesquisadores com sólidas carreiras acadêmicas e de militância na área desapareceram da cena pública e médicos com uma pegada influencer surgiram. Por exemplo, até então, o professor da UFRN, o Dr. Kleber Luz, era presença constante em debates acadêmicos e na imprensa. Mas foi desaparecido da mídia quando fez duras críticas ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada em uma audiência pública na assembleia legislativa do RN (leia aqui) e depois em nota técnica organizada pelo departamento de infectologia da UFRN.
A imprensa local passou a bombardear a população de Natal com entrevistas e declarações de médicos defensores da ivermectina contra covid-19. Era um verdadeiro massacre de opinião e, principalmente, contra qualquer contraditório. Em qualquer aparição, elogios carentes de base curricular, ataques contra quem dissesse que a coisa não era bem assim e microfones abertos para todo tipo de ilação, teorias conspiratórias e afirmação de que ivermectina e cloroquina funcionavam. Natal seria um exemplo de sucesso para o mundo, ainda que, na prática, tivesse os piores números do RN. Apesar de ocorrer justamente o contrário, críticos da ivermectina contra covid-19 viraram defensores da morte.
A médica Roberta Lacerda aparece dentro desse contexto. Com retórica forte e citando muitos dados e estudos, nunca questionados ou apurados, soube fazer seu nome. Como outros da mesma linha, a profissional ia para entrevistas e recebia tapete vermelho. Citava “estudos” de sites não aceitos pela comunidade acadêmica e ninguém contraditava. Falava sobre casos de fracasso e de sucesso falsos e era aplaudida (leia aqui). Na mesma medida em que as agências de saúde do Brasil e do mundo passaram a condenar o uso da ivermectina e da cloroquina contra covid-19, pelas pesquisas que já haviam avançado para demonstrar a ineficácia de tais medicamentos, ela elevava o tom, falando sobre uma suposta conspiração mundial para vender vacinas e desacreditar remédios baratos. Sempre recebeu das bancadas um endosso completamente desprovido de racionalidade. A médica nunca foi devidamente escrutinada por um jornalismo fincado nos fatos e se acostumou.
A OPERAÇÃO IVERMECTINA TORNA-SE INSUSTENTÁVEL
Mas a eleição de Álvaro passou e a avalanche nacional e internacional de estudos, comunicados, pareceres de cientistas, agências e revistas de prestígio, fabricantes, veiculados mais pela imprensa nacional do que local, tornou a operação ivermectina insustentável. Já faz muito tempo que não há mais dois lados nessa história. Para a existência de duas versões legítimas, são necessárias fontes que sustentem dois pontos de vista e não há mais. É o mundo contra um grupo de médicos que se enclausurou na defesa de um tratamento ineficaz.
A médica e outros têm agora a árdua missão de enfrentar o bom jornalismo e foi essa apresentação que tem feito ela e os profissionais de seu grupo partirem para o ataque. E como é mais difícil deslegtimar agências de saúde, cientistas e revistas acadêmicas prestigiosas, resolveram culpar o carteiro, ou seja, quem leva a notícia. Daí a linha, que não é apenas dela, mas se banalizou entre profissionais de saúde ainda defensores de cloroquina, ivermectina, etc, contra covid-19 – apelar para a autoridade médica – um conto para leigos – e para essa falsa ideia de que jornalistas querem clinicar. O dado concreto – ela e outros perderam essa batalha, só restando essa saída.
O FUTURO
As movimentações da profissional se assemelham muito a do senador Styvenson Valentim. Famoso pela liderança da operação lei seca, teve todo o espaço possível na imprensa para mostrar seu trabalho. Depois que fez o nome, passou a atacar e a cuspir no próprio prato que o alimentou, tecendo um tipo de ligação direta com agora seus eleitores pelas suas redes sociais.
A médica Roberta Lacerda não depende mais da imprensa local que a produziu. A operação ivermectina em Natal já lhe deu o empurrão necessário para tanto. É presença constante em canais nacionais de políticos e influencers de extrema direita, montou um canal no youtube e, com a fama repentina, passou a ministrar cursos patrocinados por cadeias de farmácias ou em espaços de defensores do tratamento precoce pelo país e lá fora, levando o sucesso (sic) da ivermectina e outros remédios em Natal. Não será de admirar que siga pelo mesmo percurso do ex-capitão.
*É sociólogo.
Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.
A ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP) está processando o jornalista Magnos Alves por ele tê-la criticado por omissão nas ações da pandemia.
Em texto postado no Portal do Oeste em 29 de maio do ano passado, Magnos critica Rosalba por não ter encarado a pandemia com mais atenção, por ter aberto um hospital de campanha sem UTIs e pela excessiva preocupação com o Pingo da Mei Dia on line.
Não é de hoje que a ex-governadora cultiva o hábito de processar ou perseguir jornalistas não alinhados com seu esquema político.
Confira a análise que levou Rosalba a processar Magnos Alves AQUI.
O jornalista Alex Medeiros, colunista da Tribuna do Norte, postou ontem no Twitter uma imagem de uma pistola Glock e sugeriu que ela devesse ser apontada para bandidos e comunistas.
A atitude provocou reação do PC do B que anunciou que irá apresentar notícia-crime contra o profissional.
Em nota o PC do B classificou a atitude como “transloucada”:
Em atitude tresloucada, típica dos que se nutrem de ódio e que são incapazes de manter convívio democrático com quem pensa diferente, Medeiros reproduz uma pistola Glock e sugere que a arma deveria ser apontada para “assaltantes e comunistas, não necessariamente nesta ordem”.
“Compreendendo que liberdade de opinião não se confunde com ameaça e incitação ao crime, prática sujeita à punição, conforme artigo 286 do Código Penal (incitar, publicamente, a prática de crime), o PCdoB natalense informa que apresentará notícia-crime contra o jornalista”, complementa.
Numa eleição o jornalista é um mero coadjuvante. Cabe a ele atuar como emissor das notícias e analista dos fatos. Os protagonistas são os candidatos e os eleitores.
Somos apenas um meio entre os protagonistas. O coadjuvante com a missão de ajudar a compreender os fatos.
Nós jornalistas precisamos ficar cientes disso. Trocas de farpas entre colegas nos seus espaços de trabalho não traz benefício nem para quem ataca nem para o atacado.
Em tempos de fake news, redes sociais atuando como tribunal moral e tantos outros problemas o nosso papel como coadjuvantes na eleição tem que ser aproveitado com sensatez, objetividade e honestidade intelectual.
Nunca precisei atacar um colega de trabalho para crescer profissionalmente. Não preciso dessa escada porque primo pela técnica, razoabilidade analítica e ética no trato com a informação.
Aos que precisam me atacar para se promover dou o meu silêncio. Aos que possuem bom senso, mas em algum momento me citou de forma equivocada escolho a conversa privada para aparar as arestas.