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Conselho de Ética do Senado acata denúncia e rejeita outra contra Styvenson Valentim

O Conselho de Ética do Senado voltou a se reunir depois de um ano paralisado e acatou uma denúncia e rejeitou outra promovida contra o senado Styvenson Valentim (PODEMOS).

Os dois casos envolvem comentários abusivos do parlamentar envolvendo mulheres.

A denúncia acatada foi formulada pela deputada federal Natália Bonavides (PT) com base em vídeo em que Styvenson pergunta o que uma mulher, vítima de violência doméstica, fez para levar “dois tapas bom (sic)”.

O relator será o senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC), o que sinaliza um documento a favor da absolvição do representante do Rio Grande do Norte.

Já a denúncia rejeitada envolve uma polêmica com a ex-deputada Joyce Hasselmann (PSDB/SP). Na época ele levantou teorias para explicar um acidente doméstico da então parlamentar. “Aquilo ali, das duas uma: ou duas de quinhentos (numa gíria usada para casos de traição conjugal) ou uma carreira muito grande (alusão ao uso de cocaína). Aí ficou doida e pronto… saiu batendo em casa”, disparou.

Styvenson já havia sido absolvido em processo movido por Joice.

 

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Conselho de Ética abre representação contra Styvenson

O Conselho de Ética do Senado decidiu, nesta quarta-feira 14, dar seguimento ao processo aberto no Conselho de Ética aberto contra o senador Styvenson Valentim (PODE) a partir de denúncia da então deputada federal Joyce Hasselmann.

Em 2021, ao comentar um incidente em que a parlamentar se machucou, Styvenson especulou em vídeo nas redes sociais. “Aquilo ali, das duas uma: ou duas de quinhentos ou uma carreira muito grande”, disse insinuando que os machucados seriam provocados por violência doméstica em represália a uma traição ou uso de cocaína.

Em agosto do ano passado o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) anulou decisão de primeira instância negando pedido de indenização feito pela então deputada.

O caso de Styvenson terá como relator o senador Dr. Hiran (PP-RR).

Outros

O Conselho de Ética do Senado também abriu procedimentos contra Chico Rodrigues (PSB-RR), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Cid Gomes (PDT-CE), Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e Jorge Kajuru (PSB-GO).

É a primeira deliberação do Conselho de Ética do Senado em seis anos.

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PF aponta indício de crime praticado por Styvenson em fala sobre deputada

Mirela Lopes

Agência Saiba Mais

A Polícia Federal concluiu em investigação que há indícios do crime de difamação na fala do senador potiguar Styvenson Valentim (Podemos-RN) sobre a deputada federal Joyce Hasselmann (PSDB-SP). Em julho deste ano, a deputada  acionou a Polícia Legislativa ao denunciar que teve o apartamento funcional invadido, em Brasília. A deputada apresentou fraturas no rosto e no corpo.

Na ocasião, o senador Styvenson Valentim, que é capitão da Polícia Militar, debochou da deputada durante entrevista ao vivo pela internet, sugerindo que os ferimentos seriam resultado de “chifre” ou “cocaína”.

“Aquilo ali, das duas uma. Ou duas de quinhentos [Styvenson leva as mãos à cabeça, fazendo chifres] ou uma carreira muito grande [inspira, como se cheirasse cocaína]. Aí ficou doida e pronto… saiu batendo em casa”, comentou o senador durante live no Instagram.

Para o crime de difamação a pena prevista varia de três meses a um ano de prisão. A punição ainda pode ser acrescida em um terço porque, segundo o delegado do caso, o crime foi cometido pela internet.  A manifestação foi enviada nesta terça (19) à ministra Rosa Weber, que é relatora do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na avaliação do delegado do caso, diante do cargo que ocupa e da popularidade que possui no ambiente virtual diante do número de seguidores em suas redes sociais, “foram proferidos dizeres capazes de macular a imagem da vítima perante a sociedade”.

No mês de agosto, a Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que as fraturas na deputada foram causadas por uma queda após, provavelmente, de efeito de um remédio para dormir. Em seu depoimento à Polícia Federal, o senador Styvenson disse que não teve a intenção de ofender a deputada já que não tinha citado o nome dela. O inquérito contra o senador potiguar foi aberto à pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

MISOGINIA

Em episódio semelhante, o senador Styvenson Valentim insinuou que uma mulher agredida por um policial militar no interior Rio Grande do Norte, também no mês de julho, pode ter merecido a agressão. O crime foi cometido durante ocorrência a um caso de violência doméstica e a vítima estava com um bebê no colo quando caiu no chão ao ser espancada pelo agente do Estado. Os policiais que participaram da operação foram afastados por determinação da governadora Fátima Bezerra e a corporação abriu inquérito administrativo para apurar a conduta.

“Eu não tava na ocorrência. Eu não sei como foi. Como eu vou dar uma explicação de uma coisa que eu… Pelo vídeo aí, eu tô vendo que ele está dando dois tapa na mulher… uns tapa aí bom, na mulher. Agora, eu sei lá o que essa mulher fez para merecer os tapa, porra. Será se ela estava calada, rezando… o Pai Nosso para levar dois tapa? Eu num sei, porra… eu num sei!”

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Carta de Manuela d’Ávila à Joyce Hasselmann

Cara Joice,

Como vai? Espero que se sinta um pouco melhor e mais forte no dia de hoje. Nunca estivemos juntas mas recentemente participamos, através do telefone, da gravação do podcast do “agora que são elas”. Rimos um bocado em nosso debate.

Naquela ocasião você ainda era líder do governo e divergia de mim com relação a existência do machismo no congresso nacional.
Bastava “se impor no grito que tudo estaria resolvido”. Fico sinceramente triste por você ter percebido, na prática, que aquilo que eu dizia era real de uma maneira tão brutal e cruel. O machismo existe ali porque existe no mundo.

Eu lhe escrevo para ser solidária com tudo o que você tem passado.

Não é fácil. Não é mesmo nada fácil ser mulher e cair nas mãos da milícia virtual que governa o Brasil.
Não é fácil ver como eles envolvem aos nossos filhos para buscar nos destruir emocionalmente. Eles buscam nos liquidar, Joice, nos levar as lágrimas. Como te levaram na tribuna ontem, como me levam quase todos os dias há longos quatro anos.

Eles fazem isso, Joice, pra depois nos chamarem de fracas. Eles querem provar que não somos capazes de desempenhar aquilo que nos propomos.

Eu entendo bem o que você está sentindo. No ano de 2015, Joice, enquanto você estava nos caminhões de som da Avenida Paulista, ao lado daqueles meninos que divulgavam imagens terríveis da Presidente Dilma, eu estava grávida e vivia o momento mais feliz da minha vida. Aí eles, aqueles meninos, inventaram que eu fiz uma viagem – com dinheiro público – para Miami para comprar um enxoval para Laura. Eu não conheço Miami, Joice. Nem sequer fiz enxoval. Jamais viajaria com dinheiro público. Para espalhar a mentira, eles utilizaram uma foto minha, com meu marido e meu enteado. O Gui tinha onze anos. Por isso, Joice, sei bem como é horrível ver o filho de onze anos receber mentiras pela internet a respeito da mãe. E digo mais: sei como é quando ele recebe mentiras sobre si próprio. Pouco tempo depois, Joice, em outubro, Laura tinha 45 dias e tomou um tapa durante um show de meu marido. Ela tinha 45 dias e uma mulher bateu nela!!!! Sabe por que? porque acreditou que o pano que a enrolava havia sido comprado em Miami.

Essa é uma parte das histórias que marcam minha maternidade.

Esses dias eu chorei muito, Joice. Laura me perguntou se vocês, sim, vocês porque você ainda era líder do governo Bolsonaro, se vocês do governo odiavam também a nossa gatinha. Ela me disse que sabia que vocês odeiam a mim e a ela (pelo número de vezes que foi agredida). Mas ela precisava saber se a gata estava protegida da ira física que sofremos em função daquilo que as milícias virtuais constroem com suas mentiras.

Isso não acontece só comigo. Maria do Rosário viu sua filha exposta. Jean Wyllys saiu do Brasil. Marielle Franco tem sua memória destruída todos os dias. Não é por nada que dedico parte de minha vida ao combate de fakenews e a contar essas histórias. Para que as pessoas tenham ideia do que passamos

Joice, eu sou sinceramente solidária a você porque sei o que você está vivendo.

Mas queremos e precisamos que você fale. Sobre voce, claro. Sobre sua dor. Diferente de mim, que fui vítima e pouco sabia sobre meus algozes, você esteve com eles até a pouco. você pode e deve falar. Você pode informar a polícia, ao poder judiciário e a opinião pública tudo o que sabe sobre essa gangue que espalha mentiras para destruir as pessoas e que assim, governar ao Brasil.

Precisamos que você faça isso para que nenhuma outra pessoa passe pelo estamos passando, para que mais nenhuma filha ou filho sofra em meio a esse jogo sujo.

Um abraço solidário,
Manuela d’Ávila