Um áudio que tem circulado nos grupos de WhatsApp expõe uma negociação no valor de R$ 80 mil para que o suplente de vereador Marrom Lanches (DC) retirasse o recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na disputa judicial para cassar a chapa de vereador do PSC nas eleições de 2020 por violação da quota de gênero.
Em conversa com o Blog do Barreto, Marrom confirmou que teve a proposta. “Teve essa oferta eu avaliei e não aceitei”, disse. “A ação está mantida. Não interessa dinheiro”, garantiu.
Questionando de quem partiu a proposta que chegou a ele através do advogado Luiz Lira, que patrocina a ação contra o PSC. “Foi um advogado que não sei dizer o nome”, desconversou.
Luiz Lira foi ouvido pelo Blog e confirmou a oferta partido da direção do PSC. “Há alguns meses o pessoal do PSC vem procurando Marrom para encerrar esse litígio, mas nunca chegaram a consenso”, disse.
Ele conta que o presidente municipal do PSC, o vereador Lamarque Oliveira, um dos vereadores com mandato em risco, foi quem fez a proposta, incluindo convite para que Tony e Marrom façam parte da nominata do PSC em 2024.
Por outro lado o suplente de Tony Cabelos (PP), um dos que assumiria o mandato de vereador com a eventual cassação da chapa do PSC, negou ter recebido a proposta. Segundo ele a discussão sobre retirar a ação aconteceu quando o caso estava para ser julgado em segunda instância, neste caso o PSC tinha perdido provisoriamente as vagas. “Os meninos do PSC procuraram a gente quando o processo foi para Natal e eu expliquei que o processo não dependia só de mim, mas também de Marrom”, relatou.
Tony disse ser favorável a retirar a ação por falta de dinheiro para bancar o recurso. “Eu procurei um escritório em Brasília e disseram que seria 150 mil e eu disse que não tinha condições arcar com esse valor”, garantiu.
Ouvido pelo Blog, Lamarque negou a história mesmo sendo confrontado com os áudios. Ele se defendeu atacando Marrom de quem diz ser alvo de tentativa de extorsão. “Eu tenho conversas de Marrom dizendo que quer tirar o processo. Diversas vezes ele me procurou e eu cheguei a dar uns trancas nele. Jamais saí procurando ninguém”, assegurou. Lamarque disse ter prints que confirmam que Marrom foi o assediador. “Estão querendo me extorquir”, avisou.
Sobre a oferta de R$ 80 mil, Lamarque disse não ter sentido. “Eu nunca vi um valor desses. A gente paga para ser vereador. Mesmo que ele pedisse eu chegaria a um valor desses”, garantiu. “Em nenhum momento isso partiu de mim nem de Naldo (Feitosa)”, se referindo ao outro vereador do PSC que não teve o nome citado nesta negociação.
Outro fato que Lamrque negou ter lógica foi o convite para fazer parte do PSC. “Nunca houve convite até porque o PSC vai se acabar”, disse lembrando que o partido não atingiu a cláusula de barreiras.
O Blog do Barreto dispõe dos áudios e, por enquanto, mantém o material resguardado.
Lembrando
O PSC elegeu dois vereadores nas eleições de 2020 e no início deste ano teve decisão em primeira instância anulando os votos da chapa por fraude na cota de gênero, inclusive deixando Lamarque sem direitos políticos por envolvimento direto no caso. O quadro foi revertido no meio deste ano no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e os suplentes Marrom e Tony, os autores da ação, que seriam os beneficiados com a cassação da chapa, poderiam entrar com recurso no TSE.
O recurso foi apresentado.