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Deputadas saem em defesa de Isolda e cobram medidas contra Coronel Azevedo

O ataque do deputado estadual Coronel Azevedo (PL) à deputada estadual Isolda Dantas (PL) na Comissão de Finanças e Fiscalização da Assembleia Legislativa rendeu reações no plenário da casa na sessão desta quinta-feira.

A deputada Eudiane Macedo (PV) exigiu respeito as mulheres da casa e pediu que a procuradoria tome providências. “É impossível que isso ocorra em uma Casa Legislativa. Nós merecemos respeito. Desde sempre somos desrespeitadas nesse parlamento. Quando nossa fala incomoda os nobres deputados, eles nos taxam de loucas, desiquilibradas. Aqui tem mulheres que lutam, que saem de suas casas para cuidar do povo do Rio Grande do Norte. Essa Casa tem uma procuradoria e precisa funcionar, começando fazendo o dever de casa”, cobrou.

A mesma opinião foi compartilhada pela deputada Divaneide Basílio (PT). “Aqui é um lugar de respeito. Isso é violência política de gênero. Nós da Frente Parlamentar da Mulher temos que emitir uma nota em solidariedade a deputada Isolda, deixando claro que não toleramos a violência política de gênero neste Parlamento”, ressaltou.

O deputado Francisco do PT subscreveu a opinião das deputadas que o antecedeu. “Apesar de atacada de forma desrespeitosa e deselegante, ferindo o decoro parlamentar desta Casa, a deputada Isolda demonstrou equilíbrio emocional muito forte diante de tantas ironias e críticas. Seu comportamento nos ensina muito. Infelizmente, quando faltam argumentos, algumas pessoas descabam para a provocação. No intuito de produzir material para as redes sociais. Eu quero dizer que de fato há a necessidade de compreender que a disputa de ideias não deve nos empurrar para esse ambiente que beira a irracionalidade. Esta Casa tem normas e regras que precisam ser observadas. A divergência de opinião não nos torna inimigos”, resumiu.

O deputado José Dias (PSDB) seguiu propondo, acima de tudo, respeito. “É preciso que tenhamos respeito um pelo outro. O caminho é desarmar os espíritos. Todos compreendem que a Casa merece que tenhamos uma situação mais equilibrada”, sugeriu.

Alvo das provocações de Azevedo, que sugeriu que ela estava nervosa por fumar maconha, a deputada Isolda Dantas agradeceu o apoio e disse que episódios como o da última terça-feira são combustíveis para a luta contra o machismo e a misoginia. “Para alguns deve incomodar mesmo ver mulheres nos lugares de decisão. Eu acredito na política como uma ferramenta. O que aconteceu ontem não vai me parar. Meu partido sempre me ensinou a combater isso de cabeça erguida. Vamos continuar lutando e buscando os nossos direitos e de tantas mulheres desse Estado”, disse.

Isolda cobrou uma ação da Procuradoria da Mulher da Casa. “Eu espero que a Procuradoria da Mulher dessa Casa se pronuncie. Não podemos naturalizar isso. Não tenho inimigos na política. Tenho adversários. Conto com a amizade, apoio e carinho dos companheiros dessa Assembleia, do meu partido e das ruas desse Estado”, finalizou.

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MPF processa Ratinho por falas misóginas contra Natália Bonavides

O Ministério Público Federal (MPF) moveu ação civil pública pedindo a condenação de Carlos Roberto Massa, o “Ratinho” e da Rádio Massa FM pela prática de dano moral coletivo causado às mulheres que já atuam ou pretendem atuar na política. O MPF pede que o apresentador seja condenado a pagar R$ 2 milhões de indenização, pela veiculação de estereótipos de gênero e propagação de violência generalizada em fala criticando a deputada federal Natália Bonavides (PT/RN). O órgão requer, também, que a Rádio Massa FM seja obrigada a veicular campanhas e ações de conscientização sobre os direitos das mulheres e combate à violência de gênero, pelo período mínimo de um ano.

O caso se refere a um programa de rádio apresentado por Ratinho, em 15 de dezembro de 2021. De acordo com a ação, ao criticar a atuação política da parlamentar no Projeto de Lei (PL) 4.004/2021, o apresentador sugeriu que ela fosse eliminada com o uso de uma “metralhadora”. No PL, a deputada federal defende que as declarações de casamento não façam referência ao gênero dos casais, para evitar constrangimentos a pessoas da comunidade LGBTQIA+ e assegurar o tratamento igualitário.

Além da ameaça de morte, Ratinho se dirige a Natália Bonavides em tom jocoso e utilizando estereótipos discriminatórios que atingem todas as mulheres, conforme sustenta a ação. “Você não tem o que fazer”; “vai lavar roupa”; “vá costurar a calça do seu marido”; “a cueca dele”; “vá lavar louça”; “isso é uma imbecilidade esse tipo de coisa” e “a gente tinha que eliminar esses loucos” foram algumas das expressões utilizadas pelo apresentador.

Para o MPF, a prática acabou alcançando caráter coletivo na medida em que:

– veiculou estereótipos de gênero contra a participação feminina na política, desenvolvendo violência simbólica com claro intuito intimidatório geral;

– buscou atingir a deputada exatamente na condição de representante do povo, não tendo as ofensas, assim, mero aspecto pessoal, mas também institucional;

– adotou tom de propagação generalizada da violência, ao defender a eliminação de todos “esses loucos”, no plural.

Na ação, ajuizada em janeiro deste ano, o procurador da República Emanuel de Melo Ferreira argumenta que, quando mulheres parlamentares são criticadas diante de sua atuação somente com base nas ideias defendidas, não se configura a violência de gênero, estando a crítica protegida pela liberdade de expressão. No entanto, a linguagem sexista e a possibilidade de difusão da intimidação, alcançando todas as mulheres com pretensões políticas, evidencia o caráter político da violência.

“É precisamente o caso dos autos, pois as expressões utilizadas não se limitaram a criticar a atuação parlamentar da citada deputada federal em bases não discriminatórias, eis que, dolosamente, os referidos papéis tradicionais relacionados ao gênero foram expressamente elencados pelo réu”, concluiu o procurador. Segundo ele, além de possivelmente criminosa, a fala gerou danos morais coletivos, na medida em que discriminou mulheres, com apelo, até mesmo, à violência física.

Fonte: MPF/RN

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República dos Recalcados

Por João Wainer*

Nos áudios vazados em que o deputado estadual Arthur do Val vomita para seus “amigos do futebol” uma série de declarações repugnantes sobre mulheres ucranianas refugiadas de guerra e em situação de vulnerabilidade, uma frase chama a atenção. Em determinado momento, pouco depois de dizer que na Ucrânia elas são mais fáceis porque são pobres, o parlamentar diz: “Essas minas em São Paulo se você dá bom dia elas iam cuspir na sua cara”.

Além de orgulho das mulheres paulistas, que hoje são capazes de cuspir na cara tipos como esse que até outro dia eram endeusados por ai, dá pra sentir nessa afirmação o quanto a rejeição ao homem hétero e branco, acostumado a ser tratado como o dono do mundo, pode estar contribuindo para o momento político deplorável que vivemos. Essa rejeição simboliza a perda do protagonismo masculino exercido desde que o mundo é mundo, e isso é combustível para o ressentimento e a misoginia que muitos políticos apresentam quando se expressam em público ou em círculos privados.

Desacostumados a perder, eles respondem à rejeição com ódio, o mesmo sentimento que uniu ressentidos e insatisfeitos do mundo inteiro em torno de um projeto de poder representado por homens pequenos como Donald Trump e Jair Bolsonaro. Nesse caldeirão de raiva eles comungam seu ódio com nazistas, fascistas e racistas sem nenhuma vergonha, funcionando como um catalisador de tudo de ruim que a humanidade já produziu.

Tudo porque a masculinidade de uma parcela significativa da população se mostrou frágil e tóxica a ponto de ser incapaz de suportar o resultado de uma mísera década de políticas de inclusão em que mulheres, gays, pessoas trans, negros e outros grupos que depois de séculos de invisibilidade, ganharam algum protagonismo.

Se Freud estiver certo e a origem de todos os impulsos na vida for mesmo sexual, deve ser esse lugar de rejeição que faz com que pessoas comuns se transformem nessas figuras nefastas que nos assombram na política e nas ruas.

Uma subcultura virtual que vem sendo muito estudada são os “incels” (involuntary celibates), cujos membros se definem como incapazes de encontrar um parceiro sexual ou afetivo apesar de desejarem. O resultado dessa frustração é manifestado nos fóruns sobre o tema em forma de misoginia, machismo, misantropia e autopiedade. Pelo menos quatro assassinatos em massa foram cometidos nos Estados Unidos por criminosos que se consideravam “incels”, o que mostra o perigo que corremos. Vivemos sob a égide de um governo de ressentidos e ineptos e as consequências disso serão sentidas durante muito tempo.

Levando em conta que o mesmo deputado autor dos ataques machistas às mulheres ucranianas invadiu uma exposição de arte em 2017 porque ela continha temática LGBTQIA+, e em 2018 atacou um grupo de mulheres da Faculdade de Medicina da USP vestido de vagina, qualquer psicólogo de botequim é capaz de interpretar esses sinais e identificar de onde vem essa sanha moralizadora.

Idiotas com mandato sempre existiram, mas na rebarba da eleição de Bolsonaro em 2018 eles se multiplicaram e atingiram um nível de infantilidade nunca visto. O problema é que na democracia os políticos são um reflexo da sociedade que os hospeda. Se existe tanta gente como Arthur do Val hoje na política é porque devemos estar muito doentes enquanto nação. Não são poucos os sintomas que nos apontam isso.

Quando o voo que trazia o deputado estadual e até então candidato de Sérgio Moro ao governo do estado ainda taxiava na pista do aeroporto de Cumbica e ele ligou o celular esperando colher os louros de sua missão “humanitária”, deve ter se assustado e percebido pela enxurrada de mensagens que caíram em seu celular que ainda que de forma muito lenta, o mundo está mudando. Uma dessas mensagens era da namorada do parlamentar, a bacharel em enfermagem Giulia Blagitz, 25, através de uma rede social colocando um ponto final no relacionamento dos dois a partir daquele momento.

Nesse novo contexto em que as mulheres não aceitam mais certas atitudes masculinas, a rejeição feminina a Arthur do Val, que agora está solteiro, deve aumentar ainda mais. Espero que dessa vez ele transforme isso na lição que todo homem deveria aprender, não em mais do mesmo ódio que nos trouxe até aqui.

*É Cineasta e fotógrafo, venceu o prêmio Esso de 2013 pela cobertura dos protestos de rua no país e é autor dos documentários “Junho” e “PIXO”.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

 

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Ratinho defende que deputada seja metralhada. Apresentador será processado

O apresentador Ratinho deu um show de homofobia, racismo e desinformação na edição de ontem do programa a Turma do Ratinho, veiculado em várias rádios do país.

Ao comentar sobre o Projeto de Lei 4004/2021 da deputada federal Natália Bonvides (PT/RN) que altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) que troca o “eu vos declaro marido e mulher” por “eu vos declaro casados” durante as cerimônias de casamento civis, assegurando o tratamento igual entre casais.

Ele defendeu que a petista fosse metralhada e sugeriu que ele fosse lavar roupa, costurar a calça do marido e perguntou se ela “tinha o que fazer”.

Confira o vídeo:

Ratinho misturou projetos ao falar também que a deputada defende a alteração de filiação do registro civil retirando pai e mãe. Na verdade essa proposta é do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A deputada se pronunciou sobre o assunto e anunciou que vai processar Ratinho. “O apresentador Ratinho utilizou uma concessão pública para me atacar e cometeu crimes ao fazer isso. Vamos acioná-lo judicialmente, inclusive criminalmente. Ele sugeriu no programa que eu fosse metralhada, em um programa visto por milhares de pessoas. Incitar homicídio é crime! Ele colocou a minha vida e minha integridade física em risco. Essas ameaças e ataques covardes não ficarão impunes, já estamos buscando a justiça”, avisou.

Nota do Blog: Ratinho é um imbecil.

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“Muito macho”, Raério fica nas indiretas e evita abordar polêmica sobre fala homofóbica e misógina

O vereador Raério Araújo subiu à Tribuna da Câmara Municipal de Mossoró para discursar, mas deixou as polêmicas de ontem limitadas ao silêncio.

Num discurso que abordou o tema da saúde ele detonou a governadora Fátima Bezerra (PT) e teceu elogios ao prefeito Allyson Bezerra (SD).

O Blog do Barreto apurou que Raério estava propenso a ter embates com os vereadores Pablo Aires (PSB) e Marleide Cunha (PT) que criticaram quando ele atribuiu o hábito de falar mal dos outros a “mulher ruim” e “baitola”. No entanto, ele foi aconselhado a não dar prosseguimento a polêmica.

O “muito maacho” Raério ficou nas indiretas. “Eu falo alto, grito porque é o meu jeito. Gente que é educada, cheia de ai ai ai vá por trás que faz tudo errado”, alfinetou. “A pessoa que é desonesta, mau caráter, egoísta, vive de fake News e distorcer as palavras para Raério ele (sic) é bandido”, provocou.

 

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PF aponta indício de crime praticado por Styvenson em fala sobre deputada

Mirela Lopes

Agência Saiba Mais

A Polícia Federal concluiu em investigação que há indícios do crime de difamação na fala do senador potiguar Styvenson Valentim (Podemos-RN) sobre a deputada federal Joyce Hasselmann (PSDB-SP). Em julho deste ano, a deputada  acionou a Polícia Legislativa ao denunciar que teve o apartamento funcional invadido, em Brasília. A deputada apresentou fraturas no rosto e no corpo.

Na ocasião, o senador Styvenson Valentim, que é capitão da Polícia Militar, debochou da deputada durante entrevista ao vivo pela internet, sugerindo que os ferimentos seriam resultado de “chifre” ou “cocaína”.

“Aquilo ali, das duas uma. Ou duas de quinhentos [Styvenson leva as mãos à cabeça, fazendo chifres] ou uma carreira muito grande [inspira, como se cheirasse cocaína]. Aí ficou doida e pronto… saiu batendo em casa”, comentou o senador durante live no Instagram.

Para o crime de difamação a pena prevista varia de três meses a um ano de prisão. A punição ainda pode ser acrescida em um terço porque, segundo o delegado do caso, o crime foi cometido pela internet.  A manifestação foi enviada nesta terça (19) à ministra Rosa Weber, que é relatora do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na avaliação do delegado do caso, diante do cargo que ocupa e da popularidade que possui no ambiente virtual diante do número de seguidores em suas redes sociais, “foram proferidos dizeres capazes de macular a imagem da vítima perante a sociedade”.

No mês de agosto, a Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que as fraturas na deputada foram causadas por uma queda após, provavelmente, de efeito de um remédio para dormir. Em seu depoimento à Polícia Federal, o senador Styvenson disse que não teve a intenção de ofender a deputada já que não tinha citado o nome dela. O inquérito contra o senador potiguar foi aberto à pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

MISOGINIA

Em episódio semelhante, o senador Styvenson Valentim insinuou que uma mulher agredida por um policial militar no interior Rio Grande do Norte, também no mês de julho, pode ter merecido a agressão. O crime foi cometido durante ocorrência a um caso de violência doméstica e a vítima estava com um bebê no colo quando caiu no chão ao ser espancada pelo agente do Estado. Os policiais que participaram da operação foram afastados por determinação da governadora Fátima Bezerra e a corporação abriu inquérito administrativo para apurar a conduta.

“Eu não tava na ocorrência. Eu não sei como foi. Como eu vou dar uma explicação de uma coisa que eu… Pelo vídeo aí, eu tô vendo que ele está dando dois tapa na mulher… uns tapa aí bom, na mulher. Agora, eu sei lá o que essa mulher fez para merecer os tapa, porra. Será se ela estava calada, rezando… o Pai Nosso para levar dois tapa? Eu num sei, porra… eu num sei!”

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Secretário e diretor assinam nota que rebatem acusações de assédio e misoginia em órgão da Prefeitura: “narrativas que não espelham a rotina e comportamento dos que dirigem a SESEM”

Secretaria se manifesta sobre denúncia de assédio e misoginia (Foto: reprodução)

A Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito (SESEM) por meio do secretário Cledinilson Morais e do diretor de mobilidade e trânsito Luiz Correa assinam nota em que negam qualquer prática de assédio moral ou misoginia contra agentes de trânsito.

“A secretaria estranha narrativas que não espelham a rotina e comportamento dos que dirigem a SESEM, uma vez que sempre prezamos pela participação das mulheres em todas as repartições da unidade. Ao mesmo tempo, sempre demos espaço para todos, sem distinção de raça, cor, sexo e religião”, diz a nota.

Na última quinta-feira o Blog do Barreto revelou a denúncia de que a direção do trânsito municipal teria registros de assédio moral e misoginia. Confira AQUI.

NOTA À IMPRENSA

 

A Secretaria Municipal de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito (SESEM) pronuncia-se diante de relatos divulgados por setores da imprensa, que dizem respeito às nossas atividades:

A secretaria estranha narrativas que não espelham a rotina e comportamento dos que dirigem a SESEM, uma vez que sempre prezamos pela participação das mulheres em todas as repartições da unidade. Ao mesmo tempo, sempre demos espaço para todos, sem distinção de raça, cor, sexo e religião.

Sobre a servidora que relatou problemas de saúde, a SESEM comunica que a agente de trânsito apresentou laudo médico atestando que não poderia se expor ao sol. Atendendo previamente a solicitação, a servidora foi destinada para operações internas.

A SESEM informa ainda que recebeu denúncia de que agentes de trânsito estavam fora do horário de refeição, em um supermercado. Fiscal designado para verificar a situação identificou que estariam fora do perímetro de atuação, deixando os pontos bases sem apoio. A Gerência de Trânsito explica ainda que durante o expediente é destinado um horário específico para que o servidor possa realizar sua refeição. O caso está sendo apurado e um processo administrativo deverá ser instaurado.

Sobre outros relatos publicados, a SESEM faz apuração criteriosa sob os princípios do Amplo Direito à Defesa e do Devido Processo Legal.

Se houver qualquer irregularidade funcional, ou excesso, tomaremos todas as medidas necessárias.

A Secretaria ressalta seu compromisso e transparência com todos os servidores, pois sempre manteve um diálogo franco e aberto, com objetivo de prestar serviço cada vez melhor à população e assegurar respeito interno na convivência interpessoal.

Cledinilson Morais

Secretário de Segurança Pública, Defesa Civil, Mobilidade Urbana e Trânsito de Mossoró

Luís Correia

Diretor Executivo de Mobilidade e Trânsito – SESEM

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Violência contra as mulheres jornalistas: é preciso denunciar para não se tornar a notícia

Resultado de imagem para assédio contra jornalistas

Izaíra Thalita da Silva Lima*

No ano 2000, eu tinha 21 anos e à época trabalhava como repórter no Jornal Gazeta do Oeste em Mossoró. Naquele ano, já fazendo parte da entidade sindical da categoria, decidi participar da I Conferência Latino Americana de Mulheres Jornalistas, em Brasília (DF) evento promovido pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) no auditório Dom João VI, no Museu da Imprensa. Nunca esqueci que ao entrar no espaço, um grupo de mulheres estendiam, em silêncio, uma faixa que dizia: “JUSTIÇA PARA SANDRA GOMIDE!”.

A jornalista Sandra Gomide aos 32 anos foi assassinada com dois tiros, pelas costas, naquele mesmo ano pelo seu ex-namorado, Antônio Marcos Pimenta Neves que, à época, era analista da área de Economia e Finanças e diretor de Redação do jornal O Estado de S. Paulo, onde Sandra também trabalhava como repórter. Por não aceitar o fim da relação, Pimenta Neves assassinou Sandra Gomide em um haras em Ibiúna, interior de São Paulo. Antes do crime, Sandra havia recebido várias ameaças que registrou em boletins de ocorrência na polícia da capital paulista e por fim foi demitida da empresa jornalística. Pimenta Neves havia convencido a diretoria da empresa de que Sandra estava se valendo da relação com ele, para ascender profissionalmente, a atacou de forma misógina e pôs em cheque a competência dela como profissional. Dias depois ele tirou a vida da jornalista e virou um caso de ampla repercussão. A jornalista Sandra que noticiava, tornou-se a principal notícia na época.

O caso de Sandra por anos foi de impunidade e o seu assassino, foi preso somente 11 anos depois, conseguiu progressão, passou a pagar em regime semi-aberto e depois, regime aberto e como tantos outros casos em que homens matam suas esposas, namoradas, ex-namoradas, lembro de ouvir muito que a culpa era da vítima. A FENAJ se manifestou naquele congresso com o caso Sandra Gomide, mas, acabou por trazer à público uma discussão, até então silenciada pelas mulheres no interior das redações e veículos de mídia, não importando se eram do norte, nordeste, sul ou centro-oeste do país, se de veículos grandes ou pequenas empresas jornalísticas: a maioria das mulheres presentes no evento passaram a relatar que já haviam vivido situações de assédio moral e assédio sexual no ambiente de trabalho, por parte de colegas jornalistas, pelos diretores ou enquanto realizavam o trabalho junto à fontes.

No dia-a-dia da carreira, ao longo dos anos de atuação, era comum em rodas de cafezinhos e em outros espaços fora do ambiente de trabalho, ouvirmos das mulheres jornalistas a vivência de diversas situações de constrangimento, desde piadas machistas, tidas como ‘algo natural’ do ambiente profissional do jornalismo, assédios das mais diferentes formas, preconceito sobre que temas e assuntos em que as mulheres poderiam ou não cobrir (apurar jornalisticamente), sendo áreas quase que totalmente masculinas editorias como Política, Conteúdos Investigativos e de Esportes e dificuldades de ascenderem na profissão.

O mercado jornalístico passou por mudanças significativas nas últimas décadas, desde aquela primeira conferência, mas é importante ressaltar que mesmo se discutindo agora mais do que antes sobre violência e assédio nos veículos e empresas, as jornalistas ainda são vítimas recorrentes de assédios morais e sexuais nos ambientes de trabalho, porém por medo de perder os empregos, muitas vezes não denunciam.

As dificuldades de assumir postos de destaques na carreira também continuam. Esta semana, a FENAJ lembra a pesquisa feita sobre o Perfil dos Jornalistas no Brasil, onde afirma que as mulheres já são a maioria nas redações (64%), mas que ainda recebem salários menores que os seus colegas e não ascendem aos postos de comando. De acordo com a publicação ‘Mulheres Jornalistas e liberdade de expressão” elaborada pela Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), “as mulheres jornalistas estão duplamente expostas ao risco de sofrerem violências – por exercer a liberdade de expressão e por causa de seu gênero”. O documento foi lançado em 8 de março de 2019 – (Fonte: FENAJ).

Não bastasse as lutas internas, socialmente as profissionais também encontram outras batalhas. No atual cenário em que o jornalismo profissional como um todo tem sido alvo diário de ataques do Presidente da República, Jair Bolsonaro (atualmente sem partido), comprovadamente utilizador da indústria de fake news e responsável por 121 dos mais de 200 ataques contra jornalistas formalmente registrados pela FENAJ no ano passado, as mulheres jornalistas são duplamente afetadas. Antes mesmo de ocupar o cargo de maior importância do executivo, o atual presidente já colecionava episódios de machismo, sexismo, lgbtfobia e misoginia. Não por acaso, o número de feminicídios no país em 2019, teve um aumento de 12% em relação aos anos anteriores. Os agressores se sentem encorajados quando veem de autoridades, um reforço a todas essas práticas de violência. As declarações machistas e misóginas do presidente Bolsonaro foram novamente reforçadas quando em fevereiro deste ano, decidiu atacar a jornalista Paula Campos Mello, em pronunciamento com falas de conotação sexual, gravadas em vídeos transmitidos ao vivo. Uma rede de fake news entrou em campo para devassar a vida pessoal e profissional da jornalista, espalhar memes atrelando a atividade de mulheres jornalistas com conotação sexual (violência de gênero), gerando em toda a categoria profissional uma grande indignação.

Sabemos que a violência ainda está longe de cessar. Ainda lutamos pela própria vida, pelo direito à liberdade e respeito às nossas escolhas. No entanto, é preciso quebrar o silêncio que subnotifica, encobre as violências e dificuldades enfrentadas pelas mulheres jornalistas no fazer do seu trabalho cotidiano dentro e fora das redações, instituições e empresas. Além disso, se faz necessário repudiar veementemente declarações de autoridades, como as do presidente, que ferem não só as jornalistas, mas todas as mulheres brasileiras alvos dessa cultura machista.

Neste 08 de março é importante que se fale da luta de todas as mulheres, mas que as jornalistas possam pensar e dar ênfase às questões de gênero em nossa própria atividade profissional, para que não sejamos parte das estatísticas de violência e portanto, inseridas no contexto que tanto noticiamos. Que a comunicação e o jornalismo, tão bem utilizados para dar voz às denúncias e aos anseios da sociedade como um todo, possam ser também as áreas para suscitar o debate, a educação e a transformação dessa cultura do assédio e do machismo. Chega de silêncio!

jornalista com mais de vinte anos de atuação profissional, professora e mestre em Ciências Sociais e Humanas.

 

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Como Bolsonaro e os homens ocos estão matando a democracia

Bolsonaro dando risada
O presidente Jair Bolsonaro (Adriano Machado/Reuters)

Por Reinaldo Azevedo*

Jair Bolsonaro é um homem que não tem receio de trazer a público as suas ignorâncias, exercitando, a seu modo, a modéstia intelectual socrática sintetizada no “só sei que nada sei”. Estreou no mundo dos estadistas indagando: “O que é golden shower?”. E continua a sua saga em busca da iluminação: “O que é PIB?”.

Entre uma pergunta e outra, tentou depor o governa nte de um país vizinho; mandou comemorar o golpe de 1964; abriu guerra contra a imprensa independente; deu apoio a sucessivas manifestações da extrema direita xexelenta contra o Congresso e o Supremo; emprestou suporte moral a um motim de policiais fardados e armados; promoveu, por vias oblíquas, agitação nos quartéis dasForças Armadas…

Insaciável, transformou em cinzas o que havia de positivo na política ambiental brasileira, espantando os investimentos; criou toda a sorte de dificuldades para a aprovação da reforma da Previdência, que só avançou porque lideranças do Congresso, Rodrigo Maia em particular, tomaram a tarefa para si; conferiu ares de política de Estado à homofobia, à misoginia e à intolerância.

E não é, meus caros, que nem assim o Brasil acabou? Segundo querem alguns, tudo segue na mais absoluta normalidade, com as instituições funcionando plenamente. Não fosse a estridência da imprensa, asseveram esses realistas, os ânimos não estariam tão exaltados. Os bêbados de tanta luz (também de luz…) asseguram que esse negócio de marcha em favor do normal das democracias. É? Um outro exemplo, por favor… Adiante.

Aqui e ali —e até aqui, nesta Folha—, leio raciocínios que poderiam ser assim sintetizados: “Olhem essa imprensa catastrofista! Fica anunciando o desastre, o abismo, e depois nada acontece. Tudo se normaliza, e o Executivo e o Legislativo, por exemplo, fazem acordo sobre emendas impositivas”. É mesmo?

Faltou uma epígrafe nos livros “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, e “O Povo Contra a Democracia”, de Yascha Mounk. Façamos nós o que os autores não fizeram: “This is the way the world ends/ Not with a bang but with a whimper”, de T. S. Eliot. “Assim acaba o mundo, não com um estrondo, mas com um gemido”.

Nota rápida: invoco com esse “gemido” das traduções — em algumas, “suspiro”. Cria-se a antítese com “estrondo”, mas se perde o fato de que “The Hollow Men” (“Os Homens Ocos”) aponta não o fim do mundo, mas o fim de uma perspectiva civilizatória, também por culpa nossa. A palavra menos poética “lamúria” — as vozes sussurradas dos que apenas reclamam — traduz melhor o sentido do poema.

Abro esta coluna com “Jair Bolsonaro” e chego a Eliot. É uma pequena contribuição à causa da civilização. Explico-me. O presidente da República não precisa dar um autogolpe para corromper a democracia — até porque, nessa hipótese, democracia não haveria mais. Também não é necessário que tanques cerquem o Supremo e o Congresso para que os Poderes da República se transformem em “Fôrma sem forma, sombra sem cor/ Força paralisada, gesto sem vigor”.

É precisamente ao som de lamúrias que as democracias podem morrer. Sob o estrondo dos canhões, armar-se-ia necessariamente a reação. À medida que as garantias do regime vão sendo solapadas por dentro, formam-se derivações teratológicas do que, na superfície, ainda se pode chamar de “regime democrático”, embora, em essência, seja terra morta.

A democracia não é uma teoria administrativa ou um método de tomada de decisões. Fosse assim, não seria o melhor dos piores regimes, o pior dos piores. Acima de tudo, ela se realiza como a afirmação de um conjunto de valores e de garantia de direitos — muito especialmente os das minorias — a proteger os indivíduos do Leviatã estatal e das milícias armadas. Não é o golpe que nos ameaça, mas a desordem que, ao esmagar a esperança, tende a eternizar a injustiça, a brutalidade e a estupidez, com seu pibinho de 1,1% que soterra os pobres e que mata os pretos de susto, de bala ou vício.

O que é PIB, Jair Bolsonaro?

*Texto extraído da Folha de S. Paulo.

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A ofensa mais antiga

Por Mariliz Pereira Jorge*

O espetáculo de baixeza e misoginia protagonizado por Hans River na CPI das Fake News apenas acendeu um holofote sobre o que acontece nos bastidores, nas caixas de comentários das redes sociais, em mensagens privadas de centenas de jornalistas.

O que chocou muita gente e deixou os urubus alvoroçados é rotina dolorosa para a maioria de nós.
Acredito que nenhuma de minhas colegas se acostume, embora duvide que fiquem surpresas com esse tipo de agressão. Assédio sexual e moral e insultos são expedientes comuns em nossas vidas. Todo dia alguém nos chama de puta, mas não no Congresso.

As acusações execráveis feitas a Patrícia Campos Mello ganharam contorno perigoso ao serem feitas num palco daquela importância, com a conivência de parlamentares. Dizer que uma jornalista ofereceu sexo em troca de informação é uma violência, uma tentativa de intimidar e calar não apenas ela, mas todas nós que trabalhamos na área. E isso acontece o tempo todo.

Pouco os  leitores das piores nojeiras que acabo lendo, mas sintam o gostinho do que enfrentamos. Descontente com um texto, um senhor questionou como a Folha mantém uma colunista como eu. Está em seu direito. Mas vejam os comentários que se seguiram. Sexo com graúdos. A tal vitamina B. Filha ou esposa de alguém.

Não há semana que não sejamos destratadas. Recebo fotos pornográficas, provocações obscenas e todo tipo de xingamento tentando me diminuir como mulher e profissional. Quando não dei para alguém para estar onde estou, sou infantilizada. Uma bobinha que não sabe o que diz.

O que Hans River fez foi escancarar a misoginia e o desprezo que parte da sociedade tem por mulheres que se destacam. Insultou não apenas uma, mas centenas de profissionais. A maioria das pessoas faz isso por simples desprezo. River mentiu numa CPI, o que é crime. Resta saber por que e o que ele ganhou com isso.

*É jornalista e roteirista de TV.