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Assédio moral e suas implicações no ambiente de trabalho

Por William Grespan Garcia

Diversamente do que se pensa, o assédio moral não ocorre apenas do empregador para o empregado, do superior para o subordinado. Na verdade, a cadeia do assédio moral ocorre mais de superiores para subordinados, mas também entre os pares e, em menor grau, contra executivos. O assédio moral, assim, pode ser vertical de maneira descendente (mais comum do superior para o subordinado) ou ascendente (mais raro, do subordinado para o superior); horizontal, quando se dá entre os pares; misto, quando se dá em todas as direções acima, combinadas.

Condutas que evidenciam violência psicológica contra o assediado, atos repetitivos caracterizados por ações reiteradas do assediador, boatos, xingamentos, perseguições, punições injustas, condutas agressivas, inferiorização, exposição do assediado a situações humilhantes e vexatórias, exigências de cumprimento de metas inatingíveis, negação de folgas e férias, enquanto os demais são dispensados, rigor excessivo e colocação de apelidos constrangedores são alguns exemplos de assédio moral, dentre os muitos que existem.

Pontualmente, neste contexto, há que se considerar que acontecimentos comuns e isolados, como uma “bronca” eventual do chefe, uma chamada de atenção esporádica ou não, muitas vezes motivada pela necessidade de se aprimorar a ação, não podem e nem devem ser caracterizadas como assédio moral, embora, muitas vezes, por uma questão de má-fé, fatos como estes possam ser utilizados em processos trabalhistas indevidos, sendo, porém, facilmente derrubados em um Tribunal por não se sustentarem na caracterização do assédio moral.

Antes de se levar o caso aos Tribunais, deve-se recorrer ao RH da empresa para relatar o ocorrido, sempre documentando a conversa/denúncia. Não havendo solução, no âmbito interno da empresa, passa-se a instâncias superiores, como o Sindicato e até o Ministério Público. Queimar etapas, saltar instâncias, nunca facilita e até pode prejudicar o processo de solução do problema, seja por qual via possa vir esta solução.

Por sua especificidade e pela dificuldade em ser comprovado, o assédio moral deve levar a vítima à busca de ajuda especializada, tanto no âmbito médico quanto no âmbito jurídico, providências que devem caminhar paralelamente, ainda que os passos básicos para a solução dentro da empresa não sejam eficientes e/ou eficazes.

As empresas, por sua vez, devem agir de forma preventiva, para que casos de assédio moral não venham a ocorrer intramuros. Tal prevenção pode ser desenvolvida em reuniões periódicas por setores, onde se aborde, de modo direto e/ou indireto o assunto, visando a coibir atitudes negativas entre os funcionários, bem como entre a configuração hierárquica. Além das reuniões, periódicos (os chamados jornais da empresa) podem abordar em suas páginas o assunto, o qual deve ainda constar das diretrizes que costumeiramente são passadas aos funcionários, quando de sua admissão.

A criação de um canal que propicie discussões participativas entre chefias e chefiados, onde todos possam ter voz, é sempre um bom início para prevenir que o assédio moral se instale e que isso seja levado às vias de fato.

Todos os esforços no sentido de coibir ações de assédio moral, em quaisquer níveis, como acima já se destacou, não prescindem de uma correta e perene assessoria jurídica e, também, para as medidas cabíveis quando um eventual problema já instalado, de modo que, na medida do possível, sejam evitados os confrontos judiciais ou, na impossibilidade disto, para um correto acompanhamento da empresa, face a quaisquer processos que possam advir.

Importa, finalmente, dizer que ambos os lados da cadeia produtiva têm a perder com atitudes que induzam à instalação do assédio moral como realidade dentro da empresa. Assediados e assediadores, ambos são a ponta de um intrincado mundo, onde a falta de respeito colabora para a destruição de pessoas físicas e jurídicas, indo na direção inversa das metas pessoais e coletivas propugnadas para o desenvolvimento do ser humano e da empresa.

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O novo mundo profissional

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Por Alexandre Farhan*

A mais recente geração que chega ao mercado profissional tem optado por atuar com mais vigor no setor de serviços, com preferência para as áreas de tecnologia da informação, comércio, mercado financeiro, gastronomia e mais algumas alternativas mais atraentes aos seus olhos. Na outra ponta, há os profissionais experientes de outras profissões, que por força da situação precisam procurar novas alternativas de sustento para garantir sua sobrevivência.

No Brasil há uma queda de procura dos jovens pelos ofícios de ‘chão de fábrica’ e até pelo ensino técnico, em algumas áreas. Além disso, há um processo de desindustrialização em São Paulo, onde muitas empresas além de fecharem as portas migram para o interior ou outros estados. Uma infinidade de negócios tem amargado falência por causa de grandes prejuízos e por fatores opressivos como impostos altos, falta de incentivos, pressão dos sindicatos, entre mais razões. Por outro lado, o desinteresse dos jovens tem sido geral, em múltiplos segmentos, o que nos leva a sentir uma certa preocupação de qual será a situação daqui a algumas décadas.

Ao nosso olhar, boa parte dessa nova geração tem sido influenciada por programas de TV ou por colegas nas redes sociais para buscar soluções fora do País. Eles ficam pesquisando necessidades profissionais em outras nações como, por exemplo, TI ou gastronomia, em mercados mais aquecidos como Canadá, Austrália, Irlanda ou Nova Zelândia, crendo que o cenário será absolutamente favorável, fato que nem sempre se verifica a seguir.

O público mais numeroso de nossa escola profissionalizante em plásticos nunca foi especificamente de adolescentes sem experiência, ao contrário dos cursos técnicos matutinos e vespertinos de 2º grau do Senai. Mas eles estão dentro de nossas salas de aula em bom número. Em compensação há uma procura maior de pessoas de outros setores, desempregados e até empreendedores em busca de oportunidade no segmento de polímeros, que tem resistido bem as tormentas econômicas de sucessivos governos. O plástico, gostando ou não, é onipresente, e não há um só dia, que uma pessoa acorde e que não veja ou toque um utensílio ou produto tendo o plástico como matéria-prima.

Na verdade, a imensa maioria dos trabalhadores não sabe que há boas oportunidades e que existem outras profissões nessa área.  A população simplesmente vê plástico como um único produto e não imagina que há uma infinidade de tipos, propriedades diferenciadas e inúmeros processos de transformação. A tecnologia que envolve essa área é impressionante e osinvestimentos em maquinário e processos são tão expressivos que não se pode deixar na mão de um operador qualquer e despreparado.

Para a maioria dos interessados em se qualificar profissionalmente, independentemente de ser jovem ou não, há várias oportunidades de atuação na indústria do plástico, que vão desde a operação, passando pela programação, preparação de máquinas, laboratório, planejamento e controle de produção (PCP), qualidade e até a área comercial. Nós estudamos o perfil de cada um e mostramos os caminhos que há para alcançar aquilo que se deseja.

Na maioria dos casos e dependendo do perfil, é preciso começar como operador de máquinas, podendo subir degrau por degrau até chegar à função de encarregado, gerente ou mesmo dono de empresa. Esse foi caso de muitos alunos que já se formaram conosco. Foram operadores de máquinas que se tornaram engenheiros, gerentes e até empreendedores. Para isso, basta ter foco, dar continuidade aos estudos nesta área e ter dedicação e força de vontade. Contudo, para a maioria dos jovens não é tão fácil enxergar isso e aceitar facilmente. Inúmeros deles querem tudo muito fácil, sem grande esforço e ganhar bem, mesmo no início da carreira.

*É diretor-técnico da Escola LF de cursos profissionalizantes em plásticos