Nas eleições de 2020 o então deputado estadual Allyson Bezerra usou como mote o discurso de combater as oligarquias, que tanto contribuíram para o atraso do Rio Grande do Norte.
O discurso encaixou com a baixa popularidade da então prefeita Rosalba Ciarlini e nessa pisadinha, o jovem parlamentar derrotou a até então imbatível “Rosa de Mossoró”.
Três anos depois, prefeito com alto índice de popularidade, apesar da crise com os servidores municipais, Allyson queima mais um cartucho na certeza de que a reeleição está assegurada: agora é liderado de um oligarca.
Ontem o prefeito trocou o Solidariedade pelo União Brasil do ex-senador José Agripino Maia, cuja carreira política veio do berço da oligarquia Maia, forjada durante a ditadura militar.
A família Maia está enfraquecida como as demais oligarquias (Rosado e Alves), mas Agripino agora posa de líder sem mandato fortalecido pelo turbinado fundo partidário do União Brasil.
Allyson poderia ter ido para o PSD da senadora Zenaide Maia (que não tem nada a ver com a oligarquia agripinista, apesar do sobrenome), uma aliada de primeira hora do PT que poderia lhe abrir portas em Brasília, mas achou que teria mais desenvoltura em Brasília andando ao lado do histórico antipetista Agripino em pleno governo Lula III.
Assim como a fama de defensor dos servidores foi para as calendas gregas, a postura de opositor às oligarquias assiste o cortejo fúnebre de Maria Preá, personagem da mitologia potiguar cuja morte é sinônimo de assunto encerrado.
A política é como a vida. É feita de escolhas e Allyson não é o primeiro nem o último a lutar contra as oligarquias no gogó e se aliar a elas na primeira oportunidade.
É a terceira eleição consecutiva com derrotas eleitorais para os políticos das famílias que dominaram a política do Rio Grande do Norte na segunda metade do século XX e início do século XXI.
Alves, Maias e Rosados saíram dessas eleições completamente destroçados. Se em 2014 ainda preservaram alguns mandatos e em 2018 sobrou alguma coisa, em 2022 as oligarquias familiares foram reduzidas a um mandato de vereadora em Mossoró (outro em Natal) e terá como mandato mais importante do de Walter Alves (MDB), na condição de vice-governador.
Carlos Eduardo Alves (PDT) não conseguiu se eleger senador. Garibaldi Alves Filho teve uma boa votação, mas abaixo do esperado e não se elegeu deputado federal. Já Henrique Alves (PSB) teve uma votação tenebrosa de apenas 11.630 votos.
Os Maias só lançaram uma candidatura, a de Márcia, que recebeu 17.696 para deputada federal pelo Republicanos.
Entre os Rosados, Beto até foi bem votado, mas o seu PP não atingiu sequer as condições mínimas para disputar uma das sobras para deputado federal. Rosalba não se candidatou e viu seu capital eleitoral ser reduzido em Mossoró. Já ala sandrista acumulou votações muito ruins e saiu ainda menor destas eleições.
As três famílias que dominaram o Rio Grande do Norte saíram destas eleições praticamente irrelevantes e abrindo um vácuo para ser ocupado pelo bolsonarismo no campo da direita tendo em vista que a esquerda se consolidou como alternativa de poder com PT passando a ocupar mais espaços parlamentares e renovando seus quadros de liderança, além da votação consagradora da governadora Fátima Bezerra.
A década de 80 dos anos 1900 representa, sem dúvida, uma “virada de chave” na história econômica e política brasileira. Em matéria de economia, de 1930 a 1980, o Brasil cresceu uma média de 6% ao ano, ou seja, foram cinquenta anos de crescimento exuberante, a partir do qual o Brasil deixou de ser um País rural – 70% da população morava no campo em 1940 – e se tornou uma das quinze maiores potenciais industriais do mundo – o PIB brasileiro expandiu em participação da indústria de 20% em 1947 para 36% nos anos 90 de 1900 . Porém, 80 representara o fim desse ciclo de crescimento iniciado na década de 30, período que ficou (acertadamente) conhecido como a “década perdida”.
No que tange à política, é de mister contextualizar.
O golpe militar de 1964, que ocorrera no final de março/início de abril, manteve na legalidade os partidos registrados. Porém, nas eleições diretas de 1965, o governo perdeu em cinco Estados, dentre os quais estavam a Guanabara e Minas Gerais, dois importantes colégios eleitorais. A retaliação da ditadura militar se deu através da edição do Ato Institucional n° 2 no dia 27 de outubro de 1965, que, dentre outras medidas, extinguiu todos os partidos políticos e proibiu a eleição direta para presidente, senador, governador e prefeito.
Com efeito, no final da década de 70 dos anos 1900, Geisel e Golbery forjaram a fórmula “abertura lenta, gradual e segura”, de modo que, no período logo subsequente, sob o tacão de João Figueiredo, o Brasil experimentaria a primeira eleição majoritária – a bem da verdade, existiu um arremedo de sufrágio a partir de 1972, porém, as manipulações no processo eleitoral tornariam a caracterização das eleições como abertas num equívoco conceitual elementar.
Sob muitos aspectos, as eleições gerais de 1982 representaram uma quebra de paradigma. No plano nacional, o direito ao sufrágio retomara fôlego e, pela primeira vez em quase duas décadas, os cidadãos(ãs) poderiam escolher os governantes do seu Estado de forma livre e direta, ademais da nova sistemática pluripartidária, encerrando o ciclo bipartidário que caracterizou a ditadura militar; no plano estadual, os sintomas dessa nova conjuntura estavam evidentes.
No Rio Grande do Norte, por duas décadas, Dinarte Mariz e Aluízio Alves, aliás dois dos maiores líderes populares da história do Estado, protagonizaram a cena política potiguar. Com a abertura, iniciam-se as movimentações das peças no tabuleiro estadual, Aluízio Alves logo se estabeleceu como candidato natural pelo PMDB; o PT lançou Rubens Lemos; o PTB Vicente Cabral de Brito e o PDS o mossoroense José Agripino Maia.
A candidatura de José Agripino Maia ao governo do estado em 1982 não se deu de modo natural, como a Aluízio Alves. O jovem engenheiro vinha da experiência política de ser prefeito de Natal nomeado pelo seu primo e então governador, o almino afonsense Lavoisier Maia Sobrinho – à época, os governadores, que eram nomeados pela ditadura militar, indicavam os prefeitos das respectivas capitais. Contudo, enfrentou oposição dentro do próprio partido, especialmente porque existia uma ala que não queria “o terceiro Maia” no governo – o pai de José Agripino (Tarcísio Maia) e primo (Lavoisier Maia) governaram o RN entre 1975 e 1983, quando este entregou o bastão ao Maia mossoroense –, algo que, pelas minhas pesquisas, nunca ocorrera.
O “Pacto de Solidão” nasce justamente disso, com o desiderato de obstar a candidatura de José Agripino. Esse acordo foi forjado entre os pedessistas Geraldo Melo (vice-governador), Wanderley Mariz, Martins Filho (Senador), Vingt Rosado (deputado federal) e o anfitrião Dinarte Mariz. Mas, Dinarte Mariz, em função do pragmatismo político e certamente orientado pela bílis que caracterizava a disputa com o seu figadal opositor, Aluízio Alves, optou por apoiar José Agripino Maia, cujo resultado foi o desfazimento do grupo.
Com isso, o deputado federal Vingt Rosado, mesmo optando por ficar entre os quadros pedessistas, resolveu não apoiar Agripino e defender o voto em branco, episódio que ficou conhecido como “voto camarão” – tecnicamente, era denominado pela legislação de voto vinculado –, episódio esse que será objeto de texto à parte. Já o homem do “vento forte no Rio Grande do Norte”, Geraldo Melo renunciou à vice-governadoria para apoiar Aluízio Alves.
A última vez que os potiguares votaram diretamente para governador foi na eleição de 1965, que elegeu o monsenhor Walfredo Gurgel com o apoio do então governador Aluízio Alves. Em 15 de novembro de 1982, o resultado das urnas impôs à então imaculada ficha curricular política do mito Aluízio Alves uma acachapante derrota para o “Terceiro Maia”, o jovem José Agripino, com quase 107 mil votos de maioria, diferença essa nunca vista até aquela data.
Dessarte, um mito da política potiguar teve de submeter-se à derrota imposta pelas urnas. É de ressaltar, ainda, que José Agripino Maia conseguiu feitos políticos que o colocam em lugar de destaque na história política do RN: i) desde a segunda república (1946), Agripino foi o primeiro político a ocupar, por duas vezes, a cadeira do governo, feito repetido, apenas, pela também mossoroense Wilma de Faria (fora Maia também), ou seja, de 1946 até a presente data, os únicos que repetiram a titularidade das rédeas do Estado foram dois potiguares genuínos da terra da resistência, simetria que pode ser quebrada pela reeleição da paraibana Fátima Bezerra nas eleições gerais desse ano (2022); ii) venceu quatro eleições majoritárias seguidas, feito não repetido por nenhum outro político do Estado.
As eleições gerais de 1982 têm, simbólica e concretamente, a tarefa de reformar o País através do voto direto e livre, ademais de colecionar as singularidades abordadas ao longo dessas linhas; as eleições gerais de 2022, sob circunstâncias diferentes, também se revelam com potenciais idiossincrasias, tanto no âmbito nacional – com a possibilidade de, pela primeira vez desde à redemocratização, o chefe do executivo federal não conseguir a renovação do seu mandato –, como no RN, que pode reeleger a paraibana Fátima Bezerra governadora, fato que repetido apenas por Garilbadi Alves Filho – o mais mineiro dos políticos potiguares – e Wilma de Faria no pós-constituição de 1988.
*É advogado.
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Desde a redemocratização, em 1985, as oligarquias familiares que se estabeleceram na política potiguar antes de depois do regime militar estiveram no protagonismo eleitoral indicando candidatos ou tendo seus membros disputando a eleição.
Entre 1986 e 2010, as oligarquias Alves, Maia e Rosado estiveram no topo da cadeia alimentar da política do Rio Grande do Norte ganhando ou perdendo.
Alves e Maia estiveram em embates pelo Governo do Rio Grande seja com membros das famílias seja com indicados. Assim se elegeram Geraldo Melo (apoiado pelos Alves) em 1986 e Garibaldi Alves Filho em 1994 e 1998. Os Maias, oligarquia que se fortaleceu nos anos 1970 sob as bençãos da ditadura militar, elegeu José Agripino Maia em 1990 e disputou contra os Alves com João Faustino (1986), Lavoisier Maia (1994) e o próprio Agripino em 1998.
Curiosamente em 1990 houve um embate Maia x Maia com Agripino derrotando no segundo turno Lavoisier, que tinha a chancela dos Alves.
A quebra do confronto Alves x Maia ocorreu pela primeira vez em 2002 quando Wilma de Faria (na época no PSB) deixou a Prefeitura do Natal para se tornar a primeira mulher governadora do Rio Grande do Norte.
Ela ajudou a tirar o candidato dos Maia (Fernando Bezerra) do segundo turno e depois abateu o nome indicado pelos Alves (Fernando Freire) no segundo turno.
Wilma transitou pelas duas oligarquias sendo integrante por casamento com Lavoisier, da família Maia, e ocasionalmente aliada dos Alves nos pleitos de 1990 (quando seu então marido foi apoiado pelos antigos adversários) e 2000 (quando foi reeleita prefeita do Natal no primeiro turno).
Wilma contou com o apoio dos Maias no segundo turno em 2002, mas logo rompeu com os antigos familiares.
Enfraquecidos com a ascensão de Wilma, os Alves e os Maias deixaram as disputas dos anos 1980 e 1990 no passado se juntando (com uma parte dos Rosados) para derrotar Wilma em 2006.
Wilma acabou impondo a primeira derrota da carreira de Garibaldi Filho, apelidado de “Governador de Férias”, naquele ano, no episódio que ficou conhecido como “surra de saia”.
Detalhe curioso: Wilma não costumava usar saia em suas aparições públicas. Valeu mais pelo simbolismo.
Seria também a última reeleição para o Governo do RN.
Em 2010, a oligarquias deram sua última demonstração de força e passaram como um trator elegendo Rosalba Ciarlini governadora e renovando os mandatos no Senado e Garibaldi e Agripino. De quebra, o “Garibaldi Pai”, como ficou conhecido no fim da vida, herdou o mandato de Rosalba na Alta Câmara.
Em 2014, a oligarquias ficaram ainda mais juntas, mas sofreram uma derrota duríssima mesmo montando o maior palanque já visto no RN em torno de Henrique Alves que terminaria derrotado por Robinson Faria para o Governo.
De volta ao ninho das famílias tradicionais, Wilma perderia o Senado para Fátima Bezerra (PT).
Em 2018, a oligarquias sofreriam o seu maior baque: perderam todas as cadeiras para o Senado. O eleitor potiguar escolheu Styvenson Valentim (Rede) e Zenaide Maia (PHS). O sobrenome da hoje parlamentar do PROS, é mera coincidência. De quebra, Fátima Bezerra bateria Carlos Eduardo Alves para o Governo impondo uma vitória com 269.875 de maioria.
Hoje as oligarquias pela primeira vez não ocupam os cinco cargos mais importantes: governador, vice-governador e as três vagas do Senado.
A consequência disso em 2022 é a apresentação de um quadro diferente. As oligarquias perderam protagonismo. Os oligarcas não tiveram o peso do passado na montagem das chapas, ocupando posição secundária nas articulações.
Sem a Prefeitura de Mossoró em mãos e coadjuvantes na oposição ao prefeito Allyson Bezerra (SD), Rosados só possuem uma candidatura competitiva: a tentativa de reeleição de Beto Rosado. Os Maias só não estão fora do pleito porque Márcia Maia, filha de Wilma e Lavoisier, tenta uma vaga na Câmara dos Deputados, com chances remotas.
Quem ainda respira por aparelhos são os Alves que precisaram aderir ao grupo de Fátima Bezerra. Carlos Eduardo disputa o Senado numa situação de completa dependência da petista, principalmente na busca do voto no interior enquanto Walter Alves foi colocado como vice dentro de uma conjuntura nacional de aproximação entre PT e MDB. O pai dele, outrora maior eleitor do Estado, Garibaldi Filho terá uma eleição duríssima para deputado federal e poder sair das urnas derrotados para a Baixa Câmara como Agripino em 2018.
Henrique Alves, senhor absoluto das articulações políticas no passado, está cuidando da candidatura a deputado federal no PSB, com chances reduzidas de eleição.
Os Alves se tornaram coadjuvantes dependentes de uma chapa liderada pela esquerda.
Agripino vinha esquecido das articulações na oposição e só passou a ser lembrado por um acaso do destino: a fusão entre DEM e PSL que gerou o União Brasil, maior partido do país. Com muito tempo de TV e recursos do fundo eleitoral ele passou a ser mais ouvido.
Ainda assim não reuniu condições de apresentar uma candidatura. Em 2018 acabou ficando na segunda suplência de deputado federal.
Tudo é muito pouco se comparado com o passado. Alves, Maias e Rosados não escolheram os candidatos ao Governo e Senado, foram tangidos por outras lideranças como Fátima, Rogério Marinho, Fábio Faria e dentre outros.
A perda de influência também passa pela ascensão do bolsonarismo que mudou a paisagem da direita no Rio Grande do Norte, com outras lideranças emergindo e pela escolha de Jair Bolsonaro de colocar dos políticos, Fábio Faria e Rogério Marinho, potiguares na condição de ministros.
Eles acabaram assumindo o protagonismo da oposição ao governo petista de Fátima. O eleitor que rejeitou os sobrenomes tradicionais não sentiu falta dos antigos líderes.
O ano de 2022, consolida um processo de mudança em que o ar de “nobreza” está desaparecendo da elite política.
As ultratradicionais oligarquias Alves, Rosado e Maia estão juntos e misturados, isso tudo meio a contragosto, diga-se. Ontem (ver AQUI) se confirmou a aliança que faltava para fechar o cenário político no Rio Grande do Norte em 2018.
A prefeita de Mossoró Rosalba Ciarlini (PP) indicou o filho Cadu como vice de Carlos Eduardo Alves (PDT). O acordo só foi selado quando se entenderam a respeito da reeleição do sobrinho afim dela, Beto Rosado.
Tudo resolvido em família.
Acordo feito e incluindo no mesmo balaio o senador José Agripino (DEM) deslocado para a Câmara dos Deputados tirando momentaneamente o filho Felipe Maia da política. O líder demista fez um “sacrifício” por ele mesmo para se manter na política. Tudo para Carlos Eduardo não prejudicar seu projeto de chegar ao Governo do Estado e garantir as reeleições dos primos Garibaldi e Walter Alves.
As famílias se entenderam.
Se fosse há 20 anos e com alguns ajustes envolvendo personagens já falecidos ou aposentados da política essa aliança seria imbatível. Mas naqueles tempos as oligarquias eram mais fortes divididas em Alves x Maias cada uma com o suporte dos Rosado torados em duas bandas. Praticamente todos estão juntos para sobreviver politicamente.
Nas décadas de 2000 e 2010 os oligarcas do Rio Grande do Norte começaram a perder força. Primeiro permitiram uma terceira via vitoriosa saindo de dentro de suas entranhas. Refiro-me a Wilma de Faria que derrotou Alves e Maia após circular por esses dois grupos e ela mesma tendo uma origem oligarca.
Em 2006, Alves e Maia se uniram para derrota-la, mas Wilma vence. Em 2010, o voto casado colou e as oligarquias deram o último suspiro reelegende Garibaldi e Agripino e levando uma Rosado, Rosalba, ao Governo depois de 60 anos.
Em 2014, Rosalba é jogada no escanteio da política e se junta a Robinson Faria (outrora vice dissidente) e ao PT. Numa aliança reduzida e com a então governadora dando apoio velado derrotam Alves e Maia para Governo e Senado.
O recado do eleitor estava dado e as vitórias em Natal e Mossoró deram uma ilusão de poderio as oligarquias. Mas as pesquisas em 2018 mostram um cenário desalentador aos três grupos familiares.
Carlos Eduardo não decola nas pesquisas, Rosalba é mal avaliada em Mossoró e Garibaldi nunca iniciou uma campanha tão enfraquecido. Para completar a situação, José Agripino sequer teve condições de tentar a reeleição ao Senado.
O ano de 2018 pode ser o último suspiro das oligarquias em nível estadual, sacrificando talvez o seu quadro tecnicamente mais qualificado, Carlos Eduardo.
O pacto oligárquico tem tempo e meios para virar o jogo em 2018, mas também pode se afogar num mar de repulsa popular que eles parecem não perceber.
Teremos este ano um colapso das oligarquias? É possível que sim.