É a segunda eleição consecutiva e a primeira em nível municipal que a tradicional família Rosado, que dominou a política de Mossoró por quase 70 anos, passa abaixo do papel de coadjuvante.
A influência do clã foi mínima. O mais próximo de um sucesso foram as duas ex-deputadas Sandra e Larissa Rosado celebrando a reeleição da vereadora Marleide Cunha (PT).
Ainda assim o papel delas foi menor do que o propagado em suas redes sociais. Marleide foi reeleita pelo histórico de luta sindical, pelo bom mandato que exerceu e teve nesta ala dos Rosados um plus para ultrapassar a marca de três mil votos.
A ex-toda poderosa da política local, a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP), sequer conseguiu eleger uma nominata competitiva no PP. Foi mera coadjuvante na campanha do terceiro colocado na disputa pela Prefeitura de Mossoró, Genivan Vale (PL), que apostou muito mais na figura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nem parece que há quatro anos, antes de ser derrotada por Allyson Bezerra (UB), ela ostentava o título de “maior eleitora de Mossoró”. Foi assim por três décadas, não é mais.
A eleição de 2024 termina sem nenhum Rosado eleito.
Os dois candidatos a vereador sequer exploraram o sobrenome se apresentando como “Vingt-un” e “Tarcisinho Show”. Não deu certo. Os dois tiveram menos de mil votos.
Nos anos 2000, o saudoso jornalista Nilo Santos cunhou a frase que representava bem o auge do poder da família: “Os Rosados são situação, oposição e alternativa”. Eram tempos da polarização entres os grupos de Rosalba e Sandra em que o empresário Marcelo Rosado tentava entrar como terceira via.
Hoje estão longe do poder, não reúnem forças para liderar a oposição e sequer podem cogitar ser uma terceira via.
Em 2004, o então candidato a prefeito Francisco José, o pai, sugeriu dar férias aos Rosados como slogan de campanha. Na época não colou, apesar do terceiro lugar com boa votação. Quando quis, Mossoró mandou logo a família para a fila dos aposentados da política.
Por 72 anos os Rosados foram protagonistas na política de Mossoró. Foi um amplo domínio com a geração numerada dos filhos de Jerônimo que começou em 19848 com Dix-sept que saiu do Palácio da Resistência para o Governo do Estado após vencer as eleições de 1950 para uma curta passagem como governador encerrada em um trágico acidente aéreo.
O poder ainda foi exercido por Vingt (que depois de prefeito foi sete vezes deputado federal) e mais a frente Dix-huit, que além de senador governou Mossoró por três oportunidades. Tenho para mim que se não fosse a ditadura militar Dix-huit teria sido governador no voto, mas é só uma impressão.
Entre um e outro Rosado, alguns prepostos foram colocados no poder. Um deles, Antônio Rodrigues de Carvalho, prefeito nos anos 1950 com apoio da família faria uma curta interrupção do poder oligárquico em 1968 quando se juntou com Aluízio Alves e derrotou o mais ilustrado dos Rosados, Vingt-un, por 98 votos, na eleição mais apertada da história de Mossoró.
Depois os Rosados retomariam o poder para só perder em 2014 para Francisco José Junior numa eleição suplementar, retomar num curto e desgastante período com Rosalba Ciarlini e depois perder novamente em 2020.
Entre 1985 e 2016, os Rosados viraram governo e oposição com a divisão familiar. O assunto foi tema da minha dissertação de mestrado que depois converti no livro “Os Rosados Divididos”. Com a volta da democracia e com a geração dos netos de Jerônimo subindo houve uma crise de sucessão que gerou uma dissidência que interessava a oligarquia Maia, liderada por Tarcísio, pai de José Agripino, que desde o final dos anos 1970 vinha fomentando a crise familiar.
Carlos Augusto, herdeiro político de Dix-sept, ao perceber que Vingt iria impor o genro e sobrinho Laíre, como sucessor da família decidiu alçar voo próprio e depois de ser apelidado por Dix-huit de “elo fraco” viria a ser lado vitorioso da história.
Assim a política se dividiu entre os Rosados de Carlos Augusto e Rosalba Ciarlini (“Rosalbismo”) e o dos herdeiros de Vingt com Sandra e Laíre (“Rosadismo).
Entre 1988 e 2012, o “Rosalbismo” liderado por aquele ganharia o apelido de “Ravengar”, por suas mirabolâncias políticas, o bruxo da novela “Que Rei Sou Eu?”, venceria seis e só perderia uma, em 1992, para Dix-huit. O “elo fraco” era mais forte do que se imaginava.
Nos anos 2000, os Rosados estiveram no auge. Quando Wilma de Faria pensava em lançar o então secretário de desenvolvimento econômico Marcelo Rosado, o saudoso jornalista Nilo Santos cunhou uma frase lapidar: “Os Rosados são governo, oposição e agora também alternativa”.
Não era para menos.
Chegaram a ter três deputados estaduais e dois deputados federais simultaneamente. Em outro momento, mantiveram duas vagas na Assembleia e duas na Câmara Federal e estavam no Senado, depois este mesmo status só que com Rosalba trocando o Senado pelo Governo.
Desse auge uma abrupta decadência que tem como marco a tumultuada eleição de 2012, quando a candidata do Rosalbismo, Cláudia Regina, derrotou Larissa Rosado numa eleição tumultuada e marcada por irregularidades.
Cláudia terminou tendo 11 cassações confirmadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o grupo de Sandra perdeu força. Francisco José Junior quebrou o domínio dos Rosados na eleição suplementar em 2014, mas contou com o apoio velado de vários rosalbistas e os manteve na gestão.
Com o fim do governo de Rosalba ela voltou para Mossoró focada em voltar ao Palácio da Resistência e conseguiu fazer a maior mobilização oposicionista deste século na cidade. Francisco José Junior chegou a reeleição destruído e sequer levou a campanha até o final.
Rosalba daria seu último suspiro político e dos Rosados em 2016, já unida ao grupo de Sandra, vencendo Tião Couto por pouco mais de 15 mil votos de maioria. No quarto mandato ele fez disparada a sua pior gestão, não conseguiu fazer seu candidato ao governo (Carlos Eduardo Alves) ser o mais votado em Mossoró nos dois turnos em 2018 mesmo tendo filho Cadu como vice. Era o prenúncio da derrota em 2020.
Aconteceu.
Desgastada, com a imagem de quem não cumpre acordos, envolvida em polêmicas e com métodos ultrapassados Rosalba foi derrotada por Allyson Bezerra.
Em 2022, tanto o rosalbismo como o grupo de Sandra tiveram desempenhos pífios em Mossoró.
O eleitor de Mossoró avisou que a chave virou, que os Rosados não apitam mais. Hoje não há nenhum oligarca com esse sobrenome com mandato.
Com Allyson com mais de 80% de aprovação e nomes como a deputada estadual Isolda Dantas (PT) e os vereadores Pablo Aires (PSB) e Tony Fernandes (SD) em ascensão no campo oposicionista, os Rosados estão rebaixados a condição de coadjuvantes.
A própria Rosalba sabe disso e anda sumida do noticiário. Sandra já anunciou que não disputará mais eleições e Larissa sonha com mandato de vereadora. Beto Rosado aceitou numa boa perder o PP para o deputado federal João Maia.
Ainda faltam 50 dias para para desejarmos feliz ano novo, mas 2024 já é histórico em Mossoró. Será a primeira eleição municipal na cidade em 76 anos em que velha oligarquia familiar não vai ser protagonista.
É a terceira eleição consecutiva com derrotas eleitorais para os políticos das famílias que dominaram a política do Rio Grande do Norte na segunda metade do século XX e início do século XXI.
Alves, Maias e Rosados saíram dessas eleições completamente destroçados. Se em 2014 ainda preservaram alguns mandatos e em 2018 sobrou alguma coisa, em 2022 as oligarquias familiares foram reduzidas a um mandato de vereadora em Mossoró (outro em Natal) e terá como mandato mais importante do de Walter Alves (MDB), na condição de vice-governador.
Carlos Eduardo Alves (PDT) não conseguiu se eleger senador. Garibaldi Alves Filho teve uma boa votação, mas abaixo do esperado e não se elegeu deputado federal. Já Henrique Alves (PSB) teve uma votação tenebrosa de apenas 11.630 votos.
Os Maias só lançaram uma candidatura, a de Márcia, que recebeu 17.696 para deputada federal pelo Republicanos.
Entre os Rosados, Beto até foi bem votado, mas o seu PP não atingiu sequer as condições mínimas para disputar uma das sobras para deputado federal. Rosalba não se candidatou e viu seu capital eleitoral ser reduzido em Mossoró. Já ala sandrista acumulou votações muito ruins e saiu ainda menor destas eleições.
As três famílias que dominaram o Rio Grande do Norte saíram destas eleições praticamente irrelevantes e abrindo um vácuo para ser ocupado pelo bolsonarismo no campo da direita tendo em vista que a esquerda se consolidou como alternativa de poder com PT passando a ocupar mais espaços parlamentares e renovando seus quadros de liderança, além da votação consagradora da governadora Fátima Bezerra.
A família Rosado enquanto entidade política dividida ou separada saiu praticamente dizimada das eleições do domingo. O recado eleitoral das urnas foi duro e uma virada de chave na história política de Mossoró.
A partir de 1º de fevereiro os Rosados estarão reduzidos a um mandato de vereadora exercido por Larissa Rosado (União).
Ela mesma saiu muito mal das urnas no domingo. Em todo o Estado a vereadora recebeu 10.665 votos em sua tentativa de retornar a Assembleia Legislativa. Em Mossoró foram 5.796 sufrágios que lhe rendeu a modesta sétima colocação.
De alternativa de poder, Larissa se tornou uma vereadora comum. A mãe dela, Sandra Rosado (União), primeira mulher a sentar no colegiado de líderes na Câmara dos Deputados, passou longe de uma vitória tendo 3.254 votos em Mossoró (oitava colocada) e 6.760 no Estado, ficando em último lugar na nominata do União Brasil.
O rosalbismo, que por mais de 30 anos teve a hegemonia absoluta em Mossoró assistiu Beto Rosado (PP) ficar terceiro lugar na cidade (pouco para o passado de domínio absolto da família), atrás dos vereadores Pablo Aires (PSB) e Lawrence Amorim (SD), este obtendo a maior votação para deputado federal da história de Mossoró.
Foram 83.968 votos no Estado, mas o PP não conseguiu atingir sequer os 80% do quociente eleitoral e não alcançou nem as sobras.
Para deputado estadual, a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP) se absteve de entrar na disputa se dividindo entre o ex-prefeito de governador Dix-sept Rosado Anax Vale (União) e o empresário Jorge do Rosário. Os dois somaram juntos 9.841 votos, bem abaixo do que se espera dos candidatos do rosalbismo.
Some-se a isso, a ausência de protagonismo na eleição majoritária em que o apoio da família foi tratado com irrelevância contrastando com um passado em que os Rosados eram disputados e festejados pelo que buscavam votos em Mossoró.
A eleição de 2022 pode consolidar uma virada de chave na história política mossoroense que vai muito além de uma mudança geracional.
É uma mudança de estrutura política.
A tendência é de fracasso dos Rosados nas urnas. A velha oligarquia já pouco influi no voto majoritário. Foi assim em 2018 quando adversários os derrotaram na cidade e em 2020, quando perderam a hegemonia política local.
No domingo há grandes chances dos dois últimos tabus caírem: 1) no atual período democrático sempre um Rosado foi o deputado federal mais votado na cidade. Há grandes do presidente da Câmara Municipal Lawrence Amorim (SD) quebrar esta escrita; 2) desde 1998 sempre um Rosado ou um de seus agregados é o mais votado para deputado estadual em Mossoró. Hoje Isolda Dantas (PT) desponta para ser a campeã de votos na cidade, mas nomes como Jadson Rolim (SD) e Jorge do Rosário (Avante) podem conquistar esse posto.
Some-se a isso o desempenho pífio das campanhas de Sandra e Larissa e o alto risco de Beto Rosado não se reeleger.
Os sinais da virada de chave são tão grandes que a ex-governadora Rosalba Ciarlini ao decidir pelo apoio a governadora Fátima Bezerra terá um impacto irrelevante no resultado da eleição em Mossoró.
Os Rosados podem sair das urnas em 2 de outubro resumidos ao mandato de vereadora exercido por Larissa.
Desde a redemocratização, em 1985, as oligarquias familiares que se estabeleceram na política potiguar antes de depois do regime militar estiveram no protagonismo eleitoral indicando candidatos ou tendo seus membros disputando a eleição.
Entre 1986 e 2010, as oligarquias Alves, Maia e Rosado estiveram no topo da cadeia alimentar da política do Rio Grande do Norte ganhando ou perdendo.
Alves e Maia estiveram em embates pelo Governo do Rio Grande seja com membros das famílias seja com indicados. Assim se elegeram Geraldo Melo (apoiado pelos Alves) em 1986 e Garibaldi Alves Filho em 1994 e 1998. Os Maias, oligarquia que se fortaleceu nos anos 1970 sob as bençãos da ditadura militar, elegeu José Agripino Maia em 1990 e disputou contra os Alves com João Faustino (1986), Lavoisier Maia (1994) e o próprio Agripino em 1998.
Curiosamente em 1990 houve um embate Maia x Maia com Agripino derrotando no segundo turno Lavoisier, que tinha a chancela dos Alves.
A quebra do confronto Alves x Maia ocorreu pela primeira vez em 2002 quando Wilma de Faria (na época no PSB) deixou a Prefeitura do Natal para se tornar a primeira mulher governadora do Rio Grande do Norte.
Ela ajudou a tirar o candidato dos Maia (Fernando Bezerra) do segundo turno e depois abateu o nome indicado pelos Alves (Fernando Freire) no segundo turno.
Wilma transitou pelas duas oligarquias sendo integrante por casamento com Lavoisier, da família Maia, e ocasionalmente aliada dos Alves nos pleitos de 1990 (quando seu então marido foi apoiado pelos antigos adversários) e 2000 (quando foi reeleita prefeita do Natal no primeiro turno).
Wilma contou com o apoio dos Maias no segundo turno em 2002, mas logo rompeu com os antigos familiares.
Enfraquecidos com a ascensão de Wilma, os Alves e os Maias deixaram as disputas dos anos 1980 e 1990 no passado se juntando (com uma parte dos Rosados) para derrotar Wilma em 2006.
Wilma acabou impondo a primeira derrota da carreira de Garibaldi Filho, apelidado de “Governador de Férias”, naquele ano, no episódio que ficou conhecido como “surra de saia”.
Detalhe curioso: Wilma não costumava usar saia em suas aparições públicas. Valeu mais pelo simbolismo.
Seria também a última reeleição para o Governo do RN.
Em 2010, a oligarquias deram sua última demonstração de força e passaram como um trator elegendo Rosalba Ciarlini governadora e renovando os mandatos no Senado e Garibaldi e Agripino. De quebra, o “Garibaldi Pai”, como ficou conhecido no fim da vida, herdou o mandato de Rosalba na Alta Câmara.
Em 2014, a oligarquias ficaram ainda mais juntas, mas sofreram uma derrota duríssima mesmo montando o maior palanque já visto no RN em torno de Henrique Alves que terminaria derrotado por Robinson Faria para o Governo.
De volta ao ninho das famílias tradicionais, Wilma perderia o Senado para Fátima Bezerra (PT).
Em 2018, a oligarquias sofreriam o seu maior baque: perderam todas as cadeiras para o Senado. O eleitor potiguar escolheu Styvenson Valentim (Rede) e Zenaide Maia (PHS). O sobrenome da hoje parlamentar do PROS, é mera coincidência. De quebra, Fátima Bezerra bateria Carlos Eduardo Alves para o Governo impondo uma vitória com 269.875 de maioria.
Hoje as oligarquias pela primeira vez não ocupam os cinco cargos mais importantes: governador, vice-governador e as três vagas do Senado.
A consequência disso em 2022 é a apresentação de um quadro diferente. As oligarquias perderam protagonismo. Os oligarcas não tiveram o peso do passado na montagem das chapas, ocupando posição secundária nas articulações.
Sem a Prefeitura de Mossoró em mãos e coadjuvantes na oposição ao prefeito Allyson Bezerra (SD), Rosados só possuem uma candidatura competitiva: a tentativa de reeleição de Beto Rosado. Os Maias só não estão fora do pleito porque Márcia Maia, filha de Wilma e Lavoisier, tenta uma vaga na Câmara dos Deputados, com chances remotas.
Quem ainda respira por aparelhos são os Alves que precisaram aderir ao grupo de Fátima Bezerra. Carlos Eduardo disputa o Senado numa situação de completa dependência da petista, principalmente na busca do voto no interior enquanto Walter Alves foi colocado como vice dentro de uma conjuntura nacional de aproximação entre PT e MDB. O pai dele, outrora maior eleitor do Estado, Garibaldi Filho terá uma eleição duríssima para deputado federal e poder sair das urnas derrotados para a Baixa Câmara como Agripino em 2018.
Henrique Alves, senhor absoluto das articulações políticas no passado, está cuidando da candidatura a deputado federal no PSB, com chances reduzidas de eleição.
Os Alves se tornaram coadjuvantes dependentes de uma chapa liderada pela esquerda.
Agripino vinha esquecido das articulações na oposição e só passou a ser lembrado por um acaso do destino: a fusão entre DEM e PSL que gerou o União Brasil, maior partido do país. Com muito tempo de TV e recursos do fundo eleitoral ele passou a ser mais ouvido.
Ainda assim não reuniu condições de apresentar uma candidatura. Em 2018 acabou ficando na segunda suplência de deputado federal.
Tudo é muito pouco se comparado com o passado. Alves, Maias e Rosados não escolheram os candidatos ao Governo e Senado, foram tangidos por outras lideranças como Fátima, Rogério Marinho, Fábio Faria e dentre outros.
A perda de influência também passa pela ascensão do bolsonarismo que mudou a paisagem da direita no Rio Grande do Norte, com outras lideranças emergindo e pela escolha de Jair Bolsonaro de colocar dos políticos, Fábio Faria e Rogério Marinho, potiguares na condição de ministros.
Eles acabaram assumindo o protagonismo da oposição ao governo petista de Fátima. O eleitor que rejeitou os sobrenomes tradicionais não sentiu falta dos antigos líderes.
O ano de 2022, consolida um processo de mudança em que o ar de “nobreza” está desaparecendo da elite política.
Desde 1986, primeira eleição com o Brasil redemocratizado, sempre um nome com sobrenome Rosado foi o candidato a deputado federal mais votado em Mossoró.
A hegemonia começou com Ving Rosado, que já vinha no topo durante as eleições legislativa da ditadura militar. Em 1986 ele era o principal nome de Mossoró, mas tomou um susto com o desempenho da então Wilma Maia (depois adotou o sobrenome Faria), que ficou menos de mil votos atrás dele.
Confira os três mais votados em Mossoró em 1986
Ving Rosado (PMDB): 12.391
Vilma de Faria (PDS): 11.471
Henrique Alves (PMDB): 6.304
Em 1990, Vingt se aposentou das disputas eleitorais cedendo espaço em seu grupo político para Laíre Rosado (PMDB). Laíre foi o mais votado em Mossoró naquele ano seguido de longe pelo primo Mário Rosado (PDT), filho de Dix-huit Rosado.
Confira os cinco mais votados em Mossoró em 1990:
Laire Rosado: 11.969
Mário Rosado: 3.747
João Faustino: 1.124
Telma Gurgel: 1.022
Fernando Freire: 794
Mário Rosado, em 1994, se demonstraria mais competitivo pelo voto mossoroense, mas naquele ano o rosalbismo finalmente se faria presente com entrada do então professor Betinho Rosado (PFL). Apesar da disputa mais acirrada, Laíre elevou o desempenho eleitoral e foi mais uma vez o mais votado.
Confira os cinco mais votados em Mossoró em 1994
Laire: 17.991
Betinho: 13.374
Mário Rosado: 9.909
Nelson Gregório: 1.787
Henrique Alves: 1.687
Com a Prefeitura de Mossoró sob o comando de seu grupo, o rosalbismo iniciaria em 1998 uma hegemonia de Betinho Rosado nas disputas para deputado federal em Mossoró que duraria até 2014. Por 277 votos de maioria, Betinho ficou a frente de Laíre.
Confira os cinco mais votados em Mossoró em 1998
Betinho: 21.252
Laire: 20.975
Luiz Carlos: 5.934
Múcio Sá: 5.456
Henrique: 4.502
Em 2002, Betinho iniciaria uma série de três disputas com Sandra Rosado pelo voto mossoroense, em que venceria as três. A primeira seria a mais apertada com apenas 923 votos de maioria. Uma nota interessante é o desempenho de Fátima Bezerra (PT), que recebeu 16.931 votos em Mossoró, um recorde para candidatos que não tem a capital do Oeste como base eleitoral.
Confira os cinco primeiros para deputado federal em Mossoró em 2022:
Betinho: 28.702
Sandra: 27.779
Fátima Bezerra: 16.931
Henrique Alves: 5.408
Lavoisier Maia: 3.405
Em 2006, a vantagem de Betinho sobre Sandra seria ampliada.
Confira os cinco primeiros para deputado federal em Mossoró em 2006:
Betinho Rosado: 28.709
Sandra Rosado: 19.852
Fátima Bezerra: 8.769
Rogério Marinho: 7.077
Henrique Alves: 6.377
Em 2010, Tanto Betinho como Sandra melhoraram seus respectivos desempenhos, fazendo suas melhores votações na cidade. No caso de Betinho, ele estabeleceu um recorde de votação na cidade mantido até hoje: 32.245 votos.
Confira os cinco primeiros para deputado federal em Mossoró em 2010:
Betinho Rosado: 32.245
Sandra Rosado (PSB)25.072
Felipe Maia: 7.710
Fatima Bezerra: 6.797
Adenubio Melo: 5.955
Em 2014, Betinho Rosado foi considerado inelegível pela Justiça Eleitoral após ser condenado por irregularidades quando era secretário estadual de educação. Naquela eleição Sandra Rosado finalmente seria a mais votada na cidade. Outro fato diferenciado, é que foi a primeira vez que um Rosado não estava na cadeira mais confortável do Palácio da Resistência. O prefeito da vez era Francisco José Junior, que não lançou um nome local. O escolhido foi Fábio Faria.
Confira os cinco primeiros para deputado federal em Mossoró em 2014:
Sandra Rosado: 18.271
Beto Rosado: 15.321
Fafá Rosado: 12.983
Fábio Faria: 12.423
Felipe Maia: 5.579
Confira os cinco primeiros para deputado federal em Mossoró em 2018:
Em 2018, só um Rosado estava na disputa pela vaga de deputado federal em um contexto em que as duas principais alas da oligarquia estava reunida após mais de 30 anos de disputa. A situação abriu espaço para novos nomes e candidatos de fora se destacarem nas cinco primeiras posições na cidade. Beto Rosado retomou a hegemonia do pai para o rosalbismo, mas ficou distante do recorde estabelecido em 2006.
Beto Rosado: 16.241
Natália Bonavides: 11.558
Lawrence Amorim: 10.153
Fernando Mineiro: 9.367
General Girão: 7.052
A eleições de 2022 ocorre em um cenário diferente em que os Rosados voltaram a se dividir sem o peso do passado. Se antes eles comandavam a Prefeitura de Mossoró e lideravam a oposição, agora estão fora do poder municipal e em um papel de coadjuvantes na oposição ao prefeito Allyson Bezerra (SD). Ainda assim, Beto Rosado tem se saído bem nas pesquisas municipais e pode ser o mais votado, mantendo o tabu.
Terceiro mais votado em Mossoró em 2018, o presidente da Câmara Municipal Lawrence Amorim (SD) é o principal nome para quebrar a hegemonia dos Rosados. Outro que tem chances é Pablo Aires (PSB), que tende a absorver o voto progressista dado a Mineiro e Natália há quatro anos.
Sandra Rosado /Larissa Rosado de um lado, Rosalba Ciarlini/Beto Rosado no outro. As dobradinhas para deputado estadual e federal respectivamente estão desenhadas nas eleições deste ano.
Os Rosados estão oficialmente divididos novamente.
Se nos anos 1980 eles se dividiram dentre outros fatores porque estavam fortes demais (quem quiser ler o livro Os Rosados Divididos, aviso que tenho apenas oito exemplares) agora a nova divisão se dá no pior momento do clã político/familiar.
Há 40 anos faltava espaço para tanta gente, agora é para sobreviver a partir do que restou. A política mossoroense está num momento de inflexão e poucos se dão conta deste processo.
O deputado federal Beto Rosado (Progressistas – RN), destinou para este ano de 2021 uma emenda no valor de R$ 500 mil para a Sociedade dos Amigos da Pinacoteca Potiguar (SAPP). A instituição é ligada a sua tia, Isaura Rosado, e não possui sede física, apesar de estar localizada na Praça Sete de Setembro, no bairro da Cidade Alta, centro de Natal.
Na justificativa do projeto, o deputado argumentou que a Sociedade tem como alvo as “Comunidades quilombolas; População rural; Mestres, praticantes, brincantes e grupos culturais populares, mulheres; Pessoas com deficiência; Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – LGBT; e Grupos assentados de reforma agrária; Estudantes de Instituições públicas de ensino” e que “a Sociedade Amigos da Pinacoteca a partir da convivência com o mundo artístico e seus profissionais, tem constatado a ausência ou inexistência de alguns profissionais, para exercer atividades subsidiárias ao mercado de arte como: fotografia, edição de vídeos, figurinos, maquiagem artística, DJ, coreógrafo, projetos, dança, etc. A partir desta constatação compreendemos que podemos qualificar jovens e adultos para suprir essa demanda de mão de obra. Sem dúvida uma forma interessante de inclusão”.
O valor de R$ 500 mil, segundo a emenda, seria para a operacionalização do projeto “Arte que Inclui”, através de oficinas, apresentações de quadrilhas juninas e festival, voltado para a promoção da acessibilidade cultural e inclusão de pessoas com deficiência, no município de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte e cidade de origem dos Rosado.
A Sociedade dos Amigos da Pinacoteca Potiguar terá até 29 de janeiro de 2023 para prestar contas da utilização do repasse. A instituição, de caráter privado, foi fundada em 27 de março de 2014 e tem Iaperi Soares de Araújo como sócio e administrador. No entanto, na página da instituição, é possível observar a participação ativa de Isaura.
Isaura Rosado já ocupou vários cargos na área de cultura. Ela dirigiu a Fundação José Augusto, que pertence ao Governo do Estado, durante os governos de Wilma de Faria, Rosalba Ciarlini e de Robinson Faria, de onde saiu em março de 2018, justamente, para trabalhar na campanha do sobrinho, Beto Rosado. A Agência Saiba Mais tentou contato com Isaura Rosado, mas não obteve retorno.
Já foi publicada no Jornal Oficial de Mossoró (JOM) a nomeação do professor aposentado Pedro Almeida Duarte para o cargo de secretário municipal de administração.
A presença dele no cargo fez parte das negociações entre o rosalbismo e o sandrismo para que a vereadora Sandra Rosado (PSDB) retirasse a postulação a Câmara dos Deputados para apoiar a reeleição do deputado federal Beto Rosado (PP).
Pedro Almeida é um longevo e leal membro do grupo de Sandra Rosado.
Já foi secretário estadual de educação e agricultura respectivamente nos governos de Garibaldi Filho e Wilma de Faria.