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Terreno valorizado por emenda do orçamento secreto “some” da declaração de bens de Marinho

Na declaração de bens do ex-ministro Rogério Marinho (PL) não consta o terreno que ele possui na cidade de Monte das Gameleiras que está sendo valorizado graças a obra pública de um mirante construído pela prefeitura daquela cidade com R$ 1.441.714,00 em recursos do orçamento secreto.

A emenda foi sugerira pelo deputado federal Beto Rosado (PP), um aliado político de Marinho.

Segundo a assessoria do ex-ministro, o terreno foi incluído na rubrica quotas ou quinhões de capital. O valor seria de R$ 282 mil porque o imóvel passou a ser a empresa Gameleira Vida Empreendimentos Imobiliários SPE LTDA cujo sócio majoritário é o ex-ministro que tem 94% das quotas.

Na declaração de bens de Rogério Marinho em 2018 constava um terreno no valor de R$ 200 mil.

O caso estourou no ano passado e foi alvo de diversas reportagens em nível nacional.

Na mesma época em que o dinheiro estava sendo liberado, Marinho lançava a construção de um condomínio de 100 casas batizado de Clube do Vinho.

O envio dos recursos para o mirante, que fica a 100 metros do terreno de Marinho, é alvo de investigação aberta pelo Ministério Público Federal.

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PF faz operação para investigar esquema no Ministério que foi comandado por Rogério Marinho

Hoje a Polícia Federal realizou operação para prender suspeitos envolvidos em esquema de corrupção envolvendo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

A ‘Operação Odoacro’ cumpriu 16 mandados de busca e um de prisão nas cidades em São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas, no Maranhão.

Foram apreendidos R$ 1,3 milhão em dinheiro e itens luxuosos.

A PF prendeu Eduardo Costa Barros, o ‘Eduardo DP’, sócio oculto da Construservice, empresa envolvida em obras suspeitas da Codevasf.

A estatal foi turbinada na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) a partir da atuação do então ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho (PL), pré-candidato ao Senado.

A empresa cujo objetivo é realizar obras estruturantes no Nordeste está no centro dos esquemas conhecidos como “Tratoraço” e “Orçamento Secreto”.

Os gastos da Codevasf subiram de R$ 1,3 bilhão para R$ 3,4 bilhões na passagem de Rogério pelo comando do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Para saber mais sobre a ‘Operação Odoacro’ clique nos links abaixo:

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/pf-faz-operacao-que-mira-fraudes-e-desvios-de-verba-na-codevasf-sob-bolsonaro.shtml

https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2022/07/20/policia-federal-realiza-operacao-contra-desvios-de-dinheiro-publico-da-codevasf-no-maranhao.ghtml

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Presidente da Femurn usa nome da entidade para se beneficiar do Orçamento Secreto e ajudar Rogério Marinho

O presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) Antenomar Pereira da Silva, o Babá (Republicanos), se cadastrou como usuário externo para fazer solicitações de recursos da emenda do relator, conhecido também como esquema do orçamento secreto.

Babá usou o nome da Femurn para pedir obras de pavimentação, recapeamento e calçamento junto ao Departamento Nacional de Obras contras as Secas (DNOCS), órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, que até o final de março estava sob controle de Rogério Marinho (PL), aliado do presidente da Femurn.

Em nome da entidade, ele pediu R$ 43,205 milhões.

Do ponto de vista legal a iniciativa se respaldo na resolução Nº 2, DE 2021-CN assinada pelo presidente do Senado Rodrigo Pachego (PSD/MG) que no artigo 69 permite que qualquer cidadão peça recursos do orçamento secreto.

A conferir

Art. 69-A. O relator-geral poderá realizar indicações para execução das programações a que se refere o inciso IV do art. 53, oriundas de solicitações recebidas de parlamentares, de agentes públicos ou da sociedade civil.

  • 1º As indicações e as solicitações que as fundamentaram, referidas no caput, serão publicadas individualmente e disponibilizadas em relatório em sítio eletrônico pela CMO e encaminhadas ao Poder Executivo.

Também do ponto de vista legal, não cabe a Femurn a execução das obras, mas a forma como está desenhada é possível atender aos pedidos como se fossem da entidade e, neste caso, Babá poderia indicar os municípios que seriam beneficiados com critérios políticos.

Da forma como está funciona como uma espécie de “cheque pré-datado” que só seria compensando depois da eleição.

Babá é aliado de Rogério Marinho, que tenta uma vaga no Senado. Marinho tem reunido uma grande quantidade de prefeitos e lideranças políticas em torno de si.

Já Babá tem se omitido enquanto presidente da Femurn em relação a uma série de medidas do Governo Bolsonaro que geraram perdas de receitas aos municípios. O comportamento é bem diferente de quando a governadora Fátima Bezerra (PT) propõe alguma medida que desagradou os prefeitos.

O silêncio entre os prefeitos potiguares também chama a atenção. Só com o ICMS dos combustíveis a estimativa da Secretaria Estadual de Tributação é de que as prefeituras percam em torno de R$ 250 milhões/ano.

Outro lado

O Blog do Barreto entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Femurn que enviou nota do presidente se posicionando sobre os pedidos no orçamento secreto e negando subserviência ao presidente Bolsonaro.

Confira:

Fizemos um pedido em nome da Federação dos Municípios por entender que a entidade representa todos os Municípios do Rio Grande do Norte, naintenção de mitigar os entraves burocráticos.Entretanto os recursos não vieram para a fEMURN, mas sim para o Departamento Nacional de Obras contra a Seca – DNOCS, beneficiando dezenas de Municípios do nosso Estado.A Femurn nunca foi passiva, sendo voz ativa contra todas as medidas que afetem os Municípios do Estado, seja em nível Estadual, seja Federal.Nesse sentido, temos uma atuação constante junto a nossa bancada federal, como também estadual defendendo os pleitos municipais.Da mesma forma, atuamos em conjunto com a Confederação Nacional dos Municípios na defesa dos interesses dos Municípios junto ao governoFederal, Congresso Nacional.Atenciosamente,Anteomar Pereira da SilvaGabinete da PresidênciaFederação dos Municípios do RN

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Rafael Motta afirma que orçamento secreto desequilibra disputa pelo Senado em favor de Rogério Marinho

Daniela Freire

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O deputado Rafael Motta, presidente do PSB no RN e pré-candidato do partido ao Senado, avalia como desigual a disputa pela vaga aqui no Estado, principalmente contra Rogério Marinho.

O motivo da desigualdade, segundo Motta, é o orçamento secreto e as suas emendas, que foram distribuídas de forma intensa pelo ex-ministro bolsonarista – e mais recentemente pelo seu sucessor na pasta, para manter as ‘entregas’ em dia por aqui – até o limite do início do prazo que impede este tipo de ação em período eleitoral, que começou no dia 3 de julho.

Em entrevista ao PodDebate, do Blog do Girotto, neste sábado, Rafael Motta afirmou que está travando “uma luta desigual” com Marinho, uma vez que o pré-candidato bolsonarista tem indicado emendas milionárias do orçamento secreto para prefeituras de municípios potiguares.

“Você chega no município, nas prefeituras, os caras estão recebendo emenda de R$ 3 milhões, agora. O ex-ministro (Rogério Marinho) tem chegado em alguns municípios com R$ 3 milhões, mandando máquina até para suplente de vereador”, afirmou o parlamentar, que ressaltou: “Vou ser bem sincero, é uma luta desigual a que estou passando”.

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RN é desprestigiado no orçamento secreto

Uma reportagem do G1 revelou a relação habitantes x envio de recursos via orçamento secreto, conhecido também como emenda do relator. Na lista o Rio Grande do Norte é um dos dez estados menos beneficiados.

Com 3.560.903 habitantes o Rio Grande do Norte recebeu via orçamento secreto R$ 132.180.719 numa média de R$ 37,13 por morador.

O Estado mais beneficiado na relação habitante x orçamento secreto foi Roraima com R$ 679,93 por morador.

O Piauí do ministro chefe da casa civil Ciro Nogueira é o quarto e Alagoas do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira ocupam respectivamente quarto e sexto lugar no ranking com R$ 251,68 e R$ 147,81 por habitante.

Mesmo com dois ministros e deputados alinhadíssimos com o bolsonarismo o Rio Grande do Norte ficou entre os Estados menos atendidos com a liberação das emendas do orçamento secreto, ocupando a 19ª colocação.

Confira a reportagem completa AQUI.

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Governador acusa Rogério Marinho de comandar “o maior desvio de dinheiro público do Brasil”

Em entrevista ao portal Brasil 247, o governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) não economizou palavras para classificar o “tratoraço” e o “orçamento secreto” no governo Bolsonaro. As acusações atingem a pasta do Desenvolvimento Regional, comandada pelo potiguar Rogério Marinho (PL).

“Estamos vendo, aos olhos de todos, o maior desvio de dinheiro público da história brasileira. Nada chega perto disso. Qualquer governo sério e decente que vier depois, tem que desmontar esse esquema feito com as emendas do relator”, disse Dino, que é pré-candidato ao Senado Federal pelo Maranhão em 2022.

O governador maranhense vai além. Para ele, existe um paralelo entre as omissões relativas ao “orçamento secreto” e o “engavetamento de provas dos atos de corrupção e desídia cometidos pelo presidente da República e seus auxiliares”, inclusive com a criação de obstáculos para avanços na CPI da Covid no Senado.

O “tratoraço” ficou conhecido após uma série de matérias d’O Estado de São Paulo. Segundo o jornal, o esquema envolveu a destinação de R$ 3 bilhões em emendas do orçamento da União em troca de apoio ao Governo no Congresso Nacional. O ministério comandado por Rogério é o campeão em dotação e execução dessas emendas. Governo e auxiliares negam as acusações.

Flávio Dino, por sua vez, afirma ainda na entrevista que a troca de apoio a partir da indicação das emendas do relator representa “uma roubalheira de dinheiro público”: “É isso o que está acontecendo, na cara de todo mundo”. O assunto está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

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Tratoraço e orçamento secreto ajudaram Rogério a dinamitar planos de Fábio

Ao contrário do que se tem dito o ministro das comunicações Fábio Faria (PSD) nunca teve uma vantagem folgada sobre o ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho (PL).

Embora estivesse numericamente à frente de Rogério na maioria das pesquisas, Fábio nunca se desgarrou do colega além dos limites da margem de erro, o que gerava incertezas sobre quem, de fato, seria mais competitivo.

A favor de Rogério pesou o apoio esmagador da classe política. Ele tinha mais prefeitos, mais deputados, o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) e o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB). Fábio só tinha de apoio relevante o prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (SD).

É covardia comparar a articulação de Rogério para terceirizar os pedidos de voto no interior. Enquanto Fábio falava do ainda no distante 5G e entregava umas antenas de internet, Rogério tinha nas mãos a distribuição de equipamentos agrícolas aos prefeitos dentro do esquema conhecido como “tratoraço” e a influência na distribuição das emendas do orçamento secreto.

O orçamento secreto mata dois coelhos numa cajadada só agrada os deputados que acessam aos recursos de emendas e os prefeitos que as recebem. Rogério tinha mais verbas e influência para espalhar dinheiro federal pelo Rio Grande do Norte e terceirizar os votos que sonha ter para se eleger senador.

Com os dois muito próximos nas intenções de voto as benesses de Rogério e os seus efeitos imediatos tiveram mais peso junto aos prefeitos. Como a elite política do Estado ainda acha que disputa majoritária no Rio Grande do Norte é decidida por quem junta mais alcaides, o ministro do PL levou a melhor.

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Confira como os deputados e senadores do RN votaram na proposta de regulamentação do orçamento secreto

Dos oito deputados federais do Rio Grande do Norte quatro votaram a favor do Projeto de Resolução que regulamentação a aplicação das emendas do relator, conhecidas como orçamento secreto e que serviram para financiar o esquema de superfaturamento de maquinários agrícolas, que levou a alcunha de “Tratoraço”.

A proposta passou na Câmara dos Deputados na noite de ontem por 268 x 31. PT, PSB, PDT, Novo, PCdoB, PV e Psol escolheram obstruir a votação.

Confira como votaram os deputados do RN:

Benes Leocádio (Republicanos):   Sim

Beto Rosado (PP):  Sim

Carla Dickson (PROS): Ausente

General Girão (PSL):  Sim

João Maia (PL): Sim

Natália Bonavides (PT): Obstrução

Rafael Motta (PSB): Obstrução

Walter Alves (MDB): Ausente

Já os três senadores do Rio Grande do Norte Styvenson Valentim (Podemos), Zenaide Maia (PROS) e Jean Paul Prates (PT) votaram contra a proposta no Senado.

Na Alta Câmara o projeto passou por 34 x32.

As chamadas emendas do relator estão suspensas por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da falta de transparência.

A proposta aprovada não traz a transparência esperada, permitindo que o nome do parlamentar permaneça oculto e não garante distribuição igualitária entre os parlamentares. A única mudança significativa é o limite R$ 16,9 bilhões para emendas nesta modalidade.

A regulamentação não vai retroagir ao orçamento atual, só valendo para 2022.

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Está definida a data em que Rogério Marinho vai prestar esclarecimentos sobre o orçamento secreto

Está marcada para 7 de dezembro a sessão da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado que vai abrir espaço para que o ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho preste esclarecimentos sobre o orçamento secreto, recentemente suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não se trata de um julgamento. Um ministro deve satisfações à sociedade e ao Parlamento e o convite [para falar à comissão] deveria ser encarado como algo normal dentro do processo democrático”, disse o senador José Reguffe (Podemos/DF), presidente da Comissão.

Com a confirmação o senador Styvenson Valentim (Podemos/RN) retirou o requerimento que convocava Marinho e fez um apelo para que os parlamentares não esvaziem o plenário no dia do depoimento.

O orçamento secreto, conhecido também como emenda do relator, é alvo de questionamentos pela falta de transparência, critérios de distribuição duvidosos e superfaturamentos.

Rogério Marinho é apontado como líder do esquema conhecido como “tratoraço” que usa recursos da emenda do relator na Companhia Vale do Rio São Francisco para distribuição de equipamentos agrícolas.

Aqui no Rio Grande do Norte ele já realizou vários eventos para a entrega de equipamentos agrícolas, além de ter se beneficiado da emenda do relator para valorizar um empreendimento privado seu na cidade de Monte das Gameleiras.

Pré-candidato ao Senado, Marinho montou o palanque mais robusto do Rio Grande do Norte.

Com informações do UOL.

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Um escândalo que precisa ser esclarecido

Por Rogério Tadeu Romano* 

Segundo o site de notícias do Estadão, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado acionou o Tribunal de Contas da União para que a corte identifique e afaste os ‘responsáveis’, no âmbito do Governo Federal, pela execução das emendas relator, ponto central orçamento secreto – esquema de sustentação do governo Jair Bolsonaro no Congresso, revelado pelo Estadão. Considerando a falta de transparência e de critério envolvendo os repasses, Furtado aponta ‘grave falha’ na execução das emendas, destacando que os responsáveis por tal processo ‘deveriam ter se negado a praticar ou impedido’ tais atos.

“Independentemente da forma como as emendas do relator foram aprovadas, caberia ao Poder Executivo, em face diretamente do princípio da impessoalidade, além de inúmeros outros acima já mencionados ou não, fixar critérios para ordenar, priorizar, divulgar e autorizar sua execução”, diz o subprocurador-geral.

A matéria exige a necessária análise por conta do Ministério Público Federal.

A uma, porque há afrontas claras a princípios que norteiam a atividade administrativa, a teor do artigo 37 da Constituição Federal. Ali estão afrontados os princípios da moralidade, da impessoalidade, da igualdade, da transparência, da eficiência. É uma manobra de desvio de recursos públicos e que se presta ao modelo de patrimonialismo, que é enraizado na sociedade brasileira.

Como expôs o site Migalhas, em 24 de agosto de 2021, “bilhões secretos no Orçamento, é disso que se trata”.

Bem ainda acentuou o site Migalhas, naquela oportunidade:

“As emendas feitas pelos parlamentares podem acrescentar, suprimir ou modificar itens tendo em vista compromissos (como obras e investimentos) assumidos pelos congressistas junto aos seus eleitores. Existem quatro tipos de emendas ao orçamento: (i) individuais; (ii) de bancada; (iii) de comissão; (iv) de relator.

As emendas de relator apareceram na LDO de 2020 (lei 13.898/20), que as batizou de RP 9. Estas emendas são feitas pelo deputado ou senador que, naquele determinado ano, foi escolhido para produzir o parecer final sobre o orçamento. A emenda de relator tem (ou deveria ter) caráter puramente técnico, que permite ao relator-geral do parecer fazer ajustes finais e adequar o orçamento à legislação de regência. No entanto, não parece ser isso o que vem ocorrendo.

*RP vem da sigla de Resultado Primário, um indicador de resultado fiscal. Nove refere-se ao nono tipo de despesa no projeto de lei orçamentária. Ex: RP 1 – despesa primária obrigatória; RP 2 – despesa primária discricionária etc.”

O escândalo chegou ao STF. Três partidos ajuizaram ADPFs para contestar o orçamento secreto/paralelo: Cidadania (ADPF 850); Partido Socialista Brasileiro (ADPF 851) e o PSOL (ADPF 854).

As agremiações dizem que foi criado um tipo de emenda sob a nomenclatura de “emenda do relator” como verdadeira moeda de troca para angariar apoio político para o governo Federal e influenciar a apreciação de proposições legislativas no Congresso Nacional.

“Vê-se que o Poder Público, informalmente e às margens de da legalidade, instituiu um novo regime de emendas, que se prestam aos mesmos fins das emendas individuais e de bancada – incluir novas programações orçamentárias -, mas não se submetem aos limites quantitativos e materiais do art. 166 da CF, em nítida violação ao regime constitucional das emendas.”

Agiu bem a ministra Rosa Weber ao proferir decisão liminar (provisória) que suspendeu os empenhos e pagamentos das emendas de relator-geral. Identificadas pelo código RP-9, as emendas estão na base do orçamento secreto. Além de suspender os pagamentos, Weber também determinou que o Executivo dê transparência à execução das verbas e torne públicos os ofícios por meio dos quais deputados e senadores fazem as indicações do dinheiro, geralmente para pequenas obras ou equipamentos, como tratores, em suas bases eleitorais.

A decisão da ministra Rosa Weber foi tomada em uma ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) formulada pelo PSOL e apresentada em junho deste ano. Posteriormente, os partidos Novo, Cidadania e PSB também solicitaram a suspensão da execução das emendas de relator-geral, os pedidos passaram a tramitar em conjunto no Supremo.

Por fim, a duas, o caso precisa ser investigado na esfera penal em que observo duas frentes:

A uma, o crime exposto no artigo 359 – D do Código Penal.

O tipo penal é ordenar despesa, mandar, não autorizada previamente em lei ou não autorizada em lei ou em desacordo com a autorização legal.

O sujeito ativo é o agente público que tem competência para ordenar a despesa.

Trata-se de crime próprio, formal, comissivo, excepcionalmente na forma de crime comissivo por omissão, instantâneo, de perigo abstrato (que independe da forma de perigo para as finanças públicas, bastando a simples realização da conduta prevista no tipo penal), unissubsistente, em que se admite a tentativa. Régis Prado (Comentários ao código penal, pág. 961) fala ainda em crime de mera atividade. Disse ainda ele, comentado a Lei Complementar, que nos termos do artigo 16, a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa pública será acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-financeiro. Se isso não bastasse, o artigo 17 da mesma norma jurídica dispõe sobre as despesas de caráter continuado consideradas aquelas que acarretem para o administrador a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois anos.

Para efeito de despesa não autorizada, diz a Lei de Responsabilidade Fiscal:

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;

II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

  • 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I – adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

II – compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

  • 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
  • 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
  • 4º As normas do caput constituem condição prévia para:

I – empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

II – desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição.

Trata-se de crime próprio, instantâneo e de perigo abstrato. Logo, ainda que a Administração seja beneficiada pela liberação de verba não prevista na lei orçamentária ou em lei específica, o crime está configurado.

A duas, se há notícias de que há superfaturamento em bens adquiridos com dinheiro dessas emendas, é mister que se verifique se há crime contra o patrimônio público. Teria havido crime de peculato com o desvio de verba pública ou apropriação dela? O orçamento secreto seria mais uma forma encontrada para enriquecimento de parlamentares? Isso deve ser investigado. É mais uma forma de mensalão, forma de peculato descrita no artigo 312 do Código Penal?

 Em nome do princípio da obrigatoriedade é dever do Parquet atuar em nome da sociedade diante de tão inacreditável conduta contra os cofres públicos, onde parlamentares atuam para o seu benefício, em segredo.

Não se trata de intervenção indevida do Judiciário em outro Poder. É mais do que isso: é fazer valer as boas regras e princípios disciplinados a partir da leitura do artigo 37 da Constituição.

*É procurador da República com atuação no RN aposentado.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.