Na última quinta-feira o senador Rogério Marinho (PL) protagonizou um espetáculo constrangedor ao chorar pelos golpistas de 8 de janeiro que ainda estão presos em Brasília.
Dois dias depois ele reapareceu com postura supostamente democrática condenado os bolsonaristas que agrediram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma.
Escreveu Rogério nas redes sociais:
“A intimidação e a violência física não são instrumentos da luta política. Repudio essa forma irracional de manifestação, que não ajuda, que se volta contra quem a pratica e nos nivela com aqueles que representam o pior em nossa sociedade”.
Repare no trecho “nos nivela com aqueles que representam o pior em nossa sociedade”. Rogério dá a entender que isso não é um comportamento típico de um bolsonarista, mas dos seus adversários.
Rogério inverte a lógica dos fatos. Afinal de contas são os bolsonaristas que invadiram a Praça dos Três Poderes e tentaram abolir o estado democrático de direito usando da violência. Foi um bolsonarista que foi a festa de um petista e o matou por ele usar como tema do evento Lula e o PT. Foi uma deputada bolsonarista, Carla Zambelli, que perseguiu um jornalista negro empunhando uma arma nas ruas de um bairro chique de São Paulo. Vou ficar nesses três exemplos, mas o(a) leitor(a) certamente vai lembrar de outros casos.
A violência é um modus operandi do bolsonarismo.
Em outro trecho Rogério escreve:
“A falta de argumentos leva a palavras de ordem que pretende calar quem pensa diferente. A normalidade democrática precisa voltar ao nosso País. Defendemos a pacificação e o diálogo, dentro da Constituição”.
Como se defende a normalidade democrática chorando por golpistas no Senado? Como se defende a pacificação dentro da constituição apoiando golpistas e querendo impunidade para eles?
O argumento de Rogério novamente não para em pé.
Em seguida ele escreve:
“Tenho minhas diferenças e discordâncias com a forma como o ministro tem conduzido os inquéritos sob sua coordenação. Porém, não posso concordar com a agressão contra ele e, principalmente, contra seu filho, que o acompanhava”.
Rogério faz questão de ressaltar as diferenças com Alexandre de Moraes, que nada mais fez do que cumprir a lei contra os golpistas de 8 de janeiro, e conter a escalada golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Essas são as divergências de Rogério com o ministro do STF: o senador queria que o magistrado deixasse tudo correr solto e a democracia fosse para as cucuias.
Rogério encerra:
“O Brasil precisa voltar a conviver com suas diferenças, essa é a espinha dorsal da democracia”.
Rogério tem razão, mas para levar à sério suas palavras ele precisa mudar radicalmente de postura. Até aqui ele é cumplice da barbárie bolsonarista.