Cinco alunos de robótica da unidade do SESI de Mossoró (RN) desenvolveram um aplicativo para smartphones e computadores para reduzir o tempo de chegada do Corpo de Bombeiros ao local da ocorrência. O app “Boitatá” foi criado pela equipe Monxorós, que disputará a etapa nacional do Torneio SESI de Robótica da FIRST Lego League (FLL), no início de março, em São Paulo.
A ideia, segundo a equipe, é facilitar o trabalho de bombeiros e bombeiras. Com o aplicativo, o morador vai poder comunicar a situação de emergência para a central mais próxima, mostrando a geolocalização exata. “O bombeiro recebe o chamado já identificando o que é, se é enxame, se é incêndio, por exemplo, e recebe a localização real da pessoa, chegando mais rapidamente onde a pessoa está”, explica o técnico da equipe “Monxorós”, Leonardo Garcia.
Ainda em fase de testes, o Boitatá permitirá o cadastro de civis e bombeiros. Os civis, que são a população em geral, serão responsáveis pelas demandas que os bombeiros receberão. As ocorrências serão feitas pelo próprio celular e os bombeiros serão cadastrados pela central em que trabalham, recebendo os chamados pelo computador.
“O trabalho já foi testado com a corporação local e foi altamente elogiado”, orgulha-se Leonardo. O Boitatá foi utilizado inicialmente em celulares com o sistema operacional Android, mas já está sendo testado em aparelhos com IOS. Para os bombeiros, funcionará pelo computador.
A próxima etapa do app é tornar as demandas cada vez mais específicas. “Como ainda não temos acesso a sensores de altitude, temos uma caixa de texto para que o usuário consiga digitar o andar em que se encontra, caso esteja em um prédio. Tudo isso é baseado em estudos, mostrando que pessoas morreram devido ao curto tempo que o bombeiro tinha para encontrar o andar”, comenta o aluno Paulo Victor Barbosa dos Santos, de 16 anos, que garante que essa função trará mais agilidade às corporações.
A funcionalidade para detalhar o local do acidente de forma precisa está em desenvolvimento principalmente após estudos de casos famosos entrarem na lista de pesquisa dos alunos. Um dos mais recentes, envolvendo um incêndio fatal, é o dos jovens do centro de treinamento do Ninho do Urubu, do Clube de Regatas do Flamengo. Em fevereiro do ano passado, 10 jogadores da base, com idades entre 14 e 16 anos, morreram após um suposto curto-circuito no ar-condicionado do alojamento, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Além das vítimas fatais, outros três adolescentes ficaram feridos.
“Nesse caso, os bombeiros demoraram cerca de 15 minutos para chegar ao local. Nesse episódio, como as crianças não sabiam que tinham que chamar os bombeiros imediatamente e só o fizeram depois de muitos já terem desmaiado, a gente baseia que o horário ideal para o salvamento é entre oito e 10 minutos, mas varia muito de caso para caso”, comenta Paulo Victor. “A função do app é reduzir o tempo de chegada dos bombeiros ao local”, resume o estudante.
Homenagem
O nome da equipe dos alunos Paulo Victor Barbosa dos Santos (16), Evelyn Raquel Souza Bezerra (15), Hélio Valério Lima do Nascimento Filho (15), Israel de Castro Soares (16) e Mateus Gabriel de Melo Filgueira (15) faz uma referência aos índios Monxorós, que posteriormente inspiraram o nome da cidade de Mossoró. O aplicativo, batizado de Boitatá, também faz referência à cultura indígena – no folclore, Boitatá era uma cobra que apagava incêndios.
“Os nomes são homenagens para lembrar que os índios trabalham de forma sustentável e ecológica, não agredindo o meio ambiente. Dessa forma, eles já nascem em uma cidade inteligente”, contextualiza o técnico Leonardo Garcia.
A competição
O Torneio de Robótica FIRST LEGO League reúne 100 equipes formadas por estudantes de 9 a 16 anos e promove disciplinas, como ciências, engenharia e matemática, em sala de aula. Até 16 de fevereiro, haverá as disputas regionais. Os melhores times garantem vaga na etapa nacional, que ocorrerá em março, em São Paulo.
O objetivo é contribuir, de forma lúdica, para o desenvolvimento de competências e habilidades comportamentais exigidas dos jovens. Todo ano, a FLL traz uma temática diferente. Em 2020, os competidores terão que apresentar soluções inovadoras para melhorar, por exemplo, o aproveitamento energético nas cidades e a acessibilidade de casas e prédios.
O diretor de Operações do Departamento Nacional do SESI, Paulo Mol, ressalta que a elaboração dos projetos estimula a autonomia e o trabalho em equipe e contribui para a formação profissional dos alunos. “A questão do empreendedorismo é a base de todo o processo. Nesse torneio, uma das avaliações que é extremamente importante é a capacidade de empreender, de buscar coisas novas, de fazer com que o produto seja desenvolvido”, atesta.