Temendo o impacto eleitoral da resolução do problema histórico da água em Mossoró pela Caern, Allyson politiza cessão terreno

Embate entre Caern e prefeito revela estratégia eleitoral *=(Foto: reprodução)

Por Daniel Menezes*

A Caern irá investir 100 milhões de reais para resolver definitivamente o problema da água de Mossoró através da adutora Apodi-Mossoró. A segunda maior cidade do RN é basicamente abastecida por poços e ficará menos dependente deles com a obra. As faltas de abastecimento momentâneas ficarão no passado.

Ocorre que a Caern depende de um terreno para que a adutora faça a devida passagem. Após reunião com a prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, o diretor presidente da Caern Roberto Linhares recebeu primeiro uma tentativa de trocar o terreno por perdão de uma dívida que Mossoró tem com a companhia, o que caracterizaria uma venda. Depois veio a negativa. Linhares alega que o terreno já fora cedido por acordo de lei estadual de 2013, mas a prefeitura de Mossoró disse em nota que o pedido ainda vai ser avaliado pelas secretarias competentes. O atraso na conclusão do equipamento gera um prejuízo mensal de 1,8 milhão por reajustes contratuais, conforme Linhares.

Ora, caro leitor, estamos falando de um problema histórico da cidade e a obra deve ficar pronta no final de 2024. Com isso, o governo do RN teria uma forte bandeira para apresentar aos mossoroenses no pleito de 2026. Seria uma vitrine e tanto. E, já em 2024, a intervenção estaria próxima do fim com muitas imagens e com o prefeito de Mossoró, disputando a sua reeleição possivelmente contra uma pleiteante do PT, o partido da governadora Fátima Bezerra, a deputada estadual Isolda. Não é segredo para ninguém que ele, além da reeleição em 2024, já trabalha para alçar voos maiores em 2026.

É a vitrine o real motivo do incômodo para o prefeito Allyson e por isso dificulta a realização da adutora. Não há outra razão para tanto. O processo de politização passa pelo desgaste da conquista, para que a resolução do problema da água fique em segundo plano.

A questão é que a obra é inevitável. O prefeito não tem como segurar todos os terrenos da cidade. E ele terá de lidar com a entrega daquilo que a população de Mossoró precisa por parte do governo estadual.

Allyson Bezerra é bem avaliado e caminha para a reeleição. Ocorre que, se politizar demais atividades administrativas, se confiando em seu capital eleitoral, pode terminar dificultando aquilo que hoje é aparentemente fácil.

*É cientista social, professor da UFRN e editor do Blog o Potiguar.

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