Por Dionízio do Apodi*
A mídia paga do Palácio da Resistência de Mossoró não fala em outra coisa: a sessão da Câmara Municipal da tarde desta sexta-feira (24), onde foi aprovada uma reforma administrativa a pedido do prefeito de Mossoró. No entanto, nenhuma linha sobre os efeitos danosos que esta reforma vai causar aos cofres públicos e população mossoroense.
Nenhum desses blogueiros e tais “influencis” que defendem a todo custo, e sem pensar, qualquer ação do prefeito municipal se aprofunda além da primeira linha de um textinho decorado e pronto.
Não é nem questão de coragem, mas de argumento mesmo. Não possuem nenhuma vergonha em aprovar a criação de escritórios em outros municípios bancados pelo dinheiro público municipal, mesmo todo mundo sabendo ser uma ação do prefeito de Mossoró para a campanha ao Governo do Estado; a criação de mais de cem cargos comissionados para serem bancados pelo povo; ou ainda a exclusão do Conselho Municipal de Políticas Culturais na cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura para a criação e efetivação de políticas públicas (este caso, sendo inconstitucional como o Ministério Público do Rio Grande do Norte apontou).
Não há nenhum pudor, nem dos vereadores da situação, alguns até que se dizem da oposição, e desta leva de blogueiro e “influenci”, sem vergonha, para desvirtuar o que os contrários à Reforma falam.
A ausência de argumento, ou inexistência, ou incapacidade de refletir, ou mal caratismo de primeira linha mesmo, fazem, no momento, essa turma se dirigir para destruir a imagem de quem debate com responsabilidade o futuro de Mossoró.
Desde o término da sessão que os trabalhadores e trabalhadoras da cultura que lá estavam são achincalhados com todo tipo de mentira e distorção por parte desses blogueiros que não tem nenhuma responsabilidade e compromisso com Mossoró, apenas com o próprio bolso, pois não falam da incapacidade política de um militar que está sentado na cadeira de vereador, vestido de playboy, dando chilique achando que vai intimidar o movimento de artistas, que sempre foi forte em Mossoró, ao longo de muitas décadas; ou de um aproveitador, que também sentado na cadeira de vereador, protegido pelo vidro que separa a galeria onde fica o povo, do local onde os vereadores ficam, mandava beijinho e tchauzinho para o povo da cultura; ou dos inúmeros cargos comissionados que deveriam estar trabalhando, em seus postos, mas a mando dos seus aprendizes de coronéis compareceram para tumultuar a sessão (já se tornando praxe) através de provocações, sem nenhum deles saber uma vírgula sobre o que se estava tratando; ou da Guarda Civil e polícia que foram chamadas para intimidar, inclusive com um “ser humano” portando uma arma pesada, para intimidar num lugar onde estavam representantes de instituições culturais, inclusive crianças e idosos, sendo que a polícia deveria agir era no plenário e não nas galerias.
Fizeram acusações dizendo que um companheiro teria agredido um destes cargos comissionados, sendo que já circula um vídeo que mostra que o referido comissionado quis tomar o celular do companheiro da cultura, que só fez, automaticamente, através de um gesto rápido, reaver seu celular.
O poderio do prefeito de Mossoró e sua bancada é enorme, ninguém tem dúvidas. Passam por cima sem respeitar ninguém. Poderíamos estar chorando uma derrota na Câmara, e nós da cultura com a retirada do Conselho Municipal de Políticas Culturais da cooperação com o município, sendo este conselho uma luta do setor cultural ao longo de duas décadas.
Mesmo assim, não estamos. Se analisarmos friamente, o resultado da tarde na Câmara já era esperado, pelo Palácio da Resistência e até pelo POVO DA RESISTÊNCIA (que somos nós).
O que o Palácio não esperava é que na manhã desta mesma sexta-feira o Ministério Público convocasse os meios de comunicação para uma entrevista junto com os próprios vereadores (só compareceram Marleide Cunha, Plúvia e Jailson Nogueira) para dizer que após intenso estudo das leis a retirada do Conselho Municipal de Políticas Culturais do páreo, como fizeram, é anticonstitucional. Só isso já bastaria se a gente tivesse um legislativo e executivo que respeitassem as leis. Mas não! Passaram por cima. Não vi um bloguinho e “influenci” desses presentes no Ministério Público para poder entender um pouco o buraco em que já estamos dentro.
Por que não fizeram o mesmo com os outros conselhos (saúde, educação, assistência social…), mas só com o da cultura? Eu respondo: o conselho é um instrumento importante, que através dele a sociedade civil (nós do setor cultural) podemos inclusive barrar essa coisa do Mossoró Cidade Junina ser decidido por uma pessoa ou grupo, distante da participação popular. Agora para 2025 o orçamento prevê mais de 30 milhões gastos no Mossoró Cidade Junina, mais de três milhões no evento gospel Sal e Luz (mais do dobro do Auto da Liberdade).
O que está incomodando a gestão é a ação que nós, do setor cultural de Mossoró, entramos no Ministério Público, desde agosto de 2024, contra o aparelhamento do Conselho Municipal de Políticas Culturais, que precisa funcionar e ter a participação do povo. Por que um povo tão poderoso teria tanto ódio a quem faz cultura nesta cidade?
O dia foi bom. A sexta foi boa. A aprovação da ‘Deforma” era esperada. A nossa ação com o Ministério Público não. E a gente segue, sabendo que uma hora essa conta vai chegar. Já tentam botar a culpa na gente que faz cultura e quer que as coisas deem certo, sendo irresponsabilidade e má gestão do atual prefeito e seus vereadores que aprovaram isso. Eu começaria a sexta-feira pela tarde e finalizaria pela manhã, onde aconteceu a maior surpresa. Das surpresas é que as coisas acontecem.
Abraços e há braços!
Dionízio do Apodi.
*É artista em Mossoró.
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