O ano é 2009. A então ministra chefe da casa civil e futura presidente Dilma Rousseff estava em Mossoró para lançar as obras do Complexo Viário da Abolição, um evento que contava com a presença de toda a base de apoio do presidente Lula da Silva (PT).
Mas um fato político roubou a cena.
O deputado federal João Maia (na época no PL), o líder do PMDB na Câmara dos Deputados Henrique Alves e o presidente da Assembleia Legislativa Robinson Faria (na época no hoje extinto PMN) anunciavam a formação de um triunvirato que levaria o nome de “Unidade Potiguar”.
Lembro bem de ouvir de Henrique que a intenção era fazer um “freio de arrumação” dentro da base lulista no Rio Grande do Norte que era liderada pela saudosa governadora Wilma de Faria (na época no PSB).
O grupo não foi para frente na disputa pelo Governo, mas fez estrago suficiente para implodir a base de Wilma e registrar a última vitória das oligarquias em eleições estaduais no Rio Grande do Norte.
Robinson foi ser vice de Rosalba Ciarlini (na época no DEM, atual União Brasil) que foi eleita governadora em 2010 no primeiro turno. João Maia apoiou Rosalba e foi reeleito assim como Henrique Alves, que se entendeu com Wilma, mas deixou ela fragilizada na eleição para o Senado.
José Agripino Maia e Garibaldi Alves Filho sentiram o gostinho da vitória para última vez em 2010.
Hoje a situação é muito parecida.
O vice-governador Walter Alves (MDB) e o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) atuam em conjunto.
O freio de arrumação é a decisão de Walter não assumir o Governo do RN quando Fátima Bezerra (PT) renunciar no início de abril.
Como Ezequiel não pode mais ser eleito presidente da Assembleia, a estratégia é eleger Walter deputado estadual para ele ser o presidente no primeiro biênio da próxima legislatura e Ezequiel voltar no segundo biênio.
Ao lado da impopular Fátima Bezerra esse caminho é mais difícil.
Walter já admite que conversa com o prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (UB), que lidera as pesquisas para o Governo do RN.
O freio de arrumação foi dado mais uma vez com a recusa de Walter em assumir o Governo e a possibilidade de uma eleição indireta para governador no primeiro semestre que provavelmente colocará um adversário do PT no Governo.
Assim como em 2010, a governadora reeleita quatro anos antes corre sério risco de não chegar ao Senado em 2026.
