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Entidades se pronunciam quanto à prescrição de medicamentos para pacientes com Covid-19

Até o momento, não há vacina ou tratamento específico para o combate ao Covi-19 – Foto: Reuters

Nesta quarta-feira, 20, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (CREMERN) divulgou um documento através do qual recomenda aos médicos critérios e condições para prescrição de medicamentos em pacientes acometidos pelo Covid-19.

A Recomendação nº 04/2020, que está disponível no site do Conselho, foi aprovada em sessão plenária ocorrida na segunda-feira passada, 18, segundo publicação no portal do CREMERN.

Apesar de listar medicamentos para diferentes situações clínicas no documento, o Conselho “esclarece de antemão que a Câmara Técnica de enfrentamento à COVID-19 e os Conselheiros do CREMERN estão cientes da falta de evidências científicas robustas para o tratamento dessa enfermidade. No presente momento, o descompasso entre os efeitos da pandemia e as respostas da ciência exigem um olhar diferenciado sobre essas observações”, diz a publicação.

De acordo com o texto, as diretrizes apresentadas objetivam “priorizar a avaliação médica precoce e nortear a prescrição médica segura, estando direcionadas para o tratamento das três fases clínicas e fisiopatológicas identificadas da COVID-19”. A publicação afirma ainda que a proposta atual seguirá a dinâmica científica, podendo ser modificada, sempre que necessário.

Segundo o CREMERN, a proposta terapêutica deve ser apresentada pelo médico, de forma clara, para os seus pacientes, “que deverão ter ciência das evidências existentes até o momento e dos eventuais efeitos adversos do tratamento. A autonomia do médico e do paciente deverá ser respeitada”, afirma a publicação.

A resolução com todas as recomendações para os médicos está disponível no Portal do CREMERN (cremern.org.br).

O que diz a OMS

Nesta quarta-feira, data em que o Ministério da Saúde adotou o protocolo com orientações sobre uso da cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento do Covid-19, o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, foi questionado sobre o assunto.

De acordo com matéria publicada no site Uol, diante do questionamento Michael Ryan respondeu que “nesse momento a cloroquina e a hidroxicloroquina não foram identificadas como eficazes para o tratamento da Covid-19”.

Segundo a matéria, o diretor executivo afirmou que cada nação tem soberania para aconselhar seus cidadãos sobre os tipos de medicamento. A postagem informa ainda que o diretor executivo afirmou que é preciso considerar efeitos colaterais que podem ocorrer e que as autoridades sanitárias devem avaliar os riscos.

Posicionamento da SBI

Na segunda-feira passada, 18, a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) se pronunciou sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina.

A SBI ressaltou que até o momento não houve descrição de nenhuma terapia efetiva para o tratamento da Covid-19, que possua bases sólidas com resultados comprovados cientificamente.

E, entre as possibilidades de estratégia que vêm sendo investigadas, falou sobre a utilização da cloroquina ou hidroxicloroquina. “Esses fármacos têm indicação terapêuticas em algumas doenças, principalmente em malária e doenças reumáticas, como lúpus eritomatoso sistêmico e artrite reumatoide. Ambos os fármacos têm descrição de efeitos adversos como retinopatias, hipoglicemia grave, prolongamento QT (que se relaciona com alteração da frequência cardíaca) e toxidade cardíaca, sendo exigido contínuo monitoramento médico dos indivíduos em uso da cloroquina ou hidroxicloroquina”, afirmou a SBI.

A Sociedade Brasileira de Imunologia disse ainda que “A escolha desta terapia, ou mesmo a conotação que a COVID-19 é uma doença de fácil tratamento, vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia”. De acordo com a entidade, esse posicionamento, além de ser perigoso, necessita de evidência científica.

Após divulgar informações acerca de estudos realizados sobre o tratamento com cloroquina e/ou hidroxicloroquina, a Sociedade Brasileira de Imunologia concluiu “que ainda é precoce a recomendação de uso deste medicamento na COVID-19, visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes que utilizaram hidroxicloroquina. Além disto, trata-se de um medicamento com efeitos adversos graves que devem ser levados em consideração. Desta forma, a SBI fortemente recomenda que sejam aguardados os resultados dos estudos randomizados multicêntricos em andamento, incluindo o estudo coordenado pela OMS, para obter uma melhor conclusão quanto à real eficácia da hidroxicloroquina e suas associações para o tratamento da COVID-19”, afirma postagem no site da SBI.