Fátima conquistou Governo graças ao interior. Governar além da Reta Tabajara será o desafio

Nunca uma eleição para o Governo do Estado confrontou tanto capital x interior. Até 2018 quem venceu para a chefia do executivo estadual também era o mais votado em Natal e na região (Leste) onde fica a capital.

Em 2018 foi diferente. Fátima Bezerra (PT) venceu em 154 municípios sendo em 123 deles com mais 60% dos votos válidos (ver AQUI).

Na Grande Natal (região administrativa) a maioria de Carlos Eduardo Alves (PDT) foi de 57.602 votos (ver AQUI). Na região Leste, onde estão a maioria dos municípios da Grande Natal, a maioria a favor do pedetista foi mais apertada com 31.139 votos a mais.

Mas nas outras três regiões do RN (ver AQUI) Fátima impôs vitórias folgadas sobre o adversário que concentrou o bom desempenho praticamente em Natal e Parnamirim.

Somando as regiões Agreste, Central (que inclui o Seridó) e Oeste Fátima teve uma vitória de 631.105 (65,61%) x 330.657 (34,39%).

Quanto mais longe do entorno de Natal, melhor o desempenho de Fátima (63.55% no Agreste, 65.5% na Central e 66,91% no Oeste). Foi a população da Reta Tabajara para dentro que levou ela a vitória histórica do dia 28 de outubro.

Nunca uma governadora chegou ao poder com a votação tão concentrada no interior do Rio Grande do Norte. Fátima terá um compromisso imposto pelas urnas de fazer a economia do interior receber mais atenção e a população conhecer mais investimentos.

O desenho geográfico de sua vitória é um crédito de confiança e um recado para os futuros candidatos de que quem decide eleições no RN é o interior.

Levar mais investimentos em saúde, educação e segurança para além da Reta Tabajara será um desafio. Some-se a isso a necessidade de se interiorizar o turismo, trazer indústrias para gerar bons empregos e recuperar os investimentos da Petrobras.

O interior pode muito mais e o eleitor escolheu também rejeitar um candidato plenamente identificado com a capital do Rio Grande do Norte que teve dificuldades para levar o seu discurso para fora de Natal.

As expectativas sobre Fátima serão maiores nos lugares sempre esquecidos pelos governos. Se decepcionar o desgaste será na mesma proporção.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto