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Proporção de pessoas com algum grau de pobreza cai 28,7% em dez anos no RN

O IBGE segue na divulgação de uma série de investigações experimentais que utilizam informações levantadas nas edições da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2008-2009 e 2017-2018 e que retratam e possibilitam a análise da qualidade de vida no Brasil. A partir dos orçamentos domésticos e outros indicadores não monetários foi possível desenvolver índices de perdas de qualidade de vida, os quais já foram explorados em junho deste ano na divulgação que apresentou o índice de perda de qualidade de vida (IPQV) e o índice de desempenho socioeconômico (IDS).

Agora, a investigação buscou mensurar a pobreza e a vulnerabilidade no Brasil em uma abordagem multidimensional e não monetária integrada. Primeiro, foram identificados o grau de pobreza ou vulnerabilidade multidimensional com base em funções de identificação ou ligação que indiquem perdas elevadas na qualidade de vida. Depois, o cálculo dos diferentes graus de pobreza e de vulnerabilidade existentes na população e, por fim, sua agregação em medidas ou índices capazes de expressar as desigualdades na qualidade de vida. O resultado disso foi a produção de três índices: o índice de pobreza multidimensional não monetário (IPM-NM), o índice de vulnerabilidade multidimensional não monetário (IVM-NM) e o índice de pobreza multidimensional com componente relativo (IPM-CR).

No Brasil, a proporção da população que tinha algum grau de pobreza multidimensional na POF 2017-2018, foi de 22,3%, uma queda 21,9 p.p. em relação a parcela de 44,2% obtida na POF 2008-2009. No Nordeste, a proporção das pessoas com algum grau de pobreza em 2017-2018 caiu para 43,8% (-29,5 p.p.) em relação ao verificado no período 2008-2009. O Rio Grande do Norte, assim como todas as outras Unidades da Federação do Brasil, tiveram quedas na proporção de pessoas com algum grau de pobreza multidimensional se comparados os períodos. No estado potiguar, a proporção de pessoas com algum grau de pobreza saiu de 65,3% em 2008-2009 para 36,6% em 2017-2018.

Tabela: proporção da população com algum grau de pobreza, segundo as Unidades da Federação e a variação de queda em pontos percentuais

Embora a variação na proporção do grau de pobreza das pessoas que residem no RN tenha apresentado uma queda acentuada em 10 anos, apenas esta informação não é capaz de fornecer dados suficientes para uma avaliação ampla a respeito da dinâmica de aspectos sociais. No índice de pobreza multidimensional não monetário (IPM-NM), que dá melhor entendimento acerca dos aspectos relacionados as desigualdades e a severidade na pobreza, o Rio Grande do Norte saiu de um de 9,5 em 2008-2009 para um IPM-NM de 4,0 em 2017-2018 e, apesar da queda, ficou na 23ª posição, se considerarmos os estados na ordem dos que tiveram uma maior queda na variação percentual deste índice.  Os estados que apresentaram as maiores quedas em 10 anos foram Santa Catarina e Roraima, com variações acima de -80%, seguidos de Tocantins, Paraná, Sergipe e Distrito Federal com variações entre -75 e -80%.

Impacto negativo 

Quanto à importância de determinada dimensão nos resultados do índice de pobreza multidimensional não monetário (IPM-NM), calculou-se a contribuição percentual do efeito marginal de cada dimensão na soma dos efeitos marginais de todas as dimensões, para melhor compreender o impacto deles. O efeito marginal mediu o impacto ou importância de uma dimensão. Assim, nas dimensões com maiores contribuições, as perdas de qualidade impactaram mais negativamente no IPM – NM. As seis dimensões utilizadas foram (1) Moradia; (2) Acesso aos serviços de utilidade pública; (3) Saúde e alimentação; (4) Educação; (5) Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida; e (6) Transporte e lazer.

Em 2017-2018, “Saúde e Alimentação” e “Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida” foram as categorias que tiveram mais importância na composição dos efeitos marginais para o IPM-NM do Rio Grande do Norte com percentuais de 18,9% cada. O indicador de acesso aos serviços financeiros também foi o mais impactante para o IPM-NM Brasil (19,2%).  Continuando a análise das dimensões do índice no RN, “Educação” representou 18,7%, seguido de “Acesso aos serviços de utilidade pública” com 14,9%, “Transporte e Lazer” com 14,5% e “Moradia” com 14,2% do total dos efeitos marginais observados no resultado do IPM –NM no estado. Em 2008-2009, o maior impacto negativo do IPM-NM potiguar era a categoria de “Transporte e Lazer” que chegou a contribuir com 21,2% do índice.

Quanto ao índice de pobreza multidimensional com componente relativo (IPM-CR), que mensura o fenômeno da pobreza identificando grupos com maior ou menor grau dessa pobreza, o RN apresentava um índice de 19,3 em 2008-2009 e de 16,3, dez anos depois, em 2017-2018. Isso o tirou da 10ª posição entre os estados com o maior IPM-CR para a 15º em 2017-2018. No Brasil esses índices foram de 15 e 12, nos respectivos períodos.

Já ao observarmos a população do RN com algum grau de vulnerabilidade multidimensional, que é uma medida mais abrangente e que inclui o subconjunto daquelas com algum grau de pobreza, quase a totalidade dos residentes no estado tinha algum grau de vulnerabilidade em 2008-2009 (96,2%). Esta proporção caiu para 81,9% em 2017-2018, porém ainda é um valor muito elevado, bem acima da média nacional pra o mesmo período. No Brasil, essa proporção era de 81,7% em 2008-2009 e de 63,8% em 2017-2018. Com esses dados, pode-se calcular o índice de vulnerabilidade multidimensional não monetário (IVM-NM) que, no RN, foi de 19,8 em 2008-2009 e reduziu para 11,7 em 2017-2018. No Brasil este mesmo índice era de 14,5 em 2008-2009 passando para 7,7 em 2017-2018.

Entre as dimensões que mais impactavam os índices IVM-NM e IPM-CR em 2008-2009 destacou-se a de “Transporte e Lazer” passando a ser a de “Educação” em 2017-2018 para ambos. Abaixo, uma comparação com a síntese da contribuição percentual das dimensões para o total dos efeitos marginais de cada índice apresentado nesta pesquisa.

Fonte: IBGE

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RN tem perda de qualidade de vida superior à média nacional em 2017 e 2018

O Rio Grande do Norte teve desempenho inferior à média nacional no que se refere ao índice de perda de qualidade de vida, IPQV, divulgada pela Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE 2017-2018. Os resultados são representados por um número entre 0 e 1, com números mais próximos de 1 indicando que a pessoa ou a família sofreu maior perda de qualidade de vida.

Enquanto o Brasil registrou o valor de 0,158, o índice potiguar foi de 0,205. Essa diferença em relação a média foi seguida pelos demais estados nordestinos, com o melhor desempenho em Sergipe (0,187) e o pior no Maranhão (0,260). Este último teve o pior índice geral entre as unidades da federação, enquanto a menor perda de qualidade de vida foi observada em Santa Catarina (0,100).

Essas perdas ocorrem porque as famílias têm dificuldades em transformar integralmente todos os seus recursos em qualidade de vida, gerando privações para acessar condições mais confortáveis e dignas no que diz respeito à moradia, serviços públicos, alimentação e saúde, posse de bens duráveis e acesso a serviços financeiros, lazer e transporte.

RN teve 3º melhor desempenho socioeconômico no Nordeste

A pesquisa também traz os resultados do Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS), que foi baseado na renda familiar per capta descontada do Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV). O progresso econômico está associado à renda disponível, que representa os valores com os quais as famílias contam no dia a dia. De forma que o desempenho econômico de um estado será superior quanto maior for a renda das famílias e menor for a perda de qualidade de vida delas.

As famílias no Rio Grande do Norte apresentaram, no período de 2017 a 2018, 964 reais no IDS, o que resultou numa diminuição de 20% da renda disponível dos potiguares e provocou perda na qualidade de vida medida. Ou seja, é como se os fatores de perda de qualidade refletissem na renda, evidenciando a força das carências observadas.

Na região Nordeste, o RN ficou atrás apenas de Sergipe e Bahia que contaram respectivamente com 1.118 e 976 reais. Apesar disso, todos os estados nordestinos ficaram abaixo da média nacional (1.410 reais). O Maranhão teve o maior comprometimento familiar per capta do país, deixando o valor de 555 reais após as perdas de qualidade de vida.

Educação e acesso a serviços financeiros e padrão de vida são os aspectos que mais afetam as famílias no RN

Os fatores que mais influenciam o desenvolvimento socioeconômico das pessoas no Rio Grande do Norte são educação e acesso a serviços financeiros e padrão de vida, com uma parcela de 19% cada. O aspecto de menor influência ficou por conta de transporte e lazer, 13,6%. Neste último quesito, o RN registrou o terceiro maior percentual entre todos os estados, atrás de Alagoas (11,8%) e Ceará (13,4%).

Moradia, acesso a serviços públicos, saúde e alimentação registraram, cada um, valores próximos de 16%, evidenciando que pesam de maneira intermediária e similar no desenvolvimento das famílias potiguares. No entanto, na dimensão saúde o RN atinge a terceira menor importância em comparação aos entes federativos, atrás apenas do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul.

Nesta pesquisa, moradia abrange indicadores sobre a estrutura do domicílio, vizinhança e condições ambientais. Os serviços de utilidade pública abrangem eletricidade, esgotamento sanitário, água e coleta de lixo. A saúde e alimentação abrangem insegurança alimentar, acesso aos serviços de saúde e medicamentos assim como a avaliação da saúde e alimentação. A educação abrange a frequência e o atraso escolar assim como a avaliação da educação. O acesso aos serviços financeiros e padrão de vida abrangem a posse de bens duráveis, conta em banco, assim como a dificuldade de pagar as contas. O lazer e transporte abrangem o equilíbrio no uso do tempo em atividades do dia a dia como o transporte para o trabalho, as jornadas de trabalho assim como a avaliação do transporte e do lazer

Fonte: IBGE