Thiago Fernando de Queiroz*
Por volta do mês de setembro de 2018, representantes da Associação das Pessoas com Deficiências Visuais de Mossoró – ADVIMOS, entregaram a Câmara Municipal de Mossoró/RN um Projeto de Lei que trata sobre ações pedagógicas para diminuir a exclusão e o preconceito com a pessoa com baixa visão, e, ainda mais, tal projeto vem promover a autonomia desses sujeitos. Porém, até o devido momento, não se sabe qual o andamento do projeto.
A baixa visão é causada por alguma doença ocular, podendo citar dentre algumas delas, a retinose pigmentar, o glaucoma, a auto miopia, o ceratocone, e, outras doenças raras. Vale destacar, que a pessoa com baixa visão não é cega, apenas enxerga pouco. Alguns por desconhecerem a baixa visão até dizem: Não é bom trocar os óculos ou comprar um óculos novo? Porém, por mais que uma pessoa com baixa visão use óculos, a acuidade visual é inferior a 40% de visão.
E porque a importância desse projeto no município de Mossoró/RN? De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2010, Mossoró tinha em média 10.221 pessoas com baixa visão, imagine hoje, quantas pessoas com baixa visão deverá ter em Mossoró? E, como estão essas pessoas? Será que elas estão sendo incluídas em suas escolas, no trabalho, pela família e amigos? Podemos afirmar que em certas vezes, não!
Para saber como surgiu o projeto, precisa-se voltar ao ano de 1996, onde a professora uruguaia de educação especial Perla Mayo, que atua na Argentina, criou a bengala verde, apontando que a cor representa a esperança, de “ver-de outra maneira”, de “ver-denovo”. A bengala verde também é para identificar que a pessoa é baixa visão, e, para diferenciar da bengala branca, que são simbolizadas para pessoas cegas; e, da bengala vermelha e branca, que são para pessoas surdas-cegas.
A finalidade precípua deste projeto é de conscientizar e informar a todos sobre as inúmeras dificuldades que uma pessoa com baixa visão tem, desde a prática de coisas simples, como a de reconhecer a fisionomia de rostos, ler placas de sinalização, letreiros de ônibus, atravessar ruas, praticar esportes, cozinhar, dirigir, assistir televisão, entre outras questões. O objetivo é demonstrar a sociedade que existe pessoas com baixa visão, que elas precisam de um apoio, precisam superar seus limites e alcançar sua autonomia.
A bengala foi vista por muito tempo como um objeto que demonstra fragilidade, porém, a bengala para a pessoa cega ou com baixa visão é a porta de entrada para um mundo de maior autonomia, pois, quando se utiliza a bengala, a pessoa cega ou com baixa visão pode andar sozinha, podendo ter sua autonomia de ir e vir para onde quiser.
Portanto, é imprescindível que tal projeto de lei seja aprovado pela Câmara Municipal de Mossoró, pois, é uma forma de demonstrar essa realidade, são mais de 10 mil pessoas que tem a baixa visão, e, muitas delas nem conhecem seus direitos, por isso, a importância do projeto.
Esperamos que nossos vereadores reconheçam a importância dessa matéria, para que o direito a informação e a igualdade de oportunidades seja garantido à essas pessoas que muita das vezes estão presas dentro de suas casa por causa de um preconceito ou segregação social.
Vamos à luta por inclusão!
*É pesquisador em Inclusão e dos Direitos das Pessoas com Deficiência.