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Eleição da Ufersa começa com marcas deixadas pelo impedimento candidato vencedor de tomar posse em 2020

A disputa pela Reitoria da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) começa no rescaldo dos traumas causados em 2020 quando Rodrigo Codes venceu em todos os três segmentos, mas foi impedido de tomar posse graças a um entulho autoritário que permite ao presidente da República nomear qualquer um dos três primeiros colocados.

Para azar da instituição, o presidente era Jair Bolsonaro que escolheu a terceira colocada Ludmilla Oliveira. Ela assumiu o cargo e sem se dar conta da falta de legitimidade política e do impacto da quebra de uma regra não escrita da democracia (a de sempre nomear o mais votado) mergulhando a Ufersa num caos institucional.

Foram quatro anos de turbulências dentro da instituição que ficou com a imagem arranhada.

Na eleição deste ano os três primeiros colocados de 2020 serão os concorrentes. Codes, o vencedor que não levou, a reitora que ficou em terceiro, e Jean Berg, que ficou em segundo lugar.

A história de 2020 será um dos motes da eleição da Ufersa e a retomada da legitimidade do voto na escolha do próximo reitor(a) será uma virada de página de uma crise que parecia não ter fim.

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Busca por fugitivos do presídio federal de Mossoró tem semelhanças com caso Lázaro

Por Herculano Barreto Filho

UOL

As buscas por dois fugitivos do presídio de Mossoró (RN), a primeira da história das unidades prisionais federais, têm semelhanças com o caso Lázaro Barbosa. Ele foi capturado e morto em junho de 2021, após 20 dias de operação, suspeito de matar uma família no Distrito Federal e cometer outros crimes em Goiás.

O que aconteceu

Buscas em áreas rurais. O cenário das buscas são áreas rurais, que dificultam o trabalho das forças de segurança por causa do clima e do tamanho dos territórios.

Reféns. Rogério da Silva Mendonça, 35, e Deibson Cabral Nascimento, 33, os dois fugitivos de Mossoró, fizeram uma família refém em 16 de fevereiro, dois dias após a fuga. Comeram e levaram de lá dois celulares. Acusado de matar quatro pessoas da mesma família, Lázaro adotou a mesma tática durante a sua fuga, passando por chácaras e fazendo reféns.

Comparsas. A PF prendeu três suspeitos de ajudar os detentos do presídio de Mossoró na fuga. Assim como eles, Lázaro recebeu ajuda de um ex-patrão e de um funcionário dele, segundo as investigações da época das buscas.

Reforço nas forças de segurança. Nas buscas por Lázaro, os trabalhos foram coordenados pela SSP-GO (Secretaria de Estado da Segurança Pública). Foram mobilizados mais de 270 agentes. Entre eles, as Polícias Civil e Militar de Goiás e do Distrito Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DF) e Corpo de Bombeiros Militar. A força-tarefa empenhada em encontrar os fugitivos de Mossoró tem agentes estaduais e federais envolvidos.

Longo tempo de buscas. Lázaro foi encontrado pelas equipes de segurança após 20 dias de investigação. Ele foi morto aos 32 anos, com mais de dez tiros da cintura para cima, incluindo a cabeça. A advogada dos fugitivos de Mossoró teme pela vida deles. “Não há nada que comprove que eles saíram do presídio vivos”, disse ela ao pedir acesso às imagens do presídio.

Preocupação de familiares. Em junho de 2021, a família de Lázaro tinha esperanças de que ele se entregasse à polícia. A mãe do fugitivo disse que ele não tinha condições de contratar um advogado e relatou ter recebido ameaças. No caso dos fugitivos de Mossoró, as mães também fizeram apelos às autoridades. Nelita Nogueira da Silva, mãe de Rogério, pediu aos agentes que capturem os detentos, para que eles voltem à prisão e cumpram suas penas. Maria Auxiliadora Nascimento Vieira, mãe de Deibson, disse ao UOL temer que o filho seja morto.

Pegadas, uniforme e apreensões em Mossoró

Ao menos três pessoas foram presas em flagrante por suspeita de ajudar os fugitivos. Dessas, duas foram presas em flagrante e outra preventivamente. Na quarta-feira (22), a Polícia Federal cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Quixeré (CE) e Aquiraz (CE) contra possíveis envolvidos no fornecimento de apoio aos foragidos.

Apreensão de drogas, armas e um carro. Segundo a PF, em uma das casas alvo das buscas, em Aquiraz, havia drogas — o que originou a prisão em flagrante. Foram apreendidos ainda telefones celulares e um carro que teria sido utilizado no apoio aos fugitivos para fornecer armas.

Forças policiais federais e estaduais fazem buscas num raio de 15 quilômetros de distância do presídio federal. O ministro da Justiça e Segurança, Ricardo Lewandowski, anunciou na segunda (19), o emprego de mais cem agentes da Força Nacional para atuar nas buscas.

Desde o dia da fuga, secretarias de Segurança Pública de três estados atuam juntas para fiscalizar divisas. Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará aumentaram o policiamento terrestre e aéreo da região.

Monitoramento aéreo e por estradas. O governo do Rio Grande do Norte informou que faz buscas aéreas, com o auxílio de aeronaves, e terrestres, nas divisas dos estados do Ceará e Paraíba. O Ministério da Justiça e Segurança Pública mobilizou ainda a Polícia Rodoviária Federal para a recaptura dos presos por rodovias federais.

Alerta à Interpol. A PF foi orientada a colocar os nomes dos fugitivos no Sistema de Difusão Laranja da Interpol e a incluí-los no Sistema de Proteção de Fronteiras.

Luminária, teto e tapume: como foi a fuga

Detentos abriram uma parede do presídio e fugiram pela luminária. Deibson e Rogério, que fazem parte do Comando Vermelho do Acre, fugiram pelo telhado do presídio de Mossoró na madrugada do dia 14.

As celas onde estavam os presos passam por perícia. Pertences dos detentos, como lençóis e objetos pessoais, também são examinados.

Roupas e pegadas foram encontradas por equipes da força-tarefa dois dias depois. Calçados e camisetas — que podem ser dos dois fugitivos — foram localizados em uma área rural de Mossoró e, por isso, as buscas se intensificaram na região próxima à penitenciária.

Camiseta de uniforme de presídio foi encontrada em região de mata. De acordo com o órgão, a roupa foi localizada na zona rural e pode ter sido usada por um dos detentos que fugiu do presídio. Contudo, os objetos encontrados ainda passarão por perícia.

Fugitivos tinham planos de chegar ao Rio de Janeiro. Secretários de segurança pública estão em contato após indícios de que os detentos poderiam chegar ao Rio de Janeiro, estado onde estão as principais lideranças do Comando Vermelho.

Quem são os fugitivos

Presos estiveram em rebelião em presídio, em 2023, e pertencem ao Comando Vermelho. Deibson e Rogério foram transferidos para a unidade federal após terem participado de uma rebelião no presídio Antônio Amaro Alves, no Acre, em julho do ano passado.

Fugitivos são “matadores do CV”. Fontes ouvidas pela reportagem indicam que os fugitivos não integram o alto escalão da facção e que são conhecidos por executarem pessoas condenadas no “tribunal do crime” do Comando Vermelho do Acre. O UOL não localizou os advogados deles.

Deibson cumpria pena de 33 anos por assalto a mão armada. Conhecido como Tatu, ele também responde a processos por tráfico de drogas.

Rogério tem suástica tatuada na mão e condenação de cinco anos por tráfico. Martelo também responde a processos por homicídio qualificado, roubo e violência doméstica.

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Maioria dos potiguares se declaram pardos

Os dados do Censo Demográfico 2022 evidenciam que a população residente no Rio Grande do Norte é formada por 1.680.960 pessoas pardas (50,9%), 1.304.317 brancas (39,5%), 302.749 pretas (9,2%), 9.385 indígenas (0,3%) e 5.237 amarelas (0,16%). No Brasil, a população parda equivale a 45,3% do total geral, a branca 43,5%, a preta 10,2%, a indígena é 0,8% e a amarela 0,4%.

A população residente mostrou mudanças na sua composição por cor ou raça entre os Censos Demográficos de 2010 e 2022. O percentual de pessoas pretas do estado saiu de 5,2% para 9,2%, um aumento de 3,9 pontos percentuais (p.p.), enquanto o percentual de brancos, pardos e amarelos caíu 1,7 p.p., 1, 6 p.p.  e 0,9 p.p., respectivamente. Já o percentual de pessoas indígenas cresceu 0,2%. De uma maneira geral, há 127 municípios do Rio Grande do Norte onde a maioria da população é parda e 40 municípios onde a maioria da população é branca. Os dados são de mais um módulo do Censo 2022 publicado hoje (22).

Em comparação com 2010, o número total da população indígena do estado foi a que mais cresceu (351,4%) saindo de cerca de 2,6 mil pessoas para pouco mais que 11 mil, seguido da população preta (82,3%) que era de 166 mil em 2010 e foi para pouco mais que 302 mil em 2022. A população amarela foi a única que apresentou decréscimo (-84%).

Analisando a distribuição relativa das categorias de cor ou raça segundo os municípios do estado, em 2022, os municípios de Ouro Branco, São Fernando, Santana do Seridó e Jardim de Seridó eram os que concentravam o maior percentual de população branca, representando mais de 60% da sua população. Os demais municípios apresentavam um peso relativo da população branca abaixo de 60%, sendo 106 deles abaixo do peso estadual de 39,5%.

O município com maior concentração de população preta era Portalegre com 19,50%, bem acima do percentual estadual (9,2%), assim como outros 54 municípios do estado. Monte das Gameleiras e Frutuoso Gomes apresentavam o menor peso relativo da população preta em sua população residente, com 2,9% e 3,3% respectivamente, seguido de Riacho de Santana (3,7%) e Ouro Branco (4%).

A população amarela mostrou a maior proporção na população residente no município de Pedro Avelino com 0,8%, seguido por Pedra Grande e Ipueira, ambas com 0,6%. A população parda era o grupo com maior peso relativo na população residente em Ruy Barbosa (69,8%), Lajes Pintada (68%) e Bento Fernandes (67,5%). Outros 109 municípios apresentaram percentual de população parda acima do peso relativo do estado, que era de 50,9%.

A análise da estrutura etária por cor ou raça mostra que entre 2010 e 2022 houve maiores decréscimos nas faixas de idade até 29 anos para as populações parda, branca e amarela, nessa ordem, enquanto houve maiores acréscimos nas faixas a partir de 45 anos para as populações parda, branca e preta, também na ordem. Indígenas (pela pergunta de cor ou raça) mostraram acréscimo em todas as faixas de idade.

O índice de envelhecimento mostra a relação de idosos de 60 anos ou mais de idade em relação à população que tem entre 0 e 14 anos. Quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população. Quando analisado por cor ou raça, esse índice mostra um envelhecimento da população entre 2010 e 2022 para todas as classes de cor ou raça, exceto para a população indígena (pela pergunta cor ou raça). Em 2022, a população preta apresentou o maior índice de envelhecimento (158,5), seguida da amarela (122,6).

Quando a análise é feita por cor ou raça e sexo, temos decréscimos tanto entre mulheres e homens de cor ou raça branca, amarela e parda, sendo os maiores para homens pardos (-1,3%) e mulheres brancas (-0.8%). Já os maiores acréscimos foram vistos no percentual de homens e mulheres pretas, que subiram de 2010 a 2022, ambos, cerca de 2%.

Quanto à razão de sexo por cor ou raça, o Censo Demográfico 2022 mostrou, para o Rio Grande do Norte, uma razão de sexo maior para pessoas pretas, indicado indicando haver 112,3 homens pretos para cada 100 mulheres pretas.

Conceitos importantes:

Princípio da autoidentificação

  • O pertencimento étnico-racial é investigado respeitando o critério de autoidentificação.
  • Cada informante responde ao IBGE a sua percepção sobre a sua cor ou raça e sua percepção sobre como os outros moradores se autoidentificam numa das cinco categorias.
  • O mesmo ocorre nos quesitos de pertencimento étnico indígena e quilombola do bloco de identificação étnico-racial do Censo Demográfico.

Cor ou Raça

  • A pergunta sobre cor ou raça não retrata apenas a “cor” ou apenas a “raça” da população, pois, além de existirem vários critérios que podem ser usados pelo informante para a classificação (origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia, pertencimento comunitário, entre outros), as cinco categorias estabelecidas na investigação (branca, preta, amarela, parda e indígena) podem ser entendidas pelo informante de forma variável.
  • Vale lembrar ainda que o IBGE utiliza o conceito de “raça” como uma categoria socialmente construída na interação social e não como um conceito biológico.
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Setor cultural do RN ocupou 64 mil pessoas em 2022

O setor cultural ocupava, em 2022, 64 mil pessoas no Rio Grande do Norte, representando 4,6% do total de ocupados no estado (1,4 milhão). A maioria delas eram homens (69,2%), pessoas de cor ou raça branca (54,6%), que tinham entre 30 e 39 anos de idade (51,1%) e nível de instrução com ensino médio completo e superior incompleto ou equivalentes (49,6%). Se comparado ao total das ocupações do estado no mesmo ano, dois indicadores chamam atenção por diferirem do padrão geral: para o mesmo ano, nos números totais de pessoas ocupadas, o percentual de homens era 59% e pessoas de cor ou raça branca era de 38,3%, ou seja, 10,2 e 16,3 pontos percentuais abaixo do verificado para o setor cultural. Os dados são do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC) levantados pelo IBGE em pesquisas diversas e compilados para o período de 2011 a 2021.

Mulheres

Em 2022, nas atividades culturais no Rio Grande do Norte, os homens (R$ 2.047,00) receberam um salário mensal médio superior ao das mulheres (R$ 1.410 ou 68,9% do salário dos homens). Quando o recorte foi feito por cor ou raça, os pretos ou pardos (R$ 1630,00) receberam cerca de 80 % do salário médio mensal dos brancos (R$ 2036,00).  No geral, o salário médio mensal pago no Rio Grande do Norte no setor cultural em 2022 foi de R$ 1852,00. No Nordeste esse valor foi de R$ 1783,00 e nacionalmente foi de R$ 2815,00.

Cerca de 50% das pessoas ocupadas no setor da cultura no Rio Grande do Norte em 2022 pertencem ao grupo dos que trabalharam entre 40 e 44h semanais, seguido dos que trabalharam entre 15 e 39h (39%). Aqueles que trabalharam até 14h foram 6,4% e os que trabalharam acima das 45h foram 4,1%. Na capital, o percentual de quem trabalhou acima das 45h é maior que a média estadual, ficando em 9,1%, enquanto metade (50,3%) trabalhava entre 15 e 39h e outros 37% entre 40 e 44h.

Empresas

Segundo o Cadastro Central de Empresas, em 2021 havia 3,4 mil unidades locais empresariais atuando nas atividades culturais do estado, as quais ocupavam 12,5 mil pessoas, com salário médio mensal de R$ 1.999,00. Só a capital, Natal, foi responsável por mais de 50% dessas unidades e por mais de 60% do pessoal ocupado no setor. Na comparação com 2011, houve um acréscimo de 9,4% no número de unidades locais culturais no RN, mas, apesar da variação positiva, a dinâmica de entrada e saídas de empresas mudou pouco o percentual de participação das atividades culturais no total das atividades econômicas do estado.

Em 2011, as unidades locais do setor cultural correspondiam a 5,2% do total do Cadastro de Empresas do RN, enquanto em 2021 esse número foi 5%. Em termos de pessoal ocupado, a cultura permaneceu na casa dos 2% da população ocupada no estado, se comparados 2011 e 2021. Já quanto à média de salários pagos, em 10 anos houve uma variação relativa de -8,7%, já que em 2011 esse valor era de R$ 2.189,00. Em 2021, na capital do estado, o salário médio mensal pago é de R$ 2.424,00, cerca de 21% a mais que a média estadual. Nacionalmente, esta média é de R$ 4,121,00 e regionalmente é de R$ 2.250,00, para o Nordeste.

Já o total dos gastos públicos (estadual e municipal) alocados no setor cultural aumentou de aproximadamente R$ 85,2 milhões, em 2011, para R$ 183,3 milhões, em 2022. Nesse período as esferas de governo (estadual e municipal) apresentaram variações da participação da cultura no total de gastos no país: em 2021, 0,7% e 1,4% respectivamente e, em 2022, 0,8% e 1,9%. Em nível de despesas totais do estado, o RN saiu de 0,32% de despesas com o setor cultural em 2012 para 0,19% em 2022.  depois de três anos em queda, os governos municipais foram a esfera de governo que mais utilizou seu orçamento com o setor cultural, ampliando sua participação em 2022.

Os valores captados por produtores culturais no Rio Grande do Norte via incentivo fiscal subiram cerca de R$ 380 mil, saindo de R$ 1,2 milhão em 2021 para R$ 1,6 milhão em 2022. Dos 167 municípios do estado, 137 tiveram distribuição de recursos da Lei Aldir Blanc em 2021. Desses, 12 utilizaram menos de 50% dos recursos, 37 utilizaram entre 50 e 90%, e 82, entre 90 e 100%. Quanto aos tipos de grupos para onde os recursos da lei foram distribuídos pelos municípios, as categorias de Musical, Artesanato e Dança foram as mais contempladas em 2021.

Desigualdades

Em 2021, 16,8% dos municípios potiguares tinham teatro ou sala de espetáculo no próprio município, 2,4% tinham cinema e 26,9% tinham museus. Apesar disso, a maioria dos municípios que não tinham os equipamentos culturais estavam a menos de uma hora de deslocamento de um outro que possuía.

Isso resulta em que 49,4% da população potiguar morava em municípios sem museu, 42% sem teatro ou sala de espetáculo e 63,8% sem cinema. Quanto ao tempo médio de deslocamento que essa população precisa despender para chegar ao museu, teatro e cinema mais próximos, observou-se que o equipamento cultural que leva o maior tempo de deslocamento para acesso é o cinema (53 minutos), enquanto para o museu leva-se cerca de 17 minutos, e, para o teatro, 24 minutos.

Proporcionalmente, a população preta ou parda do Rio Grande do Norte mostrou-se a que tem menos acesso potencial a esses equipamentos culturais: em 2021, 66% dela vivia em municípios sem salas de cinema, ao passo que, entre os brancos, o percentual era de 60,6%. A diferença ocorreu, ainda, em relação ao acesso a museus (52,1% ante 45%) e em menor grau a teatros ou salas de espetáculos (42,2% ante 41,9%).

Quanto ao sexo, 52,2% das mulheres e 49% dos homens do Rio Grande do Norte tiveram acesso potencial a museus em 2021. Esse número aumentou quando o equipamento cultural considerado foram teatros ou salas de espetáculo (58,3% de homens e 57,6% de mulheres) e caiu substancialmente quando se referiu à cinemas (34,9% dos homens e 37,4% das mulheres). Pessoas sem instrução ou fundamental incompleto mostraram maior privação nesse último quesito (70,7%).

 

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Estadualização da UERN é o maior legado político e da educação de Padre Sátiro

Padre Sátiro Cavalcanti será para sempre lembrado como líder a estadualização da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte em sua curta, porém rica passagem pela Reitoria da instituição entre 5 de agosto de 1985 e 8 de janeiro 1987.

Esse é o seu principal legado político pela capacidade de articulação demonstrada ao unir a comunidade acadêmica, movimentar todos os segmentos políticos do Estado, acionar ministros, convencer prefeito, governador, candidatos a governo, vereadores e deputados estaduais a formarem consenso na transferência de uma universidade de um município para um estado.

Na educação é o maior legado pelo que a UERN se tornou a partir da estadualização, deixando de ser uma universidade que sobrevivia a duras penas para se tornar uma referência de inclusão social com 89% de seus alunos oriundos de escolas públicas. Nada disso aconteceria sem estadualização cujo protagonista foi Padre Sátiro.

Mas para entender essa história é preciso voltar 38 anos na história. Padre Sátiro assumiu a então Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN) após uma crise política que derrubou o então reitor Laplace Rosado. Na época era uma instituição municipal que era pública, mas não gratuita porque cobrava mensalidades dos estudantes. Ainda assim ela não conseguia se manter.

A universidade devia seis meses de salários aos professores e funcionários quando Padre Sátiro assumiu o cargo.

A missão dele era clara: encontrar uma solução para a FURRN. Padre Sátiro recebeu carta branca do então prefeito Dix-huit Rosado para acabar com aquela agonia que a instituição vivia e foi se mexendo nos bastidores, unindo os segmentos da comunidade acadêmica e conquistando apoio político.

O reitor dedicou boa parte de sua agenda no primeiro semestre de 1986 a Brasília onde participou de uma série de reuniões e contou com o apoio do então ministro da administração Aluízio Alves. Ele discutiu o reconhecimento de cursos e ao mesmo tempo defendia a federalização da instituição.

Sátiro tentou contatos com o então ministro da educação Marco Maciel, que chegou a ser paraninfo das turmas concluintes da FURRN em 1986. Chegou-se a se discutir a possibilidade de a FURRN ser anexada a antiga ESAM, atual Ufersa, mas a ideia não avançou. A anexação pela UFRN também foi uma das alternativas discutidas na época.

Nem federalização, nem Esam e muito menos UFRN. Todas as hipóteses foram descartadas porque esbarravam no argumento da mentalidade da época de que uma universidade federal era suficiente para o Rio Grande do Norte e ela era a UFRN.

O destino da FURRN era ser UERN e o de Padre Sátiro era liderar o processo como reitor. Assim, a página da ideia da federalização de 1985 deu lugar à luta pela estadualização ao longo do primeiro semestre de1986. Em abril, Padre Sátiro chegou a admitir que os campi de Patu, Pau dos Ferros e Assú seriam fechados caso não aparecesse uma solução para a crise. Em maio até o fechamento da universidade chegou a ser avaliado.

A virada de chave aconteceu em junho.

Padre Sátiro com a ajuda dos técnicos, alunos e professores lotou 10 ônibus e foi bater a porta do então governador Radir Pereira após a histórica assembleia do Cine Pax do dia 8 de junho que decidiu que era hora de focar na estadualização.

Radir gostou da ideia, mas disse que ficaria pouco tempo no poder e que os candidatos que disputariam a eleição na quele ano precisariam concordar.

O processo foi rápido. Padre Sátiro conseguiu arrancar dos candidatos ao Governo do Rio Grande do Norte João Faustino, Aldo Fonseca Tinoco, Sebastião Carneiro e Geraldo Melo a garantia de que eles dariam continuidade ao processo de estadualização da FURRN. Esse compromisso foi fundamental.

Em setembro a Câmara Municipal de Mossoró já tinha autorizado e o então prefeito Dix-huit Rosado assinado a lei autorizando a estadualização. Em novembro daquele ano a Assembleia Legislativa já tinha aprovado a estadualização e a FURRN já tinha sido incorporada ao patrimônio do Governo do Rio Grande do Norte.

A estadualização foi oficializada em 7 de janeiro de 1987.

No dia 8 de janeiro, e após rodar 35 mil quilômetros no Passat para encontrar uma solução para a FURRN, Padre Sátiro cumpriu a promessa de que após a missão dele como reitor ser cumprida renunciaria. A missão era resolver o maior problema da universidade que agora era além de pública, finalmente gratuita e poderia se manter como estadual.

Padre Sátiro renunciou ao cargo voluntariamente dando lugar a Antonio Capistrano e voltou ao curso de direito de onde ajudou a futura UERN no processo de reconhecimento de seus cursos no Ministério da Educação.

A estadualização da UERN é o maior marco de um líder religioso que se mostrou um hábil político e um batalhador da educação.

Confira o depoimento completo de Padre Sátiro numa entrevista que ele concedeu ao editor desta página e a jornalista Aglair Abreu:

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Conheça a trajetória de Padre Sátiro Cavalcanti

Site da Diocese de Mossoró com informações do Jornal De Fato

Pe Sátiro Cavalcanti Dantas nasceu na Comunidade de Poço de Pedra, município de Pau dos Ferros (RN), no 22 de janeiro, 1930. Filho de seu João Fernandes Dantas e de Dona Erondina Cavalcanti Dantas.

No dia 9 de fevereiro de 1943, após seguir viagem de trem de Pau dos Ferros (RN), desembarcou na cidade de Mossoró, junto com a mãe e os cinco irmãos; e naquele mesmo dia, o jovem Sátiro ingressou no Seminário de Santa Teresinha, para continuar a formação de seus estudos, realizando o 1º grau menor. O reitor naquele tempo era padre Huberto Bruening, e o orientador espiritual era padre Miguel Nunes, e em seguida foi padre Gentil Diniz Barreto. Estes foram muito importantes para a formação religiosa do seminarista Sátiro Cavalcante Dantas, e naquele seminário ele concluiu o curso ginasial e científico.

Estava pronto para avançar a sua caminhada. Foi estudar no Seminário em Fortaleza, logo após em Olinda (PE), e mais adiante cursou Filosofia, no Seminário Central Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo (RS), de 1949 até 1951. Cursou Teologia Dogmática, realizado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, no período de 1951 a 1954; cursou Licenciatura Plena, realizada na Universidade Católica de Pernambuco, em 1970; cursou Ciências Jurídicas, realizado na Fundação Padre Ibiapina, em Sousa (PB), no período de 1974 a 1977, e ainda se especializou para Docentes do Ensino Superior, área de Sociologia.

Sátiro Cavalcanti progrediu sua formação intelectual, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, cursando Teologia Dogmática, até o ano de 1954. Em Roma, ele recebeu a tonsura no dia 26 de outubro de 1952, diaconato em 31 de outubro de 1954, ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1954, por ocasião dos 100 anos do Dogma da Imaculada Conceição, pelo arcebispo de Puebla, México, que reuniu nesta celebração todos os ordenados da América Latina.

O diácono Sátiro ainda permaneceu mais um ano em Roma, para concluir os estudos de Teologia, ele foi ordenado um ano anterior por autorização do Santo Padre, Papa Pio XII. Retornou ao Brasil em 1955, voltando à cidade de Mossoró em 28 de novembro daquele mesmo ano. Estava pronto para cumprir a sua missão divina e sagrada, como sacerdote de Deus e educador por natureza.

Primeira Missa

Foi na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Pau dos Ferros, berço de sua família e de sua vocação religiosa, que o padre Sátiro Cavalcanti Dantas celebrou a primeira missa. Dia 8 de dezembro de 1955. Foi um momento de grande emoção. Em seguida, ele foi nomeado cooperador da Paróquia da cidade de Areia Branca (RN), também Nossa Senhora da Conceição, viajando nos finais de semana para esse município auxiliando o pároco Cônego Ismar Fernandes.

Em 1956, o padre Sátiro recebia a primeira grande missão de educador, ao ser nomeado secretário geral do Colégio Diocesano Santa Luzia de Mossoró, onde também foi professor das disciplinas: História Geral e Moral e Cívica, no período de 1956 a 1973. Sátiro ainda lecionou na Escola Normal de Mossoró, ingressando naquele estabelecimento, em 1o de março de 1956.

O grande momento, marcante em sua vida, aconteceu no dia 1° de janeiro de 1961, quando foi nomeado diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia, pelo então bispo Dom Gentil Diniz Barreto, onde permaneceu até o dia 9 de junho de 2016, sendo substituído, a seu pedido, pelo padre Charles Lamartine.

Padre Sátiro ampliou seus estudos e conhecimentos com curso Licenciatura Plena, na Universidade Católica de Pernambuco, em 1970; Ciências Jurídicas, Na Fundação Padre Ibiapina, na cidade de Sousa no período de 1974 a 1977; Técnico de Ensino – Didática Superior, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 1969; Curso de Administração Escolar, em 1970, em Natal; e formou-se em Direito pela Universidade Federal da Paraíba.

Ele também se especializou na área de Sociologia, curso de pós-graduação, promovido pelo MEC, DAU, Capes, FURRN, em 1978, além de participar de cursos de aperfeiçoamento, de extensão universitária.

 A LUTA PELA EDUCAÇÃO – DO COLÉGIO DIOCESANO À ESTADUALIZAÇÃO DA UERN

 A incansável luta pela estadualização da Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN), hoje Universidade do Estado do RN (UERN), marca a história do sacerdote em defesa do ensino público para todos e consolida a marca de “padre educador”. Foi ele quem conduziu a luta dos mossoroenses, à frente de um grupo de notáveis, e que levou o Governo do Estado a transformar a URRN na primeira – e única – universidade pública estadual do RN.

Padre Sátiro ocupava o cargo de reitor pro-tempore da URRN, entre agosto de 1985 e julho de 1987, quando a estadualização foi alcançada, fato ocorrido em 1986, na curta gestão do governador Radir Pereira de Araújo. A resistência foi vencida pela posição destemida do padre Sátiro, na medida em que se a estadualização não fosse aprovada naquele momento, muito provavelmente a URRN deixaria de existir pela enorme dificuldade financeira que enfrentava.

 A sua missão de educador foi exercida desde sempre, como professor do Ginásio Sagrado Coração de Maria (Colégio das Irmãs); diretor fundador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mossoró (1967); professor de Direito da Uern; no exercício do magistério por 43 anos.

 Foi membro do Grupo Fundador da Universidade Regional do Rio Grande do Norte; membro do Conselho Universitário da FURRN. Foi o padre educador que fundou e dirigiu o Ginásio Centenário de Mossoró (hoje Escola Estadual Centenário), a Escola Treze de Junho, fundada em 13 de junho de 1974, e a Universidade Infantil de Mossoró.

Ele foi professor de Sociologia da Faculdade de Economia, no período de 1966 a 1973; professor de Filosofia da Educação do Colégio Normal do Centro Educacional Jerônimo Rosado, entre os anos de 1956 e 1974; professor de Sociologia do Instituto de Ciências Humanas, entre 1967 e 1981; professor de Sociologia da Faculdade de Educação – URRN, entre 1966 e 1983; presidente da Escola Ambulatório Cardeal Câmara, a partir de 1° de março de 1966; coordenador do seminário sobre “Agressão à Vida Humana”, promovido pela Campanha da Fraternidade de 1974; professor de História do 2° Grau do Colégio Diocesano Santa Luzia, entre 1975 e 1976; presidente da Comissão de Justiça dos JERNs 11° Nure, em 1979. Lecionou a disciplina Moral e Cívica do 2° grau do Colégio Diocesano Santa Luzia, em 1985.

 O padre fundou e presidiu a Fundação Sócio-Educativa do Rio Grande do Norte (FUNSERN); foi presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte (1991-1993); Presidente da Associação dos Colégios Diocesanos do Nordeste (ACODINE) – 2000/2001; dirigiu o Instituto de Ciências Humanas, entre maio a julho de 1974; é membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; membro da Academia de Letras de Mossoró, sendo o primeiro ocupante da cadeira 11, que tem como patrono Luís Ferreira Cunha da Mota.

DIOCESANO: “EU TENHO UMA HISTÓRIA DE AMOR COM ESSA ESCOLA”

Em 8 de junho de 2016, o padre Sátiro Cavalcanti Dantas anunciou a sua saída da direção geral do Colégio Diocesano Santa Luzia (CDSL) de Mossoró, depois de mais de cinco décadas à frente do tradicional “Colégio dos Padres”. Tomado pela emoção, Sátiro pediu ao bispo Dom Mariano Manzana que aceitasse a sua decisão e que nomeasse o padre Charles Lamartine para o cargo.

Por 55 anos, padre Sátiro dedicou a vida ao Diocesano. Por suas mãos, o “Colégio dos Padres” cresceu e se desenvolveu e gerações inteiras foram educadas sob o seu olhar.

MOSTEIRO CONSTRUÍDO PELAS MÃOS EDIFICANTES DO PADRE SÁTIRO

Pela mãos edificantes do padre Sátiro Cavalcanti Dantas, a pequena Pastoral de Santa Clara, no bairro Dom Hélder Câmara (zona leste de Mossoró), se transformou em um grande santuário. Foi lá que o sacerdote realizou um de seus maiores feitos em relação ao trabalho religioso: a construção do Mosteiro de Santa Clara.

O mosteiro foi idealizado por ele, que contou com doações de seus paroquianos para construção, como também da ajuda das benfeitoras chamadas de “Filhas de Santa Clara” e de vários segmentos da sociedade, além do Governo do RN e da Prefeitura de Mossoró. A obra ficou pronta em 1998.

A inauguração ocorreu em 11 de agosto de 1999, com a santa missa celebrada pelo bispo diocesano de Mossoró Dom José Freire de Oliveira Neto, com participação de Dom Jaime Vieira Rocha (então bispo de Caicó) e ainda de padres, religiosos da região e das irmãs externas de Caicó. No dia 24 de outubro de 2010, foi promulgado o decreto da ereção canônica do mosteiro, durante a celebração eucarística presidida pelo nosso bispo diocesano Dom Mariano Manzana e concelebrada pelos padres Sátiro, Guimarães e Augusto. O documento da Santa Sé tem data de 17 de julho de 2010 (providencialmente este dia, é tido como a data do nascimento de nossa Mãe Santa Clara).

Aos 28 de janeiro de 2011, realizou-se o primeiro Capítulo Eletivo, elegendo como primeira abadessa a madre Maria Auxiliadora do Pai Eterno, que ainda continua no governo do mosteiro, sendo reeleita com postulação em 2017 para mais um triênio.

FM SANTA CLARA PARA TRANSMITIR CONHECIMENTO

 A primeira emissora de rádio educativa de Mossoró foi conquistada pela visão de futuro do padre Sátiro Cavalcanti Dantas. Certa vez, ele disse que via a comunicação social como ferramenta responsável por transmitir conhecimento e desencadear desenvolvimento. Pouco tempo depois, a Fundação Sócio-Educativa do Rio Grande do Norte (FUSERN), fundada e presidida por ele, colocava no ar a FM Educativa Santa Clara (FM 105,1).

Colocar no ar a primeira emissora FM de Mossoró, com perfil educativo, foi uma iniciativa audaciosa, mas que estava alicerçada por um projeto bem elaborado pelo padre educador.

A 105 FM, como é mais conhecida dos ouvintes, foi inaugurada em 18 de maio de 1988. Ela foi a primeira emissora a operar em Frequência Modulada (FM) em Mossoró.  Além de cobrir a capital do Oeste, a FM educativa alcança os municípios de Areia Branca, Tibau, Grossos, Serra do Mel, Governador, Upanema, Felipe Guerra, Apodi, Baraúna; entre outros.

UM SACERDOTE SÁBIO

Padre Sátiro Cavalcanti Dantas, “homem das letras”, tem diversas obras publicadas, o que lhe rendeu a cadeira 11 da Academia Mossoroense de Letras (AMOL), que tem como patrono o monsenhor Luiz Ferreira Cunha da Mota. Ele também é membro do Instituto Histórico do Oeste Potiguar (ICOP) e do Conselho Estadual de Educação.

Publicou as seguintes obras e artigos

– Contribuição de Leão XIII à Questão Social, 1966;

– Evasão Escolar – Coleção Mossoroense N° 159;

 – Educação – Crônica – pela Coleção Mossoroense N° 167;

 – O Fenômeno das Secas no Nordeste – Coleção Mossoroense N° 210;

 – Evolução Histórica dos Pensamentos Sociais da Antiguidade até Augusto  – Coleção Mossoroense N° 216;

 – O Perfil Psico-Social do Educador, publicado pelo Jornal O Mossoroense;

 – Os Jesuítas no Brasil, publicado pelo “O Seminário”, Revista dos Seminaristas do Brasil, São Leopoldo, RS;

 – De Collectiva Hominum Responsabilitate – trabalho apresentado para obtenção de Licenciatura na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma; Homenagem Póstuma ao Acadêmico Raimundo Nonato Nunes, 1990;

 – Os Bastidores de uma Luta, 1991; Revista do Conselho Estadual de Educação – N° 10, dezembro de 1991 e além de outros.

PADRE SÁTIRO OCUPOU DIVERSOS CARGOS DENTRO DA IGREJA

 – Cooperador da Paróquia Areia Branca;

 –  Capelão Eclesiástico da Juventude Estudantil Católica – JEC;

 – Membro do Conselho Presbiterial da Diocese de Mossoró

 – Vice-presidente da Fundação Santa Luzia 1985-1989

 – Vigário cooperador da Paróquia do Alto São Manoel

 – Vigário substituto no município de Dix-Sept Rosado

 – Assistente Espiritual Conferência Vicentina

 – Consultor do Conselho Administrativo da Diocese, da Fundação Diocesana Santa Luzia,

 – Defensor do Vínculo na Câmara Eclesiástica

 – Assistente espiritual e fundador da Congregação

das Filhas de Santa Clara;

 – Capelão da Igreja de São Vicente de Paula,

desde 30 de dezembro de 1956;

 – Pároco da Paróquia de São Manoel, a partir de 22 de março de 1985.

 – Diretor emérito do Colégio Diocesano Santa Luzia

 – Reitor do Seminário de Santa Clara

 

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Enquanto governadores pelo Brasil passam aumento do ICMS sem dificuldades, Fátima sofre e há uma explicação: só 10% dos cargos estão com aliados e a maioria não tem influência na Assembleia

A governadora Fátima Bezerra (PT) é a única da região Nordeste que ainda não conseguiu mexer na alíquota modal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Os seus colegas pelo Brasil anunciam o envio de projetos que vão passar sem dificuldades.

Ela luta pata tornar permanente o patamar de 20% que hoje é provisório até 31 de dezembro. Nas contas dos bastidores ela conta com apenas 10 votos e há resistência de membros da base do governo como o deputado estadual Hermano Morais (PV) que votou pela constitucionalidade da matéria, mas já disse que vota contra.

Hermano já deu a senha em declarações públicas sobre a origem para tanta dificuldade: há problemas de relacionamento do governo com os deputados.

O Blog do Barreto já atestou o presidencialismo sem coalizão da governadora em que ela centraliza poder. Agora, agora num levantamento exclusivo vamos materializar, em números, a origem da dificuldade de Fátima para passar um dos projetos fundamentais para o equilíbrio fiscal do seu governo ao longo dos próximos anos.

Dos 46 principais cargos das administrações direta e indireta apenas 10% estão com indicações de aliados. O restante é todo da cota pessoal da governadora. Ainda assim, boa parte das indicações são de partidos que sequer tem representação na Assembleia Legislativa como o PC do B que comanda três secretarias e uma autarquia.

Nomes enfraquecidos da política e sem qualquer influência no parlamento como as ex-deputadas Larissa Rosado (União) e Márcia Maia (PDT) também foram prestigiadas. O ex-prefeito do Natal Carlos Eduardo Alves (PSD) e o ex-deputado federal Rafael Motta (PSB), candidatos derrotados ao Senado também possui apadrinhados mesmo sem qualquer representante na Assembleia assim como o vice-governador Walter Alves (MDB) cujo deputado do seu partido, Adjuto Dias, segue a orientação do pai, o prefeito do Natal Álvaro Dias (Republicanos).

Esposa do secretário de desenvolvimento econômico Jaime Calado, a senadora Zenaide Maia (PSD), que exerce influência, sobre a deputada Terezinha Maia (PL), ainda não conseguiu garantir o apoio dele ao projeto do ICMS. Terezinha integra o bloco independente que fechou questão contra o projeto.

Somente cinco deputados possuem cargos importantes indicações para cargos importantes: Isolda Dantas (PT), Ezequiel Ferreira (PSDB), Eudiane Macedo (PV), George Soares (PV) e Kleber Rodrigues (PSDB).

São 17 cargos distribuídos a aliados sendo que 10 dez estão com políticos sem qualquer influência no parlamento estadual.

Confira a tabela:

Pasta Administração Status Indicação
1 FJA Indireta Fundação A Governadora
2 FUNDASE Indireta Fundação A Governadora
3 FAPERN Indireta Fundação A Governadora
4 GAC Direta Secretaria A Governadora
5 CONTROL Direta Secretaria A Governadora
6 ASSECOM Direta Secretaria A Governadora
7 Secretárias Extraordinárias Direta Secretaria A Governadora
8 PM Direta Secretaria A Governadora
9 CBM Direta Secretaria A Governadora
10 SEPLAN Direta Secretaria A Governadora
11 SEFAZ Direta Secretaria A Governadora
12 SEAD Direta Secretaria A Governadora
13 SEEC Direta Secretaria A Governadora
14 SESAP Direta Secretaria A Governadora
15 SESED Direta Secretaria A Governadora
16 SIN Direta Secretaria A Governadora
17 SETUR Direta Secretaria A Governadora
18 SETHAS Direta Secretaria A Governadora
19 ITEP Indireta Autarquia A Governadora
20 DEI Indireta Autarquia A Governadora
21 IDEMA Indireta Autarquia A Governadora
22 IPERN Indireta Autarquia A Governadora
23 EMATER Indireta Autarquia A Governadora
24 ARSEP Indireta Autarquia A Governadora
25 EMGERN Indireta Empresas Públicas A Governadora
26 CAERN Indireta Empresas Públicas A Governadora
27 POTIGÁS Indireta Empresas Públicas A Governadora
28 EMPROTUR Indireta Empresas Públicas A Governadora
29 IDIARN Indireta Autarquia A Governadora
30 DER Indireta Autarquia Bernardo Amorim
31 JUCERN Indireta Autarquia Carlos Augusto – Ex-Deputado – PCdoB
32 DATANORTE Indireta Empresas Públicas Carlos Eduardo
33 CEHAB Indireta Empresas Públicas Eudiane Macedo
34 SAPE Direta Secretaria Ezequiel
35 EMPARN Indireta Empresas Públicas Ezequiel
36 CEASA Indireta Empresas Públicas George Soares
37 SEDRAF Direta Secretaria Isolda
38 IPEM Indireta Autarquia Kleber Rodrigues
39 IGARN Indireta Autarquia Larissa Rosado – Ex-Veradora de Mossoró
40 AGN Indireta Empresas Públicas Marcia Maia – Ex-Deputada – Jean Paul
41 PGE Direta Secretaria PCdoB
42 SEMJIDH Direta Secretaria PCdoB
43 SEAP Direta Secretaria PCdoB
44 DETRAN Indireta Autarquia Rafael Motta
45 SEMARH Direta Secretaria Vice-Governador
46 SEDEC Direta Secretaria Zenaide

 

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Entenda a origem do Dia de Finados

Todos os anos, no dia 2 de novembro, a Igreja celebra o Dia dos Fiéis Defuntos. Essa data foi escolhida, propositalmente, por suceder o Dia de Todos os Santos, celebrado neste dia 1º de novembro. No Dia dos Fiéis Defuntos rezamos por aqueles que já se encontram com o Pai. E, no Dia de Todos os Santos, recordamos todos os santos e mártires.

A prática de rezar pelos defuntos foi instituída em 998, por Sant’Odilon, abade do mosteiro de Cluny, na França. Essa prática foi adotada por Roma e se espalhou pelo mundo. A cor litúrgica é a roxa, assim como no Tempo do Advento e no Tempo da Quaresma, representando a esperança e o sentimento de conversão, daí seu uso também no sacramento penitencial.

A Igreja motiva que os fiéis repitam a proposta que deu origem à celebração, como ir ao cemitério, participar da missa e rezar pelos que já partiram. Que possamos neste dia rezar por todos e lembrarmos de viver como Jesus nos pede no evangelho deste dia “Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes” (Lc 12,40).

Com informações da Diocese de Mossoró.

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Caern investe R$ 200 milhões para melhorar abastecimento de água em Mossoró

Em julho de 2025, a segunda maior cidade do Estado terá um incremento de 35% na sua produção atual de água, com a finalização da adutora Apodi-Mossoró. A obra garantirá para as cidades de Mossoró e Governador Dix-Sept Rosado segurança hídrica, água de boa qualidade e respeito ao meio ambiente. A estimativa é de uma produção de 1,1 milhão de litros de água por hora para as duas cidades.

O Governo do Estado, por meio da Caern, investe mais de R$ 200 milhões em obras de abastecimento para os mossoroenses. Além da adutora Apodi-Mossoró, dois poços nas regiões Oeste e Leste serão colocados em operação, o novo sistema de abastecimento das Abolições está operando e será realizado o serviço de reativação do Poço 11.

As obras da adutora Apodi-Mossoró estão em andamento no Sítio Carrasco, zona rural de Apodi. Atualmente, a tubulação está sendo assentada e interligando quatro poços. Os próximos passos da obra serão a conclusão dos poços já perfurados que serão equipados, perfuração de outros três poços e construção de duas Estações Elevatórias de Água e seus respectivos reservatórios ao longo da adutora.

Já foram investidos na adutora R$ 120 milhões e nesta fase da obra são R$ 82 milhões, que vão assegurar garantia hídrica tanto para Mossoró como para Governador Dix-Sept Rosado.

O projeto original da adutora iria captar água da Barragem de Apodi. Mas infelizmente, a seca de 2012 a 2017 causou insegurança hídrica, fazendo com que a barragem permanecesse com baixo volume de água. Por esse motivo, a Caern retomou o investimento com readequações ao projeto original, em relação à fonte de captação da água. Além do que a captação no Sítio Carrasco, com a utilização de poços, tem condições técnicas de garantir o envio de água para as cidades.

Caern investe R$ 17 milhões em dois novos poços

A cidade de Mossoró está situada sob um aquífero de grande importância para o estado: o Arenito Assú. Para alcançar o manancial subterrâneo, os poços da cidade possuem equipamentos específicos para grandes profundidades, em média mil metros, além da temperatura da água que chega a cerca de 50 graus.

A Caern já contratou a execução de dois novos poços que serão perfurados nas áreas de expansão na zona Oeste e Leste da cidade. Com o investimento de cerca de mais de R$ 17 milhões na perfuração e aquisição de equipamentos específicos para o sistema. Os poços vão reforçar a contribuição nas duas regiões da cidade.

A Companhia já tem contrato vigente com empresa para fazer a perfuração dos poços que devem ser iniciados em janeiro de 2024. Devido às especificidades técnicas de Mossoró, entre elas a temperatura da água e a profundidade do lençol freático, são necessários equipamentos diferenciados, e que estão em fase de fabricação para que os poços sejam perfurados.

Para atender emergencialmente à demanda dos bairros Abolições I, II e parte do Santo Antônio, a Caern executou um novo sistema de abastecimento para levar água para essas áreas. Além disso, está dando andamento ao processo para contratação do serviço especializado de reativação do poço 11. São mais de R$ 3 milhões investidos nas ações para atender à região em Mossoró.

Devido à parada do poço 11, em agosto de 2023, a Caern ativou emergencialmente o novo sistema de abastecimento Abolições/Santo Antônio. Foi construída em tempo recorde uma adutora de 1,6 quilômetros, além de tomada de ações operacionais que aumentaram a produção de água dos poços 14 e 31, interligando a produção de água ao sistema da região das Abolições.

Está sendo finalizado o processo de contratação de empresa com expertise em poços profundos para o serviço de reativação do poço 11. É importante ressaltar que os poços de Mossoró, com profundidades altas, necessitam de prestadores de serviço altamente especializados, existindo poucos no Brasil para atender a demanda da Caern

Ligações intradomiciliares

As ligações intradomiciliares de esgoto, ou seja, a canalização da água servida dentro das residências para a rede coletora que passa na rua Anatália de Melo Alves, no bairro Paredões, estão sendo feitas por empresa contratada pela Caern em Mossoró. O serviço será realizado em outras ruas nos Paredões, Alto da Conceição e Centro. Serão aproximadamente 400 ligações em imóveis das ruas localizadas na margem Oeste do rio Mossoró. O investimento neste trabalho é de R$ 3,8 milhões.

Também foram investidos outros R$ 700 mil na instalação de rede convencional de esgoto, serviço já concluído, em ruas do bairro Paredões. No total foram investidos R$ 4,6 milhões pela Caern no esgotamento sanitário da cidade em 2023.

VISITAS

Também são realizadas visitas junto aos imóveis que necessitam da ligação intradomiciliar. É solicitada a aprovação do serviço pelo proprietário e ocorre vistoria interna. Equipes da Caern, da empresa contratada para execução do serviço e agentes comunitários de saúde trabalham em conjunto na ida às residências. Na conversa com os moradores também é feita a conscientização sobre os benefícios da ligação correta para a rede de esgoto. O esgotamento sanitário oferece um leque de ganhos à população. A canalização correta do esgoto elimina doenças, respeita o meio ambiente e os corpos hídricos e contribui à valorização dos imóveis.

“Com essa ação, a Companhia cumpre mais um compromisso com a cidade de Mossoró, ampliando o atendimento com esgotamento sanitário na segunda maior cidade do Estado. Além de conscientizar a população sobre a importância de preservar o meio ambiente e o rio Mossoró, manancial de extrema importância para a região Oeste do Estado”, ressalta o diretor-presidente da Caern, Roberto Sérgio Linhares.

OBRA

A Companhia concluiu em julho de 2023, obra de rede de esgoto do tipo convencional em ruas que ficam na margem oeste do Rio Mossoró. São elas: Anatália de Melo Alves, Felisbela Ferreira da Silva e Severino José Monteiro, no Paredões. Essas ruas foram atendidas com nova rede coletora de esgoto que tem a extensão de cerca de 860 metros e atende 180 imóveis, beneficiando mais de 700 pessoas no bairro.

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Rogério se movimenta para ter peso nas eleições de Natal, Mossoró e influir na oposição a Fátima na Assembleia

O senador Rogério Marinho (PL) sabe que tem um déficit de carisma e que em 2026 não terá a seu lado a máquina federal azeitada com orçamento secreto e o tratoraço da Codevasf, mas lhe sobra capacidade de articulação política e a fidelização do eleitorado bolsonarista.

Sem contar os fundos eleitoral e partidário do PL, além da grana dos empresários que lhe são eternamente gratos pelo empenho nas reformas da previdência e trabalhista.

O foco é conquistar o Governo do Estado e deixar no Senado o empresário Flávio Azevedo, seu suplente.

Por isso, Rogério já trabalha politicamente.

O primeiro passo foi tomar o PL das mãos do moderado João Maia, que agora está no comando do PP.

O segundo é radicalizar o partido no rumo do bolsonarismo para fidelizar um terço do eleitorado, o que lhe garante a passagem para o segundo turno. Mas para vencer as eleições é preciso mais e Rogério sabe que é necessário apoio político e estrutura. Para isso, Natal e Mossoró são fundamentais.

Na capital, a disputa está em aberto, apesar do favoritismo do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD). Alves já foi prefeito quatro vezes, é malvisto pela elite política e lidera por recall, podendo ser descontruído na campanha. Há margem para a direita vencer na capital e Rogério trabalha bem para unir contendo o bolsonarismo e lançando um nome mais moderado.

Esta semana ele reuniu os nomes da direita moderada e da extrema-direita. Ficou acertada uma candidatura única na capital.

Ponto para Rogério.

Em Mossoró, a meta é mais complicada. Não há um nome viável do PL. Então o objetivo é montar uma nominata forte para a Câmara Municipal e se cacifar para reivindicar a indicação do vice do prefeito Allyson Bezerra (União).

O entrave é que Allyson tem planos para 2026, e se for disputar o Governo vai querer colocar um preposto no cargo para não correr o risco de ser traído no futuro.

Em outra ponta Rogério precisa enfraquecer a governadora Fátima Bezerra (PT) e a Assembleia Legislativa é fundamental. Hoje o PL só tem dois deputados: Coronel Azevedo e Terezinha Maia. O primeiro é um bolsonarista fanático e a segunda é uma parlamentar ligada ao grupo da senadora Zenaide Maia (PSD), uma aliada da governadora que está em crise com a petista.

Marinho precisa de mais gente e trabalha para ampliar seu poderio. Ele já acertou a ida do deputado Luiz Eduardo, que vai sair do Solidariedade. Ele também está indo para cima do PSDB, do presidente da casa Ezequiel Ferreira. Ele quer tirar de lá quatro parlamentares: José Dias, Gustavo Carvalho, Tomba Farias e Kerginaldo Jácome.

O entreve é uma resolução nacional do PSDB que proíbe a assinatura de cartas de anuência para liberar as saídas de vereadores e deputados estaduais. Aí será necessária uma briga judicial para sair do partido.

Rogério está se mexendo pensando em 2026.