Dimas Batista – Blog do Barreto
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Diálogos entre gigantes!

Por Ailson Fernandes Teodoro*

Ariano Suassuna, um dos maiores escritores do nosso País, tendo inclusive chegado a ABL pela qualidade de sua obra, além de escritor, dramaturgo e teatrólogo era, também, um amante da poesia. Especialmente dos poetas populares. Dos cantadores de viola. Era admirador e admirado por vários. Mantinha laços de amizade com Oliveira de Panelas, Ivanildo Vilanova e com os “Irmãos Batista”, trio formado por Lourinaldo, Otacílio e Dimas Batista; a amizade e admiração por este último, começou na década de 40.

Dimas, Pernambucano de São José do Egito, terra dos faraós da poesia e da cantoria de viola, é considerado por muitos um dos maiores cantadores e poetas de todos os tempos. Sendo admirado não apenas por Suassuna, mas por outros ícones da literatura nacional como Manuel Bandeira, Zé Ramalho, Alceu Valença e Menotti del Picchia.

Ariano Suassuna quando começou a escrever sonetos, já tinha demasiada admiração por Dimas Batista, e certa vez, ao encontrá-lo, falou: “Dimas estou escrevendo um soneto”.

Batista, então respondeu: “Muito bem, Ariano”.

Três meses depois, em novo encontro, Ariano diz: “Dimas, estou em tal linha, do mesmo soneto”.

Aí três ou quatro meses depois, Suassuna encontrava Dimas, geralmente em alguma cantoria, e falava: “Dimas, terminei um quarteto”. E nada de Ariano concluir o soneto.

E assim o tempo foi passando e depois de dois anos, Ariano se encontra mais uma vez com Dimas e diz: “Terminei o soneto”.

Dimas pede ao amigo para recitar o poema, quando Ariano declamou, Dimas responde de improviso compondo um maravilhoso decassílabo:

“EU muito admiro o poeta da praça,

 Que passa dois anos fazendo um soneto,

Depois de três meses termina um quarteto,

Com todo esse tempo ainda fica sem graça.

Com tinta e papel o esboço ele traça,

Contando nos dedos pra metrificar,

Que noites de sono ele perde a estudar,

Pra no fim mostrar minguado produto,

Pois desses eu faço dois, três num minuto,

Cantando galope na beira do mar.

*Bacharel em direito e memorialista da literatura e da poesia popular.

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