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Partidos necessários

A lógica dos partidos é servir como partes de uma sociedade teoricamente dividida em correntes de pensamento. Pelo menos deveria ser assim e é em alguns países, mas não no Brasil.

Por essa lógica não seria necessária a existência de 33 partidos no Brasil. Mas como os interesses pessoais prevalecem e o eleitor assina embaixo sem analisar esses aspectos quando está diante de uma urna temos como resultado uma base partidária frágil.

Mas fazendo um recorte com base nos programas partidários e levando em consideração a teoria política sobrariam poucos partidos.

Partirei do pressuposto de que existem extrema-esquerda, esquerda, centro-esquerda, social democracia, centro, centro-direita, direita e extrema-direita. Por esses campos e com base no significado de algumas siglas, quantos partidos sobrariam? Vamos por partes.

Na extrema-esquerda fundiríamos PSTU, PSOL, PCO e PCB. Essas agremiações estão muito próximas do ponto de vista ideológico, mas mesmo assim divergem entre si.O que hoje são meras sopas de letrinhas poderia formar correntes internas dentro do que seria o Partido Comunista Brasileiro (PCB). O PSTU seria uma ala mais ligada ao movimento sindical, o PCO aos operários, PSOL relacionado aos movimentos sociais e o que hoje forma o PCB seriam os intelectuais da legenda. Claro que tudo isso é hipotético porque há um pouco de cada setor da sociedade em cada agremiação dessa.

O partido de esquerda moderada seria o PT que até poderia manter o nome de Partido dos Trabalhadores, mas teria em seus quadros nomes do que hoje conhecemos como PC do B. A legenda reuniria sindicalistas, intelectuais e servidores públicos que acreditam que a igualdade social pode conviver num ambiente de liberdades individuais.

Na ala centro-esquerda teríamos quatro do PSB, PDT, Solidariedade e PPS. O nome da agremiação não teria relação com os dessas siglas. Poderia ser algo como Partido Trabalhista Democrático (PTD). Seriam pessoas que acreditam que podem reformar o capitalismo tornando-o menos injusto.

Vale lembrar que socialismo, dentro da teoria marxista, é uma etapa para se chegar ao comunismo que seria uma sociedade sem classes.

Poderia existir um Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), mas que nada teria a ver com o comportamento dos tucanos neoliberais que tentam voltar ao poder a qualquer custo. Seria uma legenda formada por pessoas que defendem um Estado de Bem Estar Social em que as desigualdades seriam mínimas dentro do sistema capitalista.

No Centro estaria o grosso dos partidos brasileiros do atual sistema. PMDB, PSD, PR, PTB, PP, PROS e tantas outras siglas nanicas que pouco acrescentam no debate político. Seria algo como Partido do Equilíbrio Democrático (PED), sigla com efeito sonoro que combina bem com o típico político do “centrão” que pende para qualquer lado conforme as suas conveniências.

No campo da centro-direita estariam as pessoas que acreditam no liberalismo social em que o capitalismo se desenvolve com a intervenção do Estado atuando como regulador. Poderia ser um Partido Social Liberal que nada teria em comum com o atual PSL.

Na direita estariam os neoliberais. Lá cabem políticos do DEM e do PSDB (o da realidade) assim como os intelectuais e empresários que fundaram o Partido Novo (de caráter abertamente neoliberal), recentemente. Representariam uma direita democrática e sem um pingo de sensibilidade com as lutas dos trabalhadores. Poderia se chamar Partido Liberal (PL). Seriam os defensores do Estado Mínimo com o Governo limitado aos serviços essenciais como saúde, segurança e educação.

Na extrema-direita estaria a turma de Jair Bolsonaro, Marco Feliciano, Eduardo Cunha e Silas Malafaia. Gente contrária ao aborto, direitos dos homossexuais, saudosistas da ditadura militar, xenófobos e fundamentalistas religiosos. Seria o Partido Conservador (PC) ou Partido Reacionário Brasileiro (PRB).

Seriam oito partidos com linhas ideológicas claras. Aí caberia ao eleitor decidir quem estaria no poder e teria espaço nos parlamentos. Quem perdesse que tivesse paciência.

Neste cenário haveria uma condensação de forças dentro de agremiações com disputas internas e um debate político muito mais sincero. Claro que eu argumento no campo das hipóteses, mas a política seria bem mais interessante e compreensível para as pessoas com um número reduzido de partidos.

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