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Bicentenário: ainda há tempo!

Por Ney Lopes*

Hoje, 7, chegamos aos 200 anos da nossa independência, faltando 25 dias para as eleições gerais de 2 de outubro.

Começava em 1822, a história de uma nação que não existia no começo do século XIX.

A difícil tarefa foi a fabricação do povo deste novo país.

Até hoje prevalece o que disse o nosso conterrâneo Câmara Cascudo: “O melhor produto do Brasil ainda é o brasileiro”.

Somos o quinto país em extensão territorial e o sexto em número de habitantes.

Separação

Na verdade, o Brasil separou-se de Portugal, em 2 de setembro de 1822.

  1. Pedro havia viajado à São Paulo e passara a Chefia de estado interinamente para a esposa Leopoldina da Áustria.

Decreto

Na ocasião, chegou ultimato português, ordenando o retorno do príncipe regente à Lisboa.

Leopoldina reuniu o Conselho do Estado e assinou decreto, separando o Brasil oficialmente.

Somente no dia 7, a notícia chega a Dom Pedro, que dá o famoso “grito da independência”. Políticos – Coube a classe política, em Assembleia Constituinte, definir quem seriam os cidadãos brasileiros.

Foram definidos critérios de igualdade entre os membros da comunidade.

Como tratar os negros?

Como considerar o direito de propriedade?

As primeiras respostas foram dadas pela Constituição outorgada por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.

Bonifácio

O grande construtor do perfil da Constituição de 1824 foi José Bonifácio de Andrada, o Patriarca da Independência.

Um cientista, filósofo, poliglota e principalmente um líder político, tornou-se junto a Dom Pedro, o principal obreiro da Independência.

Europa

José Bonifácio era um estudioso, que passou 36 anos na Europa.

Ao retornar ao Brasil, onde 90% da população era analfabeta, ele almejava avanços para o país.

Na elaboração da primeira carta constitucional do país, outorgada em 1824, ele tentou defender a necessidade de abolir a escravatura, de proteger as florestas e os indígenas e de implantar escolas, faculdades e a imprensa nas cidades e nas capitais das províncias.

Defendeu a reforma agrária, a preservação de rios e florestas, a abertura de universidades e a transferência da capital para o centro do país.

Eram ideias muito à frente daquele tempo, que foram sufocadas e não prosperaram. Algumas delas ainda são atuais.

Ingratidão

O inexperiente príncipe de 23 anos foi ingrato com José Bonifácio. Esperava concentrar mais poderes na Constituição e como isso não ocorreu responsabilizou o Patriarca e o expulsou do país.

Bonifácio se exilou na França e em 1829, anistiado, voltou à política.

Reflexão

A Sociedade Brasileira Pelo Progresso da Ciência divulgou mensagem sobre o bicentenário, na qual recomenda “mais do que comemorar, devemos refletir”.

Sem dúvida, estamos diante de uma verdadeira encruzilhada histórica, cujo desafio será a formação de uma sociedade com menos desequilíbrios, desigualdades e injustiças.

Responsabilidade

A principal reflexão é que dependerá das ações e omissões coletivas, a construção dos rumos do futuro, após as eleições de 2022.

A hora é de dar um balanço, no que se fez ou deixou de fazer e olhar o futuro, para o que falta fazer, ou corrigir.

O bicentenário da Independência transformou-se em palanque eleitoral.

Há inquietações, até da preservação de nossa democracia.

Não se conhece um projeto consistente de futuro nacional.

Infelizmente, o Brasil nos últimos 200 anos se caracterizou pelo excessivo protecionismo e patrimonialismo, o que manteve o maior índice de concentração de renda do planeta.

A responsabilidade de mudança será de cada cidadão, na urna de 2 de outubro.

O futuro dependerá unicamente do voto consciente.

Ainda há tempo!

*É jornalista, advogado e ex-deputado federal – nl@neylopes.com.br.

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