O renascimento da esperança através da maternidade. A chegada de uma criança renova a crença em dias melhores e ilumina o coração das mães. Mas viver as descobertas do puerpério em um período de pandemia pode tornar o desafio maior.
Nessa mudança de rotina a privação do convívio familiar e a ausência dos amigos, impostas pela necessidade de proteção, tem feito muita falta no dia-a-dia da técnica de Enfermagem, Monnyck Mendes, que foi mãe pela segunda vez há pouco mais de um mês.
Para começar, ela conta que antes mesmo do nascimento da filha, veio o medo de contrair o coronavírus na fase final da gestão e o medo de oferecer risco à bebê, levando-a a redobrar os cuidados. “Nós imaginamos e até nos programamos para um momento lindo que é a chegada de um filho e, de repente, temos que nos isolar de todos. Ainda mais para nós que somos rodeados de pessoas queridas. Não é fácil”, revela Monnyck.
Ela comenta que as limitações provocadas pelo próprio puerpério já são difíceis, diante dessa nova realidade, isso se intensifica. “O puerpério em si já é um desafio por nos limitar a realizar nossas atividades normais, e com essa pandemia tudo é mais difícil! Tive que adiar consultas e exames da minha bebê por conta dos riscos e para cumprir o isolamento”, diz a técnica de Enfermagem.
Mas o maior desafio é mesmo a saudade dos amigos e familiares. “O maior é o distanciamento da família e amigos que tanto queriam nos visitar nesse momento tão maravilhoso que é a chegada de um bebê. Estamos com muitas saudades de todos”, menciona Monnyck.
Para a encarregada de departamento pessoal, Daniele Pinheiro, mãe de primeira viagem, a diferença de viver a maternidade nesse período foi o momento do parto. Com as restrições adotadas pela Saúde, ela não pôde contar com a presença de um familiar. “O que foi diferente foi que entrei para sala de parto sozinha, ninguém pôde me acompanhar e com isso depois me peguei pensando como fui corajosa. Na hora aceitei de boa, dias depois foi que me dei conta”, comenta Daniele.
Como nos primeiros meses o bebê já não deve sair de casa, Daniele comenta que a diferença está sendo não poder receber visitas.
Mas para ela, a parte mais desafiadora é quando precisa sair de casa. “Quando precisamos sair para supermercado ou farmácia ou comprar algo e que quando chegamos termos logo que tomar banho e trocar de roupa, essas coisas”, comenta.
Apesar de ser a primeira filha, ela conta que já tinha experiências com outros bebês e não sentiu dificuldades quanto aos cuidados, mas foi difícil conseguir cumprir demandas comuns a todos os bebês, como aplicar as vacinas, realizar testes do olhinho e da orelhinha e agendar a primeira consulta ao pediatra, já que muitos médicos não estavam atendendo. “Enfim depois de muita insistência consegui tudo, porque não sou de desistir fácil, diz a nova mamãe.
E nesse mundo da maternidade as duas puderam contar com o apoio de quem tem amor semelhantes, as próprias mães. Daniele conta que ficou hospedada na casa da mãe. Já Monnyck menciona que como a sua mãe faz parte do grupo de risco pôde se isolar e passou 15 dias com ela, o que ajudou bastante.
Mas, independentemente da época, o que bate forte no coração das mães é o amor, o desejo de proteger e de repassar valores e coragem.
“Costumo dizer que amor de mãe é um amor que dói! Não queremos que nossos filhos sintam dores ou passem por momentos difíceis. Por isso, desejamos que se for para acontecer todas estas coisas, que elas recaiam sobre nós somente para protegê-los. E nesta pandemia não tem sido diferente! Tirando algo de bom dos tempos difíceis em que estamos vivendo: é que estamos aproveitando mais nossos filhos, conhecendo-os melhor, descobrindo novas formas de demonstrar nosso amor. Ao fim desta pandemia, desejo um novo mundo cheio de esperança e paz. Desejo continuar aprendendo mais sobre eles e me esforçando para que eles tenham minha melhor versão. Se sou alguém melhor, foi por eles e sempre vai ser por eles”, declara Monnyck.
“E no futuro vou contar à minha filha em que época ela nasceu, o quanto fomos todos fortes e conseguimos vencer tudo isso, mostrar para ela os verdadeiros valores, e que na época que ela nasceu as pessoas podiam ter dinheiro mais não podiam viajar, nem comprar tudo que queriam, pois a pandemia não permitia”, revela Daniele.