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Morte de Marília Mendonça mostra que o Brasil só se une na dor

O dia 5 de novembro de 2021 será eternizado nas lembranças dos brasileiros pela morte de Marília Mendonça. Se 24 horas antes da tragédia fosse realizada uma pesquisa sobre quem é/era o/a maior artista do país ela certamente venceria.

Marília revolucionou a música brasileira com o “feminejo” ao invadir um cenário musical machista e trazer uma visão feminina sobre a dor de cotovelo.

Mas essa introdução é apenas para contextualizar os mais desavisados sobre quem era Marilinha, como sempre me referi a ela após algumas garrafas de cerveja.

Quando era menino sempre ouvia que o Brasil só se unia na Copa do Mundo. Fazia sentido. O futebol é muito mais do que um esporte e foi fundamental na construção de uma identidade nacional, mas na década de 2010 isso ruiu, principalmente a partir das manifestações de 2013. A camisa da seleção foi associada a sentimentos nefastos a ponto de muitos se recusarem a vesti-la, para piorar o sonho de ganhar o mundial em casa se converteu no pesadelo do 7×1 na semifinal contra a Alemanha. Some-se a isso o fato de nossos principais jogadores atuarem no exterior e seleção mal jogar no Brasil.

A seleção brasileira deixou de ser um fator de união nacional.

O que tem nos unido são os momentos de comoção. São as mortes trágicas de ícones nacionais que unem os brasileiros.

Foi assim na morte de Cristiano Araújo, na tragédia da Chapecoense, na morte do jornalista Ricardo Boechat, na perda de Gabriel Diniz, quando a covid levou Paulo Gustavo e agora com a perda de Marília Mendonça.

Vivemos um cenário em que tudo provoca divisões e em que temas como inclusão social, direitos das mulheres, negros e LGBTs deveriam ser consensuais na sociedade, mas viraram temas de discussões acaloradas por causa de gente apegada a um passado que trouxe nada de bom ao país.

Diante disso fica a sensação de que o brasileiro só se une na dor.