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Secretária de Saúde de Mossoró anuncia que está recuperada da Covid-19

De volta à rotina de trabalho, secretária de Saúde de Mossoró comemora vitória sobre o coronavírus- Foto: Instagram/Saudade Azevedo

A secretária municipal de Saúde de Mossoró, a enfermeira Saudade Azevedo, informou que está recuperada da Covid-19. Em nota oficial postada ontem, 7, em seu Instagram, ela informou que recebeu o resultado do exame que mostra que ela está recuperada do novo coronavírus.

De acordo com a postagem, a secretária estava em quarentena desde o dia 23 de junho, quando começou a sentir os primeiros sintomas. A confirmação ocorreu no dia 26 de junho. Ainda segundo a nota, a secretária cumpriu todas as determinações sanitárias determinadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) durante o período de quarentena.

“Os primeiros dias foram realmente muito difíceis. Bem complicados mesmo. Eu fiquei isolada, sem ninguém, fiz os exames e graças a Deus não precisei ser internada. Só sabe o que é ter covid quem realmente tem ou teve. É uma vitória a cada hora e a cada dia permanecer viva com coronavírus. São várias batalhas a serem a vencidas porque, como eu tenho dito, é um encontro com a morte constantemente e tudo pode mudar de uma hora para outra. Teve dia que senti sintomas leves, mas em outros achei que não aguentaria.”, disse a secretária.

Em outra postagem, onde compartilhou a foto com o cartaz ‘Eu venci o Covid’ Saudade agradeceu a Deus aos familiares, amigos e à equipe médica, além das demais pessoas que reforçaram a corrente de fé pela sua recuperação. Ela reforçou que é hora de reassumir as funções e disse que volta com mais garra e coragem para a linha de frente no combate a Covid-19. “Mossoró – verás que essa enfermeira aqui não vai fugir à luta!”, complementou.

Hoje mesmo ela acompanhou a equipe em visita ao Mercado Central, onde foi realizado o cadastro de permissionários que farão o teste da Covid-19.

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Mais de 2 mil pessoas estão recuperadas da Covid-19 no RN, segundo a Sesap

Dados da Sesap informam que 2.035 pessoas que enfrentaram o coronavírus estão recuperadas; números podem ser maiores (Imagem: Reprodução)

Dados do boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP-RN) informam que 2.035 pessoas que enfrentaram a Covid-19 estão recuperadas no Estado. Os números são referentes aos dados extraídos às 23h da segunda-feira passada, 15.

De acordo com a subcoordenadora da Vigilância Epidemiológica, Alessandra Luchesi, o boletim leva em consideração dados informados no sistema do Ministério da Saúde, a respeito de pacientes confirmados.

Nos dados estão inclusos pacientes das redes pública e privada e todo e qualquer paciente sintomático que foi testado e deixou de apresentar sintomas, incluindo aqueles que apresentaram sintomatologia leve, conforme explicou a subcoordenadora da Vigilância Epidemiológica.

No próprio boletim, a Sesap explica que os dados estão sujeitos a alterações, em detrimento da evolução dos casos e à medida que os municípios enviem seus dados. A contagem inclui números de 73 municípios que informaram os dados.

Quando observados os números apresentados pelos próprios municípios em seus perfis em redes sociais, há diferenças entre os números. No município de Assú, por exemplo, enquanto o boletim da Sesap informa 50 pessoas recuperadas, o boletim da Prefeitura com dados de 16 de junho informa que há 171 recuperados; em Alexandria, a Secretaria Estadual informa três casos recuperados e a Prefeitura mencionou sete, em boletim atualizado no dia 16; em Areia Branca, a Sesap informa que há 57 recuperados e o município afirmou, no dia 16, que havia 342; em Caicó, segundo o boletim da Sesap são quatro recuperados, o Município informou, em boletim de 16 de junho, 111 casos recuperados.

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História de luta e superação de quem venceu o Covid-19

Ana Andreia no retorno para Mossoró após tratamento em Fortaleza – Foto: Cedida

“É algo muito divino. Eu não sei explicar. Não se explica Deus”. A frase é da funcionária pública, Ana Andreia, que é enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e da Central de Regulação do Município. Ela, que conversou com o blog alguns dias atrás, foi uma das primeiras pacientes de Mossoró a apresentar quadro grave de Covid-19. Longe de ser uma razão para minimizar o isolamento social ou a gravidade da doença, a notícia traz a reflexão sobre histórias de luta.

Para chegar à classificação de ‘recuperados’, muitos pacientes enfrentaram um tratamento agressivo, solitário e que, mesmo sendo concluído, ainda impõe desafios.

Ana Andreia contou que os primeiros sintomas começaram no dia 15 de março. Dois dias depois o quadro foi se complicando. Como na época os casos de contágio eram mais entre pessoas que viajaram e ela não havia viajado, suspeitou que estivesse com H1N1. Em seis dias o quadro de saúde já havia se agravado e ao mostrar um raio-x a um amigo, ele orientou que ela realizasse uma tomografia. Na noite dessa mesma data, ela procurou um hospital. Lá, foi colocada no oxigênio e já foi informada de que ficaria em isolamento. A tomografia que realizou apontou uma pneumonia intensa, sugestiva para H1N1 e Covid-19.

A enfermeira contou que foi informada que teria que ir para um leito de UTI, mas como, na época, o hospital em que foi atendida ainda não tinha UTI, foi encaminhada para Fortaleza. A família não pôde acompanhá-la, mesmo que a irmã quisesse muito estar presente.

Na capital cearense, Ana Andreia passou dois dias na Unidade de Terapia Intensiva e depois foi para um apartamento, onde ficou isolada. Os resultados dos exames só chegaram até Andreia quando ela já estava internada. Ela não chegou a ser entubada, mas enfrentou a agressividade da doença.

“Foi doloroso, porque era eu sozinha. Até então, era muito incerto. Para a gente foi um boom, porque eu fui a primeira paciente muito grave”, relembrou.

O período foi marcado por reflexões, e medo. Mas a enfermeira conta que tentou trabalhar o psicológico. “Para mim, o maior trauma era a solidão, o isolamento. Mas que deu para trabalhar a parte espiritual, me voltar totalmente para Deus, pedir para me tirar daquilo e eu fui atendida”, disse.

 

Orações dos amigos e a fé ajudaram durante o tratamento

As orações dos amigos também ajudaram bastante e, durante o período sozinha no hospital Ana Andreia conta que ela, que não era uma pessoa muito religiosa, desenvolveu um vínculo com Deus. “Eu precisava me aproximar de Deus”, disse.

“Isso me fez me aproximar mais de Deus”, reforçou. “Hoje o meu alimento é procurar Deus”, acrescentou.

Durante o tempo de internação, ela também reviu prioridades e disse que está dando mais valor às pequenas coisas. “Eu estava vivendo em função do trabalho e esquecendo a minha vida, a minha saúde”, contou. “Isso fez com que eu reavaliasse tudo. Esse momento de isolamento no hospital eu reavaliei tudo. O perdão, a aproximação da família”, complementou.

Em 3 de abril, Ana Andreia teve sua alta anunciada, sob o compromisso de que daria continuidade à fisioterapia para melhorar a respiração. “É uma alegria imensa você chegar na sua cidade”, lembrou.

Ao chegar em Mossoró, um novo período de isolamento, cumprindo todas as recomendações médicas. Concluído esse período, Ana Andreia retomou o trabalho, mas em outra função, porque o tratamento exigiu muito do organismo. Para se ter uma ideia, 60 dias depois dos primeiros sintomas, quando conversou com o blog, Ana Andreia ainda sentia um pouco de cansaço.

Mas ela contou que, de volta à rotina, o que a deixava triste e com o emocional abalado era o medo que algumas pessoas sentiam de estar na sua presença. Para Ana Andreia, o vírus tanto une as pessoas quanto afasta.

Ana Andreia segue, valorizando os detalhes. “Eu estou tentando viver e curtir a minha casa, coisa que eu não curtia antes”, disse. “Hoje eu estou valorizando o estar dentro de casa e eu estou achando maravilhoso e estou valorizando mais a Deus”, acrescentou.

Isolamento social

A enfermeira também deixa o alerta para que as pessoas cumpram o isolamento social. “Estamos em momento ainda de guerra, meus colegas estão em frente de batalha”, diz ela.

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‘Porque a vida é muito boa’, diz professor recuperado do Covid

“Em primeiro lugar, acredito, eu estou vivo, primeiramente por causa de Deus”, diz Jaime Brito (Foto: Cedida)

A fé em Deus, a valorização da família, a atenção às pequenas coisas da vida. Sentimentos que se tornaram mais intensos para o professor Jaime Brito, de 60 anos. Ele vivenciou os dramas decorrentes da doença causada pelo novo coronavírus, sentiu medo, passou por dificuldades e hoje agradece pela vida e defende, ainda mais, o isolamento social.

O professor conta que começou sentir alguns sintomas em casa. Suspeitou que pudesse estar com Covid e foi quando sentiu falta de ar que procurou a UPA. Após atendimento, foi encaminhado para o Hospital Regional Tarcísio Maia, onde passou 23 dias internado, entre o tempo na UPI e na UTI.

Jaime conta que não chegou a ser entubado e destaca a atenção de toda a equipe, mas revela a solidão desperta na UTI, onde as horas parecem demorar mais a passar, e o medo ao ver outros pacientes partirem vítimas da doença. “A cabeça fica a mil. Você sente falta de filhos, de amigos”, relembra.

“Eu pensei muito, nesse período que eu estava lá, principalmente nesse período que eu estava lá na UTI, porque o tempo passa devagar demais”, conta. Entre as conclusões dessas reflexões, o desejo de estar mais perto de Deus e de mudar hábitos que tinha.

Sua esposa, que o acompanhou durante o tempo em que ficou na UPI, também testou positivo para a doença, mas não manifestou sintomas.

A alta médica de Jaime ocorreu no dia 19 de abril. Mas as reações deixadas pela doença e pelo tratamento ainda estão sendo cuidadas. É preciso melhorar a qualidade da respiração, realizar exames, consultar um pneumologista. Tratamento esse que, segundo ele, custa caro.

Depois de tudo o que passou, Jaime diz que se as pessoas tivessem mais bom senso ficariam mais em casa, usariam máscaras para não serem acometidas pelo covid. Ele alerta para que as pessoas tenham cuidado, sigam as orientações da Organização Mundial de Saúde e evitem aglomerações.

No peito, além da preocupação com o outro, a gratidão. “Graças a Deus, Jesus me deu a oportunidade de ter minha vida de volta”, diz ele. “Sou grato por estar vivendo, reconstruindo minha vida após ter contraído esse vírus. As pessoas, repito novamente, têm que procurar evitar, fazer o máximo pra não sair”, reforça.

“Em primeiro lugar, acredito, eu estou vivo, primeiramente por causa de Deus, e depois à competência dos profissionais de Saúde”, diz, demonstrando a gratidão à equipe de Saúde que está na linha de frente.

O professor, que se emocionou algumas vezes durante a entrevista lembra algo importante: “Porque a vida é muito boa”, diz ele.

Depois de tudo o que enfrentou, Jaime sabe que a vida é mais valiosa e diz tudo se resolve. Para ele, após a experiência é preciso valorizar o ser e não o ter.

E novamente chama a atenção das pessoas para que valorizem as suas vidas, a dos familiares e vida do próximo.