Por Elviro Rebouças*
A primeira praia do litoral potiguar, do norte para o sul, e outrora bucólica Tibau, pela biblioteca do IBGE foi descoberta pelo navegador holandês Gideon Morris de Jorge em 1641. Após constatar as várias salinas no estuário do rio Mossoró, maravilhado com a variedade de cores das areias, chamou-a inicialmente de Morro Vermelho. Mas a linda terra de Tibau passou a ser alvo de uma acirrada disputa de posse, que se arrastou por muito tempo, entre os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, já que o vizinho resolveu anexar, por lei, em 13 de julho de 1901 as localidades de Tibau e Grossos. Depois de três anos da validade de tal descabido arbítrio, coube ao excepcional jurista e Senador da República Rui Barbosa, o águia de Haia, com os seus notáveis dotes intelectuais e do direito ser contratado para defender o nosso estado. Só em 17 de julho de 1920, vindo tal deslinde a ser resolvido, com a definitiva anexação dos territórios ao Rio Grande do Norte.
Não se constitui tarefa fácil, se falar sobre a origem do topônimo Tibau. Isto que não há registros maiores a respeito. O mestre e historiador Câmara Cascudo defendia a tese que o nome vem do Tupy – TIPAUM, que traduzindo significa “entre dois rios”. No caso de Tibau, entre os rios Mossoró e Jaguaribe. A povoação foi tomada, pelo largo atrativo turístico, do belo mar azulado verdejante, sol o ano todo, suas falésias encantadoras e as disputadas areias multicoloridas, com o artesanato dominante, que encantando o Brasil e Mundo, geralmente em garrafas com desenhos alusivos à beleza do lugar. Embarcações de mar a dentro, velas brancas ao tremular, homens destemidos aos perigos das ondas, em busca da nobre arte de dar sobrevivência às suas famílias. Uma coreografia de encantar os sonhos, e dar beleza à vista. Em terra firme, do Morro do Chapéu a Gado Bravo, o desfile esfuziante dos vendedores de picolés, sorvetes, grude, de gelé e guloseimas de goma e de mel. Josefina e Ananias já não estão entre nós, eles que eram referência na gastronomia e nos doces sorvidos com encantamento aos primeiros veranistas de Tibau. Outras centenas apareceram e o deslumbre no paladar é o mesmo.
A autonomia política chegou ao antigo distrito de Grossos, em 21 de dezembro de 1995, pela Lei Estadual 6.840, assinada pelo então governador Garibaldi Alves Filho, alargando os seus horizontes vocacionais para a boa gastronomia, o folclore e o turismo, principalmente nos períodos de veraneio indo até o final do carnaval, a cada ano, época em que a população local salta dos seus 4,5 mil habitantes fixos, para mais de 100 mil veranistas e turistas, com festas diárias enchendo de alegria e entusiasmo os que para lá acorrem.
No governo do Dr. Tarcísio Maia, de 1975/1979, ele nascido na Paraíba, mas com o coração nitidamente mossoroense, o aprazível recanto do Atlântico foi beneficiado com obras ligadas ao seu desenvolvimento – a primeira estrada com asfalto, a partir de Mossoró, com 40 quilômetros; A perfuração de um poço profundo – com quase 2 mil metros – para substituir o abastecimento potável, precariamente feito por água de cacimbas, pelo o excelente líquido mineral e termal, que até hoje jorra abundantemente; A construção e
funcionamento do Hotel Dunas, o primeiro de Tibau, para acolher garbosamente os turistas de todos os lugares do País, No governo da notável mossoroense Rosalba Ciarlini, de 2011/2014, a já precária via de acesso de Mossoró a Tibau foi integralmente desfeita, duplicada, com amplos acostamentos, requintada obra viária, reduzindo à metade o tempo do deslocamento, em ambos os sentidos. Falta, agora, a tão sonhada – e adiada – edificação da ponte ligando Grossos a Areia Branca, quando a nossa Costa Branca terá, de Tibau a Guamaré – terras cobertas por salinas que produzem 96% de todo o sal marinho do Brasil – o plano atingido de união e convergência. Aí falaremos com todos os pulmões, parafraseando o maranhense Humberto de Campos: “A PRAIA DAS NOSSAS VIDAS”!
*É economista e empresário.