Se até bem pouco tempo atrás as compras pela internet eram consideradas complicadas e até mesmo inseguras, hoje, em especial após a pandemia, já se pode dizer que as transações virtuais se tornaram mania em todo o Brasil e Mossoró também tem experimentado um aumento significativo neste tipo de comércio.
De acordo com dados do relatório Neotrust, um dos principais documentos para compreender o mercado digital no Brasil, no primeiro trimestre de 2021 as vendas no e-commerce (ou o mercado virtual) tiveram alta de 57,4% em comparação ao mesmo período de 2020. Segundo o relatório, foram realizadas 78,5 milhões de compras online nos três primeiros meses do ano.
A região Nordeste se destaca por ocupar a segunda posição em total de vendas no e-commerce. De acordo com o relatório, os nordestinos realizaram 14,6% das compras virtuais entre outubro e dezembro de 2020.
O estudante universitário Leonardo Souza comenta que já era um assíduo comprador online e que a pandemia potencializou isso. Ele lembra que o isolamento social e o período totalmente dentro de casa o fez descobrir novas ferramentas que o ajudaram a realizar esse tipo de compra.
“Sempre comprei pela internet, mas tinha o receio de sofrer algum golpe, por isso me limitava aos sites mais conhecidos. Com a pandemia as empresas de Mossoró começaram a trabalhar com vendas virtuais e os autônomos também passaram a divulgar suas mercadorias em plataformas como o Facebook marketplace e o Instagram. Descobri que muitos dos produtos que eu comprava em outros estados estavam à disposição aqui mesmo em Mossoró” comentou o estudante.
Vendas virtuais no combate à crise econômica
O fotógrafo Fábio Paiva é mais um dentre os milhares de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros que foram afetados pela pandemia de covid-19. De acordo com o profissional, no auge da pandemia os ensaios fotográficos chegaram a cair 80%, atingindo diretamente sua condição de vida.
Fábio conta que foi em meio à crise que ele precisou se reinventar e o comércio digital apareceu como uma alternativa para unir a possibilidade de uma renda extra e a segurança do trabalho à distância. O fotógrafo iniciou uma loja virtual, a “Casa de Geek”, especializada em “Action figures”, os famosos bonecos de desenhos animados e personagens de cinema, além de outros souvenires ligados à cultura pop.
“Foi um investimento que valeu muito a pena. No auge da pandemia praticamente pararam os ensaios e tive de pensar uma forma para conseguir manter as contas em dia. Hoje, eu vendo através do Instagram e facebook e por ser algo totalmente online não tenho custos no que se refere a aluguel, funcionários, água e luz. Os produtos ficam em minha residência e as vendas são realizadas pelo celular”, comentou Fábio.
Gil Bento, um dos sócios da ‘Camiseiro Camisteas’, empresa do ramo da serigrafia, comenta que a pandemia acabou formalizando e ampliando um serviço que já vinha sendo realizado pela empresa. Ele explica que o mercado virtual foi fundamental para manter as vendas quando mais foi necessário o distanciamento e isolamento social.
“Sempre tivemos esse contato com o nosso cliente através das redes sociais. Muitos também se comunicavam conosco pelo WhatsApp. Mas foi com a pandemia que tivemos que aprender formas de nos comunicar e vender nosso produto sem ter o contato presencial e isso foi muito importante para garantir ir que a empresa continuasse produzindo”, afirma Gil.
Novas ideias e novos mercados surgem com o e-comerce em Mossoró
As dificuldades impostas pela pandemia e grave recessão econômica vivida pelo Brasil acabaram obrigando muitos empresários e empreendedores a buscarem novas ideias ou colocarem na prática aquelas que já estavam no papel. A internet, em boa parte das vezes, acabou sendo o terreno fértil para estas iniciativas.
O empresário Eugênio Black é um dos fundadores da Rede Popular, grupo que utiliza as redes sociais e os contatos de WhatsApp para vender produtos variados em Mossoró e região. Eugênio explica que com a necessidade de isolamento social suas vendas não caíram, pelo contrário, subiram mais de 200%.
“A Rede Popular foi um projeto criado pensando em vender produtos através das redes sociais e ao mesmo tempo ajudar pessoas que estavam desempregadas. Pagamos uma comissão por venda para esse colaborador que utiliza suas redes sociais para oferecer nossa mercadoria. Tudo feito pelo celular ou computador. Chegamos a ter mais de 100 pessoas vendendo os produtos da loja e ganhando comissão por isso. Antes da pandemia vendíamos cerca de 100 unidades por mês e agora vendemos 200 produtos por semana”, comemora Eugenio.
O fotógrafo e empresário Ricardo Lopes também inovou durante a pandemia. Ele, que revende antiguidades e artigos vintage em seu Armazém Chaplin, criou rifas semanais virtuais como forma de repassar mais rapidamente seus produtos e garantir o distanciamento social.
“Sempre fui muito atuante nas redes sociais e compreendo que este é um importante espaço para que possamos vender. Eu realizei por muito tempo leilões virtuais, mas percebi que na pandemia essa estratégia estava um pouco desgastada, então, após rifar um Fusca que eu tinha, decidi realizar rifas semanais com diferentes produtos da loja, garantido que as pessoas pudessem se envolver e participar sem gastar muito dinheiro e respeitando o distanciamento social” explicou o empreendedor.