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O limite entre o humor jornalístico e as fake news

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Nas redes sociais as pessoas ainda não se deram conta do conceito de fake news. Para o senso comum tudo que não agrada se enquadra na expressão da moda. Mas existe uma linha tênue que separar erros de apuração jornalística com notícias falsas propositalmente redigidas.

Um jornalista pode errar na avaliação do fato ou ser induzido por fontes a publicar uma informação improcedente. Isto tem nome: chama-se barrigada no jargão das redações.

Quando isso ocorre, o jornalista ou empresa rapidamente se retrata e repõe a verdade. Claro que neste caso o estrago está feito.

A fake news é a informação falsa divulgada de forma proposital. Existem sites especialistas nisso e são eles que propagam teorias da conspiração que agradam pessoas que não estão em busca de esclarecimento dos fatos, mas de reforçar as próprias crenças.

Não vou citar exemplos para não ferir suscetibilidades, mas eles saltam aos olhos na Internet. Não faltam sites especializados em checagem de fatos que trabalham para desmentir os sites de fake news. Mas os que estão na primeira categoria são bem mais acessados do que os que estão na segunda.

Existe ainda uma terceira vertente que é o humor jornalístico. O Casseta & Planeta foi pioneiro no Brasil, depois tivemos CQC e outros programas. Na Internet sites como Joselito Muller e O Sensacionalista fazem esse trabalho.

Quem os lê sabe que se trata de humor.

Feito o preâmbulo vamos ao foco deste texto.

É que o Rio Grande do Norte acordou com uma “bomba” no domingo, 15. O Blog Território Livre, um dos mais conceituados do Estado, publicou um decreto sobre o Coronavírus cheio de informações falsas como a previsão de privatizar a UERN e ironias. O texto circulava no submundo dos grupos de Whtasapp com maior velocidade que o decreto verdadeiro, publicado no sábado.

Hospedado na Tribuna do Norte, um dos portais mais acessados do Estado, a publicação gerou confusão na opinião pública. São vários fatores que se envolvem no caso dentre eles destaco dois: 1) o Blog não tem perfil de humor; 2) O cidadão médio tem dificuldades de interpretação de texto e muitas vezes não consegue perceber uma ironia.

Casou Tomé com Bebé numa cerimônia cheia de confusão.

A intenção desse texto não é se portar como palmatória do mundo, mas um site que não se propõe a fazer humor tem que dar um aviso de que se trata de uma ironia (coisa que só foi feita após a confusão ter se instalado nas redes sociais). No meu entendimento, esse foi o erro crasso.

No mais a Tribuna do Norte fez o que empresas sérias fazem nestes casos: divulgou nota se desculpando.

O post no Território Livre foi feito pelo médico Domício Arruda, ex-secretário de saúde que em 2012 se ofereceu para dar aula de reportagem à jornalista Michele Rincon (ver vídeo abaixo a partir dos 4 minutos).

Ironicamente, dois meses após a essa entrevista, ele acabou sendo demitido do cargo após se recusar a dar entrevista a própria Michele Rincon para esclarecer a crise de sua pasta. Ele alegou que não iria falar porque era feriado. A notícia no Jornal Nacional foi devastadora.

A linha entre as fake news, os erros jornalísticos e o humor é tênue. Não vou julgar as intenções do post, mas na cabeça do cidadão médio é tudo maldade e este não pode ser culpado.