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MP Eleitoral pede cassação de vereadora

O Ministério Público Eleitoral emitiu parecer em favor da cassação do mandato de Iara do Nascimento Silva, conhecida como “Iara de Pinto”, vereadora do município de Vila Flor, no Rio Grande do Norte. Na campanha para a eleição de 2020, a então candidata captou e gastou recursos ilicitamente, sem a devida prestação de contas, prática conhecida como “caixa 2”.

Segundo o parecer, ficou comprovado que Iara realizou gastos além dos R$ 1 mil declarados, com a aquisição de bottons (valor desconhecido) e contratação de serviços contábeis por R$ 350. Assim, mais de 35% das receitas para a campanha da atual vereadora foram arrecadadas e dispendidas à margem da legislação eleitoral.

O procurador regional Eleitoral, Ronaldo Sérgio Chaves Fernandes, destaca que a irregularidade é grave e significativa, “considerando o contexto de uma campanha para vereador em município do interior deste Estado do Rio Grande do Norte, quando os gastos são parcos, o eleitorado é diminuto (2.874 eleitores) e a eleição é decidida por uma pequena diferença de votos”. Ele conclui que “a gravidade da conduta revela-se pela prática do nefasto ‘caixa 2’, além, é claro, do desconhecimento da origem dos valores utilizados na campanha eleitoral da recorrente, de forma a comprometer a lisura do pleito no Município Vila Flor/RN”.

Entenda o caso

Iara de Pinto já foi condenada à cassação do mandato na primeira instância da Justiça Eleitoral no RN, após representação do Diretório Municipal do Partido Liberal (PL) de Vila Flor/RN, com parecer favorável do Ministério Público Eleitoral. A representada ingressou com o recurso eleitoral número 0600001-04.2021.6.20.0011, que tramita no Tribunal Regional Eleitoral do estado, agora com parecer da Procuradoria Regional Eleitoral reiterando o entendimento pela condenação.

“Caixa 2”

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, “(…) a prática de ‘caixa 2’ é suficiente por si só para a perda do registro ou do diploma, porquanto a fraude escritural de omissão de valores e de falta de esclarecimento de sua origem inviabiliza o controle, por esta Justiça Especializada, do aporte financeiro em favor de candidatos, partidos políticos e coligações” (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral n.º 72658, Min. Jorge Mussi).

Fonte: MP Eleitoral.

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Delator revela R$ 9 milhões em caixa 2 para Henrique e “compra de apoio político”

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Texto e Foto: Agora RN

O empresário Fred Queiroz confirmou em depoimento à Justiça Federal nesta quarta-feira, 4, que recebeu R$ 9.031.500,00 (destes, R$ 5 milhões em espécie) via caixa 2 para a campanha do, então, candidato ao governo do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves. Também ex-secretário de Obras de Natal, Queiroz citou que houve ainda “compra de apoio político” para juntar votos em benefício de Henrique.

Queiroz, todavia, afirmou desconhecer a origem do dinheiro até o momento em que o Ministério Público Federal deflagrou a Operação Manus, em junho de 2017. Ele explicou ainda que, do dinheiro recebido em espécie, R$ 1 milhão foi entregue em uma mala por Norton Domingos, assessor pessoal de Henrique, e outros R$ 500 mil foram depositados na conta da empresa do ex-secretário de Obras de Natal, a Pratika. O restante, conforme depoimento de Queiroz, foi repassado a pessoas indicadas por Arturo Arruda e ao próprio publicitário (R$ 100 mil) em São Paulo.

O resto do dinheiro pago em espécie (R$ 4 milhões), segundo Queiroz, teria sido sacado do Banco do Brasil do Centro Administrativo e viabilizado pelo assessor Aluízio Dutra. O intuito era “mobilizar” municípios potiguares a favor de Henrique em 2014.

Fred Queiroz, o primeiro a ser ouvido nesta quarta-feira, foi parte da oitiva envolvendo os réus da “Operação Manus”, que apura desvios na construção da Arena das Dunas, bem como movimentação de propinas envolvendo empreiteras para auxiliar na campanha do ex-ministro do Turismo. Ele negou que houvesse sido coagido a firmar acordo de delação premiada com Ministério Público Federal.

Além do próprio Queiroz, são réus na ação, Henrique Alves; Eduardo Cunha; o publicitário Arturo Arruda; o ex-presidente da Odebrecht, Fernando Ayres e José Aldemário Pinheiro (Léo Pinheiro), da OAS. Ele foi ouvido pelo juiz Francisco Eduardo Guimarães, titular da 14ª Vara Federal.

Palavra de Ayres

Ex-presidente da Odebrecht, Fernando Ayres afirmou em seu depoimento que a intenção da empresa era apoiar um candidato ao governo do Rio Grande do Norte que estivesse de acordo com os ideais da Odebrecht, bem como maleável a participar de iniciativas de privatizações, como a Caern – este nome seria o de Henrique Alves.