Não. Ele não é o deputado federal mais votado da história do Brasil (na verdade é o terceiro ficando atrás pela ordem de Eduardo Bolsonaro -2018- e Eneas Carneiro – 2002), mas foi sim o mais votado das eleições 2022.
Com um discurso odiento, Nikolas Ferreira (PL/MG) é um símbolo do tamanho do fosso civilizatório em que nos metemos com uma direita tomada pelo extremismo.
O pior que é um extremismo voltando para a opressão contra minorias oprimidas. Ontem, em um discurso patético, Nikolas aproveitou o Dia Internacional da Mulher para atacar as mulheres trans, sem qualquer justificativa.
A idiotia tomou conta das camadas médias do Brasil a ponto de uma figura ridícula como Nikolas Ferreira ter peso político.
É a cara de nossa crise civilizatória cujas raízes foram plantadas com a omissão da elite política a cada estocada do então deputado federal Jair Bolsonaro. A cada fala absurda a resposta padrão era “deixa ele, é só um deputado do baixo clero”. Bolsonaro foi ganhando espaço e dizimando a direita democrática.
Cassar Nikolas Ferreira por transfobia seria uma resposta ao retrocesso civilizatório em que o Brasil se enfiou. Mantê-lo deputado com essa postura é a fabricação de um novo Bolsonaro para nos atormentar nas próximas décadas.
O que restou da direita civilizada, que tolerou Bolsonaro, ao tolerar Ferreira vai repetir o mesmo erro e minar suas próprias chances de retomar o espaço perdido.
Ou vai ver o que chamo de direita civilizada não é tão civilizada assim.