Do “liso” em Jucurutu ao fenômeno Donald Trump nos Estados Unidos. Há um fenômeno em curso na política mundial: a antipolítica que alguns casos se confunde com o populismo de extrema direita que vai agradando a chamada “maioria silenciosa” que está de saco cheio dos políticos e das promessas de sempre.
O populismo de direita rima com o politicamente incorreto, que se por um lado bate de frente com algumas chatices, por outro traz à tona sentimentos nada positivos como o machismo, a homofobia, o racismo, a xenofobia… enfim todo um arcabouço de intolerância que muitos escondem por motivos diversos.
Tudo isso se traveste de antopolítica que agrada aos ouvidos de quem está de saco cheio. Se nos Estados Unidos o branco de classe média baixa e sem muita instrução embarcou nos berros de Trump fazendo-lhe sair da condição de piada ao comando da maior potência mundial, no Brasil, o populismo de direita tem um foco: o embarque no desgaste do PT somado à insegurança aliando-se ao discurso da moralidade.
E quem encarna isso no Brasil: Jair Bolsonaro (PSC/RJ). Ele vai contra tudo que está aí. Passou anos no PP (legenda que junto com o DEM carrega o espólio da ditadura militar) como uma figura à parte. Com um discurso moralista num partido notoriamente famoso por ser o mais corrupto do país (mesmo que hoje quem carregue essa fama seja o PT, mas basta dar uma olhadinha no ranking de políticos envolvidos na Lava Jato) era tolerado por ser um campeão de votos graças ao apoio maciço dos militares. Hoje ele vai além dos quartéis. Tem seguidores de vários segmentos sociais.
Enquanto DEM e PP e outros políticos (como o nosso senador José Agripino) nascidos da costela da ditadura militar fingem cinicamente terem lutado contra o autoritarismo, Bolsonaro exalta até mesmo alguns torturadores.
A maioria silenciosa gostou, se empolgou.
Mesmo sem muito espaço na mídia ele se tornou um fenômeno nas redes sociais. Muita gente boa tem embarcado na onda do “Bolsomito” que agora está PSC para ser o candidato do partido a presidente. Ele será uma voz nunca vista desde a redemocratização. Talvez o último político brasileiro a expor ideias tão politicamente incorretas tenha sido Plínio Salgado na longínqua década de 1930 quando comandava a Ação Integralista Brasileira (AIB), espécie de partido fascista no país.
Bolsonaro pode ser o nosso Trump? Sim, pode. Como Trump ele tem sido subestimado pela mídia. Mas pode surpreender. Exemplos de antipolítica com populismo ou não estão aí aos borbotões. Os prefeitos eleitos de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro são gestores fora dos padrões da política, só para citar um exemplo de cidades importantes.
Há uma onda conservadora/antipolítica mundial a ponto da politizada França ter o favoritismo de Marine Le Pen, que lidera as pesquisas. O Brasil está embarcando na onde e Bolsonaro pode tocar terror em 2018.
Nota do Blog: não confunda antipolítica com extrema direita. São duas coisas distintas que no contexto atual estão misturadas. Mas antipolítica também em outros campos ideológicos.