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O Bolsonarismo está vivo, mas Bolsonaro está com o pé na cova

Por Gláucio Tavares Costa*

Um colega que frequenta um grupo de Whatsapp de bosolnaristas paulistano promoveu uma enquete em 30/08/2024, indagando aos 162 membros do grupo se votariam em Ricardo Nunes ou Pablo Marçal. Até ontem às 23 horas aproximadamente, Marçal encontrava-se na preferência de 56 bolsonaristas, enquanto Nunes amargava ainda um zero bem redondinho, mesmo contando com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O denominado pai fundador dos Estados Unidos da América, Bejamim Franklin, cunhou o aforisma que: “os dias felizes dos mentirosos e hipócritas são muito curtos.” Não se pode dizer que ele estava ao todo certo, pois Jair Bolsonaro saiu da escuridão inerente aos deputados do baixo clero e passou a ter a preferência dos votos de mais de 30% do eleitorado brasileiro de 2018 até poucos dias. Certamente, este feito lhe rendeu alguma felicidade, especialmente quando era ovacionado por externar o seu preconceito racial, o seu menosprezo às mulheres, banalizar o cuidado com a saúde dos brasileiros no período da pandemia da COVID-19 e debochar do luto de muitas pessoas.

É muito esquisito, porém depois de tanta falta com o povo brasileiro, depois de ter quebrado as promessas de campanha, juntando-se ao Centrão, encobrir episódios de corrupção com sigilos de cem dias e mais cem demonstrações de mediocridades, Bolsonaro perdeu a eleição, ficou inelegível, mas não perdeu o encanto em face do seu público cativo. O episódio da substração das joias ofuscou só um pouquinho a imagem do Capitão.

Em que pese Bejamim Franklin ter se equivocado sobre a duração dos dias felizes dos mentirosos e hipócritas, o certo é que tudo é passageiro, até o brilho da farda do Capitão, que nesta campanha eleitoral encontra-se desfalecendo. Isto porque, além do prenúncio de que não conseguirá eleger nenhum prefeito nas principais capitais do Brasil, Bolsonaro está assistindo aterrorizado a criatura devorando o criador. Falo agora de Pablo Marçal, o candidato coach, que a despeito de não contar com o apoio de Bolsonaro na disputa da prefeitura de São Paulo, tomou de assalto a tropa do Capitão, promovendo uma campanha marcada por baixaria nível máximo, mentiras, acusações infundadas: campanha tipo Milei.

Tanto quanto outrora fora para o Capitão, os atributos negativos não desfavorecem Marçal, posto que o fato dele ter sido condenado por furto qualificado, encontrar-se sempre acompanhado de pessoas ligadas a organizações criminosas, ostentar uma fortuna de origem inexplicável e promover baixarias nos debates, são pontos de alavancagem de sua campanha eleitoral. Quanto pior e sanguinária a campanha de Marçal, mais rende preferência no eleitorado paulistano de direita e, como dizem por lá, está consagrado com o título do novo condutor da manada. Vai entender!

Em razão da incapacidade de Bolsonaro incutir na cabeça dos seus outrora eleitores que deveriam votar em Ricardo Nunes, Bolsonaro e filho inicialmente enxovalharam o candidato coach e premido pela ascensão de Pablo no eleitorado paulistano, após uma intensa troca de ofensas e acusações nas últimas semanas, Carlos Bolsonaro, o porta-voz do Capitão, disse que teve uma conversa amistosa com Marçal e agora estão na mesma direção, o que veio a confirmar rendição de Bolsonaro e que em que pese o bolsonarismo está vivo, Bolsonaro está com o pé na cova.

*É mestrando em Direito pela Universidad Europea del Atlántico, graduado em Farmácia pela UFRN e cronista.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o bruno.269@gmail.com.

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Deputado recebe diária para ir bajular ex-presidente em voo de Brasília para Natal

O deputado estadual Coronel Azevedo (PL) pediu (e foi atendido) diária no valor de R$ 1.269,47 para ir à Brasília nos dias 14 e 15 de agosto.

A justificativa é de que estava em “agenda parlamentar”.

Na prática ele foi num dia e voltou no outro para estar no voo que trouxe o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para cumprir agenda em Natal nos dias 15 e 16.

Azevedo fez questão de mostrar no Instragram que estava voltando a Natal junto com Bolsonaro. “Quem aí está ansioso para receber nosso eterno Presidente @jairmessiasbolsonaro ? 🇧🇷🤝Ele que já é Cidadão Potiguar, estará mais uma vez visitando o nosso estado. ESTAMOS JUNTOS!”, escreveu na legenda da postagem cuja imagem ilustra essa matéria.

Azevedo fez questão de mostrar que estava com Bolsonaro (Foto: reprodução)

Antes, ele também fez post avisando aos eleitores que estava voltando para Natal junto com Bolsonaro (ver foto acima). “ESTAMOS CHEGANDO, RN! 🇧🇷 Saindo de Brasília, junto a comitiva do nosso eterno Presidente @jairmessiasbolsonaro”, avisou.

Para disfarçar, Azevedo também registrou que visitou parlamentares e em um vídeo gravado ao lado do deputado federal General Girão (PL) ele falou sobre a agenda do ex-presidente.

Azevedo deu mais uma bola fora deixando claro que estava tratando de assuntos partidários na viagem.

Em outro post, Azevedo afirmou que estava tratando de “assuntos importantes para o RN” sem dizer quais. Apenas fotos com Girão e os senadores Magno Malta (PL/ES) e Styvenson Valentim (PODE/RN). Além de um vídeo que trata da votação no Senado que pode reverter o decreto do presidente Lula (PT) que tornou mais difícil ter porte de armas de fogo no Brasil.

“Em Brasília, cumprindo agenda com o nosso deputado federal @generalgirao, tratando de pautas importantes para o Rio Grande do Norte e paro o Brasil 🇧🇷 🤝. Oportunidade também de visitar os gabinetes do senador Styvenson Valentim e do senador em exercício, Flávio Azevedo”, declarou.

Nota do Blog: essa matéria só demonstra o tamanho da hipocrisia da extrema-direita. Qualquer viagem do presidente Lula, da governadora Fátima Bezerra (PT) ou de deputados de esquerda é motivo de gritaria na mídia de Natal. Por mais que realmente se trate de busca por investimentos para o Estado. Com Azevedo, a diária para bajular Bolsonaro renderá o silêncio obsequioso.

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Bolsonaro percorre mais de 300 km em 15 horas de campanha política no RN

Mais de 300 km percorridos, oito cidades visitadas e quase 15 horas de movimentação política, com comícios, carreatas, motociatas e caminhadas, sem intervalo e sem parar. A maratona Rota 22, no Rio Grande do Norte, mostrou a disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na largada das campanhas para as eleições 2024.

Ao lado do senador Rogério Marinho, secretário geral do Partido Liberal, Bolsonaro começou o dia na cidade de Extremoz, às 8 horas, onde a prefeita Jussara Sales (PL) concorre à reeleição.

Às 10h, Bolsonaro percorreu as ruas da capital Natal, saudou eleitores, apoiadores e fez comício pedindo voto para o deputado Paulinho Freire (UB), que recebe o apoio do PL.

Às 12h, Bolsonaro andou em carro aberto pelas ruas e depois participou de um comício em Parnamirim, considerada a “Capital Bolsonarista Potiguar”, onde os eleitores são maioria seguidores do líder da extrema direita e deram a vitória ao ex-presidente no primeiro e segundo turno das eleições passadas. Lá o PL tem Salatiel de Souza como candidato a Prefeito.

“Parnamirim, muito obrigado a todos vocês. Mais uma vez, eu peço o seu voto, seu apoio para o nosso candidato Salatiel, que estará conosco para que a direita e os conservadores voltem ao poder e o nosso Brasil volte à trilha de sucesso”, destacou Jair Bolsonaro.

A Rota 22 percorreu também Macaíba, Santa Maria, Lajes e Assú. Em todos os municípios, Jair Bolsonaro participou de comícios de rua e pediu votos para os candidatos liberais.

A movimentação encerrou em Mossoró, na tradicional descida do Alto de São Manoel, com Bolsonaro em carro aberto, ao lado de Genivan Vale (PL), candidato a Prefeito e do senador Rogério Marinho, fazendo um verdadeiro arrastão com o povo, para o comício no centro da cidade.

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Bolsonaro chega hoje ao RN e fará evento com candidatos do PL em Natal

Nesta quinta-feira (15), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inicia sua agenda pelo RN com evento, às 15h, no Hotel Holliday In. O evento é voltado para os candidatos do PL, mas será aberto ao público.

Bolsonaro chega às 11h30, e desembarca pelo saguão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Apoiadores estão sendo convidados para recepcionar o ex-presidente no local.

No Holliday Inn, 15h, Bolsonaro vai direcionar o discurso do PL para os candidatos nas eleições deste ano.

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Foro de Moscow 13 jul 2024 – Eleições: A agenda de Bolsonaro no RN

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Hasteamento de bandeira, evento fechado, motociata, “descida do alto” e declarações de apoio. Confira agenda de Bolsonaro no RN

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarca no Aeroporto Internacional Aluízio Alves em São Gonçalo do Amarante para iniciar a peregrinação pelo país declarando apoio aos seus aliados.

Ele escolheu iniciar o processo pelo Rio Grande do Norte em valorização ao senador Rogério Marinho (PL), um político que largou a pecha de moderado para abraçar as mais escabrosas teses do bolsonarismo.

Marinho sonha ser eleito governador do Rio Grande do Norte, acabando com a hegemonia do PT nas três últimas eleições no Estado. Ele até se licenciou do cargo para ter dedicação máxima as eleições municipais.

Às 10h30 de quinta-feira, Bolsonaro desembarca com direito a mobilização já no aeroporto. De lá segue para evento fechado com aliados no Hotel Holliday In.

No dia 16, às 8h, ele participa de solenidade de hasteamento da bandeira do Brasil na cidade de Extremoz, onde vai estar ao lado da prefeita Jussara Sales (PL), candidata à reeleição.

Às 10h ele declara apoio ao deputado federal Paulinho Freire (UB), candidato a prefeito de Natal em evento na Redinha.

Às 11h30 ele faz caminhada ao lado candidato a prefeito de Parnamirim Salatiel de Souza (PL).

Às 13h30, ele faz motociata faz carreata e motociata com destino a Mossoró onde faz a tradicional descida do Alto de São Manoel com o ex-vereador Genivan Vale (PL), nome do bolsonarismo na disputa pela Prefeitura de Mossoró.

A assessoria do PL informou que ele está disponível para entrevistas em todos os eventos.

Confira a agenda detalhada:

QUINTA (15)

10h30 – A mobilização começa no aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

15h- Evento com os pré-candidatos do partido e apoiadores, no Hotel Holliday In, próximo ao Arena das Dunas.

SEXTA (16)

Abertura da Campanha Nacional para as eleições 2024 no RN

8h – A prefeita Jussara Sales (PL), candidata à reeleição em EXTREMOZ,  recebe Jair Bolsonaro para o hasteamento da bandeira nacional e comício no bairro Jardins de Extremoz.

10h – Bolsonaro participa de evento político no bairro da Redinha (ao lado do Mercado), para anunciar apoio à candidatura de Paulinho Freire, em NATAL.

11h30 – Salatiel de Souza recebe Bolsonaro em PARNAMIRIM, para grande evento de largada da campanha. Concentração para a motociata ao lado do Parque Aristófanes Fernandes. Presidente vai circular pelas principais avenidas e bairros da cidade até chegar ao palco principal montado na Cohabinal para grande comício.

13h30 – Rota 22 com Bolsonaro – Carreata e Motociata seguem com destino a Mossoró, com paradas programadas em Macaíba, Santa Maria, Lages e Assu.

18h30 – Genivan Vale (PL), candidato a prefeito de MOSSORÓ, recebe Bolsonaro para grande ato de início de campanha com Descida do Alto de São Manoel e encerramento com comício em frente ao Banco Bradesco.

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Bolsonaro inaugura temporada de descidas do Alto de São Manoel na próxima sexta-feira

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai dar o pontapé inicial das tradicionais descidas do Alto de São Manoel nas campanhas políticas de Mossoró. Será na próxima sexta-feira, 16, às 17h.

O líder da extrema direita nacional vem a Mossoró pedir votos para o candidato a prefeito pelo PL Genivan Vale que fez questão de anunciar o evento nas redes sociais.

“Sexta-feira vamos abrir a nossa companha com o nosso presidente Jair Bolsonaro. Juntos vamos descer o Alto de São Manoel na maior demonstração de apoio que esta cidade já viu”, declarou.

A candidata a vice-prefeita Nayara Gadelha (PL) também gravou vídeo em que afirma que Mossoró vai receber o “melhor presidente de todos os tempos”. “Vamos juntos com a gente fazer uma festa linda. Venha de verde e amarelo, traga a sua bandeira e vamos descer o Alto de São Manoel”, disse em vídeo no Instagram.

Nayara é sobrinha do general golpista Paulo Sérgio Nogueira, ministro da defesa de Bolsonaro e um dos personagens cruciais no golpe fracassado de 8 de janeiro de 2023.

Ele é considerado o elo entre a trama golpista e o 8 de janeiro.

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Bolsonaro virá ao RN próxima semana fazer campanha para aliados. Mossoró está na agenda

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai dar a largada das campanhas eleitorais municipais do Brasil pelo Rio Grande do Norte. A decisão foi confirmada pelo senador Rogério Marinho.

Bolsonaro estará no Estado nos dias 15 e 16 de agosto, data que marca o início da propaganda eleitoral, com manifestações e pedidos explícitos de votos já permitidos pela Justiça Eleitoral.

A vinda de Bolsonaro ao RN para o primeiro dia oficial da campanha eleitoral de 2024 é uma demonstração de prestígio do senador Rogério Marinho, presidente do PL RN e secretário-geral nacional do Partido. Foi delegada a ele a missão de coordenar as campanhas do partido no pleito deste ano.

No RN, Bolsonaro deve participar de um evento fechado com todos os pré-candidatos do partido no dia 15. Já na sexta (16), a agenda do ex-presidente inclui movimentações em Mossoró, Natal, Extremoz e Parnamirim, única cidade potiguar onde o primeiro presidente a não conseguir ser reeleito venceu.

Em Parnamirim, o candidato de Bolsonaro é o ex-vereador de Natal e apresentador Salatiel de Souza.

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Um fato grave

Por Rogério Tadeu Romano*

I – O FATO

Consoante o que expôs o jornal O Globo, em 16.7.24, em uma gravação de mais de uma hora de uma reunião entre o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (AbinAlexandre Ramagem (PL), o então presidente Jair Bolsonaro discutiu as investigações sobre a suposta prática de rachadinha por parte do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), sugeriu procurar o chefe da Receita Federal e disse que deveria trocar o coronel que o informava pelo serviço secreto russo.

Ainda informou o portal de notícias do Estadão, na mesma data:

“A denúncia contra Flávio foi arquivada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 2022 com base em uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) do ano anterior que anulou provas contra o filho “01″ do ex-presidente. O STJ concordou com o argumento da defesa de Flávio de que o caso não poderia ter sido julgado por um juiz da primeira instância, no caso Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, porque ele teria foro privilegiado.

A reunião cujo áudio veio a público nesta segunda-feira é anterior à anulação. Um dos caminhos discutidos foi tentar provar que o Relatório de Inteligência Fiscal (RIF) que deu origem à investigação contra Flávio era ilegal. “Se a gente conseguir provar que eles fizeram toda essa apuração, e só depois eles criaram com esse RIF espontâneo. E por meio dessas senhas invisíveis, a gente consegue a nulidade do RIF. A gente consegue anular tudo”, diz a advogada Bierrenbach logo no início da conversa.

Segundo ela, os auditores da Receita Federal teriam uma senha que torna indetectável o acesso feito por eles às bases de dados do órgão. Por isso, seria necessário acionar o Serpro. O órgão teria capacidade de realizar uma investigação e detectar os supostos acessos “invisíveis” aos dados financeiros de Flávio.

A conversa segue e então Bolsonaro afirma: “Caso de conversar com o chefe da Receita […] Ninguém tá pedindo favor aqui. [inaudível] é o caso conversar com o chefe da Receita. O Tostes (José Barroso Tostes Neto)”, diz o ex-presidente, conforme transcrição do áudio feita pela Polícia Federal.

O ex-chefe do Executivo também sugere procurar Gustavo Canuto, ex-ministro de Desenvolvimento Regional em seu governo. Bolsonaro aparentemente se confunde e acha que Franco é o presidente do Serpro. Na verdade, ele era chefe do Dataprev, empresa de tecnologia e informações da Previdência Social.

“Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto”, afirma Bolsonaro.”

II – O DESVIO DE FINALIDADE

Houve, sem dúvida, evidente desvio de finalidade.

O presidente da República não pode usar o cargo para defender interesses privados.

Um ato praticado por desvio de finalidade não se sustenta.

Se houve desvio de finalidade o ato é nulo, sem qualquer efeito jurídico.

Repito, na íntegra, a lição de Miguel Seabra Fagundes (O controle dos atos administrativos, 2ª edição, pág. 89 e 90), assim disposta; “A atividade administrativa, sendo condicionada pela lei à obtenção de determinados resultados, não pode a Administração Pública dele se desviar, demandando resultados diversos dos visados pelo legislador. Os atos administrativos devem procurar as consequências que a lei teve em vista quando autorizou a sua prática, sob pena de nulidade.”

Prossegue o eminente administrativista, que tantas lições deixou entre nós, alertando que se a lei previu que o ato fosse praticado visando a certa finalidade, mas a autoridade o praticou de forma diversa, há um desvio de finalidade.

Na doutrina, aliás, do que se tem de Roger Bonnard, as opiniões convergem no sentido de que, a propósito da finalidade, não existe jamais para a Administração um poder discricionário.

Assim não lhe é deixado o poder de livre apreciação quanto ao fim a alcançar. Isso porque este será sempre imposto pelas leis e regulamentos. E adito: pela Constituição, que, no artigo 37, estabelece, impõe, respeito à legalidade, moralidade, impessoalidade, dentre outros princípios magnos que devem ser seguidos pela Constituição. A literalidade do texto é mais que evidente.

Há no ato administrativo, para sua higidez e validade, um fim legal a considerar.

Marcelo Caetano (Manual de direito administrativo, pág. 507) distinguia os desígnios pessoais, os cálculos ambiciosos, as previsões que o agente faz de si para si, no momento em que se determina a exprimir a vontade administrativa, sem repercussão positivamente exteriorizada, na prática do ato, daqueles que se refletem de modo objetivo na sua prática, vindo a desvirtuá-lo em sua finalidade objetiva.

O agente público não pode usar de seus motivos pessoais para atingir fins outros fins.

O ex-presidente Bolsonaro poderia ser enquadrado por crime de responsabilidade que poderia ensejar um impeachment. No entanto, ele já deixou o cargo, perdendo tal acusação o objeto.

Deve ser apurada improbidade administrativa, que não é propriamente um crime, mas um ilícito civil, e que é agir de forma desonesta e ilícita, contra os interesses da Administração.

III – HOUVE O CRIME DE ADVOCACIA ADMINISTRATIVA?

Disciplina o artigo 319 do CP:

Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

O elemento subjetivo é o dolo específico consistente na vontade de satisfazer um interesse pessoal ou específico.

Se há interesse pecuniário o crime é de corrupção passiva.

Na forma comissiva pode ocorrer tentativa.

Exige-se que haja ato de ofício, de modo essa conduta envolve os deveres funcionais do funcionário.

O crime de advocacia administrativa é próprio, formal e de concurso eventual, cuja essência proibitiva recai sobre a defesa de interesses privados perante a Adminsitração Pública por funcionário público. O patrocínio do interesse privado e alheio, legítimo ou não, por funcionário público, perante a Administração Pública, pode ser direto, concretizado pelo ele próprio, ou indireto, valendo-se ele de interposta pessoa, para escamotear a atuação. Fundamental que o funcionário se valha das facilidades que a função pública lhe oferece, em qualquer setor da Administração Pública, mesmo que não seja especificamente o de atuação do agente.

Destaco aqui que a jurisprudência no sentido de que não se pode reconhecer o crime de prevaricação na conduta de quem omite os próprios deveres por indolência ou simples desleixo, se inexistente a intenção de satisfazer interesse ou sentimento pessoal (JUTACRIM 71/320) e ainda outro entendimento no sentido de que ninguém tem a obrigação, mesmo o policial, de comunicar à autoridade competente fato típico a que tenha dado causa, porque nosso ordenamento jurídico garante ao imputado o silêncio e até mesmo a negativa de autoria (RT 526/395)

Dizem Antonio Pagliato e Paulo José da Costa Júnior (Dos crimes contra a administração pública, pág. 138) que o interesse não deve ser de ordem econômica, pois isso configura o crime de corrupção passiva. Na lição de Guilherme de Souza Nucci ( Código penal comentado, 8ª edição, pág. 1.062) sentimento pessoal é a disposição afetiva do agente em relação em relação a algum bem ou valor. O funcionário que, pretendendo fazer um favor a alguém, retarda ato de ofício, age com “interesse pessoal”, se fizer o mesmo para se vingar de um inimigo, age com “sentimento pessoal”. A atuação do agente para satisfazer “interesse pessoal” consistente em livrar-se de processo administrativo ou judicial e considerada parte de seu direito a autodefesa, não se configurando o delito.

É crime próprio, formal, comissivo ou omissivo (quando resulta em abstenção), mas a conduta de retardar pode ser praticada por ação (esconder os autos de um processo, visando a sentimento pessoal) ou por omissão. Pode de forma excepcional ser crime omissivo próprio. É crime instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente.

*É procurador da República aposentado com atuação no RN.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o bruno.269@gmail.com.

 

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Depois da revelação das gravações de Ramagem, Rogério Marinho ainda acusará adversários de aparelhamento do Estado?

Os áudios do deputado federal fluminense Alexandre Ramagem (PL) revelados após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes levantar o sigilo do material revelam o quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tratou a coisa pública como um assunto particular quando manchava de ódio o país a partir do Palácio do Planalto.

Bolsonaro tentou usar a estrutura de poder para livrar o filho/senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ) da degola política por causa do escândalo das “rachadinhas”.

O áudio é um strip-tease do aparelhamento do estado na gestão (?) de Bolsonaro.

Acusar os adversários de praticar o aparelhamento do estado é uma prática comum do senador Rogério Marinho (PL) desde os tempos que posava de moderado com as penas tucanas.

Mas quando ministro, Rogério utilizou toda a estrutura federal para se eleger senador tendo contra si os passivos das reformas trabalhista e da previdência.

Mas quem aparelha o estado são os outros.

Será que Rogério, que teve em Bolsonaro um fiador do seu mandato, ainda terá a cara de pau de acusar o PT, Lula e escambau de “aparelhar o Estado”?

Minha aposta é que sim. Rogério usa óleo de peroba como albino usa protetor solar.