Por Cícero Che*
Houve um tempo em que milhares de pessoas se encantaram com a promessa de um mantra: “Deus, Pátria e Família”. Entoado aos quatro cantos da Terra Brasilis, liderados por um facínora, que o ato mais relevante de sua inútil vida, até então, fora a tentativa de explodir o quartel, onde servia. O resultado disso foi a sua expulsão e, como nas forças armadas (assim são chamadas) e na justiça, a punição foi colocá-lo na “reserva” e alçá-lo ao posto de capitão.
E logo ele, que não possui o menor respeito à família, exceto a parte que age em co-autoria nos diversos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e demais usos indevidos dos recursos públicos. E nessa toada galgou a presidência da República, destruindo as políticas públicas e a estrutura mínima de Estado que encontrou pela frente. Durante uma pandemia, fez chacota dos doentes, negou a ciência e a eficácia da vacina, desmantelou os programas de saúde pública de combate às endemias e ainda tentou lucrar na compra de doses de vacinas capazes de diminuir o alcance mortal do vírus; resultado: 700 mil mortes!
Mas foi além, atacou mulheres, insinuou episódio de pedofilia, onde ele era o autor do crime, ofendeu nordestinos, negros e indígenas, numa evidente demonstração de ódio a essas parcelas da população.
E a cada nova grosseria ou descalabro, seu séquito o exaltava, bradando Mito, Mito, Mito!
E já não interessava a inflação, a alta do dólar, do preço dos combustíveis, dos alimentos…
Estavam lá, na zona mista entre limbo e multiverso, a gritar Mito, Mito, Mito!
Então vieram os reveses, a perda da eleição e as denúncias de antigos aliados. De joias à matança de carpas, de cheques a mansões para os filhos….
E o povo, Mito, Mito, Mito!
Até que um dia, nesses raros eventos que são saltos na história, se viu indiciado, seus crimes não ficariam impunes.
E já não eram milhares a gritar Mito, Mito, Mito!
Se viu isolado e procurou fugir do processo, mas seu passaporte estava retido; tentou se abrigar numa embaixada, em vão, os tratados tão desprezados por ele, agora lhe davam o troco.
Buscou apoio da caserna, para um possível golpe, recebeu um não como resposta do exército e da aeronáutica, a marinha ainda topou, mas disse que não seria capaz de segurar essa bomba sozinha.
E assim o Mito da caserna se entregou, triste, absorto numa realidade paralela que o havia feito dar uma volta na Terra plana, mas pelo menos conseguiu provar sua teoria:
Passou a ver o Sol nascer quadrado.
*É servidor público, INSS e Diretor de Comunicação do Sindprevs RN.
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