Abaixo nota dos jornalistas demitidos pelo Novo Jornal denunciando o descumprimento do acordo na Justiça do Trabalho,
É com tristeza que denunciamos mais um duro golpe contra a atividade profissional regular de Jornalistas no Rio Grande do Norte. Os mais de 20 profissionais demitidos do NOVO Jornal que aceitaram proposta da empresa para receber de forma parcelada as verbas rescisórias, em um acordo claramente desvantajoso para os trabalhadores, foram prejudicados pelos sócios do jornal.
Além de tomar todas as medidas judiciais cabíveis, o grupo está tornando o caso público e procurando todos os órgãos de investigação e fiscalização para obter auxílio no processo de busca pela transparência de informações, sobretudo no tocante ao funcionamento do sistema de transferência de recursos vindos do exterior, modelo sistematicamente alegado pela empresa para justificar as inúmeras intercorrências dos pagamentos desde o final de 2014 (ano em que o grupo empresarial assumiu o jornal).
Os profissionais têm informações acerca da presença das empresas RitzG5, do ramo imobiliário, de seus diretores Luiz Matida e Fernando Lessa, gerente comercial da RitzG5, que assinava o expediente do jornal como Fernando Laudares, e do advogado e professor André Elali na organização, elaboração e no comando do arranjo empresarial que resultou na aquisição do NOVO Jornal das mãos do jornalista Cassiano Arruda Câmara, em 2014. Cassiano Arruda Câmara criou a Anote, razão social da empresa que publicava o NOVO Jornal, em 2009.
Até bem pouco tempo a Ritz era associada à construtora G5, do empresário Sami Elali. Intitulava-se RitzG5. O advogado José Henrique Azeredo também foi apontado pelo comando como responsável pela empresa durante a transição.
Todas estas informações embasarão a série de medidas que os jornalistas começaram a tomar.
Após aceitarem abrir mão de juros e correção monetária, aceitarem parcelar em até oito vezes os valores a receber e permitirem que a primeira parcela fosse efetuada somente seis meses após o processo de encerramento do jornal, em outubro de 2017 (alternativa colocada pela empresa como única possibilidade de negociação), os jornalistas viram o pagamento das verbas rescisórias ser suspenso com menos de 50% da quitação prevista. O acordo foi feito com mediação do Ministério do Trabalho. E o descumprimento, comunicado ao grupo de jornalistas neste mês.
Os profissionais vítimas do descumprimento do acordo estão recebendo apoio de colegas e entidades, como o Sindicato dos Jornalistas do RN, que está dando todo o suporte ao grupo na ação trabalhista.
É de se lamentar que, além da crise que afeta o setor, profissionais ainda sejam vítimas de um golpe só comparável à exploração de má-fé.
O Jornalismo passa por uma série de transformações, mas não concordamos que em nome delas seja justificado o desrespeito ao profissional. Ao contrário, mais do que nunca a sociedade precisa da mediação jornalística para dar vez e voz às diversas conflagrações, sobretudo as potencializadas pelas redes sociais.
Dentro desse contexto, pedimos apoio à luta dos trabalhadores demitidos do NOVO Jornal como algo que importa não só a eles, mas a toda uma classe, fundamental para a democracia e para a sociedade manter-se informada com profissionalismo e honestidade.
Jornalistas demitidos do NOVO Jornal.