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Inquérito sobre policiais antifascismo é arquivado

A pedido do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), a Justiça potiguar arquivou a investigação instaurada com o objetivo de averiguar a existência do grupo denominado “Policiais Antifascismo” no Estado. O pedido de arquivamento foi feito pela 69ª Promotoria de Justiça de Natal.

Na decisão pelo arquivamento, o MPRN destaca que, diante do apurado até o momento, percebe-se que o grupo defende ideias lícitas, não se evidenciando a utilização da estrutura da Administração Pública Militar ou de fardamento, armas ou viaturas nas manifestações, carecendo os autos de indícios de autoria ou prova da materialidade delitiva.

O MPRN frisa, porém, que o exercício do direito à liberdade de expressão pelos policiais militares exige a observância dos princípios da hierarquia e disciplina, com atuação imparcial dos agentes públicos. Assim, eventuais excessos no exercício desse direito poderá justificar, dependendo de cada caso, a apuração de infração disciplinar ou a instauração de procedimentos investigatórios.

O ordenamento jurídico veda aos policiais militares o comparecimento fardado em manifestações de caráter político-partidário, bem como o uso da estrutura da Administração Pública Militar para arregimentar eleitores. “Contudo, tais vedações não podem significar que os Policiais Militares são autômatos, sem o direito de interpretar os acontecimentos sociais dentro sua visão e realizar o intercâmbio de ideias com os outros indivíduos. Assim, desde que respeitados os preceitos constitucionais e legais, os quais incluem os princípios da hierarquia e disciplina, não há como se retirar dos Policiais Militares o direito à formação de suas próprias convicções e de manifestar seus pensamentos”, frisa o MPRN na decisão de arquivamento.

Além disso, não há nos autos, até o presente momento, indícios suficientes de autoria ou prova da materialidade delitiva.

 

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Policiais Antifacismo lançam manifesto contra dossiê do MPRN com mais de cem assinaturas

O Grupo Policiais Antifascimo lançou um manifesto em defesa de suas ações que contou com mais de cem assinaturas entre entidades e políticos. É uma reação à notícia de que o Ministério Público elaborou um dossiê sobre a atuação do grupo que tem entre suas bandeiras a defesa da democracia e o combate à formação de milícias no Rio Grande do Norte.

Abaixo o manifesto:

Em tempos como este, que vivenciamos, faz-se necessário que todos(as) que lutam por um Brasil Democrático, laico, humanizado e valorizado se “indignem” com discursos e manifestações contra a Democracia, incentivos à intervenção militar e a volta do Ato Institucional número 5, o AI-5, que cerceou direitos e aumentou a repressão no período da ditadura militar brasileira.

O Movimento Policiais Antifascismo está longe de ser uma milícia!

Defendemos a reestruturação e desmilitarização das polícias, ciclo completo, fim do inquérito policial, municipalização.

Esses temas, apesar de alguns serem conhecidos da população, fazem parte de um debate ainda restrito ao universo de quem integra as polícias brasileiras e que vão muito além da questão salarial e das reivindicações por melhores condições de trabalho.

Reconhecemos a falência da guerra às drogas, a criminalização da pobreza e a matança de negros como resultado de um atual sistema de segurança pública falido.

Dessa forma, repudiamos a forma intempestiva e desconhecedora por parte do 19° Promotor de Justiça de Natal, Wendell Beetoven Ribeiro Agra, quando tenta criminalizar um movimento ordeiro, pacífico, democrático e necessário para a segurança pública da população. Entenda o caso clicando aqui!

Também repudiamos as agressões sofridas via rede social pelo coordenador do Movimento Policiais Antifascismo no RN, Pedro Chê.

Ameaças veladas não podem ser admitidas à luz das autoridades competentes. Esperamos uma investigação tão célere quanto foi a iniciativa do 19° Promotor de Justiça de Natal, Wendell Beetoven Ribeiro Agra, com relação ao movimento.

 “Com a eleição do atual presidente da República, reconhecemos as dificuldades da mudança do contexto, e o avanço de ações cada vez mais antidemocráticas e ditatoriais, mas avaliamos que não dá pra retroceder”.

Palavras essas proferidas pelo próprio Movimento Policiais Antifascismo e pelos demais movimentos sociais democráticos, sindicatos, autoridades, instituições e ativistas, as quais referendamos como legítimas.

Por isso, abaixo assinamos essa nota com o objetivo de que esse movimento seja sempre por nós apoiado e protegido contra todos que se voltarem com ele e seus membros em particular.

 

Assinam a nota:

  1. Comitê de Prevenção e Combate a Tortura do RN
  2. Comuna Alvirrubra
  3. Coletivo Marias do RN
  4. Juventude Comprometida com a Luta (JCAL)
  5. ONG Acauã
  6. Fórum Estadual LGBTQI+
  7. Associação de Travestis e Trans de Santa Cruz (ATREVASE)
  8. Associação de Homossexuais do Vale do Assú (AHVA)
  9. Associação Comunitária do Amarelão
  10. Fórum de Lideranças Mendonça
  11. Instituto Ancestral de Mulheres de Axé do RN (Instituto AMA)

12.Associação Indígena do povo Mendonça Potiguara (AST)

  1. Articulação dos povos Indígenas do Rio Grande do Norte (APIRN)
  2. Articulação dos povos e comunidades Indígenas do Nordeste, Minas Gerais, e Espirito Santo (APOINME)
  3. Associação de Travestis e Trans (A Transparência)
  4. Articulação Potiguar de Gays (ARTPOTY)
  5. Comitê de Luta contra o Golpe Natal
  6. Fórum Vila em Movimento
  7. Articulação AIDS do RN
  8. Coletivo de Mulheres Negras AS CAROLINAS
  9. ONG Mutirão
  10. Coletivo das Dez mulheres
  11. Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental – Núcleo RN
  12. Movimento Nacional de População em Situação de Rua (MNPR no Rio Grande do Norte)
  13. Levante Popular da Juventude
  14. Federação de Conselhos Comunitários de Natal (FECNAT)
  15. Coletivo Xanana
  16. Central Única dos Trabalhadores (CUT)
  17. Coletivo PARATODOS
  18. Associação das Travestis e Transexuais Reencontrando a Vida do RN (ATREVIDA)
  19. Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes (GAMI)
  20. João Victor de Carvalho Bezerra, Vereador da Cidade de Santa Cruz – PL
  21. Comissão Permanente dos Povos de Terreiro do RN (COPPT)
  22. ILÊ OLORUM – Organização religiosa de matriz africana (Iyalorixá Mãe Isa de Nanã – Sacerdotisa)
  23. Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (FONSAPOTMA)
  24. Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB)
  25. Conselho Estadual de Entorpecentes do Rio Grande do Norte (CONEN)
  26. SENHORAS DO ADJÁ – Organização de Ekedji Makotas e Ajoyês
  27. UEE/RN – União Estadual dos Estudantes
  28. União de Negros pela Igualdade (UNEGRO)
  29. Núcleo Amélias
  30. Coletivo ENEGRECER
  31. Axé yle bogunde idagun jaja – Organização Religiosa de Matriz Africana (Iyalorixa Lucia de Nanã – Sacerdotisa)
  32. Ilé Axé Ogunja – Organização Religiosa de Matriz Africana (Pai Alex de Ogun – Sacerdote)
  33. Serviço de Assistência Rural e Urbana
  34. Diácono Francisco Adilson da Silva – Coord. do Serviço de Assistência Rural e Urbano (SAR)
  35. Freitas Junior – Membro do Diretório Nacional da REDE SUSTENTABILIDADE
  36. Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFRN)
  37. Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti – Direito UFRN
  38. Coletivo Juntos
  39. Coletivo ARRETADAS
  40. Associação Comunitária Quilombola de Coqueiros
  41. Fórum de Mulheres do RN
  42. Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (CMDM NATAL)
  43. Articulação de Mulheres Iyagba Ori
  44. ONG Amigos do Bem (Bairro Planalto)
  45. Secretaria Estadual LGBT do PT/RN
  46. Federação de Artesãos Norte-rio-grandense
  47. Coletivo Antiprobicionista CannabisAtiva
  48. Organização Mutirão
  49. Comissão de jovens Xukuru – Kariri
  50. Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU)
  51. Iran Marcolino Victor – Diretor da Confederação Nacional dos Vigilantes
  52. Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – Seção Natal (SINASEFE)
  53. Executiva Estadual do PT/RN
  54. Projeto Social NAMESSKATE
  55. REDE EMANCIPA
  56. Movimento Policiais Antifacismo da Bahia
  57. Movimento Policiais Antifacismo do Rio de Janeiro
  58. Movimento Policiais Antifacismo de Pernanbuco
  59. Movimento Policiais Antifacismo do Paraná
  60. Movimento de Policiais Antifacismo do Rio Grande do Sul
  61. Movimento de Policiais Antifacismo de Goiás
  62. Movimento de Policiais Antifacismo do Espirito Santo
  63. Ricardo Brisolla Balestreri – Ex-Secretário Nacional de Segurança Pública
  64. Margarida Maria Knobbe – Professora e pesquisadora das Ciências Sociais
  65. Associação Potiguar de Doulas – APD
  66. Coletivo Leilane Assunção
  67. Primeira Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil – Ras Geraldinho
  68. Deputado Francisco – PT/RN
  69. Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do Estado do Rio Grande do Norte (SINSP)
  70. Mandato do Deputado Federal Vicentinho – PT/SP
  71. Associação dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil
  72. Ilé Axé Afinká (Sacerdote – Babalorixá Jorge Freire)
  73. Centro de Referência em Direitos Humanos Marcos Dionísio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CRDH/ UFRN
  74. Mandato Popular do Vereador Fernando Lucena (PT/RN)
  75. Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação, Higienização e Limpeza Urbana do RN (Sindlimp/RN)
  76. Associação Multicultural Azulmata – RN
  77. Instituto Terreiros do Futuro
  78. Axé Raizes Sagradas – Juremeiro Luis Carlos
  79. Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ADURN)
  80. Instituto de Pesquisas e Estudos em Justiça e Cidadania (IPEJUC)
  81. Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Natal (SINSENAT)
  82. Dr. Anderson Rogerio Borges dos Santos (OAB RN – 14.535)
  83. Dr. Dimitri Sinedino (OAB RN – 14.161)
  84. Central Sindical e Popular CONLUTAS
  85. CEDECA – Casa Renascer
  86. Centro de Cultura e Tradições Ciganas do Rio Grande do Norte (ACIGAROM) – Presidente: Cigano RON Omar Ivanovichi
  87. Nova Frente Negra Brasileira
  88. Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Norte (SINARQ/RN)
  89. Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB-RN)
  90. Coletivo Autônomo de Mulheres Leila Diniz
  91. Mandato Popular da Deputada Isolda Dantas (PT/RN)
  92. Centro de Referência em Direitos Humanos do Semiárido da Universidade Federal Rural do Semiárido (CRDH/UFERSA)
  93. Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares no Rio Grande do Norte (RENAP/RN)
  94. Jailson Damasceno Bezerra – Engenheiro Agrônomo – Presidente do Sindicato dos/as Engenheiros/as Agrônomos/as do Rio Grande do Norte
  95. Alternativa Socialista Nova Práxis do PSOL
  96. Justiça Global RJ
  97. Observatório da Violência Policial SP
  98. CST Command
  99. Artistas Potiguares Anti Fascismo (APAF)
  100. Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB-RN)
  101. Pastoral Carcerária
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MPRN faz dossiê sobre grupo Policiais Antifascismo

Foto: Pedro Chê/Página do Facebook

O Ministério Público do Rio Grande do Norte elaborou um dossiê sobre o grupo Policiais Antifascismo. A informação foi dada em primeira mão pelo jornalista Rubens Valente do UOL.

Segundo a publicação o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECCO) fez um levantamento sobre a atuação de 20 policiais militares, dois policiais civis e um bombeiro militar.

O documento elaborado pelo promotor Wendell Beetoven Ribeiro Agra foi finalizado em 29 de abril deste ano com o título “relatório técnico de análise”.

Os profissionais de segurança tiveram as redes sociais devassadas além do acesso a dados pessoais como endereço e filiação. O objetivo era identificar se o grupo Policiais Antifascismo atuam como uma organização paramilitar ou milícia privada ou partidária.

“O relatório do Gaeco faz diversos ataques aos ‘policiais antifascismo’. Diz que o apoio que eles prestam ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em redes sociais, por exemplo, é ‘apologia de autor de crimes’”, diz a reportagem.

O promotor Wendell Beetoven Ribeiro Agra passou a investigar os policiais a partir do momento em que eles passaram a se posicionar contra ações dos bolsoristas potiguares contra o isolamento social logo no início da pandemia do novo coronavírus no país. Um dos fatos que incomodou foi a publicação de um vídeo no Youtube pelo policial civil Pedro “Chê” Paulo Chaves Mattos, um dos líderes do movimento (ver abaixo).

O Blog do Barreto fez contado com Pedro Chê que falou que irá responder nos espaços institucionais. “Isso é um abuso contra pais de família que não querem qualquer mudança institucional fora das leis. Somos contra milícias, grupos de extermínio e a favor do estado democrático de direito. Tem pessoas da área que fazem exatamente o contrário e exorbitam falas nas redes sociais, inclusive ameaçando o STF, e não vemos nada desse tipo”, avaliou.

Também fizemos contato com a Assessoria de Comunicação do Ministério Público que enviou uma declaração do promotor Wendell Beetoven já publicada na reportagem do UOL: “Mas o meu objetivo não é político. Nunca foi. O que o MP, enquanto órgão controlador da atividade policial, não pode aceitar é a falta de neutralidade político-partidária das polícias, senão a função policial passa a ser utilizada em prol de uma ideologia e para autopromoção de agentes públicos armados. Em outras palavras: cria-se uma polícia política. E isso  não é democrático nem lícito.

O policial, como pessoa física, fora do trabalho (sem exibir arma ou distintivo), pode ter e professar a ideologia política que quiser. Mas, no exercício da função, tem que agir com neutralidade e imparcialidade”.

Assessoria também enviou despachos que mostram as ações do promotor (confira abaixo):

117.2020.000071-Despacho-2020-0000149209

117.2020.000071-Despacho-2020-0000131374

Lei a reportagem completa AQUI.