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OAB demonstra preocupação com projeto de Allyson que mina autonomia de procuradores

A subseccional de Mossoró da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu nota em que aponta a ausência de discussão necessária para aprovação do Projeto de Lei n.º 37/2024 enviado para a Câmara Municipal pelo prefeito Allyson Bezerra (UB) que altera a estrutura da Procuradoria Geral do Município.

A proposta é considerada um retrocesso para os procuradores porque permite que o prefeito indique cargos comissionados para as instâncias fiscalizadoras.

A OAB/Mossoró pede que a tramitação do projeto seja suspensa para que a proposta seja mais discutida.

NOTA INFORMATIVA  

A Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Mossoró, no exercício de sua missão de defesa da advocacia e do Estado Democrático de Direito, vem a público manifestar sua posição quanto ao Projeto de Lei n.º 37/2024, que propõe alterações à Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Município e ao Estatuto dos Procuradores do Município de Mossoró.  

Após análise inicial das questões levantadas pela Associação dos Procuradores Municipais do Rio Grande do Norte (APROMURN) e pela Comissão dos Aprovados no último concurso para o cargo de Procurador do Município, por meio de Ofício encaminhado neste dia 17 de dezembro de 2024, identificam-se possíveis inconstitucionalidades e violações de prerrogativas funcionais e normativas que exigem maior cautela e atenção.  

Essas alterações, além de impactarem diretamente a advocacia pública, podem comprometer a força técnica e a independência dos advogados que integram os quadros da Procuradoria Municipal, pilares fundamentais para o funcionamento ético e eficiente da administração pública.  

Em respeito à tripartição dos poderes e visando garantir a segurança jurídica, a OAB Mossoró manifesta sua preocupação com a tramitação acelerada do referido projeto, sem diálogo prévio com os diretamente interessados, incluindo os procuradores municipais e os advogados recém-aprovados no concurso público.  

Dessa forma, opinamos pela suspensão da votação do Projeto de Lei n.º 37/2024,com o objetivo de viabilizar uma análise técnica mais aprofundada, assegurando que as alterações legislativas sejam realizadas de forma democrática, constitucional e com pleno respeito às prerrogativas da advocacia pública.  

Reiteramos nosso compromisso com a defesa da advocacia e da sociedade, permanecendo atentos à evolução desse tema e à construção de soluções que preservem a autonomia e a independência técnica dos procuradores municipais.

OAB Subseccional de Mossoró – RN.

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Allyson quer colocar procuradores concursados sob fiscalização de comissionados indicados por ele

O prefeito Allyson Bezerra (UB) tem tido problemas com alguns procuradores do município concursados que estão questionando na Justiça os gastos excessivos com escritórios de advocacia particulares que poderiam fazer serviços que os servidores municipais são qualificados para isso.

Há casos sob investigação no Ministério Público a partir de denúncias feitas por procuradores.

Na última terça-feira, 10, Allyson enviou para a Câmara Municipal o Projeto de Lei Complementar nº 37/2024 que propõe a criação de um Conselho Superior composto unicamente por indicados do prefeito que ficaria liberado  até para nomear comissionados com o objetivo de julgar os procuradores no seu processo de estabilização e faltas funcionais.

Outro ponto controverso do projeto de Allyson é a inclusão de nomenclaturas de cargos declarados inconstitucionais pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte em duas Ações Diretas de Inconstitucionalidades  (ADIs) distintas.

O projeto também permite que analistas possam ser nomeados para o cargo de corregedor-geral e a distribuição e honorários que contrariam o Código de Processo Civil (CPC) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Em suma, o projeto de lei visa burlar a ADI n° 0811128.54.2020.8.20.000, já julgada pelo TJRN ,que declarou inconstitucional os cargos comissionados na chefia da procuradoria municipal”, afirmou um procurador ouvido pelo Blog do Barreto que pediu anonimato por temer represálias da gestão de Allyson Bezerra.

“Também, representa retrocesso na luta para o fortalecimento das instituições democráticas para uma construção de uma cidade mais justa e proba”, complementou.

Além disso, a fonte afirma que o projeto está na contramão do cenário nacional em que estados e municípios em todo o Brasil buscam fortalecer suas procuradorias e assegurar maior independência e autonomia técnica para a advocacia pública.

“A proposta também é vista como uma tentativa explícita de colocar ‘cabresto’ nos procuradores efetivos, comprometendo a autonomia e independência técnica do órgão responsável por fiscalizar a legalidade dos atos administrativos”, afirmou.

“A ampliação de poderes para diretores jurídicos comissionados e a exclusão dos procuradores efetivos de decisões estratégicas apontam para um controle político que pode fragilizar a atuação técnica da Procuradoria. Enquanto muitos municípios aprimoram suas estruturas jurídicas, Mossoró avança com uma proposta que pode limitar a independência da Procuradoria, comprometendo o interesse público e o cumprimento da Constituição”, acrescentou.

A proposição aparece em um cenário em desacertos da administração estão sendo revelados. Para abafar os problemas Allyson conta com o apoio de cargos estrategicamente eleitos pelo gestor.

Leia o PLCE 37-2024