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Sem vacinas ou medicamentos comprovadamente eficazes no enfrentamento ao coronavírus, o isolamento social é principal meio para impedir o avanço do Covid-19 e diminuir o número de mortes. É o que revelam também os modelos matemáticos, ferramentas usadas, sobretudo, ante a inexistência de testagem em massa.
Gráfico elaborado ontem, 7, pelo professor e pesquisador do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Dias do Nascimento, mostra números de casos confirmados do Covid-19 no Estado, projeções baseadas no atual índice de isolamento, e o cenário de inação, que poderia refletir uma situação ainda mais grave no RN, caso medidas de distanciamento social não fossem adotadas. O diagrama foi projetado para o boletim epidemiológico desta sexta-feira, 8.
De acordo com o professor, com o isolamento atual o Estado, que ontem havia confirmado 76 mortes por Covid, pode chegar a 88 ou 105 mortes até o dia 10 ou 15 deste mês, um dado entristecedor. Em um cenário de projeção de inação, conforme o diagrama, o número poderia ser superior a 20 mil, possibilidade ainda mais grave. Os números diminuem à medida que o isolamento aumenta.
A linha verde do gráfico à esquerda é baseada nos dados da Secretaria da Saúde Pública do RN (SESAP RN), que segundo boletim epidemiológico, tinha até ontem 1.739 casos confirmados do novo coronavírus. Já a linha azul do gráfico à direita mostra o número de mortes com confirmação da doença até ontem, 7, e as projeções que podem se confirmar na próxima semana, caso o índice de isolamento permaneça igual, como explica o professor.
De acordo com o pesquisador, o nível da subida da linha, que até agora não ocasionou o esgotamento do sistema de saúde, ocorre por causa dos decretos que estabelecem medidas restritivas.
Ele esclarece que dada a ausência de testagem em massa, não há como precisar a realidade da doença no Rio Grande do Norte. Nesse caso, os modelos matemáticos são a ferramenta para ajudar a analisar a situação.
Segundo ele, o avanço demonstrado no gráfico está dentro da subida esperada até a próxima semana e os dados ajudam informando o tempo necessário à preparação dos leitos.
De acordo com José Dias, é preciso prudência, pois a precisão dos números é maior para o período de até cinco dias à frente, por isso os dados são analisados constantemente.
Com relação ao cenário de inação, o professor esclarece que eles mostram uma projeção sobre o que poderia ter ocorrido, caso nada tivesse sido feito, mas afirma que esses números já foram deixados para trás.
O pesquisador comenta que o resguardo e a força coletiva da população do Rio Grande do Norte impediu a configuração das linhas catastróficas desenhadas nesse cenário de inação.
Até ontem, a realidade estava entre os 1.739 casos confirmados e os cerca de 92 mil casos possíveis em um cenário de inação, conforme o gráfico. O pesquisador afirma que o modelo matemático prevê uma realidade mais próxima à linha verde. Ainda de acordo com o cenário de projeção de inação no RN, se nada tivesse sido feito o Estado teria algo em torno de 20 mil mortes. José Dias argumenta que o fato dessa projeção não se concretizar é, em partes, porque uma parcela da população acredita que o perigo existe e está tomando as precauções.
Ele lembra que se o isolamento continuar como está a linha vai permanecer crescendo nesse padrão, se houver desrespeito ao isolamento o crescimento da linha aumenta e se mais pessoas aderirem ao isolamento ela baixa.
Apesar da situação ser menos grave do que a projeção do cenário de inação, o pesquisador comenta que a questão não está resolvida, que não se trata de uma ‘gripezinha’ e reforça que se o isolamento baixar a curva vai subir.