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Promotor que perseguiu policiais antifascistas está no grupo de trabalho do MP para conter golpistas no RN

Na semana passada o Ministério Público do Rio Grande do Norte instituiu um grupo de trabalho para monitorar as manifestações golpistas no Estado. O grupo formado por cinco promotores inclui Wendell Beetoven Ribeiro Agra.

Wendell Beetoven virou assunto nacional em 2020 quando reportagem do jornalista Rubens Valente do UOL revelou que ele tinha comandado um dossiê para investigar 23 profissionais de segurança pública que integram o grupo de policiais antifascistas.

A motivação foi o posicionamento do grupo contra as carreatas promovidas em Natal por bolsonaristas que protestavam contra o isolamento social, descumprindo, inclusive decreto em vigência naquela época, o que configura crime.

Na época o líder do grupo Pedro Chê anunciou que o grupo iria acompanhar as motivações e comunicar o ato criminoso as autoridades competentes. Isso foi o suficiente, para Beetoven enxergar a formação de um grupo paramilitar com motivação política.

Era um assunto de saúde pública no auge da pandemia da covid-19.

O promotor acionou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e passou a monitorar as redes sociais dos policiais do grupo. Foi produzido um relatório de 65 páginas ainda em 2020.

Em junho de 2021, outro promotor, Benilton de Lima Souza, pediu o arquivamento que foi confirmado em agosto daquele ano pela juíza Lena Rocha, da 10ª Vara Criminal de Natal.

Na época o promotor negou ter motivação política no caso. “O que o Ministério Público, enquanto órgão controlador da atividade policial, não pode aceitar é a falta de neutralidade político-partidária das polícias, senão a função policial passa a ser utilizada em prol de uma ideologia e para autopromoção de agentes públicos armados. Em outras palavras: cria-se uma polícia política. E isso não é democrático nem lícito. O policial, como pessoa física, fora do trabalho (sem exibir arma ou distintivo), pode ter e professar a ideologia política que quiser. Mas, no exercício da função, tem que agir com neutralidade e imparcialidade”.

Um dos aspectos dos atos golpistas iniciados desde a eleição do presidente Lula da Silva (PT) é a leniência dos militares, inclusive há casos de PMs no Rio Grande do Norte sendo omissos e até protegendo os bolsonaristas que foram para portas de quarteis pedir golpe de estado, um crime previsto no Código Penal, para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Beetoven é um simpatizante dos militares e já chegou a escrever um artigo condenando a proposta de desmilitarização da PM. Ele classificou a ideia como “um misto de desconhecimento e perda de tempo, quiçá, uma tentativa de desvalorizar essa centenária instituição” (leia AQUI).

Líder dos policiais antifascistas explica escolha como “temerária”

O líder do grupo policiais antifascistas, Pedro Chê, se disse surpreso com a escolha de Betooven para integrar um grupo de monitoramento de atos antidemocráticos. Ele classificou a escolha como “temerária”. “Ao saber da presença dele, confesso que embora eu procure sempre torcer pelo melhor, e que todos temos a capacidade rever nossas ações, mas olhando o passado recente, e o exercício obriga isso, entendo que é algo muito temerário, em nome da Defesa de uma liberdade que foi contrária aos interesses coletivos, do país e atentatória a vida de brasileiros, ele tomou algumas atitudes em benefício de ações que contribuíram para que alcançassemos mais de 700.000 brasileiros mortos, como assegurar a existência do que passou-se a chamar de ‘Carreatas da Morte’”, avaliou.

“Hoje vivemos um momento que guarda algumas semelhanças, que inclusive faz-se uso de uma ideia de liberdade deturpada, viciada, para atentar contra as instituições. Será que ele reviu suas ideias? Ficamos na torcida”, questiona.

Saiba mais sobre o assunto clicando nos links abaixo:

https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2020/08/04/policiais-antifascismo-rio-grande-do-norte.htm

https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2021/09/24/policia-arquivamento-policiais-antifascistas-dossie-rio-grande-do-norte.htm

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MPRN faz dossiê sobre grupo Policiais Antifascismo

Foto: Pedro Chê/Página do Facebook

O Ministério Público do Rio Grande do Norte elaborou um dossiê sobre o grupo Policiais Antifascismo. A informação foi dada em primeira mão pelo jornalista Rubens Valente do UOL.

Segundo a publicação o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECCO) fez um levantamento sobre a atuação de 20 policiais militares, dois policiais civis e um bombeiro militar.

O documento elaborado pelo promotor Wendell Beetoven Ribeiro Agra foi finalizado em 29 de abril deste ano com o título “relatório técnico de análise”.

Os profissionais de segurança tiveram as redes sociais devassadas além do acesso a dados pessoais como endereço e filiação. O objetivo era identificar se o grupo Policiais Antifascismo atuam como uma organização paramilitar ou milícia privada ou partidária.

“O relatório do Gaeco faz diversos ataques aos ‘policiais antifascismo’. Diz que o apoio que eles prestam ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em redes sociais, por exemplo, é ‘apologia de autor de crimes’”, diz a reportagem.

O promotor Wendell Beetoven Ribeiro Agra passou a investigar os policiais a partir do momento em que eles passaram a se posicionar contra ações dos bolsoristas potiguares contra o isolamento social logo no início da pandemia do novo coronavírus no país. Um dos fatos que incomodou foi a publicação de um vídeo no Youtube pelo policial civil Pedro “Chê” Paulo Chaves Mattos, um dos líderes do movimento (ver abaixo).

O Blog do Barreto fez contado com Pedro Chê que falou que irá responder nos espaços institucionais. “Isso é um abuso contra pais de família que não querem qualquer mudança institucional fora das leis. Somos contra milícias, grupos de extermínio e a favor do estado democrático de direito. Tem pessoas da área que fazem exatamente o contrário e exorbitam falas nas redes sociais, inclusive ameaçando o STF, e não vemos nada desse tipo”, avaliou.

Também fizemos contato com a Assessoria de Comunicação do Ministério Público que enviou uma declaração do promotor Wendell Beetoven já publicada na reportagem do UOL: “Mas o meu objetivo não é político. Nunca foi. O que o MP, enquanto órgão controlador da atividade policial, não pode aceitar é a falta de neutralidade político-partidária das polícias, senão a função policial passa a ser utilizada em prol de uma ideologia e para autopromoção de agentes públicos armados. Em outras palavras: cria-se uma polícia política. E isso  não é democrático nem lícito.

O policial, como pessoa física, fora do trabalho (sem exibir arma ou distintivo), pode ter e professar a ideologia política que quiser. Mas, no exercício da função, tem que agir com neutralidade e imparcialidade”.

Assessoria também enviou despachos que mostram as ações do promotor (confira abaixo):

117.2020.000071-Despacho-2020-0000149209

117.2020.000071-Despacho-2020-0000131374

Lei a reportagem completa AQUI.