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Curandeirismo energético de Bolsonaro adoece o Brasil

Por Jean Paul Prates*

Estamos prestes a ver empossado o quarto presidente da Petrobras em apenas dois anos. Sob o governo Bolsonaro, nossa maior estatal corre o risco de ter que instalar uma porta giratória em sua sede no Rio de Janeiro, para dar conta da rotatividade.

O curandeirismo energético abraçado por Bolsonaro, Paulo Guedes e sua turma não consegue — nem poderia — frear a alta dos preços dos combustíveis, nem estancar a hemorragia econômica e social decorrente do descalabro.

Mas eles insistem: vale qualquer band-aid, desde que não se mexa na causa real dos problemas. Porque aí seria desfiar o tabu do lucro para meia dúzia acima de todos.

Instalar uma CPI da Petrobras, trocar o presidente da estatal, asfixiar a arrecadação do ICMS dos estados — aquele dinheiro que banca as políticas de saúde, educação e segurança pública—, distribuir pix para tentar aplacar caminhoneiros indignados são medidas que têm o mesmo valor terapêutico do tratamento de Covid-19 com cloroquina.

O negacionismo frente ao coronavírus foi o grande responsável pela morte de 700 mil dos nossos compatriotas. O charlatanismo no enfrentamento à crise dos combustíveis é igualmente letal: a economia inerte já responde por 33 milhões de famintos e vai faltar dinheiro para cuidar da saúde e da segurança das pessoas.

O maior problema da Petrobras, por exemplo, não é quem ocupa a cadeira de presidente da empresa, mas de quem ocupa o posto de presidente da República e tem a prerrogativa de encarnar o papel de seu maior acionista, representando o povo.

Os donos da maioria das ações da Petrobras são os brasileiros e as brasileiras — inclusive os que agora abanam gravetos para fazer fogo e esquentar a sopa rala, pois já não podem pagar pelo botijão de gás. Cabe a quem ocupa o Palácio do Planalto, portanto, decidir os rumos da empresa e das políticas que ela implementa, representando o interesse de seus acionistas majoritários.

Bolsonaro, naturalmente, não sabe o que isso significa. Promove o tumulto para fingir que está agindo. Põe a culpa dos imparáveis aumentos dos combustíveis nos governadores, na guerra da Ucrânia e na direção da empresa. Espelho, que é bom, ele não tem.

A crise dos combustíveis tem uma causa principal: PPI (paridade de preços de importação). A prestidigitação que faz o petróleo brasileiro — extraído aqui, com custos em real — ser cotado no mesmo valor do mercado internacional. É como se tivéssemos que pagar pela banana o mesmo preço cobrado em uma feira livre em Londres.

É a PPI que faz com que o preço base varie em dólar e em tempo real, de acordo com a cotação internacional, para 100% dos volumes de derivados e combustíveis, portanto, de petróleo que o país consome. É um descalabro, se considerarmos que o Brasil é autossuficiente em petróleo e que produz cerca de 80% dos derivados aqui.

A PPI só é boa para os acionistas minoritários da Petrobras, que receberam 100% dos lucros da empresa referentes a 2021 e ao primeiro semestre de 2022. Lucro esse assegurado pela escorcha no preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

Na semana passada, o Congresso Nacional aprovou um dos já recorrentes placebos para tratar da crise dos combustíveis. O teto para a cobrança do ICMS forçado aos estados estrangula esses entes federados na sua capacidade de prover educação, saúde, assistência social, segurança pública e outras políticas essenciais. É uma navalhada de R$ 90 bilhões nos cofres dos estados.

A justificativa é que isso resultaria numa diminuição de R$ 2 no preço do litro da gasolina.

Dias depois, a Petrobras anunciou um aumento de até 15% nos combustíveis. Para completar, Bolsonaro jogou sal na ferida e vetou todos os dispositivos colocados na lei por meio de emendas que garantiam que os recursos para saúde, educação e o Fundeb não seria afetado.

Não se trata hemorragia com panos quentes. A crise dos combustíveis é sintoma de uma doença que está exaurindo as forças do Brasil. As urnas hão de extirpar esse tumor. Faltam 100 dias, força, Brasil.

*É senador pelo PT/RN.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

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Jean Paul afirma que nova alta dos combustíveis comprova que mexer no ICMS não resolve o problema

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) comentou nesta sexta-feira (17) o novo reajuste no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras. “No dia em que o presidente visita Natal, a Petrobras anuncia mais um aumento de combustíveis. Um presente de grego que ele entrega pessoalmente aos potiguares”, declarou.

“Recebemos o anúncio da Petrobras com tristeza, por saber que o médico que deveria estar ajudando o povo brasileiro na verdade está sendo forçado a agravar a doença. É a confirmação do que dissemos durante a tramitação do PLP 18/2022: não adianta cortar orçamento dos estados, o impacto sobre os combustíveis é incerto, mas o prejuízo às políticas públicas é garantido”, complementou Jean.

O Projeto de Lei Complementar 18 de 2022 (PLP 18/2022) a que se refere o parlamentar é o que foi proposto pelo Governo Federal e aprovado no Congresso, e pretende limitar a incidência do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre os combustíveis. A justificativa é de que a medida diminuiria os preços pagos pelos consumidores. Mas a medida reduz os repasses aos estados e pode prejudicar os serviços públicos, como saúde e educação.

Além disso, o senador Jean alerta que, no primeiro aumento nos preços, como o anunciado nesta sexta (17), a redução provocada pelo corte de ICMS seria anulada. “Enfatizamos diversas vezes que no primeiro reajuste da Petrobras o eventual impacto dos tributos sobre o preço iria para o ralo, levando consigo os gastos de educação e saúde dos estados. Ou seja, a população ficaria duplamente contrariada. Não deveria ser surpresa para ninguém”, corroborou o senador.

O problema, segundo ele, é o chamado PPI – Preço de Paridade de Importação – método atualmente utilizado pela Petrobras. “Seguir a cartilha do PPI implica  acompanhar o preço internacional, acrescido de custos próprios a importadores, por mais extraordinário que ele esteja. O governo já estava intervindo para segurar o preço da Petrobras artificialmente, e isso todo mundo sabe. Mas a Petrobras hoje existe só para dar lucro, e foi cobrada pelos acionistas a cumprir o papel prometido”, explicou o parlamentar do Rio Grande do Norte.

O senador Jean aponta para a contradição do Governo Federal em atacar a alta dos preços sem arrumar uma solução definitiva e eficaz para a situação. “Enquanto isso, os líderes do governo Bolsonaro choram lágrimas de crocodilo. A verdade é que eles estão presos dentro de suas próprias contradições. Não aceitam as consequências das suas próprias escolhas políticas. O mesmo vale para o teto de gastos, que eles tanto defendem, ao mesmo tempo que não o respeitam quando o cenário eleitoral os acossa”, criticou.

Jean defende que o caminho para equacionar esse problema não é o que vem sendo adotado pelo governo. “Como dissemos no debate do PLP 18/2022, não é assim que se faz reforma tributária, e não é assim que lida com a economia: esse governo está completamente perdido e a cada dia mais desesperado diante do naufrágio de suas pretensões eleitorais. O Partido dos Trabalhadores apoia a redução da tributação indireta, e defende uma recomposição de responsabilidades no pacto federativo, ajustando seu financiamento de acordo. Infelizmente, esse governo é um show de horrores, empenhando nosso futuro para financiar suas motivações eleitorais de curto prazo. O Brasil é maior que Bolsonaro”, disse.

CPI

Em meio à crise dos combustíveis, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) disse que pretende abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a Petrobras. O discurso foi endossado pelo presidente Jair Bolsonaro durante entrevista em Natal.

Jean afirmou ser uma boa proposta e disse que será o primeiro a assinar o pedido de abertura de CPI. “É uma ótima ideia. Vamos investigar para onde foram os ganhos bilionários da Petrobras. Se o presidente da Câmara não propuser a abertura, nós o faremos”, adiantou Jean.

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Diretor da FUP explica que alta da gasolina passa por venda da BR Distribuidora

O Diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) Pedro Lúcio Góis explicou que a alta dos preços dos combustíveis passa pela privatização da BR Distribuidora em 2019.

“Você sabia que a BR Distribuidora não é mais da Petrobrás, apesar de ainda usar a marca BR? O controle da distribuidora foi privatizado para a Vibra em 2019 por pouco mais de R$ 8 bilhões. O faturamento de 2021 foi de mais de R$ 130 bilhões, com a gasolina mais cara do país”, postou no Twitter.

Segundo levantamento do Portal R7 os postos BR vendem a gasolina aditivada a R$ 8,999 e a comum por R$ 8,599.

A BR Distribuidora tem a liderança no mercado brasileiro, o sétimo do mundo em consumo de combustíveis.

Saiba mais AQUI.