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Conferência discute medidas de enfrentamento ao racismo e outras formas de discriminação

Com o objetivo de promover debate, reflexões e o encaminhamento de medidas de enfrentamento ao racismo e outras formas de discriminação étnico-racial, étnico-cultural e de intolerância religiosa, a governadora Fátima Bezerra abriu oficialmente, nesta quarta-feira (7), os debates e discussões da V Conferência de Promoção da Igualdade Social (V Conepir). Coordenada pela Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (Semjidh), a conferência acontece no Hotel Praiamar, em Ponta Negra, e segue até a quinta-feira (8).

“Quero prestar nosso reconhecimento pelo papel importante que a sociedade civil tem, aqui representada por vocês, para que possamos dar novos passos, inclusive com a realização desta conferência. Este espaço merece todo o respeito”, saudou a governadora Fátima aos participantes presentes na abertura da V Conepir, que contou com representantes dos povos indígenas, povos de matrizes africanas, ameríndias, ciganos e população negra.

A governadora destacou o papel desempenhado por espaços de discussão como a Conepir na construção de políticas públicas em favor da sociedade. “É importante que vários segmentos tenham a sua voz e para que, juntos, possamos construir as convergências necessárias, nessa pauta tão urgente, que é a construção de direitos”, afirmou.

Ainda durante a solenidade, Fátima Bezerra apontou a importância de outras áreas de governo, como segurança, educação e saúde, que também devem chegar aos cantos mais remotos do Rio Grande do Norte, beneficiando a todos os potiguares. Nesta perspectiva, a chefe do executivo estadual noticiou a construção de 10 novas escolas estaduais para 2023, através do Projeto Nova Escola Potiguar. “Serão construídas cinco escolas no campo. Destas cinco, duas serão voltadas para a educação indígena, duas para a educação do campo e uma para a educação quilombola”, explicou.

Sobre a segurança, Fátima Bezerra destacou a criação do Departamento de Proteção a Grupos em Situação de Vulnerabilidade (DPGV) na Polícia Civil. O novo Órgão vai oferecer acolhimento, qualificar o atendimento e integrar as políticas públicas de proteção dos grupos em situação de vulnerabilidade.

A lei que cria o Departamento foi aprovada em julho passado e, entre suas atribuições, o DPGV exercerá atividades de polícia judiciária e de investigação criminal relacionadas às infrações penais em que mulheres, pessoas idosas, crianças, adolescentes e pessoas com deficiência figurem como vítimas, bem como às infrações penais resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional ou orientação sexual. “no RN a tolerância é zero contra o racismo e contra a violência”, atestou a governadora.

Tendo como tema central o enfrentamento ao racismo e as outras formas correlatas de discriminação étnico-racial e de intolerância religiosa, a secretária de estado da Semjidh, Maria Luíza Tonelli, destacou a importância dos trabalhos da V Conepir. “As conferências de políticas públicas, são espaços amplos e democráticos de discussão, reflexão e articulação coletiva em torno de propostas estratégicas”, disse.

Entre outros pontos, a Conferência ainda visa fortalecer as ações relacionadas à promoção da igualdade de oportunidades para a população negra, mulheres negras, juventude negra, comunidades tradicionais, bem como demais segmentos étnico-raciais e étnico-culturais.

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Por que os protestos esfriam?

Quem era João Beto, o negro assassinado por seguranças no Carrefour

Por Leonardo Torres*

Recentemente, a população brasileira indignou-se com o assassinato de João Alberto Silveira Freitas por seguranças em uma unidade da rede Carrefour. Esta indignação comoveu a população não somente de maneira racional, mas também emocional, o que levou a protestos por todo o Brasil.

Se pudéssemos escolher algumas características da sociedade atual, com certeza uma delas seria a vontade de romper com alguns paradigmas preconceituosos. A legitimidade das manifestações antirracistas que ocorrem pelo mundo é de extrema importância para essa virada de chave, mas ainda falta sustentarmos esse movimento.

Essa comoção coletiva se dá graças à capacidade do ser humano em contagiar e ser contagiado pelas emoções. Por exemplo: em um grupo de amigos, é normal todos sentirem fome e sono juntos. A risada de um causa risadas em outros. Ou então, uma ânsia de vômito pode fazer outros vomitarem também. Essa capacidade é um dos fatores de sobrevivência para animais que são gregários.

No caso do ocorrido no Carrefour, o contágio psíquico se deu pela indignação e raiva, gerando revolta como um todo. Felizmente, este contágio gerou algo criativo, em prol de um bem social e antirracista.

A grande questão é que, na maioria das vezes, esta comoção coletiva vem acompanhada de uma catarse, isto é, uma tentativa de expurgar o incômodo; não à toa, houve depredação de algumas unidades do Carrefour. E uma vez atingida a catarse, a normalidade tende a voltar.

É neste ponto que os protestos perdem força e os preconceitos se enrijecem novamente. É necessário colocar não somente o emocional, mas o racional e a consciência em prol desse movimento, a fim de sustentar a voz da equidade humana.

*É psicoterapeuta junguiano e palestrante.

Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.