O fato mais marcante da disputa eleitoral mossoroense foi a briga de comadres (no sentindo literal do termo) envolvendo as primeiras damas Juliane Faria (que também é secretária de estado) e Amélia Ciarlini (que foi secretária municipal) numa troca de lamúrias nas redes sociais.
Amélia não contou nenhuma mentira quando lamentou a ingratidão do governador Robinson Faria (PSD) que até aqui não “chegou junto” na campanha de Francisco José Junior (PSD), que tenta quixotescamente a reeleição. Tudo que ela disse no desabafo é a mais pura verdade.
O que ela não disse e ninguém ainda compreendeu é que o prefeito nunca foi 100% fiel nesses 11 anos de aliança com Robinson. Na campanha de 2006, Robinson apoiava Wilma de Faria (PSB), mas os “Franciscos” (pai e filho) abriram dissidência para apoiar Rosalba Ciarlini (então no PFL, atual DEM) para o Senado e Garibaldi Filho (PMDB) para o governo. Depois todo mundo se entendeu não sem antes, Francisco José Junior passar um curto período na base de apoio da então prefeita Fafá Rosado.
É bem verdade que quando Robinson se tornou vice dissidente de Rosalba em 2011, Francisco José Junior (então presidente da Câmara), seguiu o líder. Pelo menos do ponto de vista moral. Porque é bem verdade que a mãe de “Francisco” manteve-se no comando do Hospital Regional Rafael Fernandes até o final da gestão rosalbista. O próprio Robinson já chegou a dizer que só Jório Nogueira (atual presidente da Câmara Municipal) andava com ele em Mossoró num tempo em que o atual governador era motivo de chacota no segundo maior colégio eleitoral da cidade.
Por sua vez, Juliane Faria falou a verdade quando disse que o prefeito detém o controle de todos os cargos comissionados em Mossoró. Isso é indiscutível. Inclusive ele indicou Mairton França para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Por outro lado, Juliane omitiu e ignorou um dos apelos de Amélia: a questão da saúde. A primeira dama mossoroense tem razão quando reclama da falta de apoio da gestão estadual. Juliane levou a questão para o compadrio. Nisso, “Francisco” não pode reclamar. Administrativamente, sim.
A Prefeitura de Mossoró assumiu responsabilidades na alta e média complexidade que deveriam ser do Estado. Por isso, os 32% do orçamento destinados à saúde não são suficientes para cumprir as demandas obrigatórias para o município.
O Governo do Estado também praticamente deixou nas mãos do município a responsabilidade com a segurança. Juliane também omitiu.
Como toda briga de comadres faltou autocrítica entre as duas partes. Tanto uma como a outra só viu… o lado do marido.