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Um filme de Mossoró

Foto: Secom/PMM

Por Wigna Ribeiro*

Mossoró é conhecida por seu forte potencial cultural, que, na verdade, foi inventado através de uma falsa ilusão de que nós, artistas, somos há anos respeitados (pelo que criamos, produzimos, construímos e fazemos, com muito esforço) por aqui.

Quando na realidade, (do outro lado da moeda), cronologicamente o que sempre aconteceu com a nossa arte foi ser tratada como evento pontual e explorado pelo lucro pelo Poder Público. Aqui, na “capital da cultura” é só pão e circo para o nosso povo e classe.

Dizer que “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia” HOJE é buscar uma precipitação que nem sequer chegou através de promessas em épocas de campanha. Arte não foi prioridade nem nos discursos de palanques. Mesmo assim, não esqueçamos de cobrar e bater na tecla sempre que necessário.

Venho aqui hoje ressaltar que quando falo de Arte, em Mossoró não existem somente grupos de teatro, dança e música, artistas plásticos, poetisas e poetas. Engatinhando por sua resistência, o setor audiovisual tenta caminhar com as próprias pernas há um tempão.  Existimos, resistimos e levamos o nome de Mossoró para onde vamos.

Em tempos tão difíceis, não falando apenas da pandemia e crise sanitária mundial, especialmente, no território brasileiro, foi o audiovisual, em todas as performances através da sétima arte, que fomentou e tem sustentado os demais setores culturais, uniu todas as artes e conseguiu levar um pouco de entretenimento para quem estava trancado dentro de casa.

Eis que na cidade, pela primeira vez foi decidido que para o ano atual, seria feito um filme sobre um de seus fatos históricos, a invasão do bando do cangaceiro Lampião à Mossoró. Filme este que já veio com proposta pronta e sem abertura para diálogo oficial NENHUM com profissionais que fazem e fomentam, de fato, do audiovisual daqui. Uma contradição interessante, já que um dos argumentos centrais para tal realização do projeto seria a importância e valorização do artista da terra. Meus anos na trajetória audiovisual não contaram então, não fui sequer convidada para dialogar sobre formatos. Mesmo sendo eu, artista e militante do setor há basicamente uma década. O reconhecimento vem mais de fora do que de dentro, ao que parece.

Não é demérito jamais, louvo a garra dos colegas da Cultura que deram a cara à tapa. O que implica-se dizer então que artista da terra se conta somente os de teatro, dança e música? Falo no sentido de que o filme foi dirigido, dialogado e feito por esses setores. A parte técnica, importada, como se em Mossoró também não houvessem profissionais bons o suficiente. Coisa lá dos anos 90, lembra?

Acorda, prefeito!

A falta de gente (profissionais capacitados) do setor é refletida de forma direta na produção que mesmo com a promessa de ser um filme de Mossoró, nos entrega somente a transcrição do espetáculo do adro sem tirar nem pôr elementos. Numa montagem apressada (talvez pela falta de tempo) e muitas vezes brusca, somos levados mais ao palco do que para sala de cinema. Nem texto, nem narrativa foram mexidos (talvez proposta).

No mais, reforço o talento dos artistas de Mossoró que vão lá e sempre fazem independente de qualquer coisa. Parabenizo os colegas envolvidos que deram o seu melhor. Deixo nítido meu descontentamento com a falta de diálogo da prefeitura que, nesse projeto, invisibilizou o nosso setor. Estamos aqui.

Pelo fim da Cultura de Evento, por Auxílio Emergencial já!

Eles passarão! Nós passarinho!

*É cineasta totalmente mossoroense.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

 

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Filme do Chuva de Bala estreia nesta quarta-feira

Filme vai substituir encenação teatral

A bravura dos mossoroenses liderados pelo prefeito Rodolfo Fernandes na batalha da resistência ao Bando de Lampião será contada no filme Chuva de Bala no País de Mossoró. O filme estreia na noite desta quarta-feira (23), véspera do Dia de São João, no canal oficial da Prefeitura de Mossoró no YouTube. O Chuva de Bala é uma das iniciativas culturais da Prefeitura de Mossoró por meio da Secretaria Municipal de Cultura para valorizar a cultura mossoroense, gerando renda para artistas e profissionais envolvidos na produção e integra a programação do Mossoró Cidade Junina 2021 Virtual.

Nas últimas décadas, o espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró foi encenado em um cenário de teatro montado ao ar livre no adro da Igreja de São Vicente. Em 2020, o espetáculo não foi realizado devido à pandemia da Covid-19, mas, neste ano, a Prefeitura de Mossoró retomou o Chuva de Bala em formato de cinema. Pela primeira vez a história de resistência de Mossoró será contada em um filme.

Contar na pandemia a batalha dos mossoroenses contra o Bando de Lampião, ocorrida em 1927, sem perder essência do grandioso espetáculo teatral foi um dos desafios. O Chuva de Bala no País de Mossoró precisou se reinventar, unindo elementos da música, dança e do próprio teatro para contar resistência de Mossoró a invasão de Lampião e seus cangaceiros na narrativa cinematográfica. O filme foi gravado durante a pandemia e cumprindo com todas as medidas de distanciamento social para preservar a saúde dos artistas e profissionais envolvidos no projeto.

“O filme traz e nos conta, fazendo uma intercalação entre teatro e cinema, a história da resistência de Mossoró ao Bando de Lampião. A gente continua fazendo um trabalho que resgata história do município de Mossoró, quanto a questão da resistência, fazendo com que a gente reviva essa possibilidade do teatro presencial a partir das telas de transmissões com a ideia do cinema. Para história da gestão municipal de Mossoró muito significativo porque é a primeira vez que está sendo trabalhado como filme e temos a expectativa que o filme ficará para história com certeza. Com possibilidade de concorrer a festivais e eventos, evidenciando Mossoró como uma cidade mais uma vez que está à frente do seu tempo. Nesse contexto de pandemia, a gente se reinventa no processo realização do Chuva de Bala como um filme”, destacou o secretário municipal de Cultura Etevaldo Almeida.

Segundo o diretor Marcos Leonardo, o maior desafio foi transformar o espetáculo teatral em filme, mas mantendo a identidade do teatro no Chuva de Bala. “Nosso maior desafio foi a gente tentar desapegar do teatro e começar a pensar cinema. Mesmo assim a gente quis deixar impresso a coisa que a gente mais ama que o teatro. Você não vai um filme literalmente, você vai ver um espetáculo de teatro gravado em um filme. Acho que a gente fez lindamente, acho que a sociedade mossoroense vai ficar orgulhosa dos artistas que ela tem. Vamos esperar agora a estreia, esperar os aplausos que isso que a gente quer”, contou o diretor do Chuva de Bala.

Mesmo se tratado de uma história de época, o público verá elementos da atualidade durante as cenas do filme. “A possibilidade de se resgatar a história, mas, sobretudo, em tempos de pandemia encontrar essa possibilidade de estar apresentando o filme com toda preocupação e respeito à vida, porque a gente faz um trabalho no filme também com uso de máscara, orientação do uso de álcool em gel e com a questão do distanciamento. Esse filme vem para ficar para história uma vez que nós temos a preocupação que além de está trabalhando como os artistas, tomando como referência os cachês que são pagos também para os atores, bailarinos e os músicos, evidência o quanto Mossoró tem história para ser contada e inovando nesse contexto de se trabalhar o Chuva de Bala como um filme”, disse o secretário de Cultura.

Mais de 100 pessoas participaram do Chuva de Bala, dentre eles 72 artistas de 16 grupos e outros artistas independentes envolvidos diretamente no filme, entre bailarinos, atores, atrizes e músicos. O resultado desse trabalho será exibido pela primeira vez no filme a partir das 20h15 desta quarta-feira, no canal da Prefeitura de Mossoró no YouTube (https://www.youtube.com/prefeiturademossorooficial). Logo depois, haverá shows de artistas da terra nos Polos Cidadela e Estação das Artes. As apresentações serão transmitidas também virtualmente em live diretamente dos palcos dos teatros Municipal Dix-Huit e Lauro Monte.

Texto e fotos: Secom/PMM