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Discurso de Fátima confirma aposta em governo de união

Fátima discursa na posse em defesa da união (Foto: Pedro Vitorino)

A governadora Fátima Bezerra (PT) ao tomar posse seguiu o manual de quem se propõe a ser um estadista: se mostrou disposta a governar para todos.

Li atentamente o texto e percebi um discurso simples, enxuto e objetivo. A nova governadora não fez rodeios nem floreou a realidade. Ela sabe que vem uma carreta de problemas pela frente e não se fez de vítima deixando claro que ao se candidatar tinha noção do desafio.

Ao agir assim ela sepulta o discurso do retrovisor que ajudou a implodir a popularidade de Rosalba Ciarlini já no primeiro ano de Governo. Não usar o discurso do retrovisor não é garantia de popularidade, Robinson Faria não fez uso dele e não escapou de ser avaliado negativamente pela população.

Fátima tem pela frente a chance de fazer história ao assumir o Estado numa situação fiscal desoladora. Se fizer um governo mediano já terá feito muito porque a referência de seus dois últimos antecessores é muito negativa.

No discurso, Fátima deixou em evidência a ciência dessa responsabilidade ao dizer que vai explicar com transparência a realidade do Estado, mas admitindo que sua missão é resolver o problema.

A governadora não pode ser o inverso dos antecessores que pouparam poderes e iniciativa privada e puniram servidores. Fátima é consciente que o momento exige sacrifício e sua biografia não lhe permite tirar direitos dos servidores, mas ao construir uma pactuação que já retirou 10% dos orçamentos dos poderes e a negociação com a classe empresarial para rever o PROAD lhe dará condições política de mexer com os sofridos barnabés.

Sobre a segurança, Fátima não anunciou que fará a melhor gestão da história nessa área como fez Robinson há quatro anos. Ao não se comprometer com metas ousadas ela abre uma carta de segurança para que qualquer redução dos índices de violência seja vista como êxito.

Com o discurso de posse, Fátima deixou uma carta de boas intenções ao se propor um governo de união entre poderes, trabalhadores e empresários. Ela escolheu, sim, um bom caminho para tirar o Rio Grande do Norte do buraco fiscal.

Se vai dar certo só o tempo dirá.