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O estado brasileiro não foi mãe do Paulo Gustavo, da Dona Hermínia

Dona Hermínia, personagem eternizada por Paulo Gustavo (Foto: Globo/LP Simonetti)

Por Tales Augusto*

Assim como uma mãe, ele nos fazia sorrir, gargalhar, dava carão e as vezes descia uma lágrima no canto do olho com suas angústias, fazia com que o cotidiano ganhasse nas telas de cinema vida e cara, todas as mães se sentiam representadas. E sabemos que não há um filho que não sinta a dor da mãe, mais ainda quando elas partem precocemente ou por motivos que poderiam ser evitados.

Paulo Gustavo acabou sendo um pouco mãe de todos nós, Dona Hermínia incorporou todas as mães do Brasil, quiçá do mundo. Mãe que ama os filhos independente de tudo e todos, que acabava os aceitando e os acolhendo, defendendo suas escolhas, quebrando preconceitos. Seja o filho ou filha gay, lésbica, trans… não há mãe que não fique feliz com a felicidade do filho. Ser mãe é transferir sua felicidade para o filho.

A dor para (quase) todos no Brasil, deve ser por Paulo Gustavo ser Iluminado, que nos fez lotar cinemas, abraçar uma família que não era nossa originalmente e acabamos como irmãos, parentes, filhos de Dona Hermínia. Acabamos sendo parte de uma família que predominava o Amor, era só Amor.

E Amor transborda, de tal forma que queremos que ele multiplique e assim foi ao casar com meu xará o médico Thales Bretas. Mas não satisfeitos, o Amor sendo dia a dia maior, a família aumentou e vieram os Gael e Romeu. Filhos gerados em barrigas de aluguel, mas dois homens criarem filhos? O amor não tem identificação, o amor é o Amor.
E assim como muitos Paulos, Hermínias, o Paulo Gustavo foi embora fisicamente, mais uma vítima da Covid-19. Doença que já matou mais de 400.000 brasileiros. Doença que já tem vacina, que foi oferecida ao governo brasileiro 11 vezes e foi ignorada, o Estado brasileiro que negligenciou seu papel, não conseguiu ser uma mãe, mas por Lei deveria. O Estado brasileiro, mais diretamente o presidente da República, não chegou a tempo (ou não quis, visto que havia vacina a ser comprada) para Paulo Gustavo e tantos outros brasileiros.

Mãe quando o filho está estranho ou pode passar por problemas toma atitudes. Se sabe que está com febre, cuida. Se há uma epidemia ou até Pandemia, a mãe o protege, por vezes nem o deixar ir à escola, sair de casa, o isolamento social é uma escolha quase que instantânea. Inclusive não o deixa ir para a escola se tiver a opção do ensino remoto.

E já imaginaram esta mãe protetora sabendo que há uma vacina para proteger seu filho? Que ele pode ter maior proteção, até adoecer, mas não ir embora tão cedo?

Nosso Estado não foi mãe, não serei injusto o chamando de madrasta, conheço madrastas mães amorosas. O Estado brasileiro, abandonou seus filhos, suas filhas, o Estado brasileiro podia ter evitado as mais de 400.000 mortes, ele não comprou vacina quando deveria, negligenciou suas obrigações enquanto mãe, viu seus filhos morrendo, sofrendo. Nenhuma mãe de verdade quer e aceita um filho sofrendo. Minhas duas mães perderam filhos e nunca mais foram as mesmas (a biológica e a adotiva).

O filho pode ter mais de 100 anos, queremos que ele viva mais, 120, 130 anos ou mais. Mãe não quer que filhos com comorbidades sofram, venham se expor a perigos. Mãe ajuda o filho independente de tudo e todos, o filho não podendo trabalhar, ela o ajuda financeiramente com o máximo que puder, ela não quer o expor a dor, ao perigo, ela se sacrifica para que ele não sobreviva apenas, mas viva.

E que ironia, também tenho 42 anos, a mesma idade deste gênio que foi precocemente. Costumo dizer que a morte só existe diante do esquecimento, ele jamais será esquecido. Somos a ti Paulo Gustavo, gratos eternamente e a toda sua família, mãe, esposo, filhos e parentes, espero que Deus. Deus esse que os que acreditam também o veem como mãe, que Ele console a todos.
E que este mesmo Deus, não deixe impune mais uma vítima entre as mais de 400.000 que se foram. Há quem diga, “mas muitos iriam morrer de qualquer forma…” Só esquecem de dizer que poderíamos ter menos mortos, de quem é a culpa? De uma mãe que não cumpriu e não cumpre com suas obrigações, o Estado brasileiro e mais precisamente, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.

*É professor e mestrando em Ciências Sociais e Humanas/UERN.

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Dia das mães: pesquisa da Fecomércio mostra que 53,3% dos mossoroenses pretendem comprar presentes

Pesquisa de intenção de compra realizada pela Fecomércio apontou que em Mossoró 53,3% dos consumidores planejam ir às compras neste Dia das Mães. Por outro lado, 46,7% não devem manter a tradição, afirmando que não pretendem presentear nesta data comemorativa, por falta de dinheiro (40,2%), poupar (15%), desemprego (13,2%) e dívidas ou contas em atraso (11,1%).

A intenção de consumo em Mossoró é maior entre os homens (57,1%), com pessoas de faixa etária de 18 a 24 anos (77,4%); com nível superior ou pós-graduação (64,7%) e renda familiar acima de 10 salários (76,9%).

Os itens mais procurados na capital do Oeste serão os de vestuário (27,3%), perfumes e cosméticos (21,7%), depois vêm os eletrodomésticos (11,6%), calçados e bolsas (11,2%), celulares e eletrônicos (5,2%). A pesquisa apontou que a maioria dos mossoroenses (56,9%) comprará apenas um presente neste Dia das Mães; os que irão adquirir dois produtos são 33,7% e quem vai comprar três ou mais itens somam 9,4%.

Aquelas que mais deverão ser homenageadas com presentes neste dia serão as mães (88,4%), depois aparecem as esposas (19,9%), as sogras (9%), e inclusive as mães que vão presentear a si mesmas (6%). Depois as avós (4,9%), irmãs (3,7%) e filhas (2,6%).

Como atrativos para escolha dos presentes, os mossoroenses indicaram as ofertas e promoções (65,8%), em seguida listaram também a marca do produto (22,6%), formas de pagamento (4,1%).

Em relação aos gastos, 44,6% querem gastar até R$ 100,00 e 31,8% dos consumidores pretendem gastar entre R$ 101,00 e R$ 200,00. Em média, o gasto médio dos mossoroenses neste Dia das Mães deve ficar em torno de R$ 112,08. Na análise do tíquete médio, os homens (R$ 119,96) revelam uma disposição a pagar preços mais elevados e a efetivar um total de gastos maior que as mulheres (R$ 104,71).

Os consumidores mossoroenses que tenderão a gastar mais são aqueles que realização a compra pela internet (R$ 135,80), assim como os que compram em shoppings (R$ 113,08). Quem vai comprar no comércio de rua de Mossoró vai desembolsar uma média de R$ 105,71.

Mas até efetivar a compra, 67,9% dos consumidores do município do Oeste vão pesquisar o valor dos presentes de diversas formas antes de finalizar sua compra. Além disso, 50,6% dos consumidores mossoroenses pretendem realizar suas compras utilizando o cartão de crédito, dentre esses, 40,4% vão parcelar o presente de Dia das Mães e 10,1% pretendem pagar no vencimento do cartão.  Os consumidores que pretendem pagar à vista o valor de suas compras somam 46,1%, sendo que 37,8% em dinheiro e 8,2% usando o cartão de débito.

Em Mossoró, as lojas do comércio de rua serão as mais procuradas, de acordo com 48,3% dos entrevistados; os que vão comprar em shopping centers somam 24,7% e 16,7% devem comprar o presente pela internet.  O que irá garantir o local de compra, na visão do mossoroense, é o nível de preço, citado por 46,8%, variedade (18%), qualidade dos produtos (9,4%), localização (6,4%), bom atendimento (5,6%).

Sobre as comemorações com as mães, diante de um contexto ainda de isolamento social, a maioria (57,1%) disse que não irá realizar nenhum evento especial este ano. Dos que revelaram que vão celebrar de alguma forma o dia: 25,5% dos entrevistados vão proporcionar um almoço ou jantar em casa e 14,2% almoçarão e/ou jantarão na casa de familiares. Outros 1,2% irão almoçar e/ou jantar em algum restaurante, 0,4% irão viajar e 1,2% outros tipos de comemorações.

Com informações da Fecomércio

 

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Entrevista

O verdadeiro sentido de ser mãe

Por Thiago Fernando de Queiroz*

Chega um determinado momento na vida de algumas mulheres que o sentimento de ser mãe se aflora, esse sentimento inexplicável surge como uma mágica do viver, e, como tudo aquilo que é inexplicável nessa vida, ao descobrir que se está grávida, a primeira reação é, colocar a mão na barriga e começar a sonhar. Os pensamentos nesse momento vêm na mente e diversas perguntas são feitas como se estivesse perguntando a si mesma.

Como será seu rostinho? Sua mãozinha? Seu cheirinho? Seu primeiro sorrisinho? Qual será sua primeira palavrinha quando começar a falar? Com quantos meses começará a andar? Como será o seu dormir e o seu levantar? Como será seu futuro? Nossa, são tantas as perguntas e sonhos, que como o conto de uma história, o que espera é um final feliz.

No momento ao descobrir a gestação, não se dorme do mesmo jeito, o sentimento de proteção surge, uma leoa ruge a quem tentar dizer ao contrário a seu filho que está sendo gerado, e, como uma flor linda que exala perfumes marcantes, ela quer ser apreciada, cuidada e amada pelos os que cercam.

Então, como ponteiros de relógio que passam rapidamente, o dia chega, momentos de preocupações vem à mente, dores e medos são presentes, mas, quando ele ou ela nasce, as dores somem rapidamente, e, o que se mais quer é seu sonho esteja em seus braços. A partir daí um desejo enorme mais forte que o normal flui ao ver pela primeira vez aquele rostinho vindo como um presente, sentir o seu cheirinho traz as memórias todos aqueles dias que em sua barriga ele ou ela estava, e, quando ele ou ela dar a primeira mamada, nossa, por um instante você se sente como Deus, que nos deu a sua vida pra nos salvar e nos deixar acreditar em uma vida eterna de alegria, e, é essa a alegria que você quer que seu filho ou filha tenha ao viver e a toda sua vida.

É nos embraçares de todas essas emoções e sentimentos que neste Dia das Mães, eu entrevisto uma mãe guerreira, uma mãe que luta com amor pelo bem-estar e os direitos de seu filho com deficiência. Essa mulher guerreira vivi na Comunidade Rural Maísa, situado no município de Mossoró/RN. Não falarei muito agora, pois, vamos para a entrevista.

Entrevista com Neta Mendes

Thiago Queiroz – Neta, é um prazer enorme está lhe entrevistando e poder contar a sua história. Conte-nos um pouco sobre você, onde nasceu e exponha um pouco sobre sua família?

Neta Lima – Meu nome é Maria da Luz Pereira Lima, conhecida como Neta, nasci em Aracoiaba no estado do Ceará. Sou filha de Luiz Pereira Lima e Maria Terezinha de Lima, meus pais tiveram 14 filhos e acabaram criando 9. Eu concluir o Ensino Médio e hoje trabalho como locutora em uma Rádio da Comunidade Maísa, onde vivo atualmente com meu filho Francisco Erislan Pereira de Oliveira.

Thiago Queiroz – Neta, antes de ser mãe, qual era o seu sonho?

Neta Lima – Nunca foi muito de sonhar, pois, aos 9 anos tive que tomar a responsabilidade da casa e cuidar dos meus irmãos, visto ao falecimento de minha mãe. Mas, uma coisa que sempre almejava é que meu pai tivesse orgulho de min, e, acredito que ele tenha. Apesar de ser uma das mais novas entre os filhos, todas as decisões tomadas pela família passam por mim. Mas, eu tenho um desejo, é que acabe o preconceito no mundo.

Thiago Queiroz – Neta, com quantos anos você foi mãe e em que data nasceu Erislan?

Neta Lima – Fui mãe aos 19 anos, e, Erislan nasceu em 21 de março de1997.

Thiago Queiroz – Conte-nos um pouco sobre o pai de Erislan? Se ele participa da criação, se ajuda de alguma forma, a história de vocês?

Neta Lima – Meu filho é a pessoa mais importante de minha vida, como ele eu aprendi a viver coisa que eu achava que não era capaz, eu aprendi que cada dia vale a pena acordar, porque a gente tem uma razão para isso, eu a minha razão é meu filho. Todos os dias meu despertar, olhar para ele é a minha razão de viver. Algumas pessoas me ajudaram na criação do meu filho, mas, na verdade, sempre foi só eu. A minha família me apoiou, me apoiou em qual sentido, não desistir de mim, mas, em questão de alimentação, eu lutava para conseguir, pois, eu não queria que alguém que viesse me ajudar dando uma lata de leite ou uma bandeja de Danone jogasse na minha cara depois, e, se sentisse no direito de bater em Erislan. Então, isso eu não aceitava, o que fiz eu? Eu fiz faxina, cheguei até limpa muro de enxada pra ganhar um trocado para comprar uma lata de leite pro meu filho, porque quando ele nasceu, uns dois meses depois, ele teve a primeira crise. A partir daí, o pai dele nos abandonou, então, com o abandono do pai dele, como a gente morava numa casa de aluguel, eu não tinha condições de manter. Assim, eu voltei pra dentro da casa do meu pai e quando eu voltei pra dentro da casa do meu pai, eu voltei decidida a criar o meu filho sozinha. E foi isso que eu fiz.

Thiago Queiroz – Quando Erislan nasceu, os médicos lhe informaram que ele seria uma pessoa com deficiência?

Neta Lima – Não! Os médicos não me informaram nada. Erislan nasceu de parto normal com quatro quilos e trezentas gramas, cinquenta e dois centímetros. Após o parto, Erislan não chorou, deram aquelas palmadinhas nele, em seguida ele chorou. Ele nasceu todo roxinho e uns vinte minutos depois levaram ele até a mim, mas, ele não foi diagnosticado com nenhum tipo de deficiência quando nasceu.

Thiago Queiroz – Neta, explique um pouco sobre qual é a deficiência de Erislan.

Neta Lima – Erislan é portador de paralisia cerebral, epilepsia, extrofia e é usuário de cadeira de roda. Erislan também tem outro problema que a gente veio descobrir a uns quatro anos, ele não tem lágrima e hoje ele não tem lágrimas ao chorar. Levei ele para uma Doutora e ela disse que esse caso da visão de Erislan é rara. Ele tem um grau perfeito, enxerga muito bem, mas ele não se interessa por televisão. A doutora disse que tem alguma coisa a ver com ele não vê muito bem o colorido. Eu não entendi bem. Só que uma coisa que me intriga é que Erislan conhece as cores. Eu coloco as cores assim, verde, azul, amarelo; e, a cor que eu mandar ele pegar, ele pega. Então assim, ela disse que era uma coisa rara, mas, ele tem esse problema na vista, ao qual, ele não chora, de restante na visão, ele não tem nada.

Thiago Queiroz – Fale um pouco das lutas que você passa para garantir os direitos de seu filho?

Neta Lima – Essa é uma das piores partes. Vou começar contando um fato que ocorreu a mais ou menos vinte e um anos atrás. Quando fui matricular meu filho no jardim da infância, ao qual ele nunca teve o direito de estudar no jardim, visto que a diretora na época, uma pessoa muito conhecida e que se tornou vereadora em Mossoró, não deixou meu filho se matricular, dizendo que meu filho era doente. Como toda mãe que ver seu filho chegando em fase escolar, eu queria que ele estudasse. Comprei os materiais escolares, a fardinha, fui a escola matricular ele, mas, ouvir absurdos de alguém que deveria educar, mas, com palavras frias, me magoou muito. Pois, seria o primeiro aninho dele na escola, porém, a palavra da diretora dizendo que aquele lugar não era para o meu filho doeu muito. Abaixei meus olhos e comecei a chorar. Vim pra casa, chorei muito e fiquei com aquele não e pronto. Quando Erislan completou cinco anos, me falaram de uma instituição chamada APAE, em Mossoró. Naquele mesmo instante eu disse: Eu vou lá! Porque quando vieram me falar da APAE, disseram assim: Neta, na APAE Só tem crianças igual o seu ou pior que seu filho! Eu pensei, “então lá é o canto pro meu filho”. Fui na APAE, e, quando cheguei lá, fui muito bem recebida. Meu filho passou cinco anos na APAE, onde ele tinha direito a tudo que se dá a uma criança especial e foi na APAE que eu aprendi a ser mãe de uma criança especial. Lá eu aprendi qual era o meu direito, qual era os meus deveres, como lidar com meu filho, como lidar com um filho da vizinha, como lidar com uma criança que era especial também. Tudo isso eu devo a APAE. Meu filho tinha atendimento de hidroterapia, terapeuta ocupacional, fisioterapia e estudava em sala de aula. A merenda que as crianças merendavam, os professores e as pessoas da secretaria também merendavam, era todo mundo no refeitório, e, as mães também tinham o mesmo direito. Então assim, eu entrei no céu, a minha ida para a APAE, eles diziam “aqui você vai aprender tudo que você precisa saber, e, lá eu aprendi tudo que eu precisava. Foi um salto por céu. Quando eu saí da APAE e durante esses cinco anos nunca fui em carro de Prefeitura, sempre fui pagando do meu bolso. Eu pagava um táxi pra levar eu e meu filho durante esses cinco anos. Eu lutei, batalhei, corri atrás, mas eu nunca consegui um carro por parte da Prefeitura, nunca ajudaram em nada. Então meu filho passou cinco anos lá e se fosse preciso, ele estaria lá até hoje. Se voltasse ao passado, eu taria indo da mesma forma que foi do começo. Quando ele completou uma determinada idade, mandaram colocar ele numa escola normal, aí o meu Deus, o que é uma escola normal? Daí minha preocupação foi, aonde eu poderia colocar ele pra ele estudar, interagir com outras crianças. Aí vai eu fazer a matrícula de Erislan na Escola Estadual Gilberto Rola, que é aqui na Maísa. Quando eu consegui encaixar meu filho para fazer a matrícula, graças a Deus deu certo, porém, foram dois anos de espera, eu tive que procurar a Secretaria de Educação para garantir o direito a educação de meu filho, a Secretária me deu uma carta, entreguei para a diretora e só assim consegui engajar meu filho na sala de aula. Foram dois anos difícil, eu não sofria preconceito com meu filho na sala de aula, com os alunos, mas, eu sofria com as mães dos alunos. Elas diziam que não sabia o que meu filho tava fazendo ali, porque ele era doido, ele era doente, ele não era capaz. Contudo, eu já tava experiente, já sabia como me defender e defender o meu filho. Eu mostrei pra população que o meu filho tem o mesmo direito dos filhos deles. Essa foi uma luta muito difícil, mas, a gente venceu.

Thiago Queiroz – Neta, muito chocante esse relato, sabemos que foram muitas lutas que você enfrentou com o seu filho, visto que temos uma sociedade preconceituosa e excludente, e, ainda sei, essas não foram nem a metade de suas lutas, mas, você vem vencendo. Me conte, o que você almeja para Erislan e qual o seu sonho hoje como mãe?

Neta Lima – É verdade Thiago, parte das lutas que vivi não tive como contar, pois, o tempo é curto. Porém, o que almejo a meu filho é que ele viva feliz, que tenha direito de ter uma vida digna. Sobre sonhos, posso dizer que hoje como mãe, Meu maior sonho já foi realizado que foi ser mãe; e, como mãe, eu só quero que todos dias sejam dia melhores pra mim, pra o meu filho, pra toda sociedade, porque o dia mais difícil sempre vai ser o amanhã.

Thiago Queiroz – Neta, eu quero agradecer por essa entrevista, obrigado por compartilhar suas experiências de vida, e, muito obrigado por demonstrar tanto amor pelo seu filho, isso me emociona muito. Antes de fazer a matéria com você, pesquisei várias mães para entrevistar, e, o mais engraçado, é que quando eu perguntava a alguns professores da educação especial alguém que fosse exemplo, diziam você. Assim, comecei a pesquisar você, e, o mais lindo de tudo, é que me disseram que você para onde vai, seja passeio ou compromissos sociais, está com o seu filho, e o mais, demonstra um cuidado e um amor enorme. Isso é muito emocionante, pois, como militante na inclusão de pessoas com deficiência, conheci diversas realidades, e, estou orgulhoso de ti, parabéns.

Neta Lima – Eu amo demais meu filho, se eu voltasse ao tempo, eu queria ter ele novamente, ele é a pessoa mais forte desse mundo, um exemplo para mim. Thiago, agradeço a oportunidade de contar minha história e de Erislan. E, aproveitando essa oportunidade, desejo a todas as mães, um Feliz Dia das Mães.

Thiago Queiroz – Muito, e, muito obrigado Neta!

É impossível não se emocionar com essa história, assim, espero que ela lhe marque, que seja um presente a sua vida. Termino desejando a todas as mães um Feliz Dia das Mães a todas as mamães, e, em especial, a minha mãe Francisca Martir Lassalete Fernandes, pois, como Neta que é mãe de um filho com deficiência, a minha também é, como alguns sabem, sou pessoa com deficiência visual, e, mãe vivencia muitos dos preconceitos sociais que passo.

Agora, eu peço a vocês caros amigos e amigas leitores, pelo amor de Deus, ajude a Neta Lima no tratamento do filho dela, ele precisa ser atendido por fisioterapeutas mediante a atrofia dele, e, a Prefeitura Municipal de Mossoró nunca cumpriu com o seu dever na garantia o direito a saúde dessa mãe e do filho dela. Peço que quem tiver o contato de alguma pessoa influente, busque garantir o direito deste jovem, até digo pelo amor de Deus. Pois, é desumano o descumprimento do direito a saúde desse jovem.

Vamos lutar por um mundo melhor, vamos lutar por igualdade, vamos lutar juntos, pois, juntos somos mais fortes.

FELIZ DIA DAS MÃES

*É pesquisador em Inclusão e nos Direitos das Pessoas com Deficiência.

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Amor de mãe: os desafios do puerpério durante o distanciamento social

“Se sou alguém melhor, foi por eles e sempre vai ser por eles”, declara Monnyck – (Foto: Habner Weiner)

O renascimento da esperança através da maternidade. A chegada de uma criança renova a crença em dias melhores e ilumina o coração das mães. Mas viver as descobertas do puerpério em um período de pandemia pode tornar o desafio maior.

Nessa mudança de rotina a privação do convívio familiar e a ausência dos amigos, impostas pela necessidade de proteção, tem feito muita falta no dia-a-dia da técnica de Enfermagem, Monnyck Mendes, que foi mãe pela segunda vez há pouco mais de um mês.

Para começar, ela conta que antes mesmo do nascimento da filha, veio o medo de contrair o coronavírus na fase final da gestão e o medo de oferecer risco à bebê, levando-a a redobrar os cuidados. “Nós imaginamos e até nos programamos para um momento lindo que é a chegada de um filho e, de repente, temos que nos isolar de todos. Ainda mais para nós que somos rodeados de pessoas queridas. Não é fácil”, revela Monnyck.

Ela comenta que as limitações provocadas pelo próprio puerpério já são difíceis, diante dessa nova realidade, isso se intensifica. “O puerpério em si já é um desafio por nos limitar a realizar nossas atividades normais, e com essa pandemia tudo é mais difícil! Tive que adiar consultas e exames da minha bebê por conta dos riscos e para cumprir o isolamento”, diz a técnica de Enfermagem.

Mas o maior desafio é mesmo a saudade dos amigos e familiares. “O maior é o distanciamento da família e amigos que tanto queriam nos visitar nesse momento tão maravilhoso que é a chegada de um bebê. Estamos com muitas saudades de todos”, menciona Monnyck.

Para a encarregada de departamento pessoal, Daniele Pinheiro, mãe de primeira viagem, a diferença de viver a maternidade nesse período foi o momento do parto. Com as restrições adotadas pela Saúde, ela não pôde contar com a presença de um familiar. “O que foi diferente foi que entrei para sala de parto sozinha, ninguém pôde me acompanhar e com isso depois me peguei pensando como fui corajosa. Na hora aceitei de boa, dias depois foi que me dei conta”, comenta Daniele.

Como nos primeiros meses o bebê já não deve sair de casa, Daniele comenta que a diferença está sendo não poder receber visitas.

Mas para ela, a parte mais desafiadora é quando precisa sair de casa. “Quando precisamos sair para supermercado ou farmácia ou comprar algo e que quando chegamos termos logo que tomar banho e trocar de roupa, essas coisas”, comenta.

Apesar de ser a primeira filha, ela conta que já tinha experiências com outros bebês e não sentiu dificuldades quanto aos cuidados, mas foi difícil conseguir cumprir demandas comuns a todos os bebês, como aplicar as vacinas, realizar testes do olhinho e da orelhinha e agendar a primeira consulta ao pediatra, já que muitos médicos não estavam atendendo. “Enfim depois de muita insistência consegui tudo, porque não sou de desistir fácil, diz a nova mamãe.

E nesse mundo da maternidade as duas puderam contar com o apoio de quem tem amor semelhantes, as próprias mães. Daniele conta que ficou hospedada na casa da mãe. Já Monnyck menciona que como a sua mãe faz parte do grupo de risco pôde se isolar e passou 15 dias com ela, o que ajudou bastante.

Mas, independentemente da época, o que bate forte no coração das mães é o amor, o desejo de proteger e de repassar valores e coragem.

“Costumo dizer que amor de mãe é um amor que dói! Não queremos que nossos filhos sintam dores ou passem por momentos difíceis. Por isso, desejamos que se for para acontecer todas estas coisas, que elas recaiam sobre nós somente para protegê-los. E nesta pandemia não tem sido diferente! Tirando algo de bom dos tempos difíceis em que estamos vivendo: é que estamos aproveitando mais nossos filhos, conhecendo-os melhor, descobrindo novas formas de demonstrar nosso amor. Ao fim desta pandemia, desejo um novo mundo cheio de esperança e paz. Desejo continuar aprendendo mais sobre eles e me esforçando para que eles tenham minha melhor versão. Se sou alguém melhor, foi por eles e sempre vai ser por eles”, declara Monnyck.

“E no futuro vou contar à minha filha em que época ela nasceu, o quanto fomos todos fortes e conseguimos vencer tudo isso,  mostrar para ela os verdadeiros valores, e que na época que ela nasceu as pessoas podiam ter dinheiro mais não podiam viajar, nem comprar tudo que queriam, pois a pandemia não permitia”, revela Daniele.