Uma análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que 60% dos reajustes salariais do mês de abril ficaram abaixo de 6,94%, que é a inflação acumulada em 12 meses, encerrados em março, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). Segundo o Dieese, as categorias com data-base em maio precisariam de reajuste de 7,59% — inflação pelo INPC — pra recompor o poder de compra dos salários.
O documento, “De Olho nas Negociações”, publicado no mês de junho, apontou que reajustes acima do índice inflacionário foram observados em apenas 17,3% das negociações; e iguais, em 22,7%. Em abril do ano passado, os percentuais de reajuste ficaram em 37,6% abaixo da inflação, 30,9% acima do índice das negociações e 31,4% iguais.
O pior desempenho nas negociações por setor econômico deste ano está no Setor de Serviços, cujos acordos indicam 71,7% abaixo da inflação, entre janeiro e abril deste ano. A área abrange qualquer tipo de negócio que envolva a oferta e a aquisição de um serviço executado por uma empresa ou pessoa. As atividades desenvolvidas por profissionais liberais encaixam-se na prestação de serviços, como é o caso de dentistas, designers, atendentes de restaurantes, bares e de telemarketing, profissional de informática, entre outros. Já as negociações do Comércio foram as que registraram maior percentual de reajustes iguais ou superiores à inflação: 51,6% e 12,5%, respectivamente. A área inclui as atividades ligadas à comercialização (compra e venda) de bens.
A região Sul ainda tem os melhores resultados de reajuste salarial nos quatro primeiros meses do ano, com 24,5% dos casos, e abaixo da inflação em 30,2%. Já no Centro-Oeste e Sudeste, as negociações têm sido mais difíceis. Nessas regiões, os reajustes abaixo da inflação foram observados em mais de 70% dos casos.
Para José Silvestre Prado, diretor-adjunto do Dieese, o resultado reflete a crise econômica agravada pela pandemia da Covid-19 e a alta inflação. “É uma conjuntura extremamente adversa”, afirma.
De acordo com o levantamento, reajustes acima da inflação são mais frequentes nos acordos coletivos, celebrados entre entidades sindicais de trabalhadores e empresas, do que em convenções coletivas, com entidades patronais. A diferença é compensada, em parte, pela incidência maior de reajustes iguais à inflação nas convenções. Com os sindicatos, os acordos ficaram 16,3% acima da inflação contra 7,2%.
Com informações do Diap