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Editorial

A quebra do pacto pela vida

O Governo Fátima Bezerra apostou desde o início da pandemia que a prioridade seria salvar vidas seguindo a ciência ainda que isso lhe custasse popularidade e problemas com o baronato potiguar. A petista sofreu e sofre pressões todas as vezes em que o endurecimento de medidas de restrição social estão na pauta.

Ao final do mais duro decreto aplicado este ano e após vencer uma ingrata batalha contra o prefeito (negacionista) de Natal Álvaro Dias (PSDB), ela cedeu as pressões dos empresários, prefeitos e ficou sem o endosso de antes do Ministério Público pelo menos em relação ao fechamento das escolas.

Os números mostram que o isolamento casado com a abertura de novos leitos estava começando a apresentar resultados e a sua manutenção seria fundamental para que o Rio Grande do Norte voltasse ao patamar de 70% de ocupação de leitos críticos.

O Governo Fátima cedeu aos grandes empresários, ao lobby das escolas particulares e aos pastores evangélicos.

No exato momento em que esse texto é escrito (11h09) 99,77% dos leitos críticos do Rio Grande do Norte estão ocupados. A redução de 50% em dez dias na quantidade pessoas na lista de espera por uma UTI indica que as medidas estavam começando a apresentar resultados no pior momento da pandemia.

Em nenhum momento entidades empresariais, como Fecomércio e FIERN, colocaram na pauta de discussão a prioridade na vacinação para os trabalhadores das categorias que vão dar a cara, ou melhor, o sistema respiratório, a tapa desferida pelo vírus. São professores e comerciários que vão se arriscar em nome dos lucros. Isso demonstra que a preocupação dos que pressionam (referência aos grandes, por favor) não é com os empregos, mas com o próprio caixa.

Alterar as regras dos templos religiosos é completamente desnecessária no momento, o que prova a falta de convicção do Governo e a incapacidade de resistir as pressões.

A dos pequenos comerciantes é compreensível, mas o egoísmo dos grandes e influentes prevaleceu quebrando o pacto pela vida.

Dava para esperar mais um pouco e devolver a ocupação de leitos críticos à faixa de 70%. A situação sanitária mostra que ainda não dava para flexibilizar.

 Os CNPJs ressuscitam, os CPFs são cancelados pela eternidade.